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O Elefante [conto] – Aleksandr Kuprin

Quando nos deparamos com um livro infantil, esperamos sempre histórias que, geralmente, só terão sentido e graça para o público infantil. Entretanto, no conto O Elefante, escrito em 1907, Aleksandr Kuprin consegue criar uma história onde a magia da infância e da inocência cruzam com uma “doença” que nos lembra um transtorno real que acomete muitos atualmente: o “desânimo com a vida“, como dito logo no começo do livro.

O elefante na sala

Tudo o que Nádia, a menininha, mais deseja é um elefante. Nada mais lhe parece fazer tão feliz quanto ter um elefante e, como é receitado pelos médicos, é preciso fazer seus desejos para que ela melhore deste “desânimo“. Baseado neste desejo que começa uma bela e ávida busca de seu pai por realizar o sonho da menina, na esperança de vê-la finalmente como a criança alegre e animada que era antes.

Seu pai, já desesperado por não saber mais o que fazer para a filha melhorar, decide então realizar este fascinante e bizarro desejo, saindo numa busca que o leva a encontrar o inteligente elefante Tommy em um circo. O pai de Nádia logo decide que precisa levar Tommy até sua casa para que a filha o conheça e passe um dia com ele. E é no instante em que Nádia e o elefante Tommy se encontram que toda aquela magia da infância e da ingenuidade típica de uma criança começam e nos tocam profundamente.

Com uma narrativa descontraída, Kuprin consegue contar essa história tocante e ingênua de maneira original, cativando o leitor até a última página e nos proporcionando uma experiência rica em detalhes e emoção.

Sobre o autor

Aleksandr Kuprin (1870-1938) foi um grande autor russo, tendo seu primeiro trabalho, Estreia Derradeira, publicado ainda quando era criança, em 1889. Logo no começo da próxima década, 1890, começou a ter seus contos publicados em revistas de Petersburgo. Entre seus trabalhos, destacam-se Moloque (1896), O alferes armênio (1897), Olessia (1898), O duelo (1905), e os contos Doutor milagroso (1897), O poodle branco (1903), e O elefante (1907), sendo estes três últimos voltados ao público infantil.

Não raro suas obras tratam de temas relacionados às querelas sociais, pois Kuprin era simpatizante dos socialistas revolucionários, e após a vitória dos bolcheviques em 1917, ele radicou-se em Paris, regressando à Rússia somente em 1937, um ano antes de sua morte.

Não é à toa que suas obras são estudadas até hoje nas escolas russas.

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Ficha Técnica

O ElefanteNome: O Elefante
Autor: Aleksandr Kuprin
Tradução: Tatiana Larkina
Edição:
Editora: Kalinka
Ano: 2018
Páginas: 64
ISBN: 9788561096113
Sinopse: Além das narrativas que denunciavam mazelas e injustiças sociais, o renomado escritor russo Aleksandr Kuprin (1870-1938) deixou contos para jovens e crianças, ainda hoje lidos e reeditados, como O poodle branco, Doutor milagroso e O elefante.
Escrito em 1907, O elefante conta a tocante história de Nádia, uma menina de seis anos que adoece de tristeza e sonha conhecer um elefante, um de verdade… Eis que surge o brincalhão Tommy.
As descrições vivas e espirituosas de Tommy, habilidoso elefante de circo que fazia truques de todo tipo com sua tromba, vieram da vida aventurosa do escritor. Com porte de atleta, Kuprin serviu no regimento imperial e conhecia a Rússia como ninguém. Voava de balão e foi um dos primeiros homens a mergulhar com o escafandro. Adorava circos — dizem que chegou a entrar numa jaula de leões e por pouco não foi atacado — e tinha amigos pitorescos: lutadores, domadores, cantores. Conhecia profundamente a paisagem russa e os animais e escrevia aventuras sobre eles para as crianças.
Com um tom otimista e cativante, Kuprin mostra com seu Elefante que milagres podem acontecer, mas não no outro mundo, e sim no contato com a natureza.

Covil de Livros 116 – Tormenta20

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Bem-vindos, amigos, ao Covil de Livros! Hoje Basso e Edu recebem o autor Leonel Caldela para um papo de apresentação do projeto de financiamento coletivo de Tormenta 20, atendendo a um pedido da editora Jambô.O projeto é o resultado do trabalho de 20 anos do pessoal de Tormenta e um brinde aos fãs! Você pode participar disso tudo e garantir a sua cópia apoiando o projeto no Catarse. Que rolem os dados e que boa campanha vocês! Bom episódio!

Atenção!

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CG Especial: GoT S08 E06 – O Trono de Ferro

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Chegou ao fim a série Game of Thrones e deixou muita gente contente e desapontada. O tão aguardado encerramento deixou uma gosto agridoce como prometeram os show runners? Foi um final digno para essa série épica ou deixou os espectadores frustrados? Independente de sua reação com o final, o sucesso da série é inegável e foi um marco para a televisão.

Esse podcast segue um esquema diferente dos demais da nossa casa: não tem edição. A conversa é lançada no Feed como ela foi gravada. Isso porque vamos lançar o episódio no dia seguinte a exibição do episódio do GoT. Sim, isso mesmo! O episódio de GoT vai ao ar no domingo à noite e na segunda à noite pinga o CovilGeek Especial no seu Feed.

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Crônicas de Drakarian: Caos – John J Silveira

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Tenho acompanhado o trabalho de vários escritores iniciantes. A gente vê como eles lutam para poderem criar seu próprio estilo de escrita. Baseiam-se em seus autores favoritos de forma a emular um estilo para depois customizá-lo e dar sua própria personalidade. E é sempre muito bom presenciarmos o surgimento desses novos autores nacionais, especialmente no gênero da ficção científica/fantasia. E nesse caso se trata de uma obra de dark fantasy lançado em dezembro de 2018, Crônicas de Drakarian: Caos, do autor John J. Silveira pela Editora Viseu.

Sobre o porquê deste livro

Ao ler ou adquirir um livro, principalmente quando trata-se de um autor iniciante, fazemos uma breve leitura da sinopse e contracapa. Contudo, o que irá determinar se o levamos ou não para nossa estante, sem dúvida, são as duas primeiras páginas, ou seja, o prólogo. É nele que iremos sentir e decidir se nos atrai o enredo, ritmo e estilo do autor, e se o conteúdo se adéqua ao marketing da sinopse. No prólogo de Crônicas de Drakarian: Caos  somos lançados no meio de uma batalha pelo controle do reino. Conhecemos um pouco do passado do reino de Drakarian, e alguns de seus segredos escondidos.

— Uma aranha sempre tece suas teias ritmadas de acordo com o que deseja, pois sempre sabe como será sua presa. — deu um passo à frente e seu corpo se transformou em brasas que voaram com uma pequena brisa proveniente do único lugar onde dava acesso ao exterior. — Eu sei quem irá me matar, mas um moribundo não detém de força suficiente para parar seu próprio assassino não é mesmo? — novamente tomou forma sentando em uma cadeira de chamas à sua frente.

Os personagens são mais adultos e mais interessantes. Os diálogos são interessantes. As cenas de ação são intensas e viscerais. Ao longo da leitura somos apresentados a vários personagens, com destaque para a protagonista Emerald a herdeira do trono, Ashe sua irmã e guerreira voraz, Wyrvern o mais mortal dos Drako e Varstet o rei de Drakarian.

O livro é excelente, a história se desenrola de modo agradável e a leitura é muito prazerosa e não tem trechos cansativos como o treinamento de Emerald, ensinada a dominar o Caos, para que se torne uma sábia e mortal rainha. A garota não é poupada do sofrimento imposto pelo seu tutor, Wyrven.

Sinopse?

Pode-se notar que não falei muito da história em si. Tudo bem, porque a sinopse oficial está aí pra isso. O universo criado pelo autor é muito bem construído e consolidado, possuindo suas histórias, geografia e mitologia. Tudo é construído de uma forma progressiva para que o leitor seja absorvido pouco a pouco pela narrativa e consiga se tornar empático com aquilo que está acontecendo no mundo. Nada é colocado por acaso entre os capítulos; tudo vai desembocar em algum momento posterior.

– Todos estão tão próximos à morte que se fechar os olhos e enxergar as coisas com a alma sentirá sua foice próximo ao seu pescoço. – Seus olhos vermelhos fitavam a face esbranquiçada da lua.

Ah sim, tem uma crítica: a revisão deixou passar algumas bobagens que podiam ser corrigidas. Probleminha de edição, mas nem chega a incomodar. Então é isso. Compre o livro e leia. Recomendo muito.

Nota

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Ficha Técnica

Nome: Crônicas de Drakarian: Caos
Autor: John J. Silveira
Edição: 1ª
Editora: Viseu
Ano: 2018
Páginas: 308
ISBN: 9788554547189
Sinopse:O primeiro livro da saga Crônicas de Drakarian conta a história após a consolidação do poderoso império, todos os reis indiretamente se curvavam a uma só coroa, a de Varstet. Entretanto a ambição tomava cada vez mais o coração dos homens, que então começaram a olhar para o rei com inveja. Atentados contra sua vida se tornaram frequentes, comidas e bebidas envenenadas, flechas perdidas jogadas pelo ar em direção ao seu coração, mas a única coisa que lhe importava era sua filha mais nova Emerald, pois ele sabia que no dia de sua partida, a criança reinaria suas terras, conquistaria novas e talvez fizesse acontecer uma longínqua profecia, a qual dizia que um monarca assumiria o trono da cidade dos deuses, e todos aqueles que se opusessem teriam um fim em seus punhos de aço.

“Um imperador para meu povo, um único imperador que reinará do dia de sua posse até quando os palácios se tornassem cinzas e o último homem deixasse escapar seu suspiro final”.

O Alienista – Machado de Assis

O clichê de O Alienista é válido: quem está louco nessa história? Toda a cidade ou Simão Bacamarte?

E é justamente isso o que a história quer discutir!

A incerteza de Simão Bacamarte sobre o que é a loucura (e mesmo sua recorrente mudança de definição do início ao fim) é parte da construção de uma psique afetada, como a dos mais interessantes personagens machadianos. Todo o pragmatismo, toda a frieza, toda a racionalidade exacerbada, toda a falta, ausência total de empatia (o comportamento como um todo) é um reflexo distorcido do cientificismo vivido pela maioria dos intelectuais durante o séc. XIX e, quem sabe, possa até mesmo ser uma crítica, nesse caso depende da nossa leitura.

Sinopse

Aviso: a seguir contém spoilers da obra.

Resumindo a história, Simão Bacamarte é um renomado médico que após um construir um carreira de respeito, volta a sua cidade natal (Itaguaí), onde se casa com Dona Evarista. Sua nova esposa era uma viúva quem Bacamarte, supostamente por questões racionais, acreditava ser fisicamente a escolha perfeita para lhe dar um filho. Após algum tempo, ele abre um consultório psiquiátrico e, mais tarde, auxiliado pelo governo da província um manicômio (a Casa Verde), onde passa a se dedicar aos estudos da psique humana.

Contudo, ao longo dos estudos o médico passa a internar cada vez mais e mais cidadãos, o que gera apreensão, ansiedade e, consequentemente, a primeira revolta de populares (Revolta do Canjica), esta liderada pelo Barbeiro Porfírio. Essa revolta culmina em um golpe e o líder, Porfírio, é instituído pelo povo como governante da província. Assim que assume o poder, o Barbeiro reconhece o poder de Simão e com ele se alia, para manter a estabilidade política. Parte da oposição ao governo golpista de Porfírio chega a ser internada na Casa Verde. E é graças a isso que o barbeiro João Pina, apoiado por parte do povo, consegue depor seu opositor.

Entretanto, tão logo acende ao governo, Pina também entra em acordo com Bacamarte, pois aparentemente não há outra forma de governar. Por fim, João Pina também é deposto e o antigo governo monárquico é reinstituído.

Durante todas essas articulações políticas, Simão continua a internar mais e mais cidadãos e chega até mesmo a internar sua esposa, Dona Evarista. Após ter internado três quartos da população, o médico percebe que sua teoria sobre o define alguém como louco está errada e, assim, ele libera todos os pacientes. Agora, seguindo um novo método, ele passa a internar outras pessoas, sendo a primeira internação a do notável vereador Galvão.

Outra vez, chega a conclusão de que sua teoria está errada e libera todos os internos, concluindo, por fim, que o louco, na verdade, é ele mesmo e se trancando na Casa Verde (morrendo meses depois).

Análise crítica de O Alienista

Vale ressaltar: posto que a maioria das críticas a essa curta história tendem a se debruçar sobre a temática da loucura, aqui me arriscarei a pontuar um elemento diferente e, me parece, mais relevante para os leitores atualmente.

O que me interessou em O alienista foi o trecho em que a cidade, em crise, sofre um golpe atrás do outro. O governo é posto abaixo por uma revolta popular, da qual se aproveita o barbeiro Porfírio (um dos líderes e suposto representante das manifestações) para ascender politicamente. Assim que o golpe instaura seu governo faz uma aliança com Bacamarte e, logo, acaba sendo derrubado por um novo golpe, esse capitaneado por outra figura de prestígio nas manifestações, o barbeiro João Pina (outro suposto líder e representante do povo). Em um derradeiro movimento, o poder é restabelecido pelo antigo governo.

Nesse sentido, o que me fez pensar durante a leitura foi como o medo, o ódio contra as ações de Simão Bacamarte unem a população. E, também, como é esse mesmo medo e ódio que cega a população para sua escolha de supostos líderes, de representantes (sendo esses usurpadores, que fazem de parte da população massa de manobra em prol de seus interesses). Em ambos os curtos governos golpistas, os líderes trataram tão logo assumiram de estabelecer um diálogo com Simão Bacamarte, reconhecendo seu poder, sua influência. Em seguida, quando ao se sentirem afrontados por esse poder, tentaram repreendê-lo, apesar de, no fundo, saberem ser essa uma tarefa impossível.

Vemos prevalecer, no fim da história, o poder vinculado não ao povo, mas aquele próprio de uma bem estabelecida hegemonia sócio-política. Lembro de como, ao ler o trecho sobre essa intriga, me veio à mente como os verdadeiros poderosos podem até mesmo não estar no governo, apesar de com certeza estar sempre influenciando quem estiver (e sei como isso parece um tanto quanto conspiratório).

No fim, o povo será manipulado por essas forças políticas, sem saberem direito o que uma escolha ou outra representa, é o que parece ser uma conclusão possível da minha leitura. Eu lamentei essa interpretação, pois O alienista é de 1882, no entanto me soa tão atual que chega a dor. Não parece que o poder hegemônico continua a manipular o povo na forma de supostas insurreições messiânicas? E não parece que essas acabarão nos pondo novamente no status quo ou, pior, rumo à retrocesso? Talvez não seja o diagnóstico intencionado por Machado, entretanto estou certo de que é sim um dos possivéis e, principalmente, graças ao que temos vivido neste ano.

Gostou da resenha? Temos mais sobre isso aqui no Leitor Cabuloso:

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Ficha Técnica

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Nome: O alienista
Autor: Machado de Assis
Edição: 1ª
Editora: L&PM
Ano: 2014
Páginas: 88
ISBN: 9788525408426
Sinopse: Quem é louco? Esta é a grande questão proposta neste livro. Conto extenso, quase uma novela, O alienista é uma obra-prima da nossa literatura. Nessa narrativa, publicada pela primeira vez em 1882, Machado de Assis (1839-1908), o autor de Dom Casmurro, Quincas Borba e Memórias póstumas de Brás Cubas, entre outros, conta a história do eminente doutor Simão Bacamarte. Dedicado estudioso da mente humana, o médico decide construir a “Casa verde” – um hospício para tratar os doentes mentais na pequena cidade de Itaguaí. Com um estilo realista e fantástico a um só tempo, Machado conduz uma história surpreendente e mostra ao leitor que tudo é relativo e que a normalidade nem sempre é aquilo que a ciência e os fatos atestam de forma absoluta. Em O alienista, está presente todo o gênio, toda a ironia e o magistral estilo do maior nome da prosa brasileira.

Boteco dos Versados 16 – A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison

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Vitrine do episódio 16 do Boteco dos Versados. Na esquerda tem uma coluna vertical com a logo do Podcast no topo, a logo do Leitor Cabuloso no centro e o número do episódio, 16, abaixo. Em destaque a um recorte da capa do livro mostrando Em primeiro plano, três pessoas. Um homem usando um colete, camisa e um pano ao redor do pescoço, em posição central, segurando uma pistola. No seu lado esquerdo,uma mulher com um sobretudo, um corpete e uma cartola. Do lado direito, uma mulher usando um casaco. Em segundo plano, do lado direito, um homem de capa e chapéu, com o rosto escondido, como se estivesse saindo das sombras. No segundo plano do lado esquerdo, uma marcha de robôs. Sobrepondo todos há o título do livro: A lição de anatomia do temível Dr. Louison.
Vitrine do episódio 16 do Boteco dos Versados. Na esquerda tem uma coluna vertical com a logo do Podcast no topo, a logo do Leitor Cabuloso no centro e o número do episódio, 16, abaixo. Em destaque a um recorte da capa do livro mostrando Em primeiro plano, três pessoas. Um homem usando um colete, camisa e um pano ao redor do pescoço, em posição central, segurando uma pistola. No seu lado esquerdo,uma mulher com um sobretudo, um corpete e uma cartola. Do lado direito, uma mulher usando um casaco. Em segundo plano, do lado direito, um homem de capa e chapéu, com o rosto escondido, como se estivesse saindo das sombras. No segundo plano do lado esquerdo, uma marcha de robôs. Sobrepondo todos há o título do livro: A lição de anatomia do temível Dr. Louison.

E aí, chefia, seja bem-vindo ao Boteco dos Versados! No episódio de hoje, nossos hosts recebem duas autarquias da literatura de bar para conversar sobre A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison do Enéias Tavares.

Nessa maravilhosa obra da literatura nacional conteporânea, muito há para se apreciar e discutir, e assim o fizemos!

Um romance steampunk situado na cidade de Porto Alegre dos Amantes em 1911, recheado desuspense e  mistérios. A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison entrega-nos uma variedade de personagens e sentimentos que é simplesmente impossível não se apaixonar pelo livro.

O jornalista Isaias Caminha é enviado do Rio de Janeiro para a capital gaúcha para investigar a série de crimes que horrorizaram a cidade e o Brasil, porém muito é invenção das más línguas, ou assim ele pensava…

Um nobre médico cometeu vários homicídios com vítimas de dentro da classe alta de Porto Alegre e agora está detido no hospício local. Isaias o entrevistará e fará uma matéria para o jornal de onde trabalha, ou, pelo menos, deveria.

Convidadas: Lígia Colares e Patrícia Souza.

Gostou do livro? Acesse o site Brasiliana Steampunk para muito conteúdo extra dentro desse universo que o autor criou.

Confira o novo trabalho do Enéias que está em pré-venda dessa vez pela AVEC Editora!

Aliás, se gostou do episódio, então venha falar conosco! Portanto, assine o nosso FEED e siga as redes sociais do Leitor Cabuloso para ficar sabendo de mais notícias do mundo dos leitores.

Primordialmente, não se esqueça de seguir o Boteco nas redes sociais: @botecoversados

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Leia a resenha do livro

CG Especial: GoT S08 E05 – Os Sinos

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Chegando na reta final da série, temos a batalha por Porto Real. A disputa tanto interna pelo trono (seria Daenerys ou Jon (Snow?)) quanto externa está chegando ao seu ápice. Depois de reunir todos os personagens no Norte para enfrentar o Rei da Noite, agora temos todos no exército contra a Rainha Cersei pelo direito de governar os Sete Reinos. Será que a batalha finalmente chegará ao fim?

Esse podcast segue um esquema diferente dos demais da nossa casa: não tem edição. A conversa é lançada no Feed como ela foi gravada. Isso porque vamos lançar o episódio no dia seguinte a exibição do episódio do GoT. Sim, isso mesmo! O episódio de GoT vai ao ar no domingo à noite e na segunda à noite pinga o CovilGeek Especial no seu Feed.

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O Incêndio de Tróia – Marion Zimmer Bradley

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O livro o Incêndio de Tróia traz uma nova perspectiva da mitológica queda dessa Cidade-Estado. Desta vez pelo olhar de Kassandra, princesa e sacerdotisa de Tróia. É um contraponto à Ilíada e até recomendo como primeira leitura para depois adentrar nesta.

Uma outra Tróia

Aqui o protagonismo de Kassandra leva o leitor a explorar as relações políticas e culturais dos povos que compartilham o mar Egeu recriadas pela Marion Zimmer Bradley (autora de As Brumas de Avalon) e os conflitos entre os novos e velhos deuses. A sacerdotisa de Troia é um fio condutor pelos acontecimentos e atua em momentos chaves no trajeto de tentar salvar sua cidade. Mas a jornada da protagonista não se reduz à Tróia, mesmo que ela carregue seu legado, sua caminhada toma rumos não lineares.

A visão de Kassandra e o dom dos deuses

AVISO DE SPOILERS

A construção identitária da protagonista passa pelo advento da mulher enlouquecida pela premonição. Posição contra o qual luta e pela qual é sempre tentada a se submeter. Primeiro ao controle do pai, depois à sujeição sacerdotal, à tirania de seu captor e, por fim, quebra esse ciclo para garantir seu próprio bem estar. A partir daí, o dom se sobressalta como ferramenta para sua sobrevivência quando já não é mais valorizado como instrumento para prevenir os males que ameaçam o bem comum.

Nem dos deuses nem dos homens

Os conflitos advindos da visão moldam as relações de poder entre o feminino e o masculino, entre matriarcado e patriarcado entre deusas e deuses e tem como local de combate a cidade de Tróia e, principalmente, a mente e o espírito de Cassandra e é estagiante como a sacerdotisa se liberta das várias opressões.

Um último toque desse reconto são os personagens revisitados pela Bradley. O agir, pensar e interagir de personagens clássicos como Helena, Príamo, Menelau, Ajax e outros tantos passam pela tipografia singular da autora e deixam impressões que enriquecem os seus esteriótipos.

Bem, essa foi uma pequena amostra do que esse livro épico tem a oferecer.

Boa leitura!

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Ficha Técnica

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Nome: O Incêndio de Tróia
Autor: Marion Zimmer Bradley
Edição: 2ª
Editora: IMAGO
Ano: 2010
Páginas:  520
ISBN-13: 9788531210587
ISBN-10: 8531210585
Sinopse: A Narração deste livro está no ponto de vista de Kassandra, bela e atormentada princesa de Troia. Na brilhante recriação que autora faz da famosa lenda, a queda de Troia acontece de uma forma nova e ousada, desde a provação de Páris, o rapto de Helena (neste livro, não a cruel adúltera da lenda, mas uma mulher afetuosa, dedicada a Páris e aos filhos) e a convocação dos exércitos gregos por Agamenon, o enfurecido cunhado de Helena, à tragédia final da destruição da cidade, condenada pelos deuses – e pelo orgulho voluntarioso de seus líderes.

Bem-vindos ao paraíso – Nicole Dennis-Benn

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Bem-vindos ao Paraíso é o livro de estreia de Nicole Dennis-Benn, uma escritora jamaicana que vive nos Estados Unidos e escreve principalmente sobre questões relacionadas a mulheres, sexualidade (ela fala muito sobre relações lésbicas) e sobre o modo de vida na Jamaica.

Nessa obra, Nicole explora de uma maneira muito sensível a vida das mulheres negras de pele escura na Jamaica dos anos 90. Em um contexto de expansão do turismo na Jamaica com a construção dos resorts, a sociedade é exposta a novos dilemas, como a valorização das regiões litorâneas como área turística e expulsão, nessas áreas, da população local.

Mães e Filhas

A história se concentra em personagens que vivem em River Bank, uma comunidade pobre em vias de desapropriação onde moram as personagens principais. Margô é uma recepcionistas de um resort que tem ambição de crescer na carreira. Ela mora em River Bank com Delores, sua mãe, que é uma habilidosa vendedora de artigos para turistas e que, junto com Margô, faz de tudo para que a jovem Tandhi consiga estudar em uma escola particular cara e ser torne médica.

Qualquer semelhança com  aquele tipo de família em que as gerações anteriores se sacrificam e se esforçam para que alguém mais novo consiga ascender socialmente não é mera coincidência. Essa é uma realidade muito comum na história de vida de famílias pobres e, de cara, gera um sentimento de empatia por essas mulheres mais velhas que fazem de tudo pra que a menina não passe por tantas dificuldades quanto elas passaram. No livro, vemos a própria comunidade reconhecer e apoiar os investimentos que a mãe e a irmã mais velha fazem para que a menina tenha uma vida melhor.

Colorismo e oportunidades

Mas com o passar da leitura, as camadas das personagens vão se descortinando. Primeiro Tandhi, apesar de boa aluna, não compartilha do sonho da mãe e da irmã de se tornar médica. A menina é muito mais voltada para as artes, e se sente mal em ter que reprimir seus interesses em nome de uma vida que as outras querem pra ela. Além disso, Tandhi (como qualquer adolescente) vive os dilemas típicos da idade e tudo que ela quer é ser aceita pelos outros. É a partir desta personagem que a autora introduz um tema muito sensível na sociedade jamaicana dos anos 90: o colorismo. Tandhi é a menina com a pele mais escura do colégio e, por isso, ela não é vista como bonita. Essa relação entre pele negra escura e o padrão de beleza afeta profundamente a autoestima da menina.

“Ela tinha aquele cabelo bom que chegava até as costas e a pele de manteiga de amendoim, que algumas pessoas chamariam de dourada; um tom que, na época, faria com que ela conseguisse um emprego como caixa de banco ou comissária de bordo, ou a coroa de Miss Jamaica.” p. 116

As meninas de pele mais clara são as que conseguem vagas como recepcionista, conseguem os melhores empregos, conseguem relacionamentos com caras importantes… Enfim, há uma hierarquia entre as mulheres de acordo com a tonalidade de pele no qual quanto mais escura é a pele da mulher, menores são as suas oportunidades na sociedade.

Histórias paralelas

E a Thandi vive esse drama da autodescoberta do seu lugar na sociedade jamaicana, percebendo que ela precisa mais do que ser inteligente para ter sucesso na vida.
Margô, além do trabalho como recepcionista no hotel, se prostitui com alguns hospedes para aumentar a renda. E, em paralelo, mantém uma relação secreta com Verdene, uma mulher um pouco mais velha, assumidamente lésbica e totalmente malvista pela comunidade.

E a Delores? A mãe das duas tem uma relação bem complicada com Margô, parece que elas apenas se toleram e ao longo do livro vamos percebendo que a vida não foi muito fácil para nenhuma das duas e que existem muitas mágoas entre elas.

Análise crítica

Bem-vindos ao paraíso é um livro denso, com histórias verossímeis de vidas que são muito semelhantes à realidade de mulheres negras e pobres em vários lugares do mundo. Ele nos propõe a olhar a fundo os paraísos tropicais, aqueles locais turísticos, paradisíacos e encantadores, mas que, no cotidiano, são habitados por pessoas que estão a margem desse encantamento todo produzido por esses lugares, no frágil equilíbrio entre sobreviver e viver.

Um dos pontos altos do livro é a opção de se manter uma linguagem popular. A tradução foi maravilhosa ao manter das diferenças linguísticas entre as personagens, cultas ou não, que se se refletem totalmente no falar. Então, o livro é todo escrito em linguagem popular. No começo é complicado ler todos aqueles erros de grafia, mas aos poucos, a leitura pega o ritmo e flui. Esse recurso narrativo é fundamental para diferenciar a posição social dos personagens e nos transportar para o contexto da narrativa.

Perspectivas

A história é contada sob diferentes pontos de vista, alternado a visão das personagens principais e nos fazendo perceber que a vida e as relações humanas são mais complexas do que podemos imaginar. As personagens são multifacetadas, despertam sentimentos ambíguos e são, ao mesmo tempo, vítimas e algozes em um sistema de opressão contínuo.

O livro é dividido em 3 partes, a primeira é mais uma apresentação das personagens e das questões levantadas pela obra, a trama realmente ganha corpo na segunda parte e na terceira, a ação de desenvolve de maneira muito rápida, talvez até um pouco corrida demais. Mas que não compromete a qualidade da obra.

Bem-vindos ao paraíso é vencedor de vários prêmios internacionais e Nicole é hoje um dos principais nomes da literatura caribenha. Vale muito a pena conhecer essa obra.

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Ficha Técnica

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Nome: Bem-vindos ao paraíso
Autora: Nicole Dennis-Benn
Tradução: Heci Candiane
Edição:
Editora: Morro Branco
Ano: 2018
Páginas: 416
ISBN: 9788592795337
Sinopse: Em um resort luxuoso nas belas praias de areia branca da Jamaica, Margot luta para manter Thandi, sua irmã mais nova, na escola. Ensinada desde pequena a usar o corpo para sobreviver, ela está determinada a proteger Thandi do mesmo destino. Mas quando a construção de um novo hotel ameaça sua vila, Margot enxerga uma oportunidade de independência financeira e a chance de admitir um segredo chocante: seu amor proibido por outra mulher.

Bem-vindos ao paraíso é um romance de estreia poderoso e um hino sensível aos dramas de um mundo escondido na vasta extensão de mar turquesa, um lugar que muitos turistas veem apenas como um paraíso.

Falha Crítica 247 – Vingadores Ultimato!!!

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Vitrine do podcast Falha Crítica. Na lateral direita, uma faixa vertical com o logo do podcast e, embaixo o número do episódio: 247. Em destaque, os vingadores do filme original
Vitrine do podcast Falha Crítica. Na lateral direita, uma faixa vertical com o logo do podcast e, embaixo o número do episódio: 247. Em destaque, os vingadores do filme original

Avante Vingadores!!! Bem vindos jovens vingadores!!! Como esperado, prometido, pedido, os meninos do Covil Geek, Edu, Basso e Rick, se juntam a Domenica Mendes, em mais uma Falha Crítica para falar sobre esse filme, que encerra os onze anos de MCU e de lambuja a saga das joias do infinito!!! Preparem seus corações pra um podcast(enorme) falando sobre sacrifícios, depressão de herois, representatividades, bagunças de linha do tempo, Basso bravo, pois não aceita que viagem no tempo não tem lógica é só um “A big ball of wibbly wobblytimey wimey stuff” como diria nosso querido Doctor(ou querido do Edu… pelo menos), isso só pra começar, teremos depoimentos emocionados, depoimentos moderadamente emocionados e, uns nem tanto emocionados assim, tirem suas conclusões e façam apostas antes de ouvir o podcast nos comentários!!! TUDO isso(e muito mais), em um só podcast, que lembrando é recheadinho de spoilers como nós do Covil Geek amamos! Então, coloquem seus fones de ouvido e divirtam-se!!!

Ah, verdade, e se quiserem, falem ai nos comentários qual as apostas de vocês pra nova saga da Marvel no cinema, e qual a explicação de vocês pro Capitão América e se, ou quem, vai assumir o manto de Homem de Ferro??? No mais… COVIL ASSEMBLE!!!  

Quer ouvir episódios maneirissimos sobre animes??? Clique AQUI Procurando Outros episódios sobre nerdices em geral??? Só CLICA Esta Procurando um clube do livro virtual pra falar TUDO sobre seus livros favoritos(ou nem tanto)??? cola AQUI com a gente Vamos falar sobre episódios das séries favoritas do momento? Vamos! Clica AQUI

Atenção!

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Um Copo de Cólera – Raduan Nassar

A obra de Raduan Nassar é composta por dois romances, a novela Um Copo de Cólera e dois contos. Em 2016, o escritor ganhou o Prêmio Camões e tem sido, mesmo antes disso, considerado um dos mais célebres autores brasileiros contemporâneos. Ele parou de escrever e, pelo que li, vive num sítio no interior.

A Novela

Um Copo de Cólera foi originalmente escrito em 1970 (quando nosso país estava sob a ditadura militar) e publicado em 1978.

A narrativa é um mergulho na intimidade de um casal nada usual. O protagonista, um senhor de meia idade, mantém relação com uma mulher jovem. Ele é um ricaço, enaltece o regime militar e, em si mesmo, se manifestam traços de autoritarismo, muitas vezes em contraste a uma certa infantilidade que suas ações demonstram. A protagonista, uma jornalista libertária, milita contra o regime e é a favor da liberdade de nosso país. Não se sabe o porquê de ela ter um relacionamento com aquele velho, apesar de às vezes ela parecer ter fetiche pela infantilidade dele.

O livro é divido em sete capítulos, sendo o penúltimo o mais longo, onde se desenrola a parte mais interessante do livro. O primeiro e o último capítulos são nomeados como “A chegada” e parecem incentivar uma leitura cíclica da narrativa e do relacionamento, o qual se mantém , apesar dos percalços (isso não é spoiler). A história acompanha o casal desde a chegada dessa jornalista para mais um encontro, demonstrando que são recorrentes há um bom tempo, até quando, após uma longa discussão, a moça vai embora e, algum tempo depois, torna a visitar o velho (a todo um caminho que precede a discussão, que consiste nos capítulos mais curtos, onde cenas íntimas nos são apresentadas).

Impressões

Em Um Copo de Cólera a prosa de Raduan é composta por períodos longuíssimos, os quais  no início passam despercebidos por estarem em capítulos curtos. Contudo, no capítulo mais longo, a escrita se torna sufocante. É proposital, na verdade, pois neste capítulo a relação do casal é retratada através de uma longa discussão (tão sufocante quanto a própria leitura dela). Durante toda narrativa o protagonista demonstra suas tendências autoritárias e atos machistas, o que é sempre rechaçado pela jornalista, ainda que, segundo ele, ela goste de todo aquele jogo. Não vale a pena confiar no que esse protagonista acha, pois toda a situação parece ser mais complexa.

Enquanto lia, tive a impressão de que essas discussões (às vezes tão artificiais) talvez não sejam tão absurdas no contexto do regime militar (tampouco as relações amorosas conflitantes, afinal, mesmo hoje em dia elas existem). É inevitável termos contato com pessoas que discordam de nós e que discutamos, podendo as desavenças tornarem a relação menos saudável ou até mesmo destruí-la. Não é o que acontece no livro.  Apesar do relacionamento parecer tão destrutivo (principalmente para a moça) ele permanece, sugerindo que talvez fosse assim mesmo naquela época. Certamente era diferente de hoje em dia e mais difícil para as mulheres.

Fechamento

Durante esse capítulo mais longo de Um Copo de Cólera (talvez a parte mais importante, o clímax do livro), a discussão põe em cheque toda a relação do casal. Chamou-me atenção a inverossimilhança daquele relacionamento, afinal, não conseguia conceber como pessoas tão diferentes podiam continuar juntas. Depois da discussão, a jornalista vai embora e tenho a impressão que o protagonista sente que é responsável por tudo, talvez até mesmo se culpando ou arrependendo dependendo da leitura.

No fim, a jornalista volta a visitá-lo. Nesse momento, novamente, os traços infantis do protagonista são reapresentados, numa tentativa do narrador demonstrar sua vulnerabilidade. E, no fundo, não sei que leitura fazer dessa história, pois não me parece haver uma leitura que não seja dúbia e esse talvez seja o mérito, o valor desse livro.

Nota

4 selos cabulosos

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Ficha Técnica

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Nome: Um copo de cólera

Autor: Raduan Nassar
Edição:
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2007
Páginas: 88
ISBN: 9788571642430

Sinopse: “… e estava assim na janela, quando ela veio por trás e se enroscou de novo em mim, passando desenvolta a corda dos braços pelo meu pescoço, mas eu com jeito, usando de leve os cotovelos, amassando um pouco seus firmes seios, acabei dividindo com ela a prisão a que estava sujeito, e, lado a lado, entrelaçados, os dois passamos, aos poucos, a trançar os passos, e foi assim que fomos diretamente pro chuveiro.””O corpo antes da roupa”, afirma o personagem de Um copo de cólera ao narrar o que acontece numa manhã qualquer, depois de uma noite de amor, quando a aparente harmonia entre ele e sua parceira se rompe de repente. Tensa, contundente, a linguagem de Um copo de cólera alcança tal intensidade e vibração que faz desta narrativa uma obra singular da literatura brasileira, um clássico dos nossos tempos.

Covil de Livros 115 – Entrevista com o Vampiro

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Vitrine do podcast Covil de Livros. No primeiro plano, cena do filme
Vitrine do podcast Covil de Livros. No primeiro plano, cena do filme "Entrevista com o Vampiro" contendo Brad Pitty, Tom Cruise e Kristen Dust. Na lateral direita, faixa vertical escrito "Podcast Covil de Livros" e o número da edição: 115.

Bem-vindas, amigas, ao Covil de Livros! Hoje Basso e Edu recebem Jéssica do site Frigth Like a Girl para conversar sobre o livro “Entrevista com o Vampiro”, um clássico do terror escrito por Anne Rice. Aqui no Brasil a tradução foi realizada por ninguém menos que Clarice Lispector!

Conversaram sobre o livro e como ele se insere na tradição de vampiros representados na literatura. Quem Anne Rice influenciou ou foi influenciada ao escrever Entrevista com o Vampiro? Como o livro se encaixa nas Crônicas Vampirescas? Claro, como não podia faltar, falaram também sobre a excelente adaptação para o cinema de 1994, estrelando Brad Pitty, Tom Cruise e Antonio Bandeiras. Um grande sucesso na época, mas será que ainda funciona nos dias de hoje?

Aos desavisados, o programa está recheado de SPOILERS! Caso ainda não tenha lido o livro e quer um material sem spoilers, veja nossa resenha sobre o livro.

 

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Quer ler algo sem spoilers antes de ouvir sobre Outros Jeitos de Usar a Boca?

  • Leia nossa RESENHA sobre a O Cemitério
  • Leia nossa RESENHA sobre a Flecha de Fogo
  • Leia nossa RESENHA sobre Mistborn: O Império Final

Gostou do episódio de Entrevista com o Vampiro? Então adquira o seu!

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CG Especial: GoT S08 E04 – Os Últimos dos Starks

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Depois da imensa (e confusa) batalha por Winterfell, há um período para comemorar a vitória e se preparar para a próxima e última grande batalha. A guerra dos tronos está chegando ao fim e tudo será decidido em Porto Real, capital dos Sete Reinos. Novas alianças são feitas e antigos pactos podem ser quebrados. Seria traição se for para o bem de todos?

Esse podcast segue um esquema diferente dos demais da nossa casa: não tem edição. A conversa é lançada no Feed como ela foi gravada. Isso porque vamos lançar o episódio no dia seguinte a exibição do episódio do GoT. Sim, isso mesmo! O episódio de GoT vai ao ar no domingo à noite e na segunda à noite pinga o CovilGeek Especial no seu Feed.

Quem poderá nos ajudar?

Assim, temos uma equipe selecionada a dedo para tomar conta dessa empreitada: Sr Basso (host do Covil de Livros), Domenica Mendes (host do Perdidos Na Estante), Letícia Dáquer (Pistolando) e Oliver Perez (do extinto e maravilhoso Grande Coisa). Só tem gente gabaritada nos podcasts para discutir essa última temporada de GoT!

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Não podemos esquecer que esse programa (e muitos outros do Leitor Cabuloso) só é possível graças aos Padrinhos e Madrinhas do Perdidos Na Estante! Sim, ao contribuir com o Padrim do Perdidos você financia TODOS o site, além de ganhar muitas recompensas. Acesse o Padrim e contribua você também!

 

 

 

 

 

Ouça nossos outros programas

Você não gosta de série e prefere os livros? Não curtiu a temporada anterior? Sem problemas, temos ótimos episódios sobre TODOS os livros de As Crônicas do Gelo e do Fogo:

Desencantos, de Machado de Assis

Desencantos é uma peça teatral curta – cerca de quarenta e sete páginas (segundo o PDF de domínio público disponibilizado pelo MEC) – escrita em 1861, por Machado de Assis, e publicada em diversos volumes que reúnem sua obra teatral. Ela está disponível em e-book na Amazon em duas versões: uma gratuita e uma da Editora Virtude Livros. Por fim,  existe também em áudio livro, através do projeto Universidade Falada.

O texto é bem curto e em uma hora de leitura é facilmente finalizado. Os leitores de Machado perceberão repetição dos triângulos amorosos, bem como das representações de cada dos envolvidos. Contudo, se não conhece, talvez a impressão seja de mediocridade. Isolado, pensado como peça de um autor anônimo, diria que o texto não ostenta grandeza. Entretanto, no diálogo com outras obras e toda a reflexão que nos causa a literatura machadiana, torna-se gigante.

Irônico como a maioria dos textos de Machado pode fazer com que o leitor atento direcione seu olhar a pontos específicos. Por exemplo, se já é um leitor da obra machadiana, vai se deparar com questões comumente apresentadas por Machado (sadismo, vingança, reflexão filosófica, hipocrisia e etc) e, como dito, com os típicos personagens.

A SEGUIR SINOPSE COM SPOILERS

A história narrada em Des06encantos é simples: há dois homens (Pedro Alves e Luís de Melo), vizinhos de uma bonita mulher (Clara de Sousa). Ambos a cobiçam como esposa, mas Luís o faz de maneira mais velada. Entre os pretendentes, a mulher escolhe Pedro e Luís, agora desiludido, decide usar sua fortuna para viajar ao redor do mundo.

Corta cena e, anos depois, Luís volta. Agora Clara e Pedro já estão casados e, como em todos os casamentos, eles têm tido problemas. Quando Luís encontra Pedro eles trocaram experiências. Enquanto ouve as mentiras do amigoc, pintando um cenário diferente da realidade, Luís (a seguir vão sua suposta impressão, mas desconfiemos disso) é convencido pela história de amor de Pedro, assim decide pedir em casamento a mulher que, no dia anterior, tinha visto no baile. Acabamos descobrindo ser a filha do primeiro casamento de Clara. Pedro, aparentemente bem com ideia, concorda e sugere que ele fale com sua esposa. E Luís o faz. A mãe aceita, apesar de ficar subentendido, me parece, uma certa troca de rancores entre os dois.

No fim, a atitude de Luís parece uma vingança mesquinha por não ter sido correspondido por Clara na juventude e, pelo contrário, ter sido trocado. Arriscando-me a analisar Pedro, percebo que os seus argumentos sobre a maravilha que é estar casado (que, supostamente, convencem Luís), como dito, são mentiras gestadas pela inveja das experiências vividas por Luís durante sua viagem. Experiências que Pedro não poderia jamais desfrutar graças a seu casamento e que, talvez, o faça se arrepender da escolha de casar-se e continuar vivendo na mesma pequena cidade em que sempre viveu. Há ainda tons de vaidade, durante toda peça, nas falas de Clara. Antes da sua escolha, parece fazer pouco caso de Luís e, após sua volta da viagem, também soa arrependida por não tê-lo escolhido.

Breve análise de Desencantos

As discussões que o texto suscita e a profundidade dos personagens, como tudo escrito por Machado, é o ponto alto desta peça. Após ou mesmo durante a leitura, a reflexão parece nos sugerir pensar sobre essa vaidade hipócrita dos relacionamentos mesquinhos (quem sabe todos), erigidos sobre anseio pelo sucesso, pela vida mais estável, mais moralmente valorosa (segundos os valores morais distorcidos de nossa sociedade). Talvez não haja como não refletir sobre a ligação entre os relacionamentos aqui retratados por Machado e os que, ao longo de nossa vida, vivemos. Como sugerido em outras obras machadianas, faz-se necessário pensarmos o quanto somos ou temos sido hipócritas.

Gostou da resenha? Temos mais sobre isso aqui no Leitor Cabuloso:

NOTA

3 selos cabulosos e meio

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Ficha Técnica

Capa do livro “Desencantos” escrito por Machado de Assis. Fundo marrom com letras douradas. No centro, o clássico retrato de Machado de Assis.

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Nome: Desencantos
Autor: Machado de Assis
Edição: 1ª
Editora: Editora Virtude Livros
Ano: 2012
Páginas: 50
ISBN: 9781455428069
Sinopse: “Desencantos” de Machado de Assis é uma peça teatral com uma boa dose de tensão dramática. Tendo Luiz de Melo como o personagem principal, a trama gira em torno de seus desencantos amorosos. Ele está apaixonado por Clara de Souza, mas não é correspondido. A partir daí se desenrola uma série de acontecimentos que mostram uma reviravolta na posição desses dois personagens.

Pele – Rafael Calça e Jefferson Costa

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Se você acha que não é racista, então Pele (Graphic MSP) talvez seja para você.

Você já questionou a capacidade intelectual de um negro, como suas notas altas ou o fato de ser um profissional com curso superior? Fez piadas sobre sua aparência, qualificando o cabelo dele ou dela como “duro”, de “Bombril”, por exemplo? Segurou seus pertences com mais força ao se ver diante de alguém de pele mais escura? Ou por acaso já foi abordado pela polícia e pensou “é por causa da minha cor de pele”?

Um breve histórico sobre A Turma da Mônica

Pele tem como personagem principal Jeremias, o único integrante negro da Turma da Mônica até o final do ano passado.

Mas como? você pode perguntar. Vamos deixar essa afirmativa para explicar mais para a frente.

Jeremias é um dos personagens mais antigos de Mauricio de Sousa. Nos quadrinhos infantis, é membro da “turma do bermudão” e é o único que usa um tipo de chapéu. A primeira história dele que me chamou atenção foi uma em que as crianças mostravam umas às outras os presentes que haviam ganhado (provavelmente uma de Natal ou de Dia das Crianças). Nela, o presente dele é um pandeiro. Empolgado, ele o mostra para toda a turma, mas ninguém o entende. Até que chega em casa, chateado.

Mas a tristeza vai embora quando os pais e ele acabam incorporando o envio estereótipo de negros sambistas.

Pele

Nesta história, feita pelos artistas Rafael Calça e Jefferson Costa para a linha Graphic MSP, é o personagem principal de uma história muito familiar aos negros, em especial, mas que afeta pessoas de outras etnias: o racismo.

O enredo trata dessa descoberta desagradável pelo olhar da criança. As primeiras páginas são idílicas: no cinema, em casa, brincando, vendo tevê. Nesse ponto, chama a atenção o anúncio do programa espacial brasileiro (no caso, a Brasa, agência responsável pelo Astronauta). Um dos responsáveis é um oficial negro. Vemos os olhos de Jeremias brilharem. Será pelo programa ou pela presença de alguém igual a ele?

Racismo

Os problemas começam na escola, na entrega da prova de História, em que Jerê é parabenizado por tirar a nota mais alta. Entre comentários de admiração, surge Johnny, que questiona se o Jeremias mereceu aquela nota: “colou”.

A professora pede aos alunos que venham caracterizados como profissionais. Todos se entusiasmam, mas ela resolve escolher o que cada aluno representaria. Há uma lista em que constam formações de curso superior. Até chegar a vez do nosso personagem. E a mesma que elogiou a prova dele diz: “pedreiro”.

Jeremias retruca e diz que gostaria de vir como astronauta. Os colegas riem, e a professora classifica a sugestão dele como “incomum”, encerrando o assunto. Ao chegar a outro aluno negro e indicá-lo para representar um jornalista, Johnny faz piada dizendo que ele teria “faro” para notícias.

As piadas e insinuações vão se acumulando até a briga no jogo de futebol, a ida à diretoria e o sermão do pai.

O dia seguinte mostra a necessidade de uma conversa mais ponderada entre pais e filho. E percebemos junto com o personagem os contrastes entre o que ele vê nas vitrines das lojas e nas ruas, por exemplo.

Chega com dia da apresentação das profissões e vemos o resultado dessa tomada de consciência. Como é? Tem que ler pra saber (ou sentir).

Sobre Jeremias ser o único personagem negro da Turma da Mônica

Se olharmos a produção dos Estúdios Maurício de Sousa como um todo, certamente Jeremias não é o único personagem negro ou de pele escura. Mas se compartimentarmos por grupos ou turmas, veremos que há um número maior de personagens negros nos núcleos dos personagens inspirados em jogadores de futebol, como Pelezinho, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo fenômeno e Neymar.

No caso de Pelezinho, há uma pluralidade étnica maior do que na própria Turma da Mônica. Há mais personagens negros além do personagem principal, brancos, turcos e japoneses.

Mas há uma forte estereotipação dos personagens de outras origens. O pai da Neusinha, namorada do Pelezinho, por exemplo. Seu sotaque japonês é carregado, ele trabalha como pasteleiro e sabe artes marciais. Pode se dar um desconto se considerarmos se as histórias se passam no final dos anos 1940, período da infância do Pelé. Mas se transportado para os anos 1970 e 80 (período em que foram publicadas as histórias)… Pisada feia na bola.

Tina, seus amigos e respectivos interesses amorosos são brancos. Nas histórias protagonizadas pelo Rolo, nunca vi ele paquerar uma garota negra. São sempre brancas. Se houve alguma, eu perdi essa edição.

A turma do Chico Bento tem um personagem de origem nipônica, o Hiro. Nenhum negro, a não ser o Saci. E na versão jovem (Chico Bento Moço), ele não tem entre seus amigos e colegas nenhum negro. Há uma francesa, um Russo e um colega de república de origem coreana.

Na edição 62 de CBM, protagonizada pela Rosinha, aparece uma universitária negra e mais personagens negros (afinal, a história se passa na África do Sul!).

No núcleo do Piteco, nem sombra de personagens de pele escura!

Sobre a questão indígena

Ah, mas tem o Papa-Capim!, você pode dizer. Sim, eles são retratados com pele mais escura. Sim, são índios. E suas histórias se passam num contexto muito específico, o da aldeia indígena. A maioria das interações com o homem branco são na floresta, havendo pouquíssimas interações dos índios com a cidade grande.

Mas se prestarem atenção, a maioria das histórias se passa em um tempo não determinado, trazendo uma visão idealizada desse mundo, como o mito do bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau.

Não me lembro de histórias em que a aldeia do Papa-Capim, Cafuné e companhia interagisse com outros núcleos, como o do Chico Bento (o que seria de supor, por estar mais próximo do ambiente indígena – no caso, a zona rural). Mesmo em histórias passadas pelo caipira e pela turma da Mônica em florestas (no caso, as versões jovens – Chico Bento no Pantanal – CBM 9 e 10, e Mônica e seus amigos na Amazônia – TMJ 43 e 44, primeira série), os equivalentes jovens não apareceram. Teriam sido confinados em reservas distantes dos locais dos respectivos enredos, ou quem sabe, mortos por grileiros?

Marina, Do Contra e Nimbus – White Washing ou omissão?

A maior parte dos personagens infantis de Maurício de Sousa não tem os pais presentes nas histórias, com exceção dos protagonistas: Mônica, Magali, Cebolinha, Cascão e Chico Bento, para citar alguns são exemplos. Há alguns secundários cujas famílias aparecem nas histórias, como o Xaveco, o Franjinha e o Jeremias, já mencionados.

O caso da Marina é sui generis: quem leu sua história de estreia sabe que seu pai é o Maurício e ela chega às páginas da turma usando um lápis mágico que abre um portal da realidade para os quadrinhos. Mas nas histórias da infância, nunca vi a mãe ser mencionada. E o cabelo da personagem é castanho.

Na série que conta as peripécias em torno do seu aniversário de quinze anos (TMJ 26, 27 e 28, primeira série), vemos sua mãe, que tem traços orientais. Não me lembro também dessa ascendência ter sido mencionada ou insinuada nas histórias da infância.

No caso dos irmãos Nimbus e Do Contra, a maneira como são desenhados na infância lembra características nipônicas. Além dos olhos puxados do irmão mágico, ambos têm um corte de cabelo característico: o que lembra uma tigela. Na turma jovem, esses traços estão menos presentes, mas recentemente houve uma edição que remete à cultura japonesa (TMJ 12, série 2). Veja a história do boneco Teru Teru Bozu e a música em japonês.

Laços e manifestações dos fãs sobre o ator escolhido para intérprete do Cascão

Quero concluir com um tipo de comentário que surgiu nas redes sociais após a apresentação do elenco do filme Laços, baseado na Graphic MSP de mesmo nome. Muitos questionaram a escalação de um menino branco para interpretar o Cascão. Por que não um negro? Veja matéria do Extra (www.extra.globo.com): “Cascão nunca foi desenhado negro”.

Vamos pensar um pouco. Quais são as características marcantes do personagem? Ele não toma banho (na verdade, parece ter medo de água) e portanto cheira mal.

Em histórias mais antigas, ele gostava de ficar imerso no lixo e há uma capa em que ele mergulha no lixo, à la Tio Patinhas.

Perceberam aonde esses comentários queriam chegar?

PS: depois da cena em que o Jeremias conhece o Franjinha, volte ao cinema com os pais.

NOTA

5 selos cabulosos

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Ficha Técnica

Jeremias: Pele

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Nome: Pele
Autor: Rafael Calça (roteiro) e Jefferson Costa (desenhos)
Edição: 1ª
Editora: Panini Comics
Ano: 2018
Páginas: 98
ISBN: 9788542610956
Sinopse: Numa reinterpretação ousada, porém necessária, como enaltece Mauricio de Sousa, em seu prefácio, o roteirista Rafael Calça e o desenhista Jefferson Costa dão vida a uma história forte, dura, emocionante, na qual Jeremias lidará pela primeira vez com o preconceito por causa da cor da sua pele. A história é recheada de dor, superação, aprendizado e preparação para a vida

O Código da Febre – James Dashner

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resenha código da febre

O livro Maze Runner: O Código da Febre é o último volume da série. Lançado no Brasil pela Plataforma 21, é um spin-off da trilogia principal de James Dashner e conta o passado dos protagonistas enquanto eles ainda eram crianças e viviam sob as instalações laboratoriais do CRUEL.

Mas, vale a pena ler O Código da Febre?

Se levarmos em conta a história de Teresa e da Dr. Paige, sim, o livro O Código da Febre foi relevante para a saga. Mas, quando ele conta o passado das crianças, já não há muito com o que nos surpreender, visto que já sabemos que todas serão enviadas para o labirinto e muitas morrerão ali – ou depois, nos próximos livros.

E, cuidado, há spoilers nessa resenha, mesmo para os que já leram a trilogia principal. Não esqueça de deixar nos comentários o que você achou do livro!

O Código da Febre é mais relevante que Ordem de Extermínio

Ordem de Extermínio (livro anterior da série) tem um começo muito bom, um meio imenso de história tediosa e um final obrigatoriamente esperado, mas que é bom em si. Além disso, seu epílogo o torna frustrante. Esses fatores o caracterizam como mal roteirizado porque vende uma proposta e entrega outra, portanto, não muito relevante para a saga.

Maze Runner: O Código da Febre é diferente, pois não se trata de uma história contínua página por página, mas sim de uma reunião de trechos de histórias que dão saltos de dias, ou até meses, entre um capítulo e outro. Isso torna sua pegada mais interessante, não surpreendente, mas nos apresenta fatos relevantes.

A história começa com um Thomas criança, antes de seus oito anos, separado pelo CRUEL como mais importante do que os outros do grupo que futuramente se tornarão os Clareanos. Sua infância se passa em testes de aptidão, desafios intelectuais e sem contato algum com outra criança.

A vida de Thomas só muda quando os superiores do CRUEL decidem que chegou o momento dele conhecer a garota que habita o quarto em frente ao seu: Teresa. A amizade dos dois começa a se desenvolver de modo verdadeiro para eles, mas para o CRUEL é somente mais uma parte dos infinitos testes.

No decorrer do livro, eles conseguem escapar da supervisão e fazem reuniões escondidas com os outros garotos de seu grupo.

Entre testes, reuniões e o fortalecimento da relação entre as crianças que se tornarão Clareanas, o tempo passa – um tanto arrastado devido a quantidade de informações não tão interessantes – até a chegada de um momento esperado desde as primeiras páginas: o início da construção dos dois labirintos.

Quando O Código da Febre nos surpreende

Atenção! Só avance a partir daqui se você já sabe o final da trilogia principal de Maze Runner, certo?

Já que sabemos esse final, como, então, O Código da Febre poderia nos surpreender? Trazendo dois fatos, um de maior peso que o outro, em seu final. Em seu final mesmo, na última página!

É claro que não os vou revelar aqui, mas eles – definitivamente – acabam com qualquer dúvida que o leitor tenha sobre alguns personagens de conduta duvidosa. E esse é o fato de maior peso para ler esse livro.

A única parte de ação no livro

O Código da Febre é muito mais um livro de drama/trama do que ação.

Enquanto os primeiros Clareanos já habitam o labirinto, há uma contaminação do complexo do CRUEL onde Thomas vive. Membros importantes da liderança da corporação são infectados pelo Fulgor e, numa vital decisão fria para conter a ameaça de uma contaminação geral que seria um golpe mortal no CRUEL, a Dr. Paige decide isolar os contaminados numa ala e fechá-la.

Ela sabe que essa é uma medida provisória e que ações drásticas precisarão ser tomadas, caso ela não queira ver todo o complexo tomado pelo Fulgor. A solução se encontra em um gás sedativo, armas e jovens imunes ao Fulgor. A tensão narrada nessas cenas conseguem nos arremeter à intensidade de Correr ou Morrer.

Existiam caminhos melhores para O Código da Febre?

James Dashner se propôs a contar o passado de seus personagens, assumindo o risco de contar uma história da qual todo mundo já sabe o final. Como ainda conseguir surpreender os leitores? Com informações chocantes que tem influências diretas na história principal, capazes de mudar a opinião dos leitores mais fiéis. Ele conseguiu fazer isso.

Entretanto, o leitor é bombardeado com um miolo não tão empolgante. O Código da Febre seria muito melhor se fosse unida a ele parte da história de Ordem de Extermínio. E este último livro, descartado.

No geral, O Código da Febre é uma indicação para os fãs de carteirinha de Maze Runner, mas não para leitores medianos da saga.

Gostou da resenha? Temos mais sobre isso aqui no Leitor Cabuloso:

2 selos e meio

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Ficha Técnica

resenha-codigo-da-febre

Nome: Maze Runner – O Código da Febre
Autor: James Dashner
Tradução: Edmundo Barreiros
Edição:
Editora: Plataforma 21
Ano: 2016
Páginas: 370
ISBN: 8592783054
Sinopse: Era uma vez o fim do mundo! Florestas foram queimadas, lagos e rios secaram, oceanos transbordaram. Uma peste febril se espalhou pela Terra, dizimando famílias inteiras. Homem matou homem. A violência reinou. Não havia mais lugares seguros. Então, surgiu o CRUEL. Pesquisa após pesquisa, essa organização não mediu esforços para encontrar respostas… para encontrar a cura. O CRUEL fez testes em crianças.

Algumas delas, além de imunes, eram especiais… como Thomas e Teresa. Juntos eles foram designados a trabalhar em um experimento: o Labirinto. Mas, ao que parece, nem tudo foi dito. Segredos e mentiras irão perturbar Thomas. Quais relações de lealdade são realmente verdadeiras? O código da febre é a aguardada prequel da saga Maze Runner. Prepare-se, porque nada será como antes. Todas as respostas serão reveladas.