[Coluna] Intimidade na era tecnológica

0

Não se passa pela cabeça de uma pessoa, que começa a trocar nudes ou vídeos numa era em que a tecnologia aproxima as pessoas de diferentes localidades, que sua foto possa ser hackeada algum dia. Estraga o clima. Ninguém está pensando nisso. Você apenas está tentando provocar a pessoa, entrar num grau de intimidade que cause uma oportunidade. Romântica ou não. O último pensamento é: será que isso irá vazar?

Porque não imaginamos nossa intimidade vindo a público. E nem deveríamos. A partir do momento que o sexo passa a envolver outras pessoas, cujo interesses são prejudicar imagens ou expô-las por serem públicas, a discussão se torna outra. Muito mais pesada.

Durante a era cibernética, o leitor pode dizer, todo o cuidado é pouco. Que quem não quer ter imagens vazadas, não deveria tirá-las, em primeiro lugar. Discordo radicalmente. Uma pessoa não deve se privar de algo, pois pode ser exposta. Exposição não é algo que deveríamos ter na sociedade, da forma como o vazamento de imagens de celebridades ocorrem.

Mas o julgamento social continua. O Senador John Kerry tem uma frase inteligentíssima sobre isso: “Eu rejeito a ideia de que a proteção da privacidade é inimiga da inovação“. E ele está correto. A discussão é outra. Como mantermos nossa intimidade dentro de nosso quarto, protegida por mais do que uma tela de celular, e sermos cúmplices das atualizações tecnológicas, ao mesmo tempo? Hoje, o debate pode ser vazamento de fotos de celebridades, mas amanhã? Nossos medos, paranoias, receios e segredos sujeitos ao Estado? Ou, pior, todo mundo? Numa era de acesso ilimitado, a nossa vida particular não pode fazer parte de todo o conhecimento a um clique.