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CG Especial – WestWorld T03E05: Genre

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Quebrando a tradição, um episódio ímpar explicando mais as coisas (se bem que tem um gostinho de que vai mudar tudo agora). O Episódio 05 – Genre (Gênero) finalmente explica as motivações e objetivos do Serac, aquele que parece ser o vilão desta temporada. Será mesmo?

Para quem não se lembra do nosso “modus operandi”, gravamos um episódio de podcast para cada episódio da série, sempre no dia seguinte da estréia na TV. Então, passaremos as próximas 10 semanas com vocês comentando os acontecimentos, teorias, erros e acertos dessa terceira temporada!

Montamos uma equipe que irá gravar (esperamos!) todos os episódios: Sr. Basso, do podcast Covil de Livros; Domenica Mendes do podcast Perdidos na Estante, Fulana de tal, nossa madrinha do Catarse; e Ciclana do Podcast de Garagem

Se chegou agora, escute nosso podcast sobre o primeiro episódio:

Sobre Genre

Episódio dedicado ao Serac (Vicent Cassel), demonstrando o que o levou a construir o Rehoboam e qual é a real função dele para o mundo. Muitas revelações sobre seu passado, sobre o presente desse planeta Terra e das implicações no futuro.

Numa outra ponta, Dolores e Caleb continuam arrastando o Liam para cima e para baixo, tentando arrancar uma informação dele. Parece que há algo no passado do Caleb que ainda virá a tona e será importante…

E Bernard… bem, ainda esperando saber o que ele está fazendo nessa temporada!

Atenção!

Para ouvir basta apertar o botão PLAY abaixo ou clique em DOWNLOAD (clique com o botão direito do mouse no link e escolha a opção Salvar Destino Como para salvar o episódio no seu pc). Obrigado por ouvir ao Covil de Livros e continuem acompanhando a gente.

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[Resenha] Bom dia, Verônica – Andrea Killmore

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Eu gosto de boas histórias. Mais do que isso, nos últimos anos aprendi gostar de boas histórias com personagens femininas fortes e que quebram padrões, nos surpreendendo em suas próprias construções narrativas. Dentro daquelas linhas, independente de quem são, elas são personagens que nos libertam de ideias fechadas e normalmente nos faz sentir com intensidade, coisa que toda boa arte tem que fazer. Falar de “Bom dia, Verônica“, a partir disso, é no mínimo divertido, pois o livro me envolveu e me surpreendeu de maneiras que confesso que eu não esperava (inclusive é por isso que demorei vários anos para tirar ele da estante e depositar a chance).

Das páginas pra Netflix mais próxima de você

Antes de começar, quero já adiantar que “Bom Dia, Verônica” é um livro do gênero romance policial e que trabalha vários conteúdos sensíveis como estupro, sequestro, assassinato, necrofilia, violência doméstica, abuso de substâncias e suicídio. Tudo isso está na obra e, se alguma dessas coisas te não fizer bem ou for um gatilho para você, por favor, vá ler outro livro. Existem inúmeros outros conteúdos incríveis por aí, dentro (inclusive) do próprio catálogo da editora Darkside Books.

Por falar em Darkside, sim! Esse livro é um livro nacional, diretamente lançado pela editora mais tenebrosa e sombria que temos hoje. Existem duas edições disponíveis no mercado, sendo que a mais nova tem uma capa branca com um “V” na frente e uma pata de animal o cortando, e a antiga tem um tom de roxo com imagens mais sombrias e escuras. Dependendo da edição que você pegar você saberá de coisas diferentes, como quem é Andrea Killmore, a escritora do livro.

Bom, eu vou te contar: a primeira edição foi lançada em 2016 e assinada por Andrea. O curioso disso é ver na contra capa interna que Andrea é uma escritora que não quer se identificar, mais do que isso: faz parte do seu contrato não ter sua identidade revelada. Seguindo a editora, Andrea fez isso pois já trabalhou dentro de delegacias em casos criminais e prefere manter seu anonimato para proteção de sua identidade. Uau! A Darkside sabe mesmo criar um clima de curiosidade e não contar, hein?! Mas, agora uma pesquisa já te mostra quem são os responsáveis pela história: Raphael Montes e Ilana Casoy.

O que acontece é que, depois do grande sucesso do livro, a Netflix assinou um contrato com a Caveirinha e comprou os direitos para transformar esse livro em uma série nacional. A série está agora parada, por causa da pandemia, mas já teve elenco divulgado, além de outras informações. Os protagonistas são Tainá Müller no papel de Verônica Torres, Camila Morgado (do filme “Olga”, lembra?) no papel de Janete e Eduardo Moscovis (o eterno Petrúquio de “O Cravo e a Rosa”) no papel de Brandão, esposo de Janete. A direção é de José Henrique Fonseca e o roteiro para a TV é do próprio Raphael (já conhecido como autor de livros nacionais de terror), Ilana (também conhecida como escritora de livros de histórias reais de crime),  Gustavo Bragança, Davi Kolb e Carol Garcia. Só resta agora esperar.

Indo pra dentro da caixa

Apresentada agora a situação da adaptação de “Bom Dia, Verônica”, vamos falar sobre o que o livro se trata. Como eu já disse, o livro é um romance policial cheio de temas pesados e sórdidos.

No romance acompanhamos Verônica Torres, secretária de uma delegacia, mãe de dois filhos e mulher ambiciosa que no mesmo dia presencia um suicídio de uma vítima na delegacia e recebe uma ligação de uma mulher chamada Janete que diz que seu marido mata mulheres e vai matá-la. Depois desses dois acontecimentos (ô dia puxado no escritório!), Verônica decide agir por conta própria para descobrir quem causou o suicídio de Marta e proteger Janete de seu marido Brandão. O problema é que Brandão é um homem dominador e também faz parte da força policial e mais: Verônica não tem permissão para fazer investigações.

Como cada escolha é uma sentença, acompanhamos no livro a narrativa das duas mulheres: Verônica e Janete. Enquanto uma decide que vai resolver tudo, a hora busca sair de um problema do qual ela não se colocou e não sabe como lidar. O ritmo vai ficando cada vez mais insano conforme conhecemos a intimidade dessas duas mulheres, suas angústias e, principalmente, seus segredos.

Ah… Verônica!

O que mais me surpreendeu nesse livro são as personagens femininas, personagens humanas, complexas e completas. Essa característica é muito presente nas obras de Gillian Flynn, a autora de Garota Exemplar e Objetos Cortantes. Já o ritmo da narrativa me fez me lembrar da rainha do cianureto: Agatha Christie, que nos seduz com suas histórias cujos detalhes se encaixam.

É um livro curto, pouco mais de 250 páginas, mas é capaz de nos fazer sentir raiva, angústia, desprezo e até nojo de vários personagens em várias situações. Ao final, sai com com raiva e desprezo por todo mundo, sem exceção, mas não sem motivo.

Como nem tudo são flores, como se diz, algo que me incomodou por demais, foi a justificativa pelo qual o serial killer age. Embora os principais elementos estejam lá, colocar isso vinculado a uma cultura historicamente desprezada e já considerada como estranha e descartável em nosso país é algo que mais contribui para o preconceito e ódio. Infelizmente, não posso deixar isso passar: há uma infinidade de motivos, por que aquela? Além de ser desrespeitoso, não se encaixa no próprio desenvolvimento dos personagens e não ficou claro o suficiente que a pessoa era ruim por causa dos abusos, e não por causa da cultura do qual o abusador enfrentou. Ou seja, não faz sentido.

Apesar disso, fiquei muito feliz quando gravei um episódio do Horrorlândia sobre o livro junto com o Will. Saber da série me deixa animada, espero que mais livros nacionais sejam transformados em filmes ou séries. Já está na hora da Netflix investir mais na nossa produção nacional.

E você, já leu “Bom dia, Verônica”?

Nota

Quatro selos cabulosos e meio. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.
Quatro selos cabulosos e meio. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.

Garanta a sua cópia de Bom dia, Verônica e boa leitura!

Ficha Técnica

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Nome: Bom dia, Verônica
Autores: Andrea Killmore, Raphael Montes, Ilana Casoy
Editora: Darkside Books
Ano: 2016
Páginas: 256
ISBN: 9788594540171
Sinopse: Em “Bom dia, Verônica”, acompanhamos a secretária da polícia Verônica Torres, que, na mesma semana, presencia de forma chocante o suicídio de uma jovem e recebe uma ligação anônima de uma mulher desesperada clamando por sua vida. Com sua habilidade e sua determinação, ela vê a oportunidade que sempre quis para mostrar sua competência investigativa e decide mergulhar sozinha nos dois casos. No entanto, essas investigações teoricamente simples se tornam verdadeiros redemoinhos e colocam Verônica diante do lado mais sombrio do homem, em que um mundo perverso e irreal precisa ser confrontado.

Andrea Killmore compõe thrillers como os grandes mestres, e sua experiência de vida confere uma autenticidade que poucas vezes encontramos em suspenses policiais, vibrante e cruel — como a realidade.

 

CG Especial – WestWorld T03E04: The Mother of Exiles

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Como de costume, os episódios pares vem para trazer algum esclarecimento para nós. Dessa vez foi Episódio 04 – The Mother of Exiles (A Mãe dos Exílios) vir para terminar com um dos mistérios dessa temporada: quais pessoas Dolores trouxe nas pérolas?

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Sobre The Mother of Exiles

Finalmente temos o “Homem de Preto” (Will para os íntimos) retornando à série. Mas seria ele mesmo? Será que ele retornou “inteiro”? Obviamente existem muitos fantasmas do passado em torno desse personagem e nem tudo é tão simples assim…

Serac consegue convencer Maeve a trabalhar com ele. Claro, nossa “heroína” agora está solta no mundo em busca de Dolores e temos pena de quem ficar no seu caminho. Percebemos uma outra faceta do seu poder aqui no mundo de fora e a balança volta a pender para outro lado.

Dolores tem um confronto com forças inimigas e revela quem são as pessoas que foram trazidas por ela: eu duvido aqui que alguém tenha acertado!

Atenção!

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CG Especial – WestWorld T03E03: The Absense of Field

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E vamos para nosso encontro semanal sobre WestWorld!!!! O episódio de hoje é The Absense of Field (Ausência do Campo, em tradução livre), vindo para bagunçar tudo de novo!

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Sobre The Absense of Field

Episódio fortemente centrado na Charlotte, trazendo um grande mistério: quem está habitando o corpo dela? Será o Ted? Por que a Dolores quer que ela continue interpretando quem a Charlotte real era? Qual o papel dela nisso tudo?

Numa outra ponta, temos Dolores recrutando Caleb e tentando mostrar para ele o “mundo por detrás do mundo” e compartilhando seus planos. O que podemos esperar dessa parceria?

Esse episódio veio mais para bagunçar do que para esclarecer a narrativa!

Atenção!

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CG Especial – WestWorld T03E02: The Winter Line

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Olá, pessoas! Trazemos para vocês nossos comentários sobre o segundo episódio da terceira temporada de WestWorld: The Winter Line (A Linha de Inverno)!

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Sobre The Winter Line

Para começar, quem não pegou a referência, The Winter Line (A Linha de Inverno) foi o nome dado para uma linha defensiva de construções na Itália para impedir os avanços de tropas inimigas até Roma. De um certo modo, podemos relacionar isso também ao episódio em pensar que eles estão criando uma enorme simulação para se defender da batalha que está por vir.

Episódio fortemente centrado na Maeve e com muita meta-narrativa. Os paralelos entre o parque criado, simulação dentro da simulação etc podem facilmente relacionados ao próprio WestWorld (tanto o mundo dentro do mundo quanto a série em si).

Avançamos um pouco mais na narrativa do Bernard e fica claro que ele está numa linha temporal diferente dos demais.

Atenção!

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[Resenha] Despertar – Octavia E. Butler

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A humanidade se autodestrói, restam poucos sobreviventes no planeta devastado pela guerra. É quando uma espécie alienígena os resgata e os coloca em animação suspensa, por 250 anos. Em Despertar, o primeiro livro da trilogia Xenogênese, acompanhamos Lilith Iyapo, a humana escolhida para acordar primeiro e preparar os outros para a missão de repovoar a Terra.

O futuro é agora

Assim como em outros livros da autora, mesmo a história se passando muitos anos no futuro, é possível perceber elementos e características da nossa sociedade atual. As questões levantadas pela personagem, principalmente com relação a forma como os Oonkali (o nome da espécie alienígena) trata os humanos, encontram muito paralelos com situações de hoje em dia. Questões como manipulação genética, convivência em sociedade, xenofobia, vegetarianismo e limites éticos da ciência aparecem em diversos momentos.

Mas um dos assuntos mais evidentes é o uso de seres vivos em experimentos. Os humanos, que por anos e anos utilizaram animais como cobaias para experimentos científicos, se vêem nas mãos de uma raça que os está estudando e manipulando. Ao se ver nessa posição, Lilith começa a se questionar como se sentiam aqueles animais.

Além disso, algumas das características dos alienígenas, como por exemplo o fato de existirem três gêneros, provocam estranheza e vários momentos de reflexão nos personagens (e nos leitores).

“Para a maioria das espécies, o diferente é ameaçador. O diferente é perigoso e vai matar você.”

Personagens falhos

Lilith não é uma personagem com a qual a gente simpatiza facilmente. Algumas de suas atitudes e pensamentos causam um certo desconforto. Mas tudo é muito bem explicado e é possível entender perfeitamente as motivações dela. E o interessante é que a gente acaba fazendo o exercício de tentar imaginar como iria agir se estivesse numa situação daquelas.

Além disso, ligação que Lilith desenvolve com os Oonkali é muito interessante de  acompanhar. Percebemos como ela vai superando seus preconceitos e desconfianças, mas sem nunca abandoná-los completamente. E ainda tem o fator de como essa ligação dificulta a relação dela com os outros humanos.

“Somos uma espécie adaptável, mas é errado infligir sofrimento apenas porque sua vítima consegue suportá-lo”

Recomendação certeira

Nessa história não há tanta ação e não existem heróis e vilões. Mas de qualquer forma a leitura é extremamente fluida e imersiva. As descrições e análises são muito interessantes e a criatividade da autora para criar o mundo e os seres impressiona.

Enfim, Despertar é um daqueles livros que nos deixa refletindo sobre a vida após a leitura. Com frequência me pego pensando sobre essa história e sobre os aspectos da natureza humana que os Oonkali comentam com a Lilith.

O segundo livro da trilogia Xenogênese, Ritos de Passagem, já foi lançado no Brasil. E essa série, com certeza, é uma leitura essencial para todos os fãs de ficção científica. Afinal, não é a toa que Octavia Butler é reconhecida como a “primeira dama da ficção científica”.

Nota

Quatro selos cabulosos e meio. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.
Quatro selos cabulosos e meio. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.

 

 

 

 

Garanta a sua cópia de Despertar e boa leitura!

Ficha técnica

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Nome: Despertar
Autor: Octavia E. Butler
Tradutor: Heci Regina Candiani
Edição: 1ª
Editora: Morro Branco
Ano: 2018
Páginas: 352
ISBN: 8592795535
Sinopse: Há vida inteligente lá fora e é ela que salva a humanidade de si mesma. Quando Lilith Iyapo desperta após 250 anos de animação suspensa, descobre que o planeta Terra e os seres humanos sobreviventes de uma guerra catastrófica estão sob a guarda dos Oankali, uma espécie alienígena com habilidades e tecnologias tão impressionantes quanto sua aparência é repulsiva.

Lilith foi escolhida para despertar e preparar outros seres humanos para finalmente retornarem ao planeta natal. A Terra está novamente habitável há pouco, porém em condições bem diferentes do que conheciam. Assim, os humanos precisarão desenvolver suas habilidades de sobrevivência, enquanto Lilith terá que superar as próprias suspeitas para liderá-los nessa nova etapa – além de decidir se vale a pena andar sobre a linha do que nos define como humanos.

CG Especial – WestWorld T03E01: Parce Domine

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Retornamos para falar sobre a série WestWorld! O episódio de estréia dessa terceira temporada se chama “Parce Domine” e retoma a série da HBO após 2 anos da sua última temporada. E como começo, amigas e amigos!

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Sobre Parce Domine

Primeiramente, já temos Dolores retornando ao “mundo real” e começando a traçar seus planos. Em seguida, um destaque para a inclusão de Aaron Paul no elenco e, através dele, vemos muito como é o mundo dessa realidade da Terra. Temos também, pela primeira vez, um clara marcação de data: estamos no ano de 2058 e, apesar dos avanços tecnológicos, os problemas com dinheiro e uso de drogas ainda afligem a sociedade.

Também pudemos observar um pouco do Bernard, usando uma identidade falsa e continuando seus experimentos para deter Dolores. Só faltou mesmo mostrar o Homem de Preto, mas não deve demorar muito para ele aparecer.

Atenção!

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[Resenha] Eu e Jimmy – Clarice Lispector

Mais um conto escrito e publicado por Clarice durante sua juventude, “Eu e Jimmy” é uma verdadeira sátira ao homem moderno.

Eu e Jimmy

Metido a sabichão e todo “pra frentex”, Jimmy é apresentado de tal forma que é possível vê-lo como a maioria dos homens atuais, o homem modernos, aqueles que se dizem mais espertos e inteligentes do que as mulheres, como se seus intelectos fossem, de alguma forma, superiores ao de nós, mulheres.

Em algum ponto durante a graduação em direito da personagem principal e narradora, – esta, sem nome – ela conhece esse homem que ela começa a se interessar e admirar por ser tão inteligente, sagaz e com ideias “modernas”. Ela o admira de tal forma que começa a achar aceitável nele muitos comportamentos que normalmente ela não aceitaria em outros homens, – como, por exemplo, o ato de pegá-la pelo braço ao atravessar a rua – pelo simples fato de achar que nele esses comportamentos eram aceitáveis pela sua inteligência, que ela descreve como o “crânio de Jimmy”.

“Lembro-me de Jimmy, de seus cabelos e de suas ideias. Jimmy achava que nada existe de tão bom quanto a natureza. Que se duas pessoas se gostam não há nada a fazer senão amarem-se, simplesmente. Que tudo o mais, nos homens, que se afasta dessa simplicidade de princípio de mundo, é cabotinismo, e espuma. Se essas ideias partissem de outra cabeça, eu não toleraria ouvi-las sequer. Mas havia a desculpa do crânio de Jimmy e havia sobretudo a desculpa de seus dentes claros e de seu sorriso limpo de animal contente.”

A personagem, a partir de então, começa um curioso relacionamento nada convencional com Jimmy, sendo “lecionada” por ele diariamente e, cada vez mais, absorvendo suas ideias. E ele, obviamente, fica muito contente com isso.

” Suas lições haviam produzido um efeito raro e a aluna era aplicada. Foi um tempo feliz.”

Além de “Eu e Jimmy”…

Entretanto, um outro personagem rompe esse relacionamento. E é nesse ponto que o paradigma de “homem moderno”, que, atualmente, podemos acrescentar livremente o adjetivo “desconstruidão”, é quebrado, e é onde Clarice destila toda a sua sátira.

Um examinador, que ela nomeia apenas como “D.” toma a atenção da personagem-narradora, encanta-a com seus olhos suaves e profundos e suas mão morenas. Ela, que até então conhecia apenas Jimmy como homem ideal e estava nesse relacionamento onde ela aceitava seu papel de “acessório do homem” e se deixava ser lecionada por ele, começa a se encantar por este outro homem, diferente de Jimmy até na aparência – Jimmy tinha olhos e pele clara e, conforme ela mesmo descreve, sua voz era misteriosamente áspera a morna. Obviamente seu comportamento com Jimmy muda, e ele percebe, e logo pergunta a ela se havia algo de errado. Ela, de uma maneira que pode-se chamar de inocente, conta a ele que havia se apaixonado por D., e ele, indignado, pergunta a ela “e eu?”, ao passo que ela responde, usando contra ele a sua própria “sabedoria evoluída”: “ora, arranje-se! Nós somos simples animais.”

Como bom homem que não aceita ser rejeitado, Jimmy a manda para o diabo, como ela mesma descreve, com suas teorias. Mas, curiosamente, quando se lê o conto, é impossível chegar nessa parte e não pensar: como ele pode estar tão indignado se essas teorias que ela profere partiram dele, em sua frágil tentativa de “leciona-la”? Uma clássica demonstração atemporal de como pode funcionar o ego masculino em alguns casos, principalmente com os ditos “homens modernos”.

Clarice, mais uma vez, mostra que suas histórias são atemporais.

Garanta a sua cópia de Todos os Contos e boa leitura!

Nota

Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.
Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.

Ficha técnica

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Nome: Todos os Contos
Autor: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Ano: 2016
Páginas: 656
ISBN-13: 9788532530240
ISBN-10: 8532530249
Sinopse:

Autora de romances e contos que figuram entre os mais emblemáticos da literatura brasileira, Clarice Lispector é considerada uma das mais importantes escritoras do século XX. Sua popularidade alcançou níveis surpreendentes nas últimas décadas, especialmente após o fenômeno da internet, mas sua figura e sua obra seguem exercendo sobre leitores o mesmo e fascinante estranhamento que causaram desde sua estreia literária, em 1943.

Nesta coletânea, é possível conhecer Clarice por inteiro, desde os primeiros escritos, ainda na adolescência, até as últimas linhas. Essencial para estudantes e pesquisadores, para fãs de Clarice Lispector e iniciantes na obra da escritora, Todos os contos foi lançado nos Estados Unidos em 2015, figurando na lista de livros mais importantes do ano do jornal The New York Times e ganhou importantes prêmios, como o Pen Translation Prize, de melhor tradução. Agora é a vez de os leitores brasileiros (re)descobrirem por completo esta contista prolífica e singular.

Covil de Livros 128 – As Fúrias Invisíveis do Coração

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Bem-vindos, amigos, ao último Covil de Livros comandado pelo Bruno “oFrango” Assis e pelo Marcelo Zaniolo! Neste cast, decidimos conversar sobre o nosso autor favorito e que cimentou a nossa amizade ao longo dos últimos anos: John Boyne! E o livro escolhido foi As Fúrias Invisíveis do Coração!

Esse livro foi lançado em 2017 e conta a história da vida de Cyril Avery, nascido em 1940 e filho de uma mulher que foi expulsa da cidade em que morava por ser mãe solteira. Deixado para adoção, é resgatado por uma família irlandesa muito rica, mas que não o vê como um legítimo membro da família. E, durante 70 anos, passamos pelas dificuldades de ser gay em um país extramente conservador, além de vivenciar as muitas mudanças do mundo nesse período.

Mas, lembre-se: o episódio está lotado de SPOILERS! Recomendamos fortemente que tenha lido o livro para ouvir, pois boa parte da trama é revelada. Agora, se não liga pra isso, então pode apertar o botão do play sem medo de ser feliz!

Não seja apenas alguém que ouve o programa, comente também! Diga pra gente: o que achou da obra? Quais foram os sentimentos que ela te passou? O que acha da história e dos preconceitos vivos pelo Cyril? Conta pra gente aqui nos comentários!

Citados no episódio

Atenção!

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Compre & Leia As fúrias invisíveis do coração

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[Resenha] O Trono de Fogo – Rick Riodan

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Antes de você começar a ler essa resenha sobre o livro “O Trono de Fogo” saiba que ela começa já com SPOILERS sobre o livro anterior. Se você precisa lembrar do primeiro, que se chama “A Pirâmide Vermelha” ou quer saber sobre ele, leia essa resenha aqui

O Trono de Fogo começa meses depois do final do primeiro livro com os preparativos de Carter e Sadie para trazer de volta à vida para derrotar Apófis que está ganhando cada vez mais força. Estaria tudo bem se o livro focasse nessa trama, mas infelizmente não foi assim.

Gravação nº 02

Em O Trono de Fogo vemos os irmãos Kane buscando as três partes do papiro de Rá ao redor do mundo para poderem conjurar o feitiço que trará o deus de volta para assumir o trono dos deuses egípcios, porém, essa missão acaba se tornando uma subtrama ao ponto de às vezes eu nem me lembrar porque eles tinham que ir de um local a outro. Isso porque boa parte da narração, pensamentos e reflexões dos irmãos estão voltados para seus interesses amorosos.

Sadie segue apaixonada pelo deus Anúbis e se queixa de como ele nunca a notará, em paralelo ela também se apaixona por um novo acólito da Casa da Vida de Nova Iorque e se queixa por achar que ele gosta de outra menina. Enquanto isso, Carter (de quem eu já gostava bem mais no primeiro livro, já que desde o início acho os capítulos da Sadie irritantes) também cansa ao ficar o tempo inteiro remoendo onde pode estar a verdadeira Zia, a garota com quem conviveu por dias e já se tornou o amor da sua vida. Tudo isso vindo de adolescentes de 13 e 14 anos. É, foi difícil.

Mesmo assim, o livro traz coisas boas que devem retornar no último livro da trilogia, principalmente pelo desenvolvimento da reta final em que voltamos à trama dos deuses (yeeh). Seguimos torcendo para que volte a ser o foco da série…

Mas é bom?

Na verdade, para mim, foi o livro mais fraco do Rick Riodan. Minha principal reclamação são os romances adolescentes, mas o conteúdo infanto juvenil de seus livros nunca foi algo ruim ou inferior, pelo contrário, é sua marca nesse tipo de literatura. Então posso apenas dizer que O Trono de Fogo caiu na maldição do segundo livro, foi chato, mas não ruim o suficiente para me fazer desistir da série e fica minha esperança que o terceiro traga de volta tudo que teve de bom no primeiro livro.

Nota:

2 selos cabulosos e meio

Garanta seu O Trono de Fogo e boa leitura!

Ficha Técnica

Nome: O Trono de Fogo – As Crônicas dos Kane 02
Autor: Rick Riordan
Tradução: Debora Isidoro
Editora: Intrínseca
Ano: 2011
Páginas: 398
ISBN: 9788580570922
Sinopse: Os deuses do Egito Antigo foram libertados, e desde então Carter Kane e sua irmã, Sadie, vivem mergulhados em problemas. Descendentes da Casa da Vida, ordem secreta que remonta à época dos faraós, os dois têm poderes especiais, mas ainda não os dominam por completo – refugiados na Casa do Brooklin, local de aprendizado para novos magos, eles correm contra o tempo. Seu inimigo mais ameaçador, Apófis, está se erguendo, e em poucos dias o mundo terá um final trágico.

[Resenha] Querido ex – Juan Jullian

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Capa do livro. Sobre um fundo verde, uma silhueta escura de uma pessoa com camiseta vermelha. Em primeiro plano, no topo, o nome do autor. No centro, o título:
Capa do livro. Sobre um fundo verde, uma silhueta escura de uma pessoa com camiseta vermelha. Em primeiro plano, no topo, o nome do autor. No centro, o título: "Querido ex," e o subtítulo: "(que acabou com a minha saúde mental e virou uma subcelebridade)".

Um término de namoro em geral é um momento traumático na vida de todos. A vontade é nunca mais ver a cara daquela pessoa (mesmo que às vezes a gente caia em tentação e role aquela stalkeada). E se o seu ex abusivo se tornar participante de um reality show e você não tiver mais a opção de ignorar a existência dele? Em Querido ex (que acabou com a minha saúde mental, ficou milionário e virou uma subcelebridade) temos as cartas escritas ao ex em uma tentativa de superar a relação e botar a vida de volta nos eixos.

Sobre relacionamentos abusivos

Uma relação abusiva em muitos casos não é violenta fisicamente, mas a violência psicológica está sempre presente. E, na maior parte dos casos, as sequelas psíquicas acompanham a pessoa por muito tempo depois do fim do relacionamento. Nesse livro autor das cartas vai nos contando como está sua vida após o término e, aos poucos, vai revelando detalhes do relacionamento.

Ele nos mostra como eram sutis as falas e atitudes que o faziam duvidar de si mesmo. E também como haviam momentos bons que o faziam esquecer de suas dúvidas a respeito do relacionamento por um tempo. Vamos percebendo a dinâmica de uma relação problemática e entendendo como aquilo continua a afetar a vítima mesmo após o fim.

Outras temática importantes

Não sabemos o nome de quem escreve as cartas, mas passamos a conhecer muito de sua personalidade e de sua vida. Sabemos que ele é um cara negro, gordo, gay e que foi criado por suas duas mães. E a cada detalhe que aprendemos sobre ele nos leva a uma reflexão sobre aspectos da nossa sociedade.

Vemos sua luta para se encaixar no padrão de beleza. Percebemos que o fator racial tinha uma grande importância no relacionamento e como o racismo velado machuca. Acompanhamos como a luta contra a homofobia pode acabar por desumanizar os militantes. Há também uma discussão importante sobre HIV e AIDS.

Ou seja, é um livro que nos coloca em contato com temas importantes de uma forma bacana ao longo da leitura. Principalmente a questão da saúde mental, que é tratada em seus diversos aspectos. Desde de a busca por ajuda profissional até a importância do apoio familiar e de amigos e como a recuperação não é sempre linear.

Emoções à flor da pele

Além de tudo isso, é uma narrativa que emociona. A escrita crua e extremamente sincera do autor das cartas torna fácil entender e se identificar com ele em muitos momentos. É uma leitura dinâmica, daquelas que a gente pega para ler e só consegue parar quando o livro termina. E, principalmente, é uma história que fica com a gente por bastante tempo após o fim da leitura.

Porém, percebi dois pontos me incomodaram um pouco ao longo da leitura. A versão disponível pelo Kindle Unlimited que eu li tem alguns problemas de revisão e diagramação. (Mas imagino que devem ter sido resolvidas na versão física que foi lançada esse ano) E um momento da história bem no finalzinho que me pareceu um pouco deslocado do resto.

Contudo, esse é um livro que indico para todo mundo. É uma excelente estreia de um autor nacional e, com certeza, ficarei de olho para ler os próximos livros que ele lançar.

Nota

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Ficha Técnica:

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Nome: Querido ex (que acabou com a minha saúde mental, ficou milionário e virou uma subcelebridade)
Autor: Juan Jullian
Edição:
Editora: Transversal
Ano: 2018
Páginas: 262
ISBN: B07HSP6YSX
Sinopse: Este livro reúne as cartas Dele, um jovem gay, cuja vida está sendo definida por um catastrófico acontecimento: seu ex namorado virou, da noite para o dia, a maior celebridade do país.Por mais que tente, de todas as formas, fugir da memória e imagem do seu (não tão querido) ex, ele continua sendo perseguido por ela onde quer que vá. Nos outdoors? Ele está lá. Na televisão? Ele está lá.No Instagram? Ele está lá também.

Como se livrar de um passado que insiste em ser seu presente?”Querido ex,” é um registro do luto, caos e poder que vem com o fim de um relacionamento abusivo. As dificuldades da vida acadêmica, a solidão, os encontros entre o racismo e a homofobia e a dor e libertação do descobrir a si mesmo são colocados no papel, enquanto Ele refaz os caminhos pelos quais se perdeu, enquanto amava alguém que agora é somente um estranho com milhões de seguidores.

[Resenha] Claros Sussurros de Celestes Ventos

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Imagem mostrando o livro entre alguns galhos. Na capa do livro é possivel notar o titulo, com frases onduladas:
Imagem mostrando o livro entre alguns galhos. Na capa do livro é possivel notar o titulo, com frases onduladas: "Claros sussurros de celestes ventos", com um céu quase branco de fundo, e abaixo, parte de uma plantação.

Claros Sussurros de Celestes Ventos é um romance de autoria de Joel Rufino dos Santos. Nele, o autor brinca com a possibilidade de que Cruz e Sousa e Lima Barreto, dois grandes escritores negros da literatura brasileira, teriam se encontrado algumas vezes em vida. Numa narrativa que mescla fatos históricos reais a personagens dos autores e sua própria criação literária.

Uma obra de muitas tramas

O livro não tem uma trama única: inicia com foco em Lima Barreto, prestes a morrer e tendo um encontro com “o fantasma” (ou a memória de Cruz e Sousa), a quem teria encontrado na própria juventude. Depois, volta ao período de vida do poeta catarinense, expondo sua vida miserável, a luta contra a tuberculose e a morte prematura por conta da doença.

Assim, um capítulo se entrelaça ao outro por personagens que se repetem, pela referência da memória ou da leitura das obras desses escritores. Todos os personagens estão ligados de alguma maneira, apesar de a narrativa não segui-los linearmente.

A poesia

O título da obra já indica uma sonoridade especial, digna do Simbolismo, movimento com o qual se identifica o poeta Cruz e Sousa: Claros Sussurros de Celestes Ventos. A expressão é como um verso de poema perdido, tem musicalidade e sinestesia (a figura de linguagem em que se misturam as percepções dos sentidos).

Por isso, é esperado que dentro de suas páginas encontremos passagens bastante sugestivas. A linguagem é simples, mas não perde delicadeza, nem momentos de belas construções.

Se estamos mortos não estamos sós, comenta o outro, arreganhando os beiços, os mortos fazem uma caravana que rodeia a Terra. P. 95.

Uma obra para refletir e reler

Uma reflexão que acompanha toda a obra é a marginalização, principalmente a dos negros, mas também de outras minorias. As narrativas que se cruzam na história apontam transgressores dos papéis que lhes são atribuídos ou não. Como na vida real, nem todos os personagens da obra têm sucesso em sair da margem, mas lutam.

Com esse fio condutor, unido à subjetividade da construção do livro, esse é um livro que parece existir para a releitura. Ao final da leitura, fica a sensação de que podemos encontrar mais pontos de conexão entre os personagens e suas histórias (eles certamente aguardam para serem desvendados).

Claros sussurros de celestes ventos é uma obra para leitores atentos, que gostam de aproveitar uma narrativa poética e desvendar seus enigmas. É um livro de ritmo ágil, mas que convida ao reler. Repleto de referências literárias e históricas, deve agradar os apaixonados pela literatura brasileira.

Nota

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Ficha Técnica

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Título: Claros sussurros de celestes ventos
Autor: Joel Rufino dos Santos
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 8528616010
Ano: 2012
Páginas: 182
Sinopse: Primeiro livro do premiado Joel Rufino dos Santos pela Bertrand Brasil, Claros sussurros de celestes ventos apresenta um conjunto de narrativas fantásticas que se intercalam de forma intensa, criando um mosaico, uma explosão de sentimentos e sensações, por meio de eventos importantes ocorridos entre os séculos XIX e XX. No livro Joel Rufino inventa que dois dos maiores escritores negros do Brasil, Lima Barreto e Cruz e Sousa, se encontraram algumas vezes e que algumas de suas criaturas, como a Olga do Policarpo Quaresma, e a Núbia, de Broquéis, continuam suas vidas em novos tempos e lugares.

Pode ser lido como um romance histórico da revolução paulista de 32, do modernismo, das cidades mortas do vale do Paraíba, da crise de 29. Ou apenas como uma intensa ficção, em que o próprio estilo poético é personagem. Uma das intenções do autor com o livro é despertar o interesse do leitor, sem didatismo, a descobrir o gosto pela ficção e pelos clássicos. Para isso, lança mão de personagens marcantes e histórias que se misturam a relevantes fatos históricos.

[Resenha] O Trono do Sol – A Magia da Alvorada – Stephen Leigh Farrel

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Recorte da capa do livro. No fundo uma parede de construção antiga, no centro um trono dourado refletindo luz. Em primeiro plano o título do livro:
Recorte da capa do livro. No fundo uma parede de construção antiga, no centro um trono dourado refletindo luz. Em primeiro plano o título do livro: "O Trono do Sol"

Ao terminar este livro cheguei à conclusão de que se a HBO quisesse uma série para manter o espírito das primeiras temporadas de Game of Thrones, uma adaptação de Trono do Sol seria mais eficiente do que qualquer spin off que eles tenham em mente.

Essa trilogia vai nos contar a história de um reino através das vidas de seus habitantes, principalmente os que governam e os oprimidos. Pessoas com atitudes boas, pessoas com atitudes ruins, egoístas ou que apenas estão buscando o melhor para si mesmos e seus povos; em meio a isso, um sistema de magia encarado como religião onde aqueles que veem de outra forma são considerados hereges e, por isso, perseguidos.

O Império Nessântico

Desde que Marguerite subiu ao trono há 50 anos atrás, o Império Nessântico vive em prosperidade e paz com os outros povos, mas nem todos estão felizes com a situação. Iniciamos o livro com os preparativos do jubileu de Marguerite como Kraljica. E ela sabe que a paz que trouxe para o reino não agrada a todos, seu braço direito Dhosti – líder religioso da fé concénsiana também prevê que uma guerra se aproxima.

A religião tem um papel vital nesse lugar e é por isso que a personagem mais próxima de um protagonista que temos nessa história é Ana, uma moça que acaba de realizar o sonho de se tornar uma acólita, mesmo sabendo que comete um grande pecado do ponto de vista da Divonloté (livro sagrado): Ana usa de forma instintiva o dom de Concénsia, mostrando que pode ir além do que lhe é ensinado e isso não é apenas proibido, é heresia.

Além desses três personagens, os outros pontos de vista se constroem pelos personagens que querem trazer guerra à Nessântico, aos que querem manter a paz e aos que nós, leitores, não temos ideia de quais são suas intenções.

É difícil falar sobre “Trono do Sol – Magia da Alvorada”, pois S. L. Farrell construiu um mundo extremamente complexo, com uma trama política e cheia de reviravoltas e personagens em que você se pega torcendo, mesmo que não sejam boas pessoas. São várias nomenclaturas novas e um sistema de mundo em que somos jogados e vamos entendendo aos poucos. Para os que adoram uma leitura complexa é aí que está a graça!

Minha experiência de leitura

Nem tudo foi perfeito: apesar da boa construção dos personagens e suas histórias de vida, não me apeguei a nenhum deles. Então, quando alguém morria (minha comparação inicial com GoT não foi à toa), fiquei mais impressionada pela nova dinâmica que a situação trazia para a história do que pelo carinho pelo personagem. Mas, o principal defeito desse livro para mim foi um romance sem sentido que surge ali pela metade. Nasce do nada e faz com que a personagem que mais tive empatia e realmente gostava começasse a tomar decisões estúpidas. Felizmente, apesar de toda a raiva que senti, a reta final foi incrível: a personagem voltou aos eixos e espero que nos próximos livros esse romance seja deixado de lado.

Mas é bom?

Incrível, complexo e com uma reviravolta no final que me deixou muito animada para continuar acompanhando toda história. Amo fantasias que constroem um novo mundo e me fazem aprender sobre ele e a série Ciclo Nessântico é uma das que faz isso de forma mais bem feita. Só não dei nota máxima para esse primeiro livro por conta dos defeitos que já comentei, mas que espero que não voltem nos próximos livros.

Nota

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Ficha Técnica:

Título: O Trono do Sol – A Magia da Alvorada
Autor: S. L. Farrell
Tradução: André Godirro
Editora: Leya Brasil
Ano: 2012
Páginas: 580
ISBN: 9788580444483
Sinopse: Nessântico – terra de luxúria e perigos, que durante séculos influenciou povos além de suas fronteiras. Uma cidade forte, sedutora, e que mesmo sob o efeito do comércio e da guerra abriga intelectuais, ricos e poderosos de todo o país. Um lugar muito invejado, e por isso as coisas estão prestes a mudar. Governada por Marguerite ca’Ludovici, que agora prepara-se para celebrar seu Jubileu e passar o seu legado para seu filho Justi, enquanto Jan ca’Vörl, um poderoso nobre, tenta armar uma rebelião. Archigos Dhosti ca’Millac, líder da Fé de Concénzia e aliado de Marguerite, luta para controlar fundamentalistas como Orlandi ca’Cellibrecca , enquanto eles clamam por uma ação contra aqueles que insistem em afirmar que a magia não está ligada à fé em Cénzi. Presa no meio desta disputa por poder está a jovem sacerdotisa Ana co’Seranta, cuja impressionante habilidade com a magia a torna um peão na luta pelo poder.
O trono do Sol é uma trama onde o elenco ativo é um fascínio imenso, muitos dos quais se alternam na narrativa. Leitores que apreciam a construção de um mundo de intriga e ação mergulharão nesta história rica e complexa.

 

Covil de Livros 122 – Daytripper

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Vitrine do podcast. Ilustração com fundo branco de um homem sentado em um banco de praça com um jornal, algumas paginas do jornal voam com o vento, à sua frente um cachorro sentado no chão, semelhante a um labrador. À direita o nome dos autores, e abaixo o título: Daytripper. Na lateral direita, faixa vertical escrito
Vitrine do podcast. Ilustração com fundo branco de um homem sentado em um banco de praça com um jornal, algumas paginas do jornal voam com o vento, à sua frente um cachorro sentado no chão, semelhante a um labrador. À direita o nome dos autores, e abaixo o título: Daytripper. Na lateral direita, faixa vertical escrito "Podcast Covil de Livros" e o número da edição: 122.

Bem-vindos, amigos, a mais um Covil de Livros! Nos próximos meses, o senhor Basso estará de férias e o podcast terá dois hosts para comandar essa baguncinha gostosa: Bruno “Frango” Assis e Marcelo Zaniolo, retornando ao mundo dos podcasts literários.

E eles aproveitaram que o Basso não está mandando em mais nada e resolveram trazer o primeiro quadrinho para a mesa de discussão do Covil. Daytripper é uma obra dos gêmeos quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá, que conquistaram o prêmio Eisner em 2011. Uma história cotidiana, com muito de Brasil e que tem muito a dizer para os participantes.

Mas uma coisa que não foi subvertida é a tradição de encher o episódio de SPOILERS! Com isso, recomendamos fortemente que tenha lido o quadrinho Daytripper para ouvir, pois boa parte da trama é revelada. Agora, se não liga pra isso, então pode apertar o botão do play sem medo de ser feliz!

Não seja apenas alguém que ouve o programa, comente também! Diga pra gente: o que achou da obra? Quais foram os sentimentos que ela te passou? Quais os pontos dialogaram mais com a sua vida atual? E quais mais te marcaram? Conta pra gente aqui nos comentários!

Atenção!

Para ouvir basta apertar o botão PLAY abaixo ou clique em DOWNLOAD (clique com o botão direito do mouse no link e escolha a opção Salvar Destino Como para salvar o episódio no seu pc). Obrigado por ouvir ao Covil de Livros e continuem acompanhando a gente.

Apadrinha a gente!

Sendo padrim do nosso parceiro podcast Perdidos na Estante e você também apoia o site Leitor Cabuloso. Assim você garante que tenhamos como abastecer a água do fosso que cerca nosso castelo. Combinado? Paga a entrada do Perdidos no Covil!

Compre & Leia a HQ Daytripper 

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Escrito em Algum Lugar – Vítor Martins

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Recorte da capa do livro. Ilustração que mostra ao fundo um céu roxo escuro noturno. No topo, em amarelo o nome do autor, logo abaixo, em branco e letras grandes, o título:
Recorte da capa do livro. Ilustração que mostra ao fundo um céu roxo escuro noturno. No topo, em amarelo o nome do autor, logo abaixo, em branco e letras grandes, o título: "Escrito em algum lugar"

Antônio está prestes a realizar o sonho de ver um show da sua banda favorita, o Triple J, no único show da turnê de retorno deles que farão no Brasil. O problema é que para isso ele deve passar a noite na fila para conseguir o ingresso, cercado de adolescentes estridentes uns dez anos mais novos que ele e repensando as decisões que o levaram até ali. Mas nem tudo é desespero, pois a sorte, o acaso o destino ou seja o que for, colocou um desconhecido ao seu lado, e sendo essa uma história do Vítor Martins, vamos acompanhar uma divertida história de amor de “Escrito em Algum Lugar”.

Marshmallow Heart

Vítor Martins já publicou dois romances, alguns contos e tem como objetivo no seu trabalho escrever histórias de amor gay que não pôde ler na sua adolescência porque não existiam. Suas obras têm, então, alguns pontos em comum: são romances gays, são absolutamente fofos e são capazes de se relacionar com qualquer pessoa, pois esse autor traz histórias que falam sobre ansiedades e questões do dia a dia que conversam com qualquer público. Além de uma escrita engraçada, cheia de ironia.

Em Escrito em Algum Lugar, acompanhamos Antônio que faz parte da parcela da população de 20 e tantos anos que não se sentem totalmente adultos. É bem aquele meme de um dia estou comprando panela antiaderente e no outro estou assistindo filme da Barbie. Então apesar de não ter com quem compartilhar seu amor e empolgação com o Triple J, Antônio está mais do que feliz em realizar o sonho de ver sua banda favorita ao vivo. Para tornar tudo melhor, ele conhece Gustavo. Durante as 15 horas que eles vão passar na fila, os dois conversam sobre seus ex namorados, suas famílias e claro, seus ships da banda.

Apesar de ser um conto, não faltou desenvolvimento para o que o autor quis passar, seja o nascimento de um romance, seja as inseguranças de ser julgado por gostar de algo, que algumas pessoas, podem considerar não ser para sua idade. Até sobre um certo tipo de relacionamento abusivo ele conseguiu discutir. Aquele onde não existe agressão explícita, mas a pessoa vai deixando de ser ela mesma por medo de desagradar o outro. Resumindo, em 80 páginas tivemos sim uma história completa.

Mas Escrito em Algum Lugar é bom?

É maravilhoso! Provavelmente por ter me identificado com o tema de adulto, mas nem tanto essa tenha se tornado minha história favorita do Vítor. Isso e o fato de eu ter tido várias crises de riso durante a leitura. Apenas leiam!

Nota

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Ficha Técnica

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Nome: Escrito em Algum Lugar
Autor: Vítor Martins
Editora: Agência Página 7
Ano: 2019
Páginas: 80
ISBN: B07VWKBM3K
Sinopse: O show mais aguardado do ano! Pelo menos para Antônio, um jovem de 26 anos que não sente vergonha nenhuma em virar a madrugada na rua para conseguir comprar um ingresso para o show de retorno da sua boyband favorita. A noite está fria, os fãs são barulhentos e a calçada está longe de ser confortável, mas quando o acaso coloca Gustavo ao seu lado, passar quinze horas em uma fila não parece mais uma ideia tão ruim assim.

Escrito em algum lugar é um conto inédito de Vitor Martins, autor de Quinze dias e Um milhão de finais felizes.

O Olho do Mundo – Robert Jordan

Recorte da capa do livro. Sobre um fundo preto, em letras grandes, no topo, o nome do autor:
Recorte da capa do livro. Sobre um fundo preto, em letras grandes, no topo, o nome do autor: "Robert Jordan", abaixo, o título do livro: "O Olho do Mundo".

“Esse é o novo Senhor dos Anéis”. “Ele é tão bom, é igualzinho ao livro da Terra Média“. Se todos os méritos de uma obra são comparados a Senhor dos Anéis, acredito que essa obra é ruim. Não é o caso de “O Olho do Mundo”, primeiro volume da saga “A Roda do Tempo” de Robert Jordan.

Há semelhanças e elas não são sutis. Porém, A Roda do Tempo vai muito além de uma homenagem, uma versão americana ou até mesmo uma cópia do clássico de Tolkien. O livro de Robert Jordan tem a uma alma própria que exala identidade.

Por que não é igual?

Rand, o primeiro apresentado como protagonista, mora em um vila com um jeitão de interior, tem uma vida comum com seu pai Tam e alguns amigos. Uma figura estranha, só vista por ele, chama a sua atenção e antes de ter respostas sobre o incógnito a sua vila é atacada por Trollocs (criaturas que andam em duas patas, com o corpo de homem e o rosto animalesco). Uma simples premissa que gera um monte de perguntas.

O protagonista e seus amigos fogem do lar onde nasceram. A narrativa, o descobrimento de todo um universo vasto e bem construído, a mitologia e a história por trás de reinos, a magia e os personagens são movidos ou revelados através desta fuga. Com esse artifício, Robert Jordan faz você caminhar por todo um mundo ricamente criado. Depois de virar a última página só consegui dizer: “A viagem foi longa…longa como poucas são”.

A busca incessante do autor

Ser verossímil é o grande desejo do autor. Senti que saí da vila pacata na região dos Dois Rios e passei por florestas, tavernas (muitas tavernas), cidades, cidades caídas e todos os lugares clássicos de uma aventura de RPG. Tolkien transformou a sua obra em realidade na mente dos leitores com descrições poéticas. Robert Jordan consegue o mesmo através do carinho que dedica aos detalhes.

Em nossas vidas, na realidade, não é possível pular os detalhes. Para chegar ao trabalho ou a escola você precisa se alimentar, sair de casa, pegar o ônibus, enfrentar uma chuva ou coisas do tipo. Nesses pequenos detalhes que preencham a vida o autor vê beleza e os descreve com maestria. Para grandes cidades ou pequena tavernas há carinho com as palavras, onde o autor usa simplicidade em vez de poesia. Se você gosta das descrições que formam belas imagens na mente, pare de ler esta resenha e vá ler A Roda do Tempo. Mas, pera aí, esse autor tem como mérito só as descrições e o olhar aguçado para os detalhes?

Diálogos, como gostei dos diálogos! Em meio a fuga, o descanso e a vigilância o autor gosta de colocar os personagens ao redor de uma fogueira ou em uma mesa conversando. E não é aquela conversa apressada que tem como objetivo só o avançar da trama. Os diálogos são usados para demonstrar a personalidade e os medos dos personagens, para contar belas histórias do passado, para criar uma mitologia e explicar os obstáculos.

O olhar de um só personagem pode enxergar tudo?

No início do livro Rand é mostrado como protagonista. Depois, a partir de um acontecimento, o autor nos vende a ideia de três protagonistas: Rand, Mat, Perrin. Mas, eu gosto de enxergar a obra em três núcleos: Rand, Perrin e Nynaeve. Além destes personagens outros são bem construídos, só que nesses a construção é maior, a evolução é latente, os acontecimentos os cercam e cada um possui um segredo dentro de si. Já ia me esquecendo, apesar de Egwene não ter um núcleo próprio possui todas as qualidades dos personagens citados acima.

Retratação do feminino

Egwene e Nynaeve são personagens profundas, têm as suas dúvidas e os seus desejos, questionam, não se intimidam e são parte importante da obra. Isso é o suficiente? Ainda bem que não. Preciso falar de Moraine. Ela acredita na força da sua magia, tem fé em suas crenças, confia nas suas decisões e não titubeia diante do que deve ser feito. Na sua fala há sempre uma carga de quem tem muito conhecimento e que atrai para si respeito. Ao falar dela também preciso mencionar o sistema de magia: há só uma fonte neutra de poder que só pode ser usada por mulheres. Em uma conclusão apressada, um tolo chamaria isso de privilégio. Não, não é. Há uma vida de sacrifício e poucas podem acessar a fonte verdadeira. É um sistema de magia bem construído e pavimentado com boas histórias.

O vilão de O Olho do Mundo

A sensação de perseguição marca boa parte do livro. Durante a fuga os personagens se deparam com diversos cenários e enfrentam várias situações. Também há lutas que nunca começam ou terminam da mesma forma. Até aí nada de novo se comparado a outras obras de Fantasia. Mas, devo mencionar que o mau/perigo não é só físico. Ele é uma presença, um peso e causa medo só com o seu existir. Em Senhor dos Anéis há algo muito parecido. Então o que há de diferente? O sonho. O autor sabe usar esse elemento. Da boca do personagem não sai uma versão resumida de um pesadelo, muito pelo contrário. O narrador entra no sonho do personagem e o narra. No sonhar o autor esquece os limites, belas cenas são criadas, há chantagem e o tormento por parte do vilão é grande, dando uma característica diferenciada para o livro.

Nada é perfeito

Por boa parte da trama Rand só reage e não age, um romance simplesmente pula na trama e há lentidão. O desejo do autor pela verossimilhança combinado com o seu amor pelas descrições e diálogos longos tornam o livro lento. O leitor sente que está fazendo uma longa viagem. Sim, o livro consegue fazer o leitor sentir que o universo é grande, existe a recompensa no final, mas a sensação de “Poderia ser mais rápido” não desaparece.

Fãs de Fantasia, ainda mais daquelas com jeitão antigo, podem se arriscar sem medo. Agora, se você não é um entusiasta do gênero ou pensa em ter uma primeira experiência, escolha outro livro.

É isso. O Olho do Mundo não se trata de uma cópia do Senhor dos Anéis. Ainda bem que não se trata.

Nota

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Ficha Técnica

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Nome: O Olho do Mundo: (Série A roda do tempo volume 1)
Autor: Robert Jordan
Tradução: Fábio Fernandes
Edição:
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas: 800
ISBN: 9788580573619
Sinopse: Um dia houve uma guerra tão definitiva que rompeu o mundo, e no girar da Roda do Tempo o que ficou na memória dos homens virou esteio das lendas. Como a que diz que, quando as forças tenebrosas se reerguerem, o poder de combatê-las renascerá em um único homem, o Dragão, que trará de volta a guerra e, de novo, tudo se fragmentará.

Nesse cenário em que trevas e redenção são igualmente temidas, vive Rand al’Thor, um jovem de uma vila pacata na região dos Dois Rios. É a época dos festejos de final de inverno – o mais rigoroso das últimas décadas -, e mesmo na agitação que antecipa o festival, chama a atenção a chegada de uma misteriosa forasteira.

Quando a vila é invadida por Trollocs, bestas que para a maioria dos homens pertenciam apenas ao universo das lendas, a mulher não só ajuda Rand e seus amigos a escapar dali, como os apresenta àquela que será a maior de todas as jornadas. A desconhecida é uma Aes Sedai, artífice do poder que move a Roda do Tempo, e acredita que Rand seja o profético Dragão Renascido, aquele que poderá salvar ou destruir o mundo.