Os acontecimentos finais de A longa viagem a um pequeno planeta hostil apresentam um desfecho sensacional, que levaram a autora a escrever uma continuação direta para o romance, denominado: A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada . Dessa vez tendo como protagonistas centrais três dos tripulantes mais queridos da Nave Andarilha: a engenheira Sálvia, seu companheiro Azul e a inteligência artificial Lovelance, que agora habita um “kit” que emula um corpo humano feminino.
Em A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada vamos acompanhar a jornada de aceitação de Lovelance, que passa a se chamar Sidra, e agora vive limitada a um corpo humanoide. Em sua nova condição existencial, Sidra precisa aprender a lidar com dilemas existenciais típicos da nossa espécie, além da sua condição única. Ao longo dessa jornada ela vai poder contar com o apoio absoluto de Sálvia e Azul, além de improváveis amizades feitas ao longo do caminho.
Uma admirável órbita fechada
O enredo tem um desenvolvimento delicioso. Em capítulos focados ora em Sidra, ora em Sálvia, o leitor vai perceber que entre eles há mais coisas em comum do que se poderia imaginar. Se você não teve a oportunidade de ler A longa viagem a um pequeno planeta hostil (LEIA), Sálvia e Azul escaparam de um dos planetas que existem à margem da Comunidade Galáctica, Aganom.
Isolado da Comunidade Galáctica, geravam a própria população (humana) em câmaras gestacionais, onde os genes eram modificados de maneira radical, baseando o seu genótipo em cálculos sobre o que deveria ser a sociedade quando alcançasse a maturidade. As modificações incluíam melhorias físicas, intelectuais e habilidades sociais, ou o que fosse necessário para os empregos que as pessoas estivessem “destinadas” a ocupar.
Porém, em meio a essas modificações genéticas, com o objetivo de ocupar posições que eles consideravam de menor importância, foram criadas pessoas com apenas duas modificações: calvície e infertilidade. Sálvia e Azul pertenciam a esse grupo.
Uma vida artificial
Nesse livro, os primeiros anos da vida de Sálvia se confundem com a nova existência de Sidra. Para Sálvia, na época conhecida como “Jane 23” e seu grupo de irmãs, as “Janes”, não existia absolutamente nada além da fábrica e sua função de desmontar e reciclar os objetos descartados pelos privilegiados de Aganom. Elas eram “cuidadas” por robôs (mães).
Até que um acidente destrói uma das paredes, matando diversas “Janes”, e é então a pequena “Jane 23” percebe que existe um mundo aparentemente infinito do lado de fora. Movida por uma curiosidade irresistível ela consegue escapar. Em meio a exploração do que parece ser uma imensidão de sucatas, “Jane 23” encontra os restos de uma nave parcialmente funcional, e é acolhida pela inteligência artificial que passa a chamar de “Coruja”, que a guia em uma missão que poderá durar anos, consertar a nave e fugir de Aganom.
Início brilhante
Becky Chambers já chegou deixando sua marca em meio aos apaixonados pela boa literatura de ficção científica. O seu livro de estréia (A longa viagem a um pequeno planeta hostil) foi publicado em 2014 no EUA (e em 2017 numa excelente edição pela Dark Side), tornando-se um enorme sucesso, que agradou tanto aos leitores comuns quanto à crítica especializada. Não por acaso recebeu diversas indicações as principais premiações do meio, a exemplo do Arthur C. Clarck Award e o Hugo Award.
Em A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada, a autora consegue ir além do senso comum, não só trazendo uma história deliciosamente imaginativa com tecnologias incríveis, raças e planetas diversos, como também abordando temas relevantes, estabelecendo pontos de reflexão para os parâmetros que norteiam a sociedade moderna.
Talvez a maior qualidade demonstrada pela escritora tenha sido a capacidade de abordar com incrível suavidade e delicadeza temas espinhosos, que são um reflexo de tabus no meio em que vivemos. E isso é feito com tanta habilidade que a sensação que temos ao longo da leitura é de uma completa imersão nos dilemas que giram em torno dos personagens da história.
Mesmo após a leitura, os questionamentos levantados não nos abandonarão facilmente. A autora consegue despertar emoções diversas no leitor, forçando-o a olhar por intermédio de outros olhos, quase sempre despertando um sentimento de empatia e aceitação.
Acompanhar a jornada de autoconhecimento da nova existência de Sidra, além da evolução da sua relação de amizade e respeito com Sálvia em meio a um futuro fantástico é incrivelmente prazeroso. Definitivamente é uma experiência de literatura que transcende o gênero, altamente indicada para todos os aficionados por ficção científica.
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Ficha Técnica
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Nome: A Vida Compartilhada em uma Admirável Órbita Fechada
Autor: Becky Chambers
Editora: Dark Side
Edição: 1°
Ano: 2018
Numero de Páginas: 320
ISBN: 9788594541215
Sinopse: Lovelace já foi a Inteligência Artificial responsável pelo funcionamento da nave espacial Andarilha no passado. Após uma reinicialização completa, ela acorda em um novo corpo e sem nenhuma memória do que veio antes. Enquanto descobre sua essência e aprende a se virar em um universo repleto de artimanhas e novidades, ela faz amizade com Sálvia uma engenheira empolgada com os desafios que se colocam à sua frente. Juntas, Sálvia e Lovelace vão descobrir que não importa qual seja o tamanho do espaço, duas pessoas podem preenchê-lo.
A Vida Compartilhada em Uma Admirável Órbita Fechada é uma sequência independente do aclamado romance de estreia de Becky Chambers, A Longa Viagem a Um Pequeno Planeta Hostil. Com a criatividade e visão inovadora já conhecida entre seus leitores, a autora fala sobre amizade, humanidade, força feminina e também debate as teorias e limites do que é possível realizar com a Inteligência Artificial. Tudo com o apuro exigido pelos fãs de ficção científica, que agora encontram uma nova casa na linha DarkLove, da DarkSide® Books.