[Coluna] A arte do stand-up

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Não me lembro conscientemente quando foi que entrei na febre dos stand-ups, mas foi influenciado por um professor meu. George Carlin foi meu primeiro contato. O melhor especial dele e ao qual já assisti, chamado George Carlin: Back in Town. O monólogo de abertura falava sobre aborto, criacionismo e homossexualidade. 1996, mas algo que descreveria as políticas atuais. Fiquei tão fascinado pelas ideias de Carlin, após esse show, que comecei a procurar até seus livros e álbuns de shows ao vivo. At Phoenix, On Campus, Playin’ with Your Head, Jersey, Doin’ It Again (o segundo melhor, talvez), Jammin’ in New York (outro genial), You Are All Diseased, Complaints & Grievances e os desoladores Life Is Worth Losing e It’s Bad for Ya!, onde George transcendia a barreira da comédia para virar um grande pensador social. O primeiro bit destaca exatamente isso, no penúltimo show dele:

Foi apenas anos depois que percebi a influência do igualmente genial Lenny Bruce na proposta de Carlin. Ambos provenientes de um mundo cômico adulto e reflexivo, onde os monólogos giravam em temas comuns com o público e sociedade, os dois se tornaram referências do “humor pensado”. O próprio Bruce se viu perseguido por autoridades pelas suas antecipações sociais. Lenny não podia usar palavrões em seus shows, por exemplo. “Cocksuckers” lhe levou a algo inimaginável numa civilização moderna: uma condenação por obscenidade. E estamos falando de 30, 40 anos atrás.
Hoje, Carlin continua meu comediante favorito, mas com alguns acréscimos numa lista que ainda era bem vaga. É seguido por Chris Rock, Ricky Gervais, Louis C.K, Jim Jefferies, Dave Allen, Marc Maron, Bill Hicks, o próprio Bruce e tantos outros. O humor se tornou um grande refúgio, ao mesmo tempo em que um grande indagador de costumes, para mim.