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ReLife

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Abertura

E se você tivesse a oportunidade de reescrever sua vida? De voltar ao ensino médio, começar sua vida profissional do zero? Pode parecer um pesadelo, mas para Arata é uma oportunidade já que com 27 anos ele está desempregado e sem nenhuma perspectiva de um novo emprego ou de melhora na sua vida. Uma noite, na volta de uma bebedeira entre amigos ele encontra Ryou que trabalha no Instituto de Pesquisa ReLife, o qual oferece a Arata uma pílula que promete transformar sua vida. Meio bêbado, Arata toma a tal pípula e já no dia seguinte percebe a mudança na sua aparência: ele está com a aparência dez anos mais novo. Assim, com a promessa de que se o experimento for um sucesso ele ganha um emprego e além disso tem todas as suas despesas pagas durante o ano, Arata volta para a escola para viver sua ReLife.

A primeira coisa que nos prende em ReLife é o humor, pois pode ser muito engraçado um homem de 27 anos com a aparência de 17 tendo que agir como um adolescente . O humor continua presente durante o decorrer do anime, mas não é o grande foco. Apesar do anime ser sobre a ReLife de Arata, os outros personagens, amigos que ele faz em sala de aula, tem suas histórias contadas e são bem aprofundados o que torna o anime prazeroso de assistir. Arata tenta não se envolver demais, já que depois do ano de sua ReLife todos vão esquecê-lo, mas muitas vezes é impossível não se envolver, não se importar, não se apaixonar… e na verdade eu torci para que ele se envolvesse.

ReLife encerra com uma revelação de uma das personagens o que nos deixa ávidos para uma segunda temporada, porém os volumes do mangá lançados até o momento foram todos adaptados, então se acontecer uma segunda temporada, ela está longe de acontecer. Mesmo assim, vale muito a pena ver, se divertir e emocionar com ReLife.

Nota:

Nomes: ReLife, Re Life
Número de episódios: 13
Foi ao ar em: 2 de julho de 2016 ~ 24 de setembro de 2016
Gêneros: Slice of Life, Romance, Escolar
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Fukigen na Mononokean

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Abertura

Ashiya está empolgado com o início do colegial, porém algo além do que ele espera vai acontecer: já na primeira semana, no caminho para casa, ele encontra um bichinho fofinho que parece ferido. Ashiya tenta ajudar a estranha criatura que sobe em suas costas e acaba ficando por lá, crescendo cada vez mais enquanto ele fica cada dia mais fraco e vive indo para a enfermaria da escola. Ele logo percebe que é o único que consegue ver a criatura e deduze que não é algo natural. Desesperado, ele vê um anúncio de exorcismos de youkais e procura ajuda.

É assim que ele conhece Abeno, o mestre do Mononokean, uma espécie de sala que é um youkai em si e que tem a capacidade de “interligar” qualquer ambiente, inclusive o mundo dos mortos. Abeno consegue ajudar Ahiya com o exorcismo, mas quando vai cobrar pelo serviço descobre que ele não tem como pagar. Abeno demanda, então, que Ashiya trabalhe como funcionário do Mononokean para pagar sua dívida.

Além do humor que é muito presente em Fukigen na Mononokean, temos um lado sensível do anime por conta dos youkais. Isso mesmo, os youkais que normalmente são retratados como criaturas horrendas, quase como os demônios na nossa cultura, em Fukigen na Mononokean são retratados como criaturas que precisam de ajuda. São vítimas, na maioria dos casos, e se fazem algo ruim é inconscientemente ou por estarem com medo e assustados.

Isso é diferente: em Fukigen na Mononokean, o exorcismo de youkais normalmente se baseia em ajudá-los a retornar para casa, o mundo dos mortos, que aliás é muito diferente do que imaginamos. Os youkais têm sentimentos e apesar de alguns episódios serem bem enrolados, o anime como um todo é muito divertido e tocante. Ao pesquisar algumas imagens do anime, percebe-se algumas que dão uma ideia de romance entre Ashiya e Abeno, mas isso esteve bem longe de acontecer. Aliás, romance é algo praticamente ausente durante os episódios.

Quando chega ao fim, o anime deixa algumas pontas soltas como, por exemplo, a habilidade de Ashiya ver youkais surgir do nada e a explicação de algumas cenas em que ele parece esconder um poder ou habilidade por conta de seus pais que são citados como um mistério. Penso que a ideia seria continuar e trazer uma segunda temporada, mas não encontrei nada nas minhas rápidas pesquisas. Bom, caso a segunda temporada venha a acontecer, ela estará na minha fila de animes a assistir.

Nota:

Nomes: Fukigen na Mononokean, The Morose Mononokean, 不機嫌なモノノケ庵
Número de episódios: 13
Foi ao ar em: 28 de junho de 2016 ~ 20 de setembro de 2016
Gêneros: Comédia, Sobrenatural
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Liberado primeiro teaser da adaptação de Death Note pela Netflix

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Foi liberado o primeiro teaser da adaptação de Death Note pela Netflix! Como é um teaser, dá pra ver pouca coisa, mas já podemos ter algumas ideias. Assista:

https://www.youtube.com/watch?v=pRJaWeOjCC8

Para quem não conhece a trama, o mangá conta a história de um adolescente, Light Yagami, que encontra um caderno, o Death Note, em que escrevendo o nome de alguém nele, a pessoa morre. Light então passa a matar criminosos com o caderno.

Death Note já ganhou diversas adaptações, mas é a primeira vez que ganha uma adaptação americana. O que você achou o teaser?

O filme de Death Note chega ao catálogo Netflix em 25/08 deste ano.

Flying Witch

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Um anime com uma bruxinha atrapalhada que arruma altas confusões. E não, isso não é uma coisa ruim.

Juntanto os Pedaços | Jennifer Niven

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Juntando os Pedaços é o segundo livro de Jennifer Niven publicado no Brasil. O primeiro foi Por Lugares Incríveis e, como você pode ver pela resenha, me agradou pela sua profundidade, então vai ser difícil não comparar os dois.

Em Juntando os Pedaços, assim como em Por Lugares Incríveis, temos dois personagens principais: Libby e Jack.

Jack é o garoto popular que todos conhecem: ele namora a garota linda, líder de torcida e tem um carro maneiro. Tudo parece ser exatamente como deve ser na vida de um cara popular, mas Jack tem prosopagnosia, uma doença em que ele não reconhece o rosto das pessoas. Para quem não tem, ou nunca ouviu falar da doença, fica difícil de entender só com essa informação: “como assim não reconhece o rosto das pessoas?” A doença faz com que Jack veja os olhos, nariz, boca, mas não consiga reunir tudo e formar um rosto, como normalmente acontece. Ele pode até conseguir reunir tudo, mas assim que olhar para o outro lado e olhar de novo, tudo vai ter se perdido e espalhado, cabendo a ele ter o trabalho de reunir tudo novamente. Como fazer isso é muito demorado e pode ser muito esquisito ficar olhando para o rosto de alguém com tamanha concentração, Jack usa características para identificar as pessoas como: cabelo, altura, cor da pele, etc. É uma doença que traz muitos transtornos principalmente porque ninguém sabe dela, nem mesmo os pais de Jack.

Libby já foi a adolescente mais gorda dos Estados Unidos. Ela teve de ser resgatada da própria casa, que teve de ser destruída para que ela saísse. Agora com vários quilos a menos ela volta para a escola. Libby ama dançar e tem o sonho de entrar para as Damsels, as líderes de torcida do colégio. Ela acredita que pode ser e fazer qualquer coisa e quer mostrar que é muito mais do que seu peso. Mas, logo nos primeiros dias de aula ela é alvo de uma brincadeira de mau gosto exatamente por causa do seu peso. Surpresa: o autor da brincadeira é Jack. Porém, antes ele deixa um bilhete para Libby explicando seus motivos e inclusive revela a ela sobre a prosopagnosia. Assim, o improvável acontece: Libby e Jack se tornam próximos, ligados pelo segredo de Jack que ninguém mais conhece.

No começo é difícil se identificar e gostar de Jack, principalmente por causa da “brincadeira” com Libby, mas se identificar com Libby e gostar dela é algo fácil, natural. Ela é gorda e já sofreu muito por isso. Ela já foi muito mais gorda e considera uma vitória que agora tenha voltado para a escola e não tenha que ficar presa em casa, mas ainda tem medo de sofrer por causa do seu peso, o que convenhamos é algo natural e com todo o sentido. Por outro lado, Libby não quer ser lembrada como a garota gorda, ela quer ser conhecida por ser uma ótima dançarina, por sua energia, ou como Jack a vê, como o Sol.

“Ela aponta para o meu peito.
— Você gosta de mim.
— Quê?
— O Jack Masselin gosta da garota gorda, mas ainda não aceitou isso.”

Experiência de leitura

Ler o livro e as coisas pelas quais Libby passa por causa do seu peso foi doloroso e muitas vezes difícil. Quando não parecia ser suficiente as coisas incríveis que ela fazia, ela sempre seria a balofa. Só que mesmo se sentindo derrotada e às vezes sentindo um aperto enorme no peito, Libby continuava insistindo para que as pessoas a vissem como algo além do seu peso.

“Sei o que está pensando: Se você odeia tanto isso, se é um fardo tão grande, emagreça, e seu problema estará resolvido. Mas estou confortável assim. Talvez eu perca mais peso. Talvez não. Mas o que as pessoas têm a ver com isso? Quer dizer, desde que eu não sente em cima delas, quem se importa?”

Jack acaba nos conquistando, eventualmente. As situações constrangedores que ele passa por causa da doença me causaram angústia e eu praticamente gritava enquanto lia: “Conta! Conta para os seus pais, para seus irmãos, procura ajuda!” Com o tempo, Jack acaba vendo um lado positivo da prosopagnosia: o modo como ele reconhece as pessoas se baseia em características próprias de cada uma delas, coisas que normalmente ninguém repara.

“Não é isso que vale. São as coisas importantes, tipo o modo como o rosto se ilumina quando alguém ri, ou como alguém anda na minha direção, ou como suas sardas são um mapa das estrelas.”

Voltando às comparações, Juntando os Pedaços assim como Por Lugares Incríveis, é dividido em capítulos de Jack e Libby, capítulos curtos e fáceis de ler, assim a leitura é rápida e fluída. Juntando os Pedaços não tem o mesmo peso que as páginas finais de Por Lugares Incríveis, mas nem por isso é um livro leve ou raso. É um livro que nos mostra como olhamos as pessoas e como deveríamos olhar para as pessoas. Juntando os Pedaços mostra que Jennifer Niven continua contando uma ótima história.

Nota:

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Nome:
 Juntando os Pedaços
Autor: Jennifer Niven
Edição: 1ª
Editora: Seguinte
Ano: 2016
Páginas: 392
Sinopse: Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.

Lançamentos de Fevereiro

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Olá novamente leitores cabulosos! Venho por meio desta trazer a vocês os lançamentos do mundo literário brasileiro deste fatídico mês de carnaval passado, vulgo fevereiro. Na verdade não tudo, pois é muita coisa. É mais pra se ter uma noção geral. Então vamos lá!

LIVROS

Galera Record

  • A Árvore no Quintal: Olhando Pela Janela de Anne Frank – Jeff Gottesfeld
  • Quando o futuro é o inimigo (Esqueça o Amanhã # 1) – Pintip Dunn
  • Nunca Jamais: Parte Dois – Colleen Hoover e Tarryn Fisher
  • A Inquisição (Conjurador # 2) – Taran Matharu
  • Contos da Academia dos Caçadores de Sombras – Cassandra Clare, Sarah Rees Brennan, Maureen Johnson e Robin Wasserman

Planeta

  • 50 Ideias de Matemática Que Você Precisa Saber – Tony Crilly
  • O Guardião Invisível (Trilogia Baztán # 1) – Dolores Redondo
  • Outros jeitos de usar a boca – Rupi Kaur
  • O Regresso do Catão (Catão # 2) – Matilde Asensi

Verus

  • O amuleto de ouro (Mapmakers # 2) – S.E. Grove
  • Algo Belo (Belo Desastre #2.6) – Jamie McGuire
  • A Tumba das Sombras (As Sete Maravilhas # 3) – Peter Lerangis
  • O Guia do Herói Para Ser Um Fora da Lei (Liga dos Príncipes # 3) – Christopher Healy

HarperCollins Brasil

  • Beije Minha Alma (Fool’s Gold #17) – Susan Mallery
  • Salva Por Um Cavalheiro (As Irmãs Cynster # 2) – Stephanie Laurens
  • Todos de Pé Para Perry Cook – Leslie Connor
  • O Segredo do Bambu: Uma história sobre sabedoria, equilíbrio e resiliência – Ismael Cala

Nova Fronteira

  • Retrato do artista quando jovem – James Joyce
  • Memórias de uma moça bem-comportada – Simone de Beauvoir
  • Como vejo o mundo – Albert Einstein
  • História do Pensamento Ocidental – Bertrand Russell

LeYa

  • Tá no ar, no livro – vários autores

Intrínseca

  • Pequenas Grandes Mentiras – Liane Moriarty
  • Às urnas, cidadãos! (Crônicas 2012 – 2016) – Thomas Piketty
  • Eu e você no fim do mundo – Siobhan Vivian
  • A verdade é teimosa: Diários da crise que adiou o futuro – Miriam Leitão
  • Matéria Escura – Blake Crouch
  • A Viúva – Fiona Barton

Rocco

  • A Caminho do Azul Sereno (Never Sky # 3) – Veronica Rossi
  • Melhores Amigas – Emily Gould
  • O Ruído do Tempo – Julian Barnes
  • Leitura Do Texto, Leitura Do Mundo – Domício Proença Filho
  • Vingança (Gladiador # 4) – Simon Scarrow
  • O Verão em Que Salvei o Mundo em 65 Dias – Michele Weber Hurwitz
  • A Roda da Eternidade (EntreMundos # 3) – Neil Gaiman, Michael Reaves e Mallory Reaves

Arqueiro

  • A Promessa (Myron Bolitar # 8) – Harlan Coben
  • A Rainha das Trevas (As Joias Negras # 3) – Anne Bishop
  • Diário de Uma Paixão – Nicholas Sparks
  • A Cruz de Fogo – Parte 1 (Outlander #5) – Diana Gabaldon
  • Quarteto Smythe-Smith de Julia Quinn completo
  • A Cabana – William P. Young (com a capa do filme)

Darkside Books

  • Edgar Allan Poe: Medo Clássico – Edgar Allan Poe
  • Frankenstein, ou o Prometeu Moderno – Mary Shelley
  • Twin Peaks [Arquivos e Memórias] – Brad Dukes

Sextante

  • A Cabana: Guia de Estudos – William P. Young e Brad Robison

Gutemberg

  • A Noiva do Capitão – Tessa Dare

Zahar

  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Edição Comentada e Ilustrada) – Jules Verne

Bertrand

  • Estranheza Mortal – J.D. Robb

Compainha das Letras

  • O Chiste e Sua Relação com o Inconsciente (Volume 7 da coeção Freud) – Sigmund Freud
  • O Túmulo de Lênin: Os Últimos Dias do Império Soviético – David Remnick

QUADRINHOS

Panini

  • Lendas do Universo DC: Mulher Maravilha: Volume 1 – George Pere
  • Gotham DPGC. Sob Suspeita – Ed Brubaker e Greg Nucka
  • Homem-Animal: Carne e Sangue – Jamie Delano
  • Thanos. Revelação Infinita – Jim Starlin
  • Infinito – Jonathan Hickman
  • Guardiões da Galáxia: Ângela – Brian Bendis
  • Star Wars: Skywalker Ataca – Jason Aaron
  • Vagabond #12 – Takehiko Inoue
  • Slam Dunk #03 – Takehiko Inoue
  • Bestiarius #02 – Masasumi Kakizaki
  • Quem é Sakamoto? #1 – Nami Sano
  • Pokémon: Red Green Blue #3 – Hidenori Kusaka e Mato
  • Berserk #16 e #76
  • Blood Lad #15
  • Fate/Stay Night #15

 

Abril

  • Pato Donald: A Cidade Fantasma – Carl Barks
  • Manual do Gastão – Vários autores

JBC

  • Fullmetal Alchemist #7 – Hiromu Arakawa
  • Cavaleiros do Zodíaco: Kanzenban #2 – Masami Kurumada
  • Blame! #2
  • Dragon’s Dogma: Progress #1
  • Fairy Tail #57
  • Magi #26
  • My Hero Academia #3
  • Terra Formars #16
  • To Love-Ru #10
  • Uq Holder! #6
  • Zetman #16

Draco

  • Space Opera em Quadrinhos – Vários autores

Quadrinhos na Cia.

  • Hilda e O Troll – Luke Pearson
  • MENSUR – Rafael Coutinho

100% Cristão

  • Jó – Jeff Slemons e Ben Avery
  • Lutero (ninguém fala quem é o autor ou os autores)

Eaglemoss

  • DC COMICS GRAPHIC NOVELS #33: Arqueiro Verde: O Espírito da Flecha (Parte 2)
  • DC COMICS GRAPHIC NOVELS #34: Batman: O Homem Que Ri & Asilo Arkham

HQM

  • The Walking Dead #47 e #48

Mythos

  • Meio mudo de Tex (#568, Almanaque #49, Coleção #422 e #423, Colorida #8, Platinum #6)
  • Zagor #170

Nemo

  • Não era você que eu esperava – Fabien Toulmé
  • Deslocamento: Um diário de viagem – Lucy Knisley

Newpop

  • Pinóquio
  • Suicide Club
  • Corpse Party: Another Child #2

Veneta

  • Caligari! – Alexandre Teles

Kiznaiver

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Abertura

No futuro encontraram uma maneira para a paz mundial: ela se baseia no experimento Kiznaiver. O experimento consiste em compartilhar a dor entre todas as pessoas e está sendo executado, ainda em fase de testes, em uma cidade onde são escolhidos seis jovens muito diferentes entre si para testar o sistema Kizuna.

Eles não gostam de serem escolhidos, claro, pois compartilhar a dor não é algo divertido… ou até pode ser, pois é a razão de algumas cenas cômicas do anime. A eles é prometido que o experimento tem duração até o fim do verão, então eles se veem sem alternativa a não ser se conhecerem e tentar não causar nenhum tipo de dor uns aos outros.

Só que, com o passar do tempo, o compartilhamento que de início só acontecia por meio da dor física, passa a ser também emocional. Eles são capazes de saber e sentir quando um colega está triste, com raiva e até apaixonado, o que ocasiona em muitos constrangimentos.

O ponto máximo

Essa é a grande questão tratada no andamento do anime: os laços que criamos ao compartilharmos nossas dores e sentimentos. No início, eles foram obrigados a se conhecerem e sentir o que o outro sentia, mas conforme os dias passavam e até depois que o experimento chega ao fim eles acabam preferindo sentir essa dor, já que o sistema divide a dor física/emocional que um deles sente entre todos, como dividir um fardo com amigos. A questão da amizade também é tratada: eles podem se considerar amigos já que foram obrigados a conviver e compartilhar seus sentimentos? Tudo isso em volta de personagens carismáticos, cada um a sua maneira.

Kiznaiver, depois de um início que não dá pra saber o que esperar, acabou me surpreendendo e me trazendo todos esses pensamentos. Pode ser que eu tenha pensado e extraído demais do anime, mas… assiste lá pra conversarmos.

Nota:

Nomes: Kiznaiver, キズナイーバー
Número de episódios: 12
Foi ao ar em: 09 de abril de 2016 ~ 25 de junho de 2016
Gêneros: Sci-fi, Drama
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Cérebro e coração

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Capa de Ademir Pascale

Max, meu irmão caçula, é obcecado por hábitos antigos. Muito antigos, devo dizer. Em seu simulador de experiências, costuma elaborar e participar de programas nos quais se disputam as chamadas Olimpíadas. Disse-me, com incompreensível orgulho, já ter obtido medalhas em algumas modalidades esportivas.

Ele utiliza com frequência uma palavra inexistente na Enciclopédia Galáctica para designar o resultado da forma voluptuosa que conferiu a seus músculos: sarado. Contou-me certa vez que esse termo é oriundo de uma subespécie vocabular conhecida como gíria e que estava ligado ao gosto que os habitantes de alguns séculos primitivos tinham por cultuar o condicionamento físico e a hipertrofia muscular.

Eu me diverti bastante quando Max explicou que aqueles trogloditas procuravam expandir sua musculatura aos extremos. Custo a acreditar que os antigos viam beleza naquilo: desfrutavam de uma fração mínima de seus intelectos e, ainda assim, estavam mais preocupados em desenvolver os músculos do que o potencial encefálico adormecido.

Bárbaros!

Dentre os esportes que meu irmão gosta de simular, o que mais lhe atrai é uma contenda coletiva conhecida pela designação futebol. Ele atribui elevada importância a este esporte. Chegou ao extremo de determinar a nosso materializador que produzisse um complexo mecanismo de treinamento — trata-se de estranhas geringonças com a ajuda das quais ele pratica uma ampla variedade de exercícios físicos e de apuração técnica.

Estou me preparando para a simulação de uma nova edição da Copa do Mundo de Futebol, confidenciou-me certa vez, sem que eu compreendesse muito bem o que significava aquilo.

A verdade é que a civilização do início do século XXVI não guarda registros dos comportamentos imaturos das antigas eras, apenas de suas atividades relevantes — obviamente, aquelas capitaneadas pelo cérebro. Para o bem da evolução da espécie, aqueles tempos de desperdício de energia foram sepultados por nossos historiadores. Somente em alguns nichos da antiga internet é que se consegue encontrar registros da verdadeira selvageria que os contemporâneos da Era Olímpica nomeavam atividades esportivas. Max é um dos chamados saudosistas — um pequeno grupo de desajustados que cultuam os hábitos antigos.

— Não é saudável que o corpo humano continue se atrofiando. A não utilização do potencial muscular está transformando os seres humanos em criaturas raquíticas — desabafou ele.

— E a “não utilização” de todo o potencial cerebral tornava os antigos prisioneiros de atividades patéticas e que nada acrescentavam ao saber — rebati, com o ar de autoridade que todo irmão mais velho deve possuir.

— Venha comigo! — disse-me ele, num repente emotivo. — Participe da simulação que preparei hoje: uma peleja entre a seleção da Sudamérica e uma esquadra de alienígenas cascudos.

Imaginei-nos, a princípio, em contendas corporais com répteis quelônios —  originários, provavelmente, do sistema estelar Alpha Centauri C. Entretanto, habituado com o linguajar maculado de meu irmão e com sua predileção por antiquadas práticas esportivas, soube questioná-lo de forma adequada:

— O tal futebol?

— Sim! — bradou ele, com empolgação.

— Não vou desperdiçar meu tempo com diversões acéfalas!

— Você atuará apenas como expectador. Não precisará entrar em campo. E… pense bem, mano: como você pode dizer que uma atividade é acéfala sem ao menos tê-la presenciado uma vez? Não seria inteligente, não é verdade? E fique sabendo que, embora as qualidades físicas sejam muito importantes num jogo de futebol, o raciocínio dos jogadores também o é. Isto sem contar toda a parte estratégica, previamente elaborada por especialistas.

Vi-me diante de argumentos invencíveis. Tive que ceder.

*

— Nova simulação! — ordenou Max ao seu brinquedo favorito, que se perfectibilizava em uma pequena circunferência prateada, capaz de simular realidades alternativas e projetá-las no centro de nossa sala de estar.

— Inserir coordenadas — solicitou o aparelho de tecnologia quadrimensional, com sua voz doce de meretriz apaixonada. Só mesmo Max para comutar a voz de um equipamento tão caro…

— Amistoso futebolístico entre a Sudamérica e os Battolls, de HD 40307g – respondeu prontamente o caçula da família.

Era de conhecimento comum, entretanto, que os Battolls não passam de hominídeos primitivos. Tangenciam o irracionalismo.

— Estes seres sabem jogar futebol? — objetei.

— É uma simulação. Entre no clima!

Entre no clima? Estranhei a expressão, mas apenas por uma fração de segundos. Por certo, mais uma vez meu jovem irmão imitava a linguagem coloquial dos séculos primitivos. E este não era o único vício que desenvolvera: habituara-se também a projetar imagens mentais de estranhos sinais, uma forma de comunicação não verbal constituída por caracteres tipográficos. Segundo Max, eles transmitiam emoções e eram muito utilizados em diálogos na antiga internet. Uma tolice. Eu jamais me expressaria utilizando tão pueril jargão.

A máquina interrompeu meus devaneios:

— Em qual estádio deseja jogar, simulante? — questionou ela, agora com voz descaradamente sensual. Parecia a anfitriã de um bordel virtual.

— Defensores del Chaco, na Província do Plata! — A voz de Max já estava acelerada pela ansiedade. — Meu irmão Guilherme será um expectador. Coloque-o na Tribuna de Honra do Estádio.

Intervim:

— Já que vou participar desta sandice, desejo ser alguém mais importante do que um mero expectador. Farei parte da equipe sudamericana também.

— Vai conseguir correr? — zombou Max.

— O condicionamento físico não está incluído na simulação?

— Em tese sim, mas eu jogo sempre no modo realístico. Se você quiser integrar a equipe, terá que contar em parte com o seu próprio preparo físico. — Ao final desta frase, pude ver um sorriso irônico sendo esboçado na face do adolescente brincalhão.

— Ora, é evidente que eu não tenho condições musculares adequadas para participar desta barbárie! Ainda mais contra os trogloditas dos Battolls!

— Eles terão sua força física reduzida em vinte por cento.

— Ainda assim serão mais fortes e mais altos. Sem contar o par de braços a mais.

— O futebol é jogado com os pés — gracejou Max. — Ei, espere aí!

Naquele momento, identifiquei um brilho nos olhos de meu irmão, típico das ocasiões em que lhe surgia uma ideia mirabolante, por óbvio alguma excentricidade da qual a inteligência aconselharia não participar.

— Simulador, meu irmão Guilherme será o treinador da equipe Sudamericana. Executar programa.

— O que é um treinador? — questionei, alvoroçado.

— É o mesmo que diretor técnico.

— E o que, pelas focas de Encéladus, significa diretor técnico? — berrei a plenos pulmões.

— Significa que você não vai precisar correr. Só ficar nervosinho e gritar. E você é bom nisso — foi sua sorridente resposta.

Tentei objetar, mas era tarde demais. A simulação já estava em andamento.

*

Um facho de luz branco-perolada formou-se a partir do chão, no centro da sala, chegando ao teto. Tinha cerca de um metro e meio de diâmetro. Max adiantou-se e, com um movimento de cabeça, convidou-me a também entrar. Hesitei, mas culminei por embarcar em seu sonho juvenil.

Nos primeiros segundos, nada aconteceu. Apenas estávamos dentro de um raio de luz, experimentando a sensação de que a temperatura lá dentro era um pouco mais alta do que o padrão para ambientes domésticos. Foi então que Max solicitou os controles à máquina:

— Fornecer estimulante número um. — Uma pequena névoa azul formou-se à frente de nossos olhos, adquirindo um estado próximo à solidez. Max tomou-a em suas mãos, moldou-a com os dedos e a acoplou na borda de uma orelha. — Fornecer estimulante número dois. — Seguiu-se o mesmo processo. — É com você, mano!

Apanhei o pequeno aparelho em minhas mãos, notando que sua consistência era gelatinosa. Imitei o procedimento adotado por meu irmão.

Em uma fração de segundos, uma nova realidade começou a ser formada ao nosso redor. O cenário holográfico expandiu-se com celeridade para produzir a encenação programada por meu irmão. Uma paisagem florida, típica do início do século vinte e dois, foi a primeira imagem produzida pelo simulador de experiências a ganhar vida. Uma admirável visão!

Confesso: estava começando a ficar impressionado com a magnitude daquela brincadeira.

*

Ingressamos em um hotel. Segundo Max, o melhor que existia na cidade de Assunção naquela época. Ao chegarmos ao local, um cidadão que se autodenominou coordenador aproximou-se às pressas e entregou-me um holovídeo. O homem estava agitado. Disse-me que aquele material continha filmagens de atuações esportivas de nossos antagonistas.

— Todos os jogadores estão recebendo cópias deste material, treinador — foi o que me disse, com visível dificuldade para conter sua tensão.

Assisti ao vídeo com os olhos arregalados. Minutos depois, chamei meu irmão no rudimentar aparelho de comunicação que nos foi fornecido. Assim que sua imagem holográfica apareceu em minha frente, falei em ritmo acelerado:

— Você viu o porte físico daqueles gigantes, Max? Além de serem mais altos do que os humanos, já lhe disse que eles possuem dois pares de braços! E notou a grossura das pernas deles? Como poderemos vencê-los?

— Não será uma luta livre, professor. Será futebol — respondeu, dando ênfase à palavra final.

Ele me chamara de professor, uma alcunha muito utilizada pelos chamados boleiros dos séculos XX a XXII. Aquela postura demonstrava que meu irmão já estava com todas as suas energias concentradas no jogo.

Decidi mergulhar de vez em sua fantasia. Com ressalvas, entretanto:

— Você pode sair machucado disto? — perguntei-lhe em separado um pouco mais tarde, num momento em que o veículo denominado aeróbus nos deixava às portas do Defensores Del Chaco.

— Não muito. Fique frio, mano. Lembre-se: é apenas uma simulação.

— Por que devo ficar com frio? Por que o inverno está chegando?

Meu irmão esforçou-se para conter o riso:

— Não, nada disso. É apenas mais uma gíria, só isso. Agora precisamos nos separar. Em alguns minutos você fará uma preleção.

— Mas eu nada sei sobre futebol! — protestei.

Um protesto vão.

*

Eu subestimara a capacidade de Max como programador de experiências. Ele soubera programar os estimulantes neurais com astúcia, inserindo em nossas mentes os conhecimentos necessários para um desempenho satisfatório como futebolistas. Eu fui um bom palestrante, demonstrando até certa segurança e desenvoltura perante os atletas de nossa equipe. No momento oportuno, as palavras adequadas acabaram surgindo em minha mente. Achei a experiência curiosa e interessante.

Estas foram as primeiras orientações que transmiti aos jogadores:

Quando no ataque, nem pensem em alçar bolas na área. Os zagueiros Battolls são mais altos e irão levar sempre a melhor nestas jogadas. Procurem confundi-los com tabelas rápidas e, ao realizarem jogadas pela linha de fundo, prefiram complementá-las com cruzamentos rasteiros.

Os atacantes do adversário são quase tão altos quanto seus zagueiros; portanto, quero que, quando estivermos na defesa, nossos meio-campistas auxiliem os alas na marcação. O objetivo é evitar que bolas sejam levantadas em direção à nossa área. Notem: é muito importante não lhes ceder escanteios!

Devo admitir: instruções óbvias, porém vocês hão de concordar que abordei tópicos importantes. Nada mal para um marinheiro de primeira viagem.

Perdemos aquele jogo por três gols a zero (dois gols originados nas malfadadas cobranças de escanteios), mas a experiência foi proveitosa. Nossa equipe conseguiu realizar bons ataques, mas não foi capaz de suplantar o goleiro Agnew, com seus dois metros e vinte centímetros de altura (e, claro, o tal par extra de membros superiores).

Fiquei tão intrigado com aquela simulação que decidi pedir a meu irmão que programasse outras semelhantes. Ele atendeu ao meu pedido. Juntos, nos divertimos como não fazíamos desde sua infância. Max simulava atletas habilidosos; eu, um eficiente treinador. Foi muito bom ter vivenciado aqueles momentos de harmonia com Max; aquilo fez como que eu me lembrasse do quanto somos amigos, apesar das repetidas discussões.

Ao final de uma das simulações, ele decidiu me fazer uma proposta:

— Mano, você ainda é jovem, tem vinte e sete anos apenas. Treinadores costumam ser mais velhos. Você tem idade para ser atleta. Não quer jogar a Copa Galáctica de 2502 ao meu lado?

— Dentro das quatro linhas? — exaltei-me.

— Hum… Vejo que você já está se adaptando ao linguajar futebolístico. Sim, dentro das quatro linhas! Já pensou como seria divertido jogarmos no mesmo time? Venha compor o quadrado mágico comigo!

— No meio de campo, onde jogam aqueles atletas que você nomina de craques? Perdeu o juízo, Max? Outra coisa: você disse que fará a simulação da Copa daqui a quinzes dias. Como eu conseguiria adquirir um bom condicionamento físico em tão pouco tempo?

— Darei um jeito. Vou preparar uma programação na qual você será o cérebro do time, aquele cara que não precisa correr muito, mas necessita ter boa visão de jogo. Será perfeito para você.

Senti uma pontada no peito; uma emoção que misturava medo e ansiedade. Mais tarde, procurei obter informações acerca de alguns atletas “cerebrais” que Max citara. Encontrei vídeos de algumas de suas atuações.

E fiquei encantado com o que vi.

*

Preparamos juntos as simulações para a Copa Galáctica de 2502. Max fez alguns ajustes na programação do simulador de experiências, buscando tornar o jogo mais dinâmico e as emoções ainda mais intensas.

A Copa teria a participação de cinco equipes da Terra e vinte e sete esquadrões alienígenas. O local escolhido para a competição foi uma planície marciana, região que o simulador de experiências soube transformar num imenso Estádio de Futebol. Em sua face exterior, o Monumental possuía aparência insectóide, com a predominância de uma tonalidade ferrugem um bocado assustadora. A cobertura, por outro lado, trazia motivos marítimos, com representações de feras marinhas semelhantes àquelas encontradas nas luas Europa e Titã.

Desta feita, ao invés dos antiquados aeróbus, as equipes chegariam ao local do evento em modernas naves-foguetes.

Perguntei a Max sobre o efeito que a baixa gravidade de Marte poderia exercer sobre os jogadores, mas ele disse ter programado o simulador de uma forma que todas as espécies sentir-se-iam plenamente adaptadas às condições atmosféricas do planeta vermelho, como se o habitassem. Uma sábia decisão.

Eu começava a sentir orgulho de meu irmão sonhador.

*

Meu coração disparou quando o árbitro (uma espécie de sapo gigante) soprou o apito pela primeira vez, determinando o início de nossa participação na Copa Galáctica. Na ocasião, enfrentamos o selecionado africano.

Com o decorrer dos primeiros minutos, os exercícios musculares começaram a fazer com que meu corpo liberasse endorfina, transformando em prazer a tensão que me dominava durante os instantes iniciais. A partir de então, passei a vivenciar todas as emoções de um verdadeiro jogador de futebol. Procurei aliar a meu débil condicionamento físico os conhecimentos técnicos que adquiri durante minhas simulações como treinador. Aos poucos, senti-me mais à vontade dentro de campo, conseguindo ser o jogador cerebral que meu irmão planejara que eu fosse. Não me movimentava muito em campo, mas era autor de passes certeiros e belos lançamentos em profundidade.

Durante este primeiro jogo, eu converti uma penalidade em gol. Vencemos por três gols a dois. E eu confesso ter me divertido muito com aquela disputa. Apesar de todo o cansaço pós-jogo, estava me sentindo bastante animado. Convenci-me de que aquele esporte estava no meu sangue; impregnado de alguma forma em meu DNA há gerações.

O torneio prosseguiu nos dias seguintes e eu me sentia cada vez melhor adaptado à minha função de cabeça pensante do meio de campo. Como nosso cansaço não era tão intenso quanto teria sido em um jogo real, pudemos simular uma nova partida a cada dois dias. Para minha surpresa, após uma derrota na primeira fase (para criaturas conhecidas como incas venusianos, “ressuscitadas” por Max de uma antiga série de ficção científica), nós vencemos todas as partidas seguintes, chegando por fim à disputa do título.

— Podemos nos sagrar Campeões Galácticos de Futebol, mano! Não é incrível? — comemorava Max.

Eu estava considerando tudo aquilo muito interessante e a maneira como meu irmão levava a competição a sério chegava a me emocionar. Eu pude ver o brilho da expectativa em seus olhos desde a véspera da simulação da Grande Final.

Decidi que faria tudo que estivesse ao meu alcance para ajudá-lo a conquistar o título que ele tanto desejava.

*

— Dê o melhor de si hoje, mano. Meu personagem sofreu uma contusão muscular, mas ficará à disposição do treinador no banco de reservas. Conto com sua habilidade e visão de jogo para vencermos este duelo! — disse-me ele pouco antes de ingressarmos no programa para darmos início à disputa derradeira.

Tive uma espécie de surto ao ouvir aquilo:

— Altere a programação, Max! Crie uma espécie de faz-de-conta, no qual seu personagem está em perfeitas condições físicas.

— Trapacear? De jeito nenhum. E eu não trapaceio nunca!

É claro que ele estava certo. Mais uma vez, senti orgulho de ser irmão de Max. Uma pena não poder contar com ele ao meu lado na Grande Final (por coincidência, um reencontro com a equipe dos Battolls).

— Prepare-se para emoções inesquecíveis — disse ele. — O simulador de experiências vai rodar o programa daqui a vinte minutos. A bola está com você agora. Lembre-se: estarei no banco de reservas, com os dedos cruzados. Não me decepcione, Guilherme.

Max me chamou pelo meu nome, o que era algo próximo de um milagre. Sinal de que estava realmente falando sério.

Muito sério.

*

Éramos considerados favoritos pelos jornalistas simulados, pois jogamos melhor durante toda a competição. Todavia, a seleção adversária também era forte. E não apenas no aspecto físico: alguns daqueles brutamontes eram habilidosos com a bola nos pés — e principalmente seu capitão, conhecido pelo codinome Dan.

Por volta dos dez minutos de jogo, o centroavante alienígena disparou um chute que passou muito perto da trave direita de nosso goleiro Darrel. Aquilo foi o que alguns cronistas esportivos da antiguidade chamariam de tirar tinta da trave. Logo vi que precisávamos encaixar um bom ataque. Somente assim imporíamos algum respeito nos gigantes de HD 40307g.

Concentrei-me ao extremo a partir de então e mergulhei de tal forma naquela encenação que algo afetou minha percepção daquele jogo para sempre. Hodiernamente, quando me recordo das jogadas mais marcantes da Grande Final, cada quark de meu corpo reage a elas como se tudo estivesse acontecendo neste exato momento. Meu coração acelera além de cem batidas por minuto, meus poros transpiram… É incrível!

Portanto, não se espantem com as alterações nos tempos verbais que se seguirão em meus relatos, com as idas e vindas entre presente e passado na minha percepção dos acontecimentos. Creio que este comportamento é consequente às emoções que ficaram impregnadas em minha mente.

Outro importante ponto a ser mencionado: perdoem-me, mas notarão que uso com frequência o pobre linguajar futebolístico quando estou sob o efeito desta patologia psíquica.

*

Pode ser agora! Manuel tem a bola pela direita do ataque. Aproximo-me para receber o passe, mas ele prefere fazer a jogada com Francesco. Noto uma desatenção na defesa alienígena e me desloco adiante, buscando as imediações da grande área. Francesco percebe minha movimentação e alça a bola em minha direção. Consigo dominá-la no peito com classe, impulsionando-a à minha esquerda. Tenho a visão do gol à minha frente e noto que a oportunidade é muito boa.

Vou arrematar; vou fazer o gol!

Desfiro um petardo de canhota, mas a bola explode na trave direita, dirigindo-se em seguida para o lado esquerdo do nosso ataque. Um zagueiro corre em direção a ela. Está mais próximo dela do que eu, mas consigo dar um bote e dominá-la, girando com rapidez minha cintura (por sorte, os Battolls são um pouco lentos) e buscando me posicionar adequadamente para efetuar um bom cruzamento. Vejo que todos os nossos atacantes estão sob marcação dos grandalhões, então tento um chute direto ao gol, mirando o ângulo superior esquerdo da cidadela inimiga, e…

Ah! Se não fosse a existência de um segundo par de membros superiores, Agnew não teria conseguido desviar aquele chute para escanteio!

Enquanto um lance termina em arremesso lateral, uso uma fração de segundos para refletir sobre o altíssimo nível do jogo. Os Battolls começaram melhor, porém, aos poucos, conseguimos equilibrar a disputa. E eu preciso fazer mais uma confissão aqui: aquela, sem dúvidas, era a mais realística e empolgante simulação que havíamos feito.

Que partida!

Temos mais uma jogada pelo lado direito agora. É o ala Gonçalo que está apoiando o ataque! Ele faz um passe para Francesco, na altura da intermediária alienígena. A jogada prossegue com uma tabela rápida entre Francesco e Villar (o substituto de meu irmão), até que Villar encontra Dos Santos bem posicionado, sem qualquer pressão do adversário. Ele adentra a grande área e Villar o aciona com precisão.

— Vai, Dos Santos! — grito a plenos pulmões.

GOL! Golaço de Dos Santos! Eu ergo as mãos aos céus, direciono os olhos para o lateral do campo e vejo Max pulando como um louco! Que sensação incrível esta — uma incomensurável felicidade!

*

Os gigantes de HD 40307g começam a exercer intensa pressão sobre nossa defesa. Na qualidade de capitão, grito com a equipe, dizendo que não podemos permanecer acuados. A admoestação parece dar resultado, pois Francesco dispara com a bola desde o meio de campo, dribla três adversários e desfere uma bomba, que explode na trave esquerda do guarda-meta Agnew.

Aproxima-se o final da primeira etapa e eu começo a respirar um pouco mais aliviado. Até que… o que é isso? Um vacilo no lado direito de nossa defesa! Urik pode fazer um cruzamento perigoso. Ele o faz! A bola desvia em alguém de nosso time. Ricocheteada, ela quica no interior da pequena área.

Darrel, por favor! Darrel!

Ele se atira com valentia aos pés do adversário, desviando a esfera de couro para a altura da meia-lua da grande área. Nosso cabeça-de-área tenta afastar o perigo, mas falha! A bola sobra para… Dan — justo para Dan! O craque alienígena faz um arremate certeiro, vencendo Darrel e celebrando com uma desajeitada cambalhota o gol de empate.

Uma ducha de água fria, para usar uma das expressões preferidas de Max.

Uma ducha gelada, para ser mais exato.

*

Quando o primeiro tempo terminou, um vendaval de emoções invadiu meu cérebro. Durante o intervalo, vivi a expectativa de que o treinador colocasse Max em campo, mesmo ele não estando em suas melhores condições físicas. Afinal, meu irmão era um dos craques do time. Entretanto, voltamos para o segundo tempo com a mesma formação.

O jogo seguiu equilibrado e repleto de oportunidades de gol para ambas as esquadras. Começava a ficar evidente que nosso maior adversário naquele dia seria o arqueiro Agnew. Parafraseando meu irmão mais uma vez, digo que Agnew estava defendendo até pensamento! Aliás, “Agnew, o Terrível” me parece uma boa designação.

Olho para o banco de reservas e vejo a tensão no rosto de Max. Ele parece não estar nada otimista com o resultado deste jogo. Assimilo seu pessimismo. Poucos minutos depois, todavia, ouço uma exaltação vinda das arquibancadas: gritavam por Max.

O treinador o chamara para entrar em campo!

*

É a primeira vez que Max toca na bola: um lindo passe em profundidade, que coloca o lateral Rocha naquilo que chamam de cara do gol adversário. Eu me preparo para gritar “gol” e dar um abraço apertado em meu irmão, mas nosso ala esquerdo titubeia com a bola nos pés. O gigante Agnew surge à sua frente e… derruba-o!

É pênalti!

À beira do gramado, o treinador ordena que eu faça a cobrança, mas vejo nos olhos de meu irmão que ele quer esta atribuição. Aponto-o para o mestre, como a lhe pedir autorização para abdicar da tarefa. A princípio, noto o professor apreensivo, mas no instante seguinte ele faz um gesto afirmativo com a cabeça: Max está autorizado a cobrar o pênalti e — oxalá — convertê-lo no gol da vitória!

Ele respira fundo e toma a bola em seus braços. Coloca-a na marca de cal, fecha os olhos e respira profundamente. Aproximo-me e lhe desejo boa sorte. Meu irmão esboça um sorriso; parece sentir o peso da responsabilidade. Pensei em lhe pedir a bola, mas aquele era seu jogo, sua simulação. Deixei-o então a sós, diante do Terrível.

Max parece disposto a disparar um torpedo, tamanha a distância que toma da bola. Ele corre em direção a ela de forma decidida, mas hesita no meio do caminho. Quase para. Os dois passos seguintes são lentos e vacilantes…

NÃO! Um chute rasteiro muito fraco, quase no meio da cidadela inimiga. Agnew nem precisa utilizar seus membros superiores; é capaz de defender a cobrança apenas esticando sua perna esquerda.

Meu irmão abaixa a cabeça, acusando o golpe.

*

Vivenciei uma tormenta durante os minutos seguintes, sobretudo por notar que Max tentava decidir o jogo sozinho, desperdiçando boas oportunidades de realizar jogadas em equipe. Ele parecia alucinado; dava a impressão de que vencer aquela partida era uma questão de vida ou morte.

Porém, não vencemos, ao menos durante o tempo regulamentar. Os dois times haviam se desgastado muito no primeiro tempo e não foram capazes de chegar ao gol de desempate durante a segunda etapa, apesar de várias oportunidades desperdiçadas.

Fim do tempo regulamentar. Agora teríamos que enfrentar trinta minutos de prorrogação.

Conversei com Max durante o curto intervalo. Ele confessou ter ajustado o grau de dificuldade do simulador de experiências para a Grande Final. Colocara-o no nível máximo.

— Quanto mais difícil a batalha, mais saborosa a vitória — disse-me ele.

Às vezes meu irmão parece insano. Mas, fazer o quê? Eu o amo mesmo assim!

*

Pressionamos a equipe alienígena durante todo o primeiro tempo da prorrogação. Foi nosso melhor momento durante toda aquela partida. Muitas situações de gol foram perdidas.

Durante o segundo período, no entanto, o jogo perdeu velocidade. Os jogadores de ambas as equipes, além de exaustos, mostravam certo receio de se aventurar ao campo inimigo e sofrer um rápido e fulminante contra-ataque.

*

A cobrança dos decisivos pênaltis estava a poucos minutos de nós. Precisávamos de um gol com urgência. Confiávamos em Darrel, mas sabíamos que a natureza havia sido mais benevolente com Agnew o Terrível para o exercício daquele ofício. Não bastasse isso, eu começava a perceber o aumento do peso de minhas pernas — era o cansaço que me dominava.

Foi então que vi Max conduzir a bola em direção à linha de fundo, no lado direito de nosso ataque, próximo à grande área dos Battolls. Pensei: é agora ou nunca! Eu ainda estava na intermediária, ofegante. Meu preparo físico sofrível estava a me dizer que eu não aguentaria mais um pique. Mas fui teimoso: impulsionei as pernas com a força de minha mente — é ela quem me comanda!

Aproximo-me da grande área em correria desenfreada, na direção da marca de pênalti. Torço para que Max faça o cruzamento; confio em sua habilidade e inteligência.

Antes que Max lance a bola em minha direção, posiciono-me à frente do gol, buscando aproximar-me da segunda trave. Meu irmão dá um corte no zagueiro, deixando-o estirado no chão. A bola quase ultrapassa a linha de fundo, todavia Max consegue alcançá-la e efetua um cruzamento forte e rente ao chão, fazendo com que a bola passe por baixo do corpanzil de Dan. Em seguida, grita com rouquidão:

— Guilherme, faça o gol!

“Guilherme”, ele disse. Max pronunciou meu nome mais uma vez!

Eu me atiro em direção à bola, como um adolescente no vigor dos quinze anos, pois sinto que é nossa última chance na partida. Por um momento, vivencio a impressão de ter apagado. Em seguida, ouço um grito vindo do banco de reservas. Parece-me ser a voz do treinador, que é seguida por um barulho ensurdecedor, oriundo de todas as partes do Estádio.

Dominado pela emoção, mal senti o choque da bola contra minhas canelas. Quando abro os olhos, vejo-me deitado, tendo a meu lado um tufo de grama que minhas chuteiras arrancaram. Um mero instante depois, todo o peso de Max está sobre mim, socando meu corpo contra o chão:

Gol, mano! Goool!

Ele chora; chora e ri com a alegria da criança que deixara de ser (não por completo) há cerca de oito anos. Como irmão mais velho e protetor, delicio-me com uma satisfação incomensurável ao vê-lo tão eufórico.

— O título será nosso! — é o que respondo no exato instante em que percebo que algumas lágrimas rolam também em meu rosto.

Os demais jogadores chegam quase que instantaneamente. A alegria é enorme. Contagia. Nas arquibancadas, os sudamericanos fazem uma festa muito bonita. É difícil acreditar que se trata de uma mera simulação. Tudo parece ser muito real, uma realidade magnífica, bastante diferente do que tem nos proporcionado o (agora vejo) entediante século XXVI.

*

Minha mente retorna ao instante atual.

Sim, eu estava emocionado. E fiquei ainda mais tomado pela emoção quando o árbitro apitou o final do jogo. Que comemoração magnífica nós fizemos!

Mas… Como compreender aquela minha excitação? Tal comportamento não era de meu feitio. Max disse-me hoje, com sua sabedoria juvenil, que as emoções dispensam explicações. E que podem ser muito intensas e agradáveis.

— É o coração quem me comanda! — exclamou ele, com a mão no peito.

Se deixasse a cargo de minha mente a interpretação do que vivenciamos nas simulações, ela definiria aquilo como algum tipo de patologia psíquica, motivada provavelmente pelo delírio coletivo do jogo. Todavia, sinto (sim, sinto!) que aquelas experiências foram deveras enriquecedoras para meu intelecto. Participei de um certame imaginário que agregou significado à minha existência.

Está bem, eu confesso: noto que já não é o cérebro quem me dirige. Ao menos, não ele sozinho. Meu irmão mostrou-me que sou mais que um ser pensante. Sou inteligência, mas também sou sentimento. Compreendo agora que é racional que eu tenha o desejo de extravasar minhas emoções. Quero continuar a fazer isto.

Experimento desde então uma sensação muito agradável. É algo intenso, que eu desconhecia por completo. Posso ver no reprodutor de imagens e sensações uma mudança até mesmo em minha aparência: estou a exibir, neste momento, um sorriso exultante. Há certo brilho em meus olhos.

Terei perdido o juízo, a sensatez, o senso do ridículo? Não, não creio. Segundo Max, esta é a tal felicidade.

Então é isto: eu estou feliz. E, pensando bem, não é para menos. Afinal, fiz o gol do título da Sudamérica!

Eu ergui a Taça de Campeões da Copa Galáctica de 2502!



Ricardo Guilherme dos Santos
é um canceriano fã de música, ficção científica e fantasia. Foi editor do fanzine Somnium, do CLFC, entre as edições 107 a 111. Nasceu na Terra, mas dizem que vive no mundo da Lua.

Bestiarius #1 de Masasumi Kakizaki

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Bestiarius se passa no Império Romano onde as famosas lutas de vida ou morte aconteciam. A diferença é que em Bestiarius os participantes não são somente humanos.

Sejamos Todos Feministas – Chimamanda Ngozi Adichie

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Em mais um Dia Internacional da Mulher é indiscutível a importância das conversas, debates e ações políticas em prol de nossos direitos. A luta pela igualdade de gênero é extensa e nos últimos anos vem se fortificando, mas ainda é pouco, ainda nos parece apenas o começo.

Quando se fala em feminismo, muitas pessoas ficam confusas e entendem o movimento como similar ao machismo. Em palavras simples, essas pessoas imaginam que ao se assumirem e lutarem pela causa feministas, estarão tirando o poder de autoridade e direito dos homens, excluindo-os da sociedade e dificultando o seu crescimento pessoal e profissional, concedendo esse espaço para as mulheres, em exclusividade. Não, não é disso que falamos e não, não é isso queremos.

A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.

Chimamanda Ngozi Adichie é um nome forte dentro da luta pelo feminismo. Autora de obras como “Americanah” e “Hibisco Roxo”, Chimamanda fez uma palestra em 2002 no TEDxEuston, conferência anual com foco na África, e nos convidou a sermos como ela: a sermos todos feministas, independente de nosso gênero, independente de sermos mulheres ou homens. O material completo do discurso, você pode ler e reler no livro “Sejamos todos feministas”, lançado no Brasil pela Companhia das Letras.

A questão de gênero e como ela nos é limitante

As normas sociais nos limitam de acordo com nosso gênero. Somos educados de jeito diferente e com regras diferentes. Nos ensinam a forma certa de nos comportarmos e até mesmo de pensarmos. Nossos sonhos, objetivos de vida e até onde chegaremos no mundo também são definidos pelo gênero que temos quando nascemos. Isso é estúpido!

Ensinamos as meninas a se encolher, a se diminuir, dizendo-lhes: “Você pode ter ambição, mas não muita. Deve almejar o sucesso, mas não muito. Senão você ameaça o homem. Se você é a provedora da família, finja que não é, sobretudo em público. Senão você estará emasculando o homem.” Por que, então, não questionar essa premissa? Por que o sucesso da mulher ameaça o homem?

Em uma sociedade onde o sucesso de outro gênero pode deteriorar o seu, você está condenado a sofrer. Nessa mesma sociedade, quem é educada a ser o melhor que pode e dominar o mundo, mas nem tanto assim, também está condenada a sofrer. Porque? Porque fazemos isso? Por quem fazemos isso? O mais importante: até quando vamos fazer isso?

Análise Crítica e Importância da Obra

A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar nossa cultura.

Sejamos todos feministas” é o livro que traz a palestra de Chimamanda Ngozi Adichie no TEDxEuston em 2002. Assim sendo, ele é um livro curto, direto, fluído e encantador. Mas não é isso que o destaca e torna a sua leitura convidativa.

O diferencial do livro é que Chimamanda nos explica como o feminismo é importante, necessário em nossa sociedade e em nossas vidas. Ela nos mostra que o machismo é um processo histórico que funcionou bem, mas hoje não funciona mais. Ela nos chama a atenção, nos convida, nos explica com calma e nos dá esperança de sermos o melhor, de irmos além. Com suas palavras, Chimamanda nos liberta.

O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero.

O livro é importante. O conteúdo é importante e você deve lê-lo. Deve lê-lo mais de uma vez, deve lê-lo até que as palavras dela e o que ela nos mostra torne-se algo natural, faça parte de você.

Em um mundo onde existe feminismo, nenhum homem vai perder o poder. Minto. Perderão o poder de abuso, de violentar, de matar, de machucar, de humilhar, de mutilar. Perderão um poder que socialmente já é condenável, mas que na cultura nos foi ensinado como algo quase normal. Não é normal.

A Companhia das Letras fez um bom trabalho trazendo a tradução de “Sejamos todos feministas” para o Brasil. Convido você, leitor e leitora, para se permitir aprender com Chimamanda, a ir além dos seus preconceitos e teorias limitantes. Em uma sociedade igualitária, somos iguais. Não confunda igualdade com supressão de direitos, essa visão é errônea e o primeiro passo pra entender pode ser a leitura desse livro.

Decidi parar de me desculpar por ser feminina. E quero ser respeitada por minha feminilidade. Porque eu mereço. Gosto de política e história, e adoro uma conversa boa, produtiva. Sou feminina. Sou feliz por ser feminina. Gosto de salto alto e de variar os batons. É bom receber elogios, seja de homens, seja de mulheres (cá entre nós, prefiro ser elogiada por mulheres elegantes). Mas com frequência uso roupas que os homens não gostam ou não “entendem”. Uso essas roupas porque me sinto bem nelas. O “olhar masculino”, como determinante das escolhas da minha vida, não me interessa.

Nota

Ficou interessado(a)? Então compre o livro nos links abaixo:

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Nome: Sejamos Todos Feministas
Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Edição: 1ª
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788543801728
Ano: 2014
Páginas: 87
Sinopse: O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo.”A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.”Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: Você apoia o terrorismo!. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são anti-africanas, que odeiam homens e maquiagem começou a se intitular uma feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens.Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

5 quadrinhos sobre o Wolverine

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Estou comprando a coleção da Salvat (tanto a capa-preta como a capa-vermelha), mas não posso dizer que estou colecionando. Seleciono aquelas edições que mais gosto e se após a leitura se o enrendo não me agradou repasso. Porém, com a aproximação do filme Logan, decidi fazer a leitura de algumas edições que traziam o carcaju como tema. Abaixo você lerá minhas impressões, não como uma resenha, mais como uma indicação de porquê lê-las.

Eu, Wolverine

Com roteiro de Chris Claremont e arte de Frank Miller e Paul Smith, Wolverine acaba envolvido numa trama com o clã Yashida e uma das grandes paixões da vida de Logan, Mariko. O quadrinho é interessante e mostra o homem por traz da máscara. Vemos um Logan vulnerável e desorientado quanto as questões do coração. Além de uma trama de traições e assassinato envolvendo a máfia japonesa.

Fica clara a influência da HQ na adaptação Wolverine: Imortal. O arco principal é sugado do trabalho de Claremont, no entanto a essência acaba se perdendo através de subterfúgios para justificarmos a perda do adamantium no ato final do filme o que faz com que eu deteste ainda mais o que foi feito com o personagem nas telonas.

Ah! E uma última informação, é neste quadrinho que pela primeira fez aparece a famosa frase: “Eu sou Wolverine. Sou melhor no que faço, mas o que eu faço melhor não é nada agradável“.

Wolverine: Arma-X

Roteiro e arte de Barry Windsor-Smith. As garras de adamantium sem dúvida são um dos maiores apelos visuais de Wolverine, mas como ele as ganhou? Temos neste edição a resposta. Não só ficamos a par do terrível experimento ao qual ele foi submetido como vemos a desumanização do Logan para o nascimento do Wolverine.

O quadrinho é interessante em sua composição narrativa (há uma organização bem particular dos balões e sua ordem de leitura) e na forma como Windsor-Smith escolheu nos mostrar (já que ele também é o desenhista) o experimento em si. Dor, sofrimento e muito sangue nos acompanham ao longo das páginas que têm um dos finais mais espetaculares das HQ que li do carcaju.

Uma curiosidade: no momento estou lendo o romance Arma X que saiu aqui no Brasil pela editora Novo Século (como já tinha lido e gostado bastante da romantização de Guerra Civil; leia a resenha clicando aqui), fui cheio de expectativas para ler o livro. Estou a 30% e posso dizer que até agora tem sido uma leitura bem morosa. Assim que sair a resenha deixarei linkada aqui.

Wolverine: origem

Roteiro de Paul Jenkins e arte de Andy Kubert. Confesso que durante muito tempo amarguei uma raiva desta HQ. Na época de seu lançamento, havia todo um hype sobre ela afirmando que seria o quadrinho mais importante para o personagem depois de Arma-X. Não tinha lido Arma-X na época, contudo a expectativa de saber mais sobre o passado do Wolverine que fora me reapresentado através dos filmes dos X-Men fez com que eu comprasse as edições na banca mês a mês.

À medida que se aproximava do final (foram 4 edições), percebi que a história estava muito longe de chegarmos ao Logan como o conhecemos hoje. Mas, anos depois, ao relê-la, percebi que a proposta era contar sobre a infância e como Logan passou a se dar conta de seus poderes. Descobrimos que o animal que vive dentro dele não precisava de ossos de adamantium para nascer.

Se você, como eu, teve a infelicidade de assistir ao filme que recebe o mesmo título, saiba que na versão para o cinema eles copilaram tanto trechos desta HQ como de Arma-X e conseguiram fazer aquela “obra-prima” para ser esquecida. O material fonte é muito superior.

Wolverine: o velho Logan

Não vou me deter muito, pois fiz uma resenha recentemente sobre este quadrinho que você pode ser clicando aqui. No entanto, vale muito a pena ler. A arte de Steve McNiven é de tirar o fôlego e o mundo criado por Mark Millar é bastante rico, mesmo que ele explore pouco a possibilidades criadas.

Wolverine (edição capa-vermelha da Salvat)

O encadernado traz duas histórias. A primeira: “Entra em cena… o Wolverine”. Mostra a primeira aparição do carcaju enfrentando ninguém mais ninguém menos que o incrível Hulk. Além de vermos a concepção inicial para o personagem e no que ele veio a se tornar, já é possível vislumbrar algumas informações que seriam exploradas em quadrinhos futuros como os ossos de adamantium e o “projeto Arma-X”.

A segunda: “Procura-se Mística” precisa de um backgroud para ser degustada. A história se passa após os eventos do que ficou conhecido como Dia M no universo Marvel. Recomendo a leitura de Disnastia M e Dinastia M: o herdeiro para melhor apreciar os eventos ocorridos aqui.

Mística que até então fazia parte dos X-men traí seus aliados e cabe a Wolverine caçá-la e trazê-la de volta. A história não traz grandes reviravoltas, porém o texto consegue nos colocar na pele do Logan nos fazendo compreender como é conviver com o seu fator de cura e o esqueleto de adamantium. Talvez tenha sido uma das leituras que mais nos coloca dentro da cabeça do Wolverine.

Espero que tenham gostado. Não se esqueçam de colocar abaixo suas impressões sobre as HQs citadas e indicar outras.

O velho Logan

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O velho Logan é uma HQ ambientada num universo distópico, escrita pelo Mark Millar e desenhada por Steve McNiven (mais um trabalho da dupla que escreveu o arco inicial de Guerra Civil, já resenhado no Leitor Cabuloso; leia clicando aqui) sendo publicada originalmente em Wolverine #66-72, terminando em Wolverine Giant-Size Old Man Logan em setembro 2009, lançado no Brasil em 2014 pela editora Salvat (edição capa-preta).

O quadrinho conta a história de um Logan (pai de família), que aposentou suas garras,
vivendo num mundo onde não existem mais super-heróis, até o dia em que um antigo aliado surge para lhe propor um serviço do qual ele se vê obrigado a aceitar.

O arco narrativo é dividido em três atos bem marcados. No primeiro ato, somos apresentados ao Logan, sua família e a condição precária em que ele vive e o que o faz aceitar o “trampo” proposto; no segundo ato, somos apresentados ao universo de “O velho Logan”, a escolha narrativa, para mim, foi excelente. No melhor estilo “on the road”, vamos cruzar literalmente os Estados Unidos junto com Logan, seu contratante e um veículo muito peculiar; no terceiro e último ato, Logan retorna para casa e enfrenta um antigo inimigo/amigo.

A arte de McNiven é um deleite, tanto é que as imagens escolhidas para compor este post são meras exemplificações (e cuidadosamente selecionadas para não estragar sua experiência). Mesmo que você não curta o enredo não tenho dúvidas de que as representações imagéticas deste mundo irão lhe impactar.

Outro ponto de destaque é que o próprio universo do velho Logan é muito maior do que as suas 240 páginas deixam transparecer. Somada ao apelo visual de McNiven faz com que o leitor viaje junto através das capitais americanas. Millar nos mostra o mundo como está, mas não traz explicações detalhadas de como o que grande levante dos vilões aconteceu. Recebemos migalhas durante a HQ toda e isso é outro ponto positivo.

Alerta de spoiler

Mas nem tudo são flores…

Os dois primeiros arcos são muito bem feitos. Cumprem a sua função narrativa. Nos apresentam este Logan e seu mundo, no entanto o terceiro arco é o mais fraco e, para mim, até contraditório mediante a construção inicial do destruído Logan.

Devido ao fato de ter matado todos os X-Men, Logan jurou nunca mais usar suas garras, contudo após o assassinato de sua família pelos membros da gangue Hulk, motivam-no a ressucitar o Wolverine e promover uma chacina da própria gangue. Eis que somos levados até o matriarca da família, Bruce Banner, que revela seu plano de atiçar a ira de Logan, pois aquele estava entediado. O combate, sem muita emoção e com final bastante previsível, faz com que Wolverine mate Hulk e descida montar seu próprio grupo para por o mundo nos eixos.

Como é um mundo de super-heróis sabemos que essa saga do Logan seria usada para compor uma nova série da Marvel e esta necessidade de fazer disto uma série e impor como grande clímax o momento em que o vemos sacar suas garras só para termos o Wolverine de volta deveria sem épico, mas não foi, pelo menos não para mim. Imaginemos todo o histórico do Logan, todas as tragédias, todos os amores perdidos, todo o seu drama pessoal com o projeto Arma X, culminando na chacina involuntária do grupo dos X-Men (veja bem, ele matou todos do instituto Xavier, inclusive Jubileu), para, na primeira contradição abrir mão do seu juramento? Não estou a dizer que o assassinato de sua esposa e filhos foi pouco, mas que não há uma gradação da fúria. Não há construção de uma fera enjaulada.

Existem cenas que mostram que Logan está se segurando. Há até um momento na HQ que o Gavião arqueiro está para ser morto por uma gangue de “motoqueiros fantasmas” e nosso protagonista nem cogita usar as garras para salvar o amigo. É tudo muito súbito, de repente. Fora que a morte da família dele é um recurso narrativo fácil para termos uma continuação, afinal de contas se ele voltasse para a sua casa depois da missão cumprida e voltasse a viver com sua família que graça teria. Criei uma expectativa de ver um Logan em paz com o Wolverine e essa foi a minha grande decepção este desfecho.

Sobre o embate final vejo diversas contradições. Bruce Banner enlouquecer e criar uma família com sua prima (a mulher Hulk) tudo bem, faz sentido diante da história do personagem, em vários momentos já me fiz a pegunta de que como Banner não enlouquecia. No entanto, a cena do Hulk comendo Logan (sério mesmo que um esqueleto de adamantium é facilmente quebrável com os dentes do Hulk?) e a própria morte do Hulk, sabendo que este tem um fator de cura tão (ou senão até mais) poderoso que o do próprio Wolverine criaram um final conveniente demais.

Por isso dou nota:

O Velho Logan é uma história fabulosa que traz elementos de grandes clássicos do cinema como Mad Max, A Estrada e o Livro de Eli. Mostra um Logan quebrado de uma forma que poucas vezes já vimos e lutando constantemente contra seu lado animalesco, já que este fora responsável pela grande, e talvez maior, tragédia da sua vida. A edição da Salvat ainda traz vários extras com informações do personagem além de entrevistas com os artistas. E agora que temos a chance de colecionar Lobo Solitário (também já resenhado no site; leia clicando aqui) vai encontrar um easter egg para os fãs deste mangá.

É uma leitura obrigatória para quem é fãs do carcaju.

Lançamento da campanha #OPodcastÉDelas | Março 2017

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Está no ar a nova campanha coletiva da podosfera brasileira!
Durante todo o mês de março de 2017, acontece a campanha #OPodcastÉDelas, que tem como objetivo gerar maior visibilidade e espaço para as mulheres na mídia.
Os episódios especiais trarão assuntos voltados para o empoderamento feminino e darão espaço para as mulheres falarem. Somos 32 participantes oficiais envolvidos no projeto, entre podcasts, blogueiros e canais do YouTube.
De literatura a cinema, esportes a viagens, cultura pop a estilo de vida, os programas trazem conteúdos especializados em suas temáticas para todos os ouvintes. Basta encontrar os temas que você gosta usando a hashtag oficial e ouvir!

Confira os participantes do projeto

1 – Covil de Livros
2 – CabulosoCast*
3 – Grande Coisa
4 – Cultural Not
5 – AlgumaCoisaCast
6 – LeituraCast
7 – VaraCast
8 – Podcast O Que Assistir
9 – NPCast
10 – Alias Aliança
11 – Fermata Podcast
12 – PQPCast
13 – Caixa de Histórias
14 – Sphera Geek
15 – Mitografias
16 – Prosa Teológica
17 – Feito por Elas
18 – TPM Cast
19 – LocusPsiCast
20 – CoachCast Brasil
21 – Podcast Los Chicos
22 – Natrilha
23 – AnimeSphere
24 – Setor 2814
25 – Despachados
26 – Mamilos
27 – Podtudonocast
28 – PlataformaGeek
29 – WattCast

Bloggers Confirmados

1 – Blog do Rahmati

Canais Confirmados

1 – Pausa para um Café
2 – Larissa Siriani

Ilustração: Cecília Reis
Organização: Domenica Mendes (Leitor Cabuloso) e Basso (Covil Geek)

A gente se encontra no seu feed. #OPodcastÉDelas

Lobo Solitário – Kazou Koike e Goseki Kojima

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Lobo Solitário é uma série de mangá em 28 volumes, escrita por Kazou Koike e desenhada por Goseki Kojima, publicada originalmente entre 1970 e 1976. Considerada um expoente do mangá e talvez a obra mais importante do subgênero Seinen, que são histórias voltadas para o público adulto. Tendo sida pulicada no Brasil por diversas vezes, retornou as bancas no fim 2016 com periodicidade bimestral.

Itto Ogame é um ronin, um samurai sem mestre, que caminha pelo japão cumprindo contratos de assassinato, tendo como companhia seu filho Daigoro de apenas 3 anos. Com essa premissa simples, Lobo Solitário consegue levar o leitor através de uma viagem histórica pelo japão feudal e sua cultura.

Assim como em Ghost in the Shell, Lobo Solitário é dividido em capítulos que são histórias fechadas. Cada capítulo mostra Ogame cumprindo um contrato de assassinato, mas também existe uma trama maior que engloba toda a série, que no caso é a vingança contra a família Yagyu, mas não vou falar muito sobre isso, para não dar spoiler. O que é importante de falar é sobre os dois protagonistas e a relação entre eles.

Ao final do primeiro capítulo, você pode imaginar que Itto Ogame é um homem cruel que expõe seu filho a violência e perigo, e talvez essa ideia possa até ser reforçada nos capítulos seguintes, quando ele usa a criança como isca para atrair suas vítimas. Mas a medida que as histórias avançam, podemos ver que existe muito mais do que isso. Daigoro não é mais do que um bebê, mas o pai o trata como um samurai e diversas vezes a criança chega a ajudá-lo em batalha. Para Itto, ele salvou a vida do filho e o carrega pelo caminho do assassino porque acredita que a criança não teria nenhum outro destino além daquele. Entenda o que eu estou falando no emocionante último capítulo do primeiro volume.

Com a ideia de que o protagonista é um herói assassino, é muito fácil de imaginar que Itto Ogame é uma especie de Justiceiro, ou de Dexter do japão feudal, e que ele vai levar a justiça contra criminosos e foras da lei e ele pode até fazer isso mesmo, se alguém o pagar. Mas a verdade é que a espada do Lobo Solitário não é movida pela justiça, então eventualmente ele irá tirar a vida de pessoas inocentes e o fará sem remorso.O mangá explora histórias de outra época e cultura, onde não existe a dicotomia de bem e mal a que estamos acostumados.

Com relação ao volume que está nas bancas, trazido pela Editora Panini, eu posso facilmente dizer que essa é a edição mais luxuosa que Lobo Solitária já teve no Brasil. A publicação segue o padrão que vemos em Berserk e One-Punch Man. Papel de boa qualidade, mais durável do que o papel jornal usado na última vez, capa com orelhas e trazendo tanto as ilustrações originais japonesas quanto as novas feitas pela editora americana Dark Horse.

Agora, vamos dar algumas explicações para quem não sabe o que esperar de Lobo Solitário e você não ser pego de surpresa.

Ah, então é um mangá de samurai. Tá de boas, eu li Rurouni Kenshin e adorei, vou gostar desse também. Não poderia ser uma comparação mais distante. Lobo Solitário não é um shonen, aqui o protagonista não está em uma busca de superação, enfrentando inimigos cada vez mais poderosos e sofrendo derrotas ocasionais que o levarão a treinar e superar seus limites. Itto Ogame já começa a história como um mestre espadachim, bastante superior a todos os inimigos que encontra, e precisa ser assim, pois em um duelo real o perdedor não sobrevive para lutar outro dia.

Ah, então é um mangá cheio de violência e ação. Tá tranquilo, eu leio Berserk. Além de não ter tanto gore, Lobo Solitário não possui aquilo que eu chamo de Fator Wolverine, um super poder de cura, um corpo ciborgue, uma fadinha com pó magico, ou uma médica de habilidade miraculosa. Normalmente esse elemento é usado para dar uma desculpa para que o protagonista consiga sair de lutas incrivelmente sagrantes, com ferimentos que matariam facilmente qualquer ser humano, e o jogue rapidamente em outra batalha, novinho em folha, ou até mais forte do que antes.  As cenas de ação aqui são rápidas e as lutas costumam ser definidas com um único golpe.

Eu li apenas o primeiro volume de Lobo Solitário, mas já consigo ver o porque dessa série ser tão aclamada. E tenho a garantia de todos os leitores que a acompanharam antes de mim de que ela vai manter o nível de qualidade até o final. Não é a toa que todo mundo que já leu Lobo Solitário ama essa história, e eu nunca ouvi ninguém levantar um defeito nela, sequer.

Nota:

Nome: Lobo Solitário, Kozure Ookami, Lone Wolf & Cub, Lone Wolf and Cub,子連れ狼
Valor: R$ 18,90 (Finalizado com 28 volumes)
Páginas: 288
Publicado (no Japão): 1970 ~ 1976
Autor: Kazuo Koike (roteiro), Goseki Kojima (arte)
Myanimelist
Skoob
Sinopse: Considerada por muitos críticos como a obra máxima dos mangás – os quadrinhos japoneses –, tornou-se referência mundial para as artes visuais como o cinema, por sua beleza plástica simples e cruel, e narrativa paradoxalmente dinâmica e dramática – característica ímpar da cultura japonesa. Também é tida como notório retrato fidedigno da época de ouro dos samurais, o apogeu da Era do Shogunato, também conhecida como Período Edo (1603–1868).

Este é o caminho sangrento de Itto Ogami e seu filho Daigoro, em busca de vingança contra a poderosa e influente família Yagyu, braço direito do Shogun, que orquestrou das sombras a ruína do clã Ogami.

“Lobo Solitário” foi publicado pela primeira vez no Japão em 1970, sendo concluído em 1976. Esta edição é baseada em sua série original, com capas do mestre Goseki Kojima e de outros grandes ilustradores do mundo todo, que prestaram suas homenagens ao mangá.

Lançamentos de janeiro

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Não teve tempo de ir na livraria e não sabe o que tem de novo no mercado literário brasileiro? A gente te ajuda a sacar os principais lançamentos do mês de janeiro.

 

LeYa

Wild Cards 6 e 7 – George R.R. Martin

Mulheres Perigosas – George R.R. Martin

O Enigma de Blackthorn (Christopher Rowe #1) – Kevin Sands

 

Rocco

A Viagem De Rousseau – Caulos

Tom Jones – Henry Fielding (adaptado por Clarisse Lispector)

Fic: Por Que A Fanfiction Está Dominando O Mundo – Anne Jamison

Diário De Um Corpo – Daniel Pennac

Dicas da Imensidão – Margaret Atwood

 

Intrínseca

A longa caminhada de Billy Lynn #1 – Ben Fountain

Cinquenta Tons Mais Escuros – E.L. James

Meu menino vadio: Histórias de um garoto autista e seu pai estranho – Luiz Fernando Vianna

Regras simples: Como viver tranquilo e organizado em um mundo cada vez mais complexo – Donald Sull e Kathleen M. Eisenhardt

A batalha de WondLa (WondLa #3) – Tony DiTerlizzi

Buracos negros – Stephen Hawking

Como combater a fúria de um dragão (Como treinar o seu dragão #12) – Cressida Cowell

O Livro dos Baltimore – Joël Dicker

Ninfeias Negras – Michel Bussi

Crave a Marca – Veronica Roth

 

Galera Record

The Walking Dead: Busca e Destruição (#07) – Jay Bonansinga

Diários do Vampiro: O Despertar – L. J. Smith

A Festa dos Sonhos (Era Outra Vez #4) – Sarah Mlynowski

 

HarperCollins Brasil

Estrelas Além do Tempo – Margot Lee Shetterly

Gelo e Fogo (Neve e Cinzas #2) – Sara Raasch

 

Sextante

O que eu sei de verdade – Oprah Winfrey

Diário de um bárbaro covarde #1: Bárbaros versus goblins – Two Little Cowboys

Diário de um zumbi do Minecraft #9: Infeliz aniversário – Zack Zombie

 

Arqueiro

O Resgate no Mar: Parte 2 (Outlander #3) – Diana Gabaldon

Uma Carta de Amor – Nicholas Sparks

O Clube de Leitura de Jane Austen – Karen Joy Fowler

O Caminho Para Casa – Kristin Hannah

Meio Mundo (Mar Despedaçado #2) – Joe Abercrombie

 

Novo Conceito

Desintegrados (Fragmentados #2) – Neal Shusterman

Sussurros do País das Maravilhas (Splintered #1.5, 3.5): Três contos de momentos mágicos e inequescíveis – A. G. Howard

 

Nova Fronteira

Corpo de baile – Box: Manuelzão e Miguilim / No Urubuquaquá, no Pinhém / Noites do sertão – João Guimarães Rosa

Último Turno – Stephen King

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Último Turno é o último livro da trilogia Bill Hodges que começa com Mr. Mercedes. Apesar de ser uma trilogia, os livros podem ser lidos separadamente, pois cada um conta com Bill Hodges, o policial aposentado resolvendo um caso. Claro que quem não leu Mr. Mercedes vai acabar recebendo spoiler do que acontece no livro já que o vilão está presente nos três livros da série.  Portanto, se você tem interesse de ler a trilogia, aviso que essa resenha contém spoilers dos dois livros anteriores.

Em Achados e Perdidos, o segundo e na minha opinião o melhor livro da trilogia, Stephen King nos mostra mais uma vez o poder da literatura e Brady Hartsfield, o Mr. Mercedes é praticamente esquecido. Hodges faz algumas visitas a ele na clínica onde está internado, porém Brady continua o vegetal que a pancada de Holly causou. Só que alguns relatos sobre coisas se mexendo sozinhas no quarto de Brady e o final do livro em si, nos dá uma dica do que se trata o Último Turno.

Sim, Brady volta a ser o vilão no final da trilogia. Tudo começa com Hodges recebendo uma ligação do antigo parceiro Pete que não pode ser ignorada. A mensagem é clara: uma das vítimas do Massacre do City Center cometeu suicídio.

Ao começar as investigações, as coisas ficam mais claras e os indícios mudam o jogo. Não foi um suicídio, já que a vítima era tetraplégica, mas acontece que a mãe a matou e depois se matou na banheira. Podemos imaginar que o peso de cuidar da filha tenha sido demais e é o que os policiais pensam. Mas não para por aí!

Holly encontra na cena do crime uma espécie de tablet com jogos: um Zappit. Não seria nada demais se esse mesmo objeto não fosse encontrado com outras vítimas do massacre que cometeram suicídio ou quase chegaram a isso. Parece que a tela de demonstração de um dos jogos, o Pescaria, causa alguma coisa em quem a observa por muito tempo…

Uma coisa leva a outra e com o tempo, Hodges acaba descobrindo que Brady não está mais dormindo e que continua matando mesmo estando preso no hospital.

A trilogia Bill Hodges é uma trilogia policial, tendo como personagem principal um policial aposentado que, no primeiro livro, é assombrado por um caso que não conseguiu solucionar e posteriormente abre sua própria agência de investigação, a Achados e Perdidos. Porém, quem pensou que Stephen King não usaria o sobrenatural e ficaria somente no horror que o ser humano em si consegue criar, errou. Em o Último Turno o poder telecinético está de volta, só que em um nível bem maior do que vemos em Carrie, o primeiro livro do autor. Não que precisasse, mas o Último Turno mostra o quanto King evoluiu desde a famosa adolescente coberta de sangue de porco matando geral.

Além de ter que vencer Brady mais uma vez, Hodges terá que lutar contra um problemão pessoal que nos deixa com o coração partido. Stephen King costuma ter a fama de fazer um bom livro, mas acabar errando no final, mas isso não acontece com a trilogia Bill Hodges, que acaba bem, não totalmente feliz, mas bem.

Se você gosta de livros policiais e Stephen King a trilogia é perfeita pra você. Se você gosta só de um deles (como eu, que não é muito fã de livros policiais) a trilogia te consquista, porque uma coisa que todos devemos concordar é que Stephen King nos conquista com seus personagens, seja ele o mocinho ou o vilão.

Nota:

Ficou interessado(a)? Então compre o livro nos links abaixo:

Amazon (e-book)
Amazon (livro físico)
Submarino

Não esqueça de adicionar o livro no Skoob

Nome:
 Último Turno (Trilogia Bill Hodges #3)
Autor: Stephen King
Edição: 1ª
Editora: Suma de Letras
Ano: 2016
Páginas: 384
Sinopse: Brady Hartsfield, o diabólico Assassino do Mercedes, está há cinco anos em estado vegetativo em uma clínica de traumatismo cerebral. Segundo os médicos, qualquer coisa perto de uma recuperação completa é im10provável. Mas sob o olhar fixo e a imobilidade, Brady está acordado, e possui agora poderes capazes de criar o caos sem que sequer precise deixar a cama de hospital. O detetive aposentado Bill Hodges agora trabalha em uma agência de investigação com Holly Gibney, a mulher que desferiu o golpe em Brady. Quando os dois são chamados a uma cena de suicídio que tem ligação com o Massacre do Mercedes, logo se veem envolvidos no que pode ser seu caso mais perigoso até então. Brady está de volta e, desta vez, não planeja se vingar apenas de seus inimigos, mas atingir toda uma cidade.

Em Último turno, Stephen King leva a trilogia a uma conclusão sublime e aterrorizante, combinando a narrativa policial de Mr. Mercedes e Achados e perdidos com o suspense sobrenatural que é sua marca registrada.