Nesta semana, lograrei apresentar uma breve análise léxica, sintática e semântica com base nos versos breves e potentes do poeta Mario Quintana.
Simultaneidade
Mario Quintana
“- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus!
Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
– Você é louco?
– Não, sou poeta.”
Nos versos do poeta gaúcho, Mario Quintana, temos uma composição concisa, mas dotada de grande vigor poético, beleza e repleta de riqueza contextual – marcas registradas do “menino azul”, como era conhecido o escritor.
Adentrando muito que pretensiosamente o campo das palavras do poema, numa tentativa de se dissecar o máximo que se possa das entranhas do texto, verificamos a princípio questões relativas ao léxico textual. A linguagem utilizada é predominantemente coloquial, um fato bastante delimitado na poesia moderna e contemporânea. A larga utilização de verbos no primeiro verso deixa evidente o dinamismo interno, o embate introspectivo e metafísico que é travado pela voz lírica. As ações expressas por eles se antepõem em antíteses cruciais – que se estendem até o segundo verso. Constata-se tal fato por meio da relação dual: amo/detesto, matar/viver.
No que compete ao âmbito sintático de análise, averígua-se o trabalho realizado com a já supracitada antítese verbal. No entanto, também no substantivo absurdo, presente no verso Deus é um absurdo!, constata-se o trabalho de ideias antagônicas, não mais no âmbito do texto, mas sim do contexto. A formatação de diálogo (vista pela presença das linhas que possuem o travessão, demarcador da fala) também explicita o embate do eu-lírico, que ora pode ser consigo mesmo, com o mundo, com outrem, com Deus ou ainda com todos eles ao mesmo tempo.
Ao discorrer anteriormente sobre alguns estágios do texto, não se deixou de fora o inevitável setor semântico. No entanto, a título de se ressaltar esse nível, apontemos a presença de figuras de linguagem mistas. A já tão comentada antítese é uma das mais claras nos versos “confusos” de Mario Quintana. Metáforas riquíssimas despontam, especialmente na sentença final proferida categoricamente: “Não, sou poeta.” O termo poeta, expressa muito bela e simbolicamente a “explicação eventual” do ser e do devir desse ente conflituoso e cheio de oscilações, que parece carregar consigo e em si todas as dores, indagações, céus e infernos do mundo.
E não se esqueça:
Poetize!

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