Há uma série de pessoas que têm causado polêmicas hoje em dia e o autor de Put Some Farofa é uma delas. Gregorio Duvivier tem sido um dos personagens interessantes, daqueles que contrariam as massas de (neo)conservadores/liberais e bolsonaristas. O fato é: sua fama o precede. Duviver não é um personagem da esquerda que surgiu recentemente, pelo contrário, há anos ele tem estado nas trincheiras da crítica social e política, que no seu caso é harmonizada com um humor sagaz. Nesse último ponto, diferente de muitos dos supostos humoristas brasileiros, Gregorio não escolhe caminhos fáceis e apelativos. Por mais bobo que algumas de suas performances possam parecer a primeira vista, um segundo olhar nos leva diretamente a questões mais profundas. O que acabo de dizer se baseia na minha experiência de leitura desse livro, que foi mudando no decorrer de si mesma.
Notas preliminares
Como espectador do GregNews, programa de política da HBO e disponibilizado no youtube apresentado por Gregorio Duvivier, eu esperava uma profusão de críticas da mesma espécie. O que descobri, na verdade, é que o buraco é mais embaixo. Para além das mais importantes questões políticas que temos vivido e sobre as quais o autor já falava na época em que o livro foi publicado, ele também trata de uma outra série de questões pessoais e, eu diria, até filosóficas (não estou certo se é um exagero e pouco importante se é). O que li foi um livro que vai além do humor crítico, transcendendo para algumas memórias, experiências e frustrações. Aqui, talvez, resida o que me tocou nesse livro: conhecer mais sobre o Gregorio.
Os finalmentes
Put Some Farofa foi publicado no fim de 2014 pela CIA das Letras. No livro, há uma série de textos da época em que o autor era colunista da Folha de São Paulo, alguns roteiros das esquetes do Porta dos Fundos e ainda outros textos de outros sites e alguns inéditos (essas informações estão no fim do livro).
Para quem acompanha o trabalho do Gregorio, principalmente no Porta, a leitura desse livro é um prazer e tanto, pois irá ler textos com os quais terá familiaridade por já tê-los assistidos materializados em vídeos, com leves diferenças. Para os que estão mais acostumados com o trabalho no GregNews, vão se deparar com textos de 2014 em que Gregorio já criticava nosso atual presidente, bem como alguns outros de cunho político. Para mim, nem uma nem outra categoria de textos foi a mais interessantes. Os mais interessantes eram os desviantes, que falavam da infância do autor, que eram mais literários (seja lá o que isso signifique), os mais fora da curva (rsrsrs).
Assim, ler Put Some Farofa (o texto que intitula o livro é o melhor), para mim foi uma experiência, como disse antes, de conhecer melhor essa figura que já admiro há anos. Sei que há ainda um trabalho poético do Gregorio, que ainda irei conhecer não sei quando. Bem, gostaria de deixar essa indicação para os fãs dele. Por mais que seja um livro um pouco antigo, ainda é muito atual e, melhor ainda, pessoal.
Nota
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Ficha Técnica:
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Nome: Put Some Farofa
Autora: Gregorio Duvivier
Edição: Companhia das Letras
Editora: Nós e Edith
Ano: 2014
Páginas: 208
ISBN: 9788535925067
Sinopse: Don’t repair the mess. The house is yours. I make question. Pardon anything. Go with god. Come back always. Publicada em julho de 2014, a crônica que dá título a este volume, que cria uma conversa imaginária entre um brasileiro e um gringo visitando o Brasil durante a Copa, rapidamente se tornou um viral de internet com mais de 230 mil compartilhamentos, até ser comentada em artigo do Washington Post.
Trata-se de uma amostra da verve humorística – embebida de zeitgeist, crítica ferina e muito afeto – de Gregorio Duvivier, um dos autores mais inventivos e promissores do Brasil na atualidade. Reunindo o melhor de sua produção ficcional, Put some farofa traz textos publicados na Folha de S.Paulo e esquetes escritos para o canal Porta dos Fundos, além de alguns inéditos. Se Gregorio revela o raro dom da multiplicidade, tendo despontado no cenário cultural brasileiro ao mesmo tempo como ator, roteirista, comediante, cronista e poeta, também múltiplo é este volume, que transita entre ficções, memórias de infância, ensaios sobre artistas que o influenciaram, artigos de opinião, exercícios de estilo e experimentações sem fim. Os textos vão da pauta que está sendo debatida naquele dia no jornal ao completo nonsense; do lirismo ao humor escrachado; do íntimo ao universal.
No conjunto, o que espanta no autor é o frescor, a coragem, e, sobretudo, a capacidade inesgotável de se renovar a cada semana, contando sempre com a inteligência e a sensibilidade do leitor.