Saudações, caros leitores! Hoje é o dia mundial do escritor e o Leitor Cabuloso não poderia deixar passar em branco esta data tão especial, afinal, sem os autores, não existiriam os livros. Isso é até óbvio demais para mencionar, mas tudo bem.
Todos os membros do Leitor Cabuloso desejam aos escritores muito sucesso! Vocês fazem parte do grande time pela conservação da magia do mundo por meio das letras! Como singela homenagem, deixo um poema de um escritor que admiro…Carlos Drummond de Andrade.
Poema-orelha
Esta é a orelha do livro
por onde o poeta escuta
se delem falam mal
ou se o amam.
Uma orelha ou uma boca
sequiosa de palavras?
São oito livros velhos
e mais um livro novo
de um poeta ainda mais velho
que a vida viveu
e contudo provoca
a viver sempre e nunca.
Oito livros que o tempo
empurrou para longe
de mim
mais um livro sem tempo
em que o poeta se contempla
e se diz boa-tarde
(ensaio de bom-noite,
variante de bom-dia,
que tudo é o vasto dia
em seus compartimentos
nem sempre respiráveis
e todos habitados
enfim.)
Não me leias se buscas
flamante novidade
ou sopro de Camões.
Aquilo que revelo
e o mais que segue oculto
em vítreos alçapões
são notícias humanas,
simples estar-no-mundo,
e brincos de palavra,
um não-estar-estando,
mas que tal jeito urdidos
o jogo e a confissão
que nem ditongo eu mesmo
o vivido e o inventado.
Tudo vivido? Nada.
Nada vivido? Tudo.
A orelha pouco explica
de cuidados terrenos;
e a poesia mais rica
é um sinal de menos.
Que muitos livros ainda possam nascer por meio de mentes aguçadas e em constante treinamento. Abraços a todos!