Nossos antepassados criaram lendas e cultuaram seres míticos. Eles dedicavam suas primeiras colheitas, seus melhores animais e até sacrificavam outros seres humanos em busca de paz e prosperidade para seu lar ou país. Com o tempo e o surgimento do cristianismo esses deuses foram considerados pagãos e seus seguidores foram perseguidos, torturados e muitos mortos. Mas, mesmo que não houvesse mais cultos qual fora o fim dos deuses antigos? É assim em Deuses Americanos escrito por Neil Gaiman e lançado no Brasil pela editora Conrad.
Ouça o CabulosoCast sobre Neil Gaiman
Muito mais do que um livro sobre deuses guerreando, Deuses Americanos mostra a versatilidade de Neil Gaiman. O
roteirista não deixa a desejar quando escreve em prosa. O texto é fluído e limpo com descrições na medida ser. Gosto de falar das descrições, pois para mim são uma das características do escritor inglês. O jeito com o qual ele leva o texto descritivo sempre me deixou com uma enorme ponta de inveja, já redigi alguns textos e considero a descrição uma das partes mais maçantes; que nunca me satisfazia não importa o quão eu tentasse. No entanto, Gaiman sabe aplicar simplicidade e precisão ao fazê-lo. Os personagens: sua aparência, suas vestes e seus trejeitos são passados de forma tão caricata que é impossível não conseguir visualizá-los e aceitá-los como são. Vejo nisso um grande poder, pois ele sabe o quanto a história é relevante, mas sem aqueles personagens de nada ela (a história) será útil.
Neil Gaiman traz para o livro uma das fórmulas que fizeram o sucesso de Sandman: a recriação. Sim, Gaiman consegue utilizar histórias e lendas que todos já conhecemos e lhe dar aquele toque de novo. Não sei traduzir isso em palavras com perfeição, no entanto percebo ao ler Deuses Americanos que sua história é simples, repleta de clichês, vejamos, por exemplo, o pai de Shadow, Odin, Joseph Campell disse que o pai é o vilão perfeito e ele usa isso para compor a trama: o tempo todo nós desacreditamos no deus nórdico, contudo existe algo de novo ai, mesmo que não saibamos precisar exatamente.
Uma jogada de marketing fantástica foi utilizada na capa deste livro. O nome de Neil Gaiman chama mais atenção do que o título do livro indicando que a editora Conrad esperava e apostava nos leitores de Sandman para alavancar as vendas.
Recomendo o livro por vários dos motivos ditos e pelo prazer de ver Neil Gaiman despejando sobre 444 páginas sua imaginação e seu talento.
Soube que é um livro não mais presente nas livrarias, mas os sebos existem, logo vão procurar este livro, vale a pena lê-lo antes de 2012.
Editora: Conrad; Edição: 3ª (4 de abril de 2011)
Idioma: Português
ISBN-13: 978-8576164593
Peso do produto: 640 g
COMPRE: Submarino
Sinopse
E se os deuses antigos ainda existissem? E se estivessem entre nós? Ainda procurando adoradores, ainda procurando sacrifícios para se manterem vivos? Para aqueles que acham que falarei de Percy Jackson existe um engano. O livro escrito pelo roteirista de uma das graphic novels mais cultuadas de todos os tempos cria uma ambientação sombria e fantasiosa sobre os deuses antigos. Neil Gaiman propõe que se pense num mundo onde tudo que é adorado e cultuado se tornar um deus. E existem novos deuses como a televisão, o computador, o celular…; e estes seres desejam destruir seus “concorrentes”: os deuses do mundo antigo. É nesse ínterim que conhecemos o ex-presidiário Shadow que está prestes a sair da cadeia para reencontrar sua esposa. Ele não é o que se poderia chamar de “bad guy”. O motivo de seu encarceramento deve-se a participação num carregamento de heroína. A transação falhou e Shadow foi preso, ele nunca dedurou seu melhor amigo.
No dia de sua soltura, ele imagina como será ter sua vida de volta. Reencontrar a esposa, poder trabalhar, simplesmente viver. Contudo Shadow não nasceu para a simplicidade… assim que retorna descobre que sua esposa morrera em uma acidente de carro enquanto fazia um boquete no seu melhor amigo, o mesmo que o havia posto na prisão e que um homem misterioso deseja contratar os seus serviços como guarda-costas, o homem dizer ser Odin, e pai de Shadow.