ENTREVISTA COM O FÃ – COM ALFER MEDEIROS

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Quem é Alfer Medeiros?

Alexandre J. F. Medeiros é um profissional de TI e pai de família que, quando toma a pílula do Vira-Lata misturada com a poção do Dr. Jeckyl, transforma-se em Alfer Medeiros, fiel escudeiro da literatura fantástica. Já se aventurou pelas letras nos projetos UFO – Contos Não-Identificados, Fúria Lupina Brasil, Asgard – A Saga dos Nove Reinos, Cursed City e Livraria Limítrofe.

Olá, Alfer! Tudo bem? Espero que você se sinta à vontade durante a entrevista, vamos às perguntas sobre o seu amor de leitor por Robert Louis Stevenson.

 1 – Como você conheceu o autor?

R: Acredito que o meu primeiro contato com Stevenson tenha sido parecido com o da maioria das pessoas: através das inúmeras releituras dos clássicos A Ilha do Tesouro e O Médico e O Monstro, mesmo sem ter conhecimento do autor em si. É interessante como algumas obras se tornam tão universais que seus criadores passam a ficar em segundo plano. E com Robert Louis Stevenson isso é uma constante!

 

2 – Qual livro dele você mais gosta e qual não lhe agradou?

R: A Ilha do Tesouro é uma obra marcante para mim, desde o momento em que o conheci na infância, através de um livro infantil ilustrado. A partir daí, várias versões dessa obra-prima da pirataria tradicional passaram pelas minhas mãos, desde as adaptações em quadrinhos como as da coleção Classics Illustrated e do álbum maravilhoso adaptado por Hugo Pratt, passando por popups e livros ilustrados de vários níveis de qualidade, até chegar finalmente (quase por último) ao texto original, em um inesquecível livro de capa dura do Círculo do Livro. Poucos sabem, mas foi neste trabalho que surgiu pela primeira vez a figura do pirata com perna de pau e o mapa com o “X” da localização do tesouro enterrado.

Não há um trabalho do autor que tenha me desagradado de fato, posso apenas citar um que li e achei “menos genial” que os outros. Trata-se do conto O Demônio da Garrafa, uma espécie de releitura do gênio da lâmpada. Vale destacar novamente: não é ruim, achei até legal, mas não me impressionou como Markheim ou O Clube do Suicídio, por exemplo.

 

3 – Das adaptações para o cinema, qual você mais gostou?

R: Já vi diversas adaptações de O Médico e O Monstro e A Ilha do Tesouro, e nenhuma me agradou. Só serviram para alimentar a velha máxima “o livro é sempre melhor que o filme”. No cinema se perde um dos grandes trunfos de Stevenson: a narrativa.

 

4 – Você possui algum relato curioso que queira compartilhar conosco e envolva algum dos livros de Robert Louis Stevenson?

R: Por causa dele, perdi uma aposta no colégio. Eu não acreditava que existia um livro de Robert Louis Stevenson chamado O Clube do Suicídio, como um colega afirmava, e apostamos um lanche da cantina. Tive de pagar, lógico, depois dele praticamente esfregar uma edição da Rocco (me lembro da capa até hoje!) na minha cara. Nesse dia aprendi que a falta de conhecimento pode trazer prejuízos financeiros a um indivíduo…

 

5 – O que lhe interessou no modo de escrever dele?

R: Stevenson é um autor muito hábil no quesito ponto de vista. Também é excepcional seu estilo de narrativa, a leitura flui com clareza e facilidade. Isso tudo, aliado a tramas criativas, forma um conjunto irresistível.

 

6 – Como este autor lhe influenciou? Seja na escrita ou como leitor.

R: Ele faz parte de um grupo de autores (também composto por Poe, Lovecraft, Verne, Gaiman, entre outros) que servem como uma lembrança de que literatura não é brincadeira, que para se fazer algo consistente é necessário muito talento e habilidade. Não chego nem perto da genialidade de tais escritores, mas os tenho sempre como parâmetros de boa literatura.

 

7 – Se o escritor fosse vivo, o que acha que ele diria sobre a nossa sociedade?

R: Com certeza afirmaria que, em um mundo comandado por homens como Long John Silver, há mais do senhor Hyde do que do doutor Jekyll a predominar na sociedade.

 

8 – Que presente você daria para ele?

R: Se eu pudesse, lhe daria mais alguns anos de vida. Ele foi, como muitos outros, um gênio que partiu mais cedo do que deveria. Imagino quantas obras-primas a mais o mundo da literatura teria se, em vez de morrer aos quarenta e poucos anos – como de fato aconteceu – Stevenson tivesse mais algumas décadas de vida. Infelizmente, isso está além das minhas possibilidades.

 

9 – A figura de Dr. Jekyll e Mr. Hyde muito se assemelha à ideia do Lobisomem, um homem com duas formas, literalmente. Como você percebe estas duas ideias? Para você, o que elas simbolizam?

R: A dualidade humana sempre é um assunto que rende muitas discussões. Jekyll/Hyde, homem/lobo, Bem/Mal sempre despertam identificação imediata no leitor, seja sobre si mesmo, seja sobre pessoas de seu convívio. Talvez por isso O Médico e o Monstro seja uma obra tão universal, e eu, como fã de lobisomens, um apreciador dessa história.

 

Agradeço em nome da equipe do Leitor Cabuloso pela entrevista cedida! Abraços e desejamos muito sucesso em seus empreendimentos literários!

Sou grato pela confiança do Leitor Cabuloso em minha pessoa! Não é fácil emitir opiniões sobre um gênio da escrita, eu sempre me sinto indigno de tal incumbência.