[Resenha] Madame Xanadu – Aureliano

0
Capa do livro. Ilustração mostrando uma moça sentada na calçada com os cotovelos sobre os joelhos e as mãos no rosto, parecendo estar chorando. A personagem é composta apenas por um contorno branco, usando um vestido, salto alto e cabelo longo. O cenário é composto por uma rua cruzando com outra, as paredes das construções são vermelhas quase rosa bem forte. Em uma das parede quase de esquina está pichado de brando o título do livro, com o spray caído na calçada, no canto o nome do autor em uma placa de rua. Toda a perspectiva e proporção da ilustração é uma pouco exagerada.
Capa do livro. Ilustração mostrando uma moça sentada na calçada com os cotovelos sobre os joelhos e as mãos no rosto, parecendo estar chorando. A personagem é composta apenas por um contorno branco, usando um vestido, salto alto e cabelo longo. O cenário é composto por uma rua cruzando com outra, as paredes das construções são vermelhas quase rosa bem forte. Em uma das parede quase de esquina está pichado de brando o título do livro, com o spray caído na calçada, no canto o nome do autor em uma placa de rua. Toda a perspectiva e proporção da ilustração é um pouco exagerada.

Quem é Madame Xanadu? É isso que João vai nos contar, intercalando relatos das pessoas que cruzaram o caminho dela e momentos que ele mesmo pôde observar. Ao longo das páginas escritas por Aureliano, vamos desbravando um pouquinho de cada vez essa figura fascinante de quem é Madame, o que a faz existir e a torna tão especial.

Para saber quem é Madame Xanadu é preciso conhecer um pouco sobre seus amigos. São eles que nos contam suas histórias, juntando as memórias do passado e mostrando como os conflitos e experiências da adolescência os transformaram em adultos complexos e imperfeitos (o que os torna reais). Somos levados a julgá-los e compreendê-los na mesma proporção, poucas páginas são necessárias para que possamos nos conectar com cada um deles e nenhuma das histórias que acompanhamos é simples.

O livro traz como tema central a morte, literalmente: aborda o luto, a busca por um sentido e todas as formas que encontramos para aliviar a dor da perda. Mas também retrata a morte no sentido de transformação, como é representada pelas cartas de Tarô.

“Natal é um presente que todo dia se deixava desembrulhar pelo sol.”

Junto de Madame, somos levados a conhecer as ruas de Natal. Aureliano, que é potiguar, fala como essas descrições foram revisadas entre a primeira edição publicada e sua reedição de 2021. Nos agradecimentos da nova edição o autor comenta que “a forma negativa como eu escrevia locais e pessoas, não é tanto porque eu não gostava do que enxergava à minha volta, mas porque eu efetivamente não gostava de mim”.

Se escrever sobre Madame e mais tarde revisitá-la foi um grande processo emocional, nós leitores temos a oportunidade de acolher e compartilhar desses sentimentos.

“Uma história triste é sempre bonita quando acontece com as outras pessoas.”

Aureliano também é ilustrador e deixa seus traços a cada capítulo, numa edição linda que enriquece a experiência de leitura. E se você é adepto do formato de audiolivro também existe uma versão narrada por Cristiano Gualda.

Madame Xanadu é uma linda obra, carregada de emoção que enriquece a bagagem da nossa literatura nacional. Uma leitura que me conquistou totalmente, um daqueles livros dos quais podemos voltar de tempos em tempos. Uma recomendação para quem quer uma leitura rápida mas cheia de força e significado.

Nota

Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.
Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.

Garanta a sua cópia de “Madame Xanadu”!

Ficha Técnica

Título: Madame Xanadu
Autor: Aureliano
Editora: Companhia Editora Nacional
Ano: 2021
Páginas: 208
ISBN: 6558810239
Sinopse: Quem é Madame Xanadu? Fascinado pela figura de uma drag queen chamada Madame Xanadu, o jornalista João resolve investigar a história dela. Para isso, busca a ajuda das pessoas que conviveram com a Madame mesmo antes de ela se tornar uma das personagens mais marcantes da cidade de Natal.

Enquanto acompanhamos a investigação de João, consumida por uma melancolia inexplicável, Madame segue o plano de acabar com a própria vida. Em uma narrativa envolvente e emocionante, recheada de maravilhosas ilustrações autorais, Aureliano convida o leitor a juntar as peças do quebra-cabeças que é Madame Xanadu na tentativa de desvendá-la.