Se você escreve há algum tempo, provavelmente já ouviu a pergunta “Mas de onde você tira inspiração?”
A resposta é bem simples e na maior parte das vezes não é o que o outro quer ouvir: você não a tira de lugar nenhum. Ela vem. E às vezes não vem. E às vezes é algo além de inspiração que te faz trabalhar.
Para algumas pessoas, inspiração é como amor e quanto mais você força, menos você produz. O problema de vê-la sob essa ótica é que ela pode levar o autor a ficar sentado esperando. “Hoje não tive ideias para escrever, logo não escrevo”. Esperar o amor cair de paraquedas na sua vida pode não ser tão produtivo quanto ir a um barzinho e puxar conversa com um punhado de desconhecidos, por exemplo.
Acho que é mais interessante visualizar a inspiração como oportunidade. Ela vai aparecer. Você não sabe onde, quando ou como. Mas quando ela aparecer, é bom que você esteja pronto para agarrá-la.
Picasso dizia que “a inspiração existe, mas ela precisa te encontrar trabalhando”.
É por isso que, na minha opinião, inspiração tem mais a ver com preparação que com sorte. Montar os arredores de sua história, um roteiro, um percurso… pode ser tão importante quando esperar sua Musa dar as caras. Isso porque, quando ela não aparecer, você pode ir aparando arestas, desenvolvendo alguns detalhes. E quando ela aparecer, você avança o máximo possível.
Ficar sentado esperando ela surgir te faz correr o sério risco de estar sem caneta, papel ou computador, justo no momento que ela resolver te visitar.