[Manifesto] Primeiro encontro

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Por Andrey Lehnemann
 
Há uma tensão normal no primeiro encontro: afinal, um lado sempre estará avaliando o outro se irá ou não para a cama com aquela pessoa. O flerte continuará após o encontro ou ela dirá gentilmente que só serão amigos, devido à falta de atração? Não existe, tampouco, uma fórmula para passar no teste. Uma amiga costuma dizer que, caso exista o interesse, o namorico terá que fazer algo muito estúpido para ele desaparecer. Mas muitos flertes são estúpidos por princípio. Como estabelecer a lógica?
 
Muitos costumam ser exatamente o contrário do que são. Sabe, para não haver erro. O problema é quando o relacionamento inicia e a verdade começa a dar as caras. 
 
– O que acha de pegarmos aquele sushi para acompanharmos o filme de hoje?
– Eu odeio coisa crua, amor.
– Como assim, Alberto? Nosso primeiro encontro foi lá no Taikô.
– Mas fiz isso por você.
– Então, o nosso relacionamento começou baseado numa mentira?
– Depende, você só está comigo por que comemos sushi aquela noite ao invés de uma pizza?
Marina ficou quieta; desconfiava que o marido estivesse certo: o sushi a havia feito apostar no relacionamento. Pareciam gostar das mesmas coisas e, bem, ela não andava ficando mais nova. Decidiram provar a nova pizzaria que abrira na esquina.
 
***
Vocês conhecem a história da festa dos apaixonados? Dois amigos conversam entre si, enquanto o restante emenda outro assunto ao redor de uma mesa. Acontece que uma das pessoas começa a chorar, o que provoca uma reação em cadeia: todos começam a chorar. Só os dois amigos que trocavam anedotas se sentem deslocados e constrangidos com tudo aquilo acontecendo. Logo, eles começam a ir atrás dos emocionados para procurar compreender a razão de tanto choro, mas tampouco eles conseguem se explicar. Minutos depois, um dos amigos começa a chorar também, o que imediatamente chama a atenção do outro. Timidamente feliz por achar ter encontrado alguém que finalmente explicará o motivo de tantas lágrimas, recebe uma resposta bastante intrigante em troca: “choro porque não sei por que os outros choram”.