Por Andrey Lehnemann
É verdade: eu sempre quis usar um título como esse. Digamos que é uma realização juvenil. Pronto! Estou riscando um item das metas feitas nos meus sete anos – número um: passar o dia assistindo aos Power Rangers; dois: escrever uma redação (!) que me deixasse famoso; três: utilizar um título que provocasse algum gracejo tolo. Posso dizer que alcancei o terceiro item. Estou realizado. Meu eu dos sete anos ficou mais distante. O próximo passo é ir aos nove.
Não há basicamente nenhum motivo racional para começar a crônica desta maneira, mas o atenuante: eu ando sentimental. Sim. E, aparentemente, pessoas sentimentais merecem mais segundas chances. Tentarei novamente, portanto.
Alguém sabe decifrar o dialeto romântico? Andei pensando nisso, esses dias. O que o casal está dizendo e o que realmente quer dizer? O que significa apenas um encontro entre corpos e o que significa algo mais profundo? Acho que já passei pelos dois, mas nunca consegui definir. A sexualidade é uma questão inquietante, mas o amor é muito pior. Ele nos deixa completamente desorientados. O sexo é entendível, compreensível, estimulante; o amor é seco, impassível, intenso. Não que o sexo não seja intenso, pois os melhores podem ser, mas não é a intensidade autodestrutiva que está interligada ao amor desenfreado. Amor em demasia é motivo de loucura. No sexo, nós queremos perder a cabeça. Posso estar soando como Jabor, mas a questão permanece atual.
Num ano não tão longínquo, eu experimentei fazer um paralelo entre amor e paixão. Não cheguei a grandes lugares. No fundo, eu acho que minhas faculdades mentais aos sete, nove anos eram muito mais decididas do que agora. Vá entender o amor; ou melhor, nós mesmos.