Redshirts é um livro de ficção científica escrito por John Scalzi, autor de carreira consolidada na categoria por obras como A Guerra do Velho e Encarcerados. Desta vez, ele entrega uma obra de volume único, pegando emprestado um universo já bem conhecido na cultura pop para entregar uma homenagem linda, uma história original e cheia de reviravoltas.
Camisas vermelhas
Traduzido como “camisas-vermelhas”, Redshirts faz referência a uma situação clássica da série Jornada nas Estrelas (ou Star Trek) onde personagens de baixa patente que partiam em missão junto dos protagonistas acabavam mortos. Esses personagens geralmente utilizavam camisas vermelhas, que simbolizavam a divisão de Segurança da Frota Estelar. A expressão acabou virando sinônimo dos personagens descartáveis que entram na trama com a única função de morrer para agregar dramaticidade ao enredo.
A história vai acompanhar o alferes Andrew Dahl, que está se juntando à tripulação da nave Intrepid. Enquanto ele faz novos amigos e conhece melhor a rotina da nave, descobre um inusitado histórico de mortes em missões de campo e decide que precisa desvendar esse mistério antes que chegue a sua vez de ser convocado para uma aventura mortal.
“O fato de as pessoas morrerem em torno desses oficiais é tão claro e óbvio que todo mundo os evita por instinto.”
Difícil adivinhar o que acontece depois
A escrita do John Scalzi é muito dinâmica, sem grandes vocabulários acadêmicos e tecnológicos, o que torna seus livros uma boa porta de entrada para o universo da ficção científica. Em Redshirts ele traz também muito bom humor e você vai se deixando levar por uma narrativa aparentemente leve e antes que possa se dar conta, está refletindo sobre a existência humana e quem nós somos no universo. A narrativa surpreende quando, a cada ato, descobrimos uma nova camada.
Além de todos os créditos que Scalzi tem como escritor – Redshirts foi vencedor do Hugo Awards -, a experiência como roteirista para série de TV também pode ter sido uma grande referência para essa história, que se utiliza da metanarrativa pra fazer seus personagens, e também os leitores, se questionarem o que é ficção e o que é realidade.
“Fique longe da ponte de comando. Evite a Narrativa.”
No fim das contas, a despersonalização que acontece em mortes arbitrárias que apenas adicionam números em um gráfico causam no leitor um afastamento, uma falta de sensibilidade. Autores e roteiristas dão nomes e histórias para os personagens para que a simples possibilidade de sua perda seja sentida, e não é diferente na vida real. Num cenário onde ficamos anestesiados com os números de mortes causadas por uma pandemia mundial, Scalzi nos convida a lembrar das histórias que não foram contadas, dos nomes que não foram ditos.
Mas vale a leitura?
Eu espero que você, leitor desta resenha, já esteja convencido de que vale sim, mas eu te digo que ainda tem muito mais nessas páginas. Se você é daqueles que lê a resenha depois de ler o livro, deve estar aí gritando comigo pela tela porque eu nem cheguei a citar que aqui também falamos de viagem no tempo, realidades alternativas, escolhas e acaso. Não é necessário ser um fã ou conhecedor de Jornada nas Estrelas para aproveitar a leitura, mas caso você conheça, as referências deixam a experiência ainda mais divertida.
Nota
Garanta a sua cópia de “Redshirts“!
Ficha Técnica
Título: Redshirts
Autor: John Scalzi
Editora: Aleph
Tradução: Petê Rissatti
Ano: 2021
Páginas: 376
ISBN: 978-6586064711
Sinopse: O alferes Andrew Dahl acaba de ser designado para a nave almirante da União Universal, a Intrepid. É um posto de prestígio, mas sua empolgação desaparece quando começa a perceber que um tripulante de baixa patente é morto a cada missão de campo, e que apenas três oficiais acabam sobrevivendo aos confrontos letais com forças alienígenas.
Não surpreende, então, que Andrew tente evitar ir a campo a todo custo, até descobrir uma informação que revelará a todos o que a nave estelar Intrepid realmente é… e uma oportunidade louca e perigosa para se salvarem.