RESENHA: “P.S. EU TE AMO” DA CECELIA AHERN

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Capa
Capa
Autora: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Origem: Irlandesa
Ano: 2012
Edição: 1
Número de páginas: 368
Sinopse: Gerry e Holly eram namorados de infância e ficariam juntos para sempre, até que o inimaginável acontece e Gerry morre, deixando-a devastada. Conforme seu aniversário de 30 anos se aproxima, Holly descobre um pacote de cartas nas quais Gerry, gentilmente, a guia em sua nova vida sem ele. Com ajuda de seus amigos e de sua família barulhenta e carinhosa, Holly consegue rir, chorar, cantar, dançar e ser mais corajosa do que nunca.
Skoob
Book Trailer:

Análise:

“Vivemos coisas lindas juntos e você fez a minha vida…você fez a minha vida. Não tenho arrependimentos. Mas sou apenas um capítulo de sua vida, muitos outros virão. Guarde nossas lindas lembranças, mas, por favor, não tenha medo de criar outras.”

—Pág. 29.

Saudações, caros leitores! Histórias românticas sempre fizeram muito sucesso ao longo da história da humanidade, sejam cantadas, declamadas, escritas ou desenhadas. Os seus formatos vão desde o envolvimento com final trágico até o enlace com erotismo pungente, algo que está em muita evidência graças a alguns best-sellers, mas que não se trata de um fenômeno atual, basta pesquisar sobre pessoas como o Marquês de Sade. O livro em questão é de ternura encantadora, sou um pouco suspeito para comentar, pois sou um romântico assumido e aprecio manifestações de carinho sincero, mas vamos ver se consigo concluir a resenha sem dar muitos suspiros.

A capa tem um designer simples, mas é justamente por essa característica, harmoniosa com o enredo, que fiquei tão encantado. O quadro da relação de Gerry e Holly é tão belo e envolve mais ainda em um tempo onde vemos, perto de nós mesmos, raros relacionamentos conseguirem atingir tamanha completude, não uso a palavra harmonia porque mais a frente isto será elucidado. A singeleza na capa é compensada pela delicadeza do gesto que retrata (Gerry dando um beijo na bochecha de Holly, enquanto ela dá um sorriso que nos irradia uma sensação de plena felicidade). Acho difícil qualquer ser humano minimamente sensível não se comover, seja qual for o seu grau de abertura às “questões do coração”.

Cito a questão da capa, pois percebo como algumas editoras estão investindo cada vez mais em ilustrações elaboradas. Saliento que não acho capas mais complexas algo ruim, mas é um tipo de experiência visual completamente distinta. Um livro é um relacionamento de múltiplos sentidos: tato, faro, visão, audição (passar das páginas) e, como já foi feito um livro comestível, que pode até mesmo passar pelo paladar, portanto a avaliação engloba também os olhos e não só a mente. No quesito visual, diagramação, revisão e escolha do papel, dotado de um tom leve de amarelo que é agradável à visão, o livro ganha a minha completa aprovação, porém aconteceu algo que me deixou com um pé atrás quanto à tradução. Foi o seguinte: existiu uma piada que, para quem não conhece gírias da língua inglesa, vai passar em branco. Tudo bem, sei que há peculiaridades de alguns idiomas que é difícil de encontrar equivalentes para a nossa, contudo acho que isso levanta outra pergunta: Quanta informação não foi perdida devido à tradução? Não tenho como avaliar a qualidade dela, pois não li o texto original, mas um erro simples faz pensar se algum erro mais grave não passou para a versão final da obra.

O livro é dividido entre o passado e o presente de Holly, isso nos faz enxergar um forte contraste na constituição de sua personalidade. A convivência de Holly com Gerry tinha um sentido muito bem definido, mas e após a sua “partida”? A vida perdeu o sentido? Isso é o que Holly, ao nosso lado, indaga-se. Os bilhetes que Gerry deixou nos trazem uma compreensão mais sublime do amor, não soam como ordens ou guias para superar o luto e dizer que a vida é mil maravilhas, mas observações de uma pessoa com alto poder de empatia. O fato de serem observações e não palavras imperativas nos fazem saborear uma sensação de livre reflexão e, com certeza, todos os leitores sairão transformados da última página da obra.

Achei muito bom também o fato da autora não se preocupar em retratar relações interpessoais perfeitas, mas criar personagens humanos, tão verídicos que de vez em quando paramos e pensamos: eu já fiz isso, eu já pensei isso, eu já senti isso. Até mesmo na família de Holly não há aquele padrão enfeitado do “American Way of Life” que costuma ser tão ofensivo a ponto de se infiltrar em outras nações. Todavia, mesmo em meio ao cenário de pessoas tão distintas, há união, o que nos faz perceber que o que vale na vida não é termos um estado perfeito (plenitude interior e exterior), mas sabermos lidar com o que nos é apresentado e extrair o máximo de aprendizado daquilo sem jamais relegar aqueles com quem compartilhamos o caminho. O humor também é de qualidade e transforma alguns espinhos nos quais já podemos ter pisado em penas macias, essa qualidade faz os pensamentos nascerem naturalmente e o leitor passar as páginas sem perceber. Lágrimas, sorrisos, tudo isto podemos encontrar em “P.S. Eu te amo”, assim é a vida. A lição maior que podemos tirar é que as coisas chegam e vão, mas sempre podemos viver ainda mais coisas boas, e que outras coisas que vivemos deixam uma marca eterna que nos faz pessoas melhores, capazes de amar mais a vida a cada dia. Indico o livro e dou cinco selos cabulosos! A obra é suave, como uma uma brisa em um dia quente, mas suscita um diálogo importante e fundamental, visto que somos criaturas emocionais dotadas de razão.

NOTA:

Novo Conceito