[Resenha] A Rainha Vermelha | Victoria Aveyard | Editora Seguinte

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Distopias young adult: impossível que você não se depare com elas, principalmente depois do estouro que foi o sucesso de Jogos Vorazes, seguido da saga Divergente. Para os leitores mais jovens ou para aqueles que apreciam um romance tê-tê-a-tê, outra trilogia que se destaca é A Seleção.

Eu mesma sou fã de distopias e com o fenômeno da chegada dos young adults logo me entreguei a esse tipo de leitura: jovial e intenso, possibilita pensar fora da caixa e dói bem menos do que grandes nomes como “Admirável Mundo Novo”, “1984”, “A Revolução dos Bichos”, etc. Não vou discorrer aqui sobre a importância desse tipo de leitura, esse espaço não é para isso.

A razão pela qual estamos aqui é falar de mais um livro que se enquadra, entre outras classificações, como distopia young adult. É o livro de lançamento da escritora Victoria Aveyard, o primeiro volume da trilogia de mesmo nome, intitulado “A Rainha Vermelha”.

O mundo de Mare Barrow, o nosso mundo

Lançado no início de 2015, o livro “A Rainha Vermelha” chegou às prateleiras brasileiras através da Editora Seguinte, que pode ter dado um excelente passo em seu crescimento ao adquirir os direitos autorais da obra.

O livro é narrado em primeira pessoa e conta a história de Mare Barrow, uma adolescente de 17 anos que está prestes a ser convocada para lutar na guerra do país onde vive. Para ajudar no sustento de sua casa, bem como garantir pequenos luxos, a jovem poe em prática sua habilidade de realizar pequenos furtos. Como grande amigo, ela possui o jovem Kilorn, órfão, que está a salvo do mesmo destino cruel da amiga, uma vez que possui um ofício, sendo aprendiz.

A sociedade onde Mare, Kilorn, o príncipe Cal e seu irmão Maven, bem como todos os demais personagens vivem, é dividida pela linhagem e tipo de sangue. As pessoas que possuem sangue vermelho correndo nas veias são humanos comuns e são submetidas aos caprichos e desejos dos outros que possuem sangue prateado.

“Esta é a verdadeira distinção entre prateados e vermelhos: a cor do sangue. Esta única diferença os torna mais fortes, mais inteligentes e melhores que nós.”

Os prateados possuem características e poderes especiais, sendo dotados da capacidade e habilidade de controlar objetos (como metais), elementos naturais (como água, fogo, terra, etc), entrar na mente das pessoas obrigando-as a fazer o que se quer ou conhecendo todos os seus segredos, e por aí vai.

“A eletricidade, os prateados e os berros se misturam na minha cabeça enquanto assisto a verdes, lépidas, forçadoras, telecs e aparentemente uma centena de outros tipos de prateadas exibirem-se sob o escudo. Coisas que nunca sonhei serem possíveis acontecem diante dos meus olhos: garotas que transformam a própria pele em pedra ou soltam gritos capazes de esfacelar muralhas de vidro. Os prateados são maiores e mais fortes do que temia; têm poderes que nem sabia que existiam. Como podem ser de verdade?”

Logo no início do livro é apresentado um evento mensal onde todos são obrigados a estar presentes: trata-se de uma luta de poderes na arena. Nesse espaço protegido, prateados irão se enfrentar de forma a mostrar para ao mundo do que são capazes. Para a maior parte das pessoas trata-se de um espetáculo, para Mare trata-se de deixar bem claro o espaço e lugar de cada um naquela sociedade.

“Kilorn não liga para um pão a mais ou uns minutos extras de eletricidade. Não é por isso que torce. Ele sinceramente quer ver sangue, sangue dos prateados, sangue prata manchar a arena. Não importa que o sangue seja tudo o que não somos, tudo o que não podemos ser, tudo o que queremos ser. Kilorn só quer vê-lo e se ilude com a ideia de que eles são humanos de verdade, que podem ser feridos e derrotados. Mas sei que não é assim. O sangue deles é uma ameaça, um aviso, uma promessa. Não somos iguais e jamais seremos.”

A vida de Mare Barrow sofre uma grande mutação ao ser convocada para trabalhar para a família real. Apesar de não entender e estar assustada, ela aceita essa vida pois enquanto possuir um ofício, ela não precisará lutar na guerra. Contudo, surpresas e grandes mudanças estão por vir e à partir daí, tudo (tudo mesmo!) pode acontecer.

Os grandes acontecimentos do livro começam a partir do momento que Mare precisa assumir outra identidade ao lado da família real, escondendo seu verdadeiro sangue e agindo como se fosse uma prateada. Apesar de se sentir presa ela não tem outra escolha: precisa proteger a si e a sua família. Ao mesmo tempo, ela conhece o outro lado da moeda, estando em contato com um mundo que jamais alcançaria por si só. Paralelamente planos de derrubada de poder, atentados violentos e conspiração ocorrem pelo país guiados por um grupo revolucionário que se auto intitula “A Guarda Escarlate”. O principal objetivo e ameaça é a extinção do muro erguido que separa os vermelhos dos prateados e Mare Barrow se torna uma chave essencial na disputa, tanto dos lados dos vermelhos como dos prateados.

A principal lição é simples: “Todo mundo pode trair todo mundo.”

Booktrailer Legendado

Análise crítica

“A Rainha Vermelha” é um livro promissor e dependendo da bagagem do leitor pode ser realmente surpreendente e viciante. É inegável a audácia e capacidade de escrita simples de Victoria Aveyard. Por ser esse seu primeiro livro, é admirável que ela já tenha se aventurado por um mundo distópico.

O livro não é enorme, mas também não é fininho, possui mais de 400 páginas. Os capítulos são bem divididos, fechando-se com grandeza a cada necessidade. O mundo imaginado é realmente interessante, sendo que uma de minhas partes favoritas está na descrição de nomes e poderes que alguns prateados têm.

Outro ponto extremamente positivo está no enredo que não fica congelado na linha do tempo ou preso ao que achamos que vai acontecer. A obra toda é recheada de reviravoltas mirabolantes, contudo lógicas, nada além do que os próprios fatos escritos permitem.

Contudo, a escritora falha no momento de descrever cenas com tendências épicas, como grandes batalhas. A escrita, pela sua própria forma de ser, parece crua, simplista, prendendo-nos a visão.

Além disso, é inegável as diversas referências a outras obras distópicas de grande sucesso. Em fato, não sei se essa foi a intenção da autora ou se tive essa impressão uma vez que já havia lido aquelas obras antes, tomando-as como marco de partida para outras distopias young adults. Não consigo, porém, desassociar eventos e características que me remetem àquelas obras. Só para citar algumas: o fato de Mare roubar, indo contra o sistema, podendo ser pega e castigada por isso me remete à personagem Katniss da saga “Jogos Vorazes”. Sua própria fidelidade para com a família e amigos, também são, de forma superficial similares. O romance no palácio real, envolvendo príncipes e rainhas autoritárias me remete à saga “A Seleção”. Nesse quesito, ponto para “A Rainha Vermelha” que desenvolveu melhor a história, não deixando tão superficial e romanceada os relacionamentos (não me apedrejem, já assumi que não sou o público dessa saga romantesca, contudo respeito-a por outros motivos). Por fim, a divisão de nomes para cada característica, enquanto um grupo a parte quer desmontar a sociedade e alcançar a liberdade me lembra muito “Divergente”.

Sejamos francos, essa interpretação é totalmente pessoal e pode ser que não faça sentido a mais ninguém e que não tenha sido intencional da autora. Mas esses pontos foram decisivos para que eu pensasse muito sobre a obra e a indicasse para quem gosta de livros desse gênero. Vale ressaltar, contudo, que não entrou na lista dos meus favoritos.

Por fim, pesquisando a respeito da obra, vi que o lançamento da continuação sai no início de 2016. O lançamento internacional será simultâneo ao nacional. Outras postagens apontam que os direitos autorais da saga já foram comprados pelo estúdio Universal, para fins de adaptação cinematográfica. Não achei, contudo, informações oficiais, sendo que caso seja verdade demorará um tempo para que o projeto saia do papel. Só nos resta esperar.

Nota

 

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Merecido: 3,5 selos cabulosos!

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A_RAINHA_VERMELHANome:
A Rainha Vermelha – A Rainha Vermelha # 1
Autora: Victoria Aveyard
Edição:

Editora:
Seguinte
ISBN: 9788565765695
Ano: 2015
Páginas: 424
Sinopse: A Rainha Vermelha

O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe – e Mare contra seu próprio coração.