ENTREVISTA: EDILTON REINALDO

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http://www.stephenking.com.br/

Saudações, leitores! Continuando com a  homenagem ao grande escritor Stephen King, trago uma entrevista com Edilton Reinaldo, o criador do site Stephen King Brasil.

http://www.stephenking.com.br/

Olá, Edi, quase meu xará, tudo beleza? Vou tentar manter o tom da conversa o mais informal possível, pois acho que amigos tem o direito de dispensar formalidades excessivas, correto? Vou partir logo para as perguntas, pois sei que além de ter de manter o site você é uma pessoa ocupada com a faculdade e o trabalho. Podemos começar?

Eu? Ocupado? Imagina… Vou pra universidade das 06:40 até 11:40, chegando em casa almoço e saio 11:50 (sim, não sou ou Flash mas consigo fazer o milagre de almoçar em 10 minutos rs) e vou direto para o trabalho, de onde só saio lá pelas 7. Mas apesar disso ainda tenho tempo de ir para a academia (até as 9) e ainda dá tempo de estagiar e cuidar do site… Ufa… rsrs.

1 – Como surgiu o seu amor pelas histórias de Stephen King?

Em meados de 95/96 (putz… 16 anos? Já tem tudo isso? rsrs) eu lembro que assisti uma minissérie chamada “uma fenda no tempo” (baseada no conto “Os Langoriers” do livro “Depois da Meia Noite”). Foi algo como “amor à primeira assistida” rs. Gostei bastante da história, apesar dos efeitos especiais não terem se mostrado tão agradáveis, até mesmo para a época em que foi lançado. Desde então passei a prestar mais atenção e via sempre em produções que gostava o nome “Stephen King”. Fiquei curioso e fui atrás do “Tal Stephen” e resolvi pesquisar (na época a internet praticamente não existia, então pesquisar algo era muito mais complicado do que só digitar um nomezinho num campo de busca) e acabei encontrando alguns livros atribuídos a ele em um sebo na rua 4 (uma rua famosa por ser “o lar dos sebos” aqui em Goiânia). Como todos tinham uma temática parecida, sempre abordando o sobrenatural e o terror, acabei gostando. Lembro que o primeiro livro que li foi “Carrie” e achei uma droga (até hoje ainda não figura na minha lista de preferidos), mas resolvi insistir e acabei me viciando.

2 – Quando foi que a ideia de criar o site surgiu e qual a importância dele para você? Como você se sente com o feedback dos leitores?

Em geral eu leio de tudo um pouco, e procuro variar, sem me prender a um único autor. Mas como para toda regra há exceção, existem basicamente dois autores que eu acompanho fielmente e King é um deles (o outro é o fantástico Gabriel García Márquez). Como aqui em Goiânia a lista de leitores dele ainda é bem modesta (por incrível que pareça, todos os amigos que fiz que também gostam dos escritos dele são virtuais) eu queria, de alguma forma, compartilhar um pouco mais a minha concepção sobre as obras dele com outras pessoas. A ideia de construir o site já era antiga e partiu do ponto onde eu me senti seguro o suficiente para saber que teria algo útil para disponibilizar para os outros leitores. Não seria justo se eu tivesse feito um site sobre Harry Potter, por exemplo, porque apesar de gostar bastante da série eu não me sentia tão profundamente ligado ao trabalho da J.K Rowling a ponto de me sentir a vontade falando sobre os livros dela com os outros fãs. Na verdade o stephenking.com.br surgiu com o seu embrião, o projeto19.com, que era um site com um conteúdo bastante abrangente sobre a série “A Torre Negra” (aguardem pois estou trabalhando na volta dele ainda este ano rs). Quando surgiu a oportunidade de adquirir os direitos sobre o domínio stephenking.com.br eu acabei levando adiante a ideia e aceitando o desafio de fazer o site.

3 – Qual livro de Stephen King você mais gostou? Qual o motivo?

Caramba… Essa é difícil heim!? Alguns fãs mais ardorosos vão querer me xingar, mas o meu livro favorito não é “A Coisa” e nem “A Dança da Morte“. Creio que o que mais gostei foi “Angústia“. É um livro que apesar de possuir basicamente dois personagens e apesar da história se passar quase toda dentro de um quarto, você simplesmente não consegue desgrudar os olhos dele. Diferente de alguns dos seus trabalhos mais complexos, nesse livro a escrita dele flui de maneira mais constante, sem muita enrolação desnecessária. Além disso, Anne Wilkes é uma das melhores vilões criadas por King. Ela não tem motivação (ou se tem, são tão fúteis que podem ser consideradas mais como uma desculpa esfarrapada do que uma motivação, no sentido literal da palavra). Ela age da forma que age porque é naturalmente má e ponto.

Também gosto muito dos livros que não são considerados de terror ou suspense. “Quatro estações” é o meu favorito (Rita Hayworth e a Redenção de Shawshank e O Corpo são duas das melhores histórias que ele escreveu), seguido bem de perto por “À Espera de um Milagre“. Dos Bachmans o que mais gostei foi o ainda inédito (pelo menos por aqui) “Blaze”, além de “A Maldição do Cigano“.

4 – Sabemos que ele não é escritor de um único gênero, o que você acha desse jeito dele?

Como escritor King é a versatilidade em pessoa. Não apenas no que diz respeito aos gêneros, mas também às diversas mídias com as quais ele já trabalhou (roteiros para cinema, hq,  seriados, peças de teatro, ensaios, críticas e etc…) e, particularmente falando, creio que ele consegue lidar muito bem com as palavras, independentemente do gênero ou da mídia com a qual ele se proponha a trabalhar. Acredito ainda que ele faz o que faz por amor (convenhamos… Com os milhões que ele já ganhou, se quisesse ele nunca mais teria escrito nada desde os primeiros sucessos comerciais dele). Em 1999 ele foi atropelado e quase morreu. Chegou-se até a cogitar a sua aposentadoria (reza a lenda que ele tinha desenvolvido uma doença que o estava deixando cego na época, mas não creio que a informação seja verídica). Felizmente isso não ocorreu, porque o velho King simplesmente não consegue parar de escrever. Não tem como não respeitar alguém que deixa tão claro a paixão por aquilo que faz. Creio que todo leitor constante também tem essa sensação.

5 – Algo que percebo entre os fãs de Stephen King é que a maioria deles são pessoas também envolvidas com produções literárias (poesias, contos etc), o que você acha disso? Como Stephen King influenciou em sua vida? (sei que você escreve também)

Acho que todo aspirante a escritor (e eu me incluo nessa lista) sempre sonha em ter uma carreira que se assemelhe pelo menos um pouquinho àquilo que King conseguiu conquistar. Seu nome já virou sinônimo de sucesso e absolutamente qualquer projeto do qual ele faça parte provavelmente venderá o suficiente para se tornar um best seller, seja pela qualidade dos seus escritos ou mesmo pelo nome (que meio que se transformou em uma “grife” quando o assunto é terror/suspense). Isso incentiva, ainda que de maneira inconsciente, a veia literária que existe dentro dos seus leitores. Temos ainda o agravante de que o gênero mais abordado por ele é, (apesar de marginalizado pela crítica) algo bastante acessível, que dialoga de maneira direta e eficaz com seus leitores, principalmente os mais jovens. Creio que isso incentiva e inspira mais os candidatos a futuros escritores, do mesmo modo como nomes de peso como H.P. Lovecraft e Richard Matheson também incentivaram King em sua juventude.

6 – Com qual personagem de Stephen King você mais se identifica? Por que?

Acho que em muitos aspectos eu sou bem parecido com o Eddie Dean, da Torre Negra. Um cara repleto de problemas (não que os meus sejam, nem de perto, semelhantes aos dele, é claro), mas que no final da contas consegue superá-los com muito bom humor e paciência. Um ser humano falho, que perde as estribeiras de vez em quando (principalmente quando se depara com algum tipo de injustiça) e que procura, na medida do possível, ser uma pessoa bacana e respeitar o próximo, ainda que eu não concorde com as suas opiniões.

7 – Se você pudesse conversar com Stephen King agora o que diria para ele?

Se conseguisse falar alguma coisa e não ficasse feito bobo olhando pra ele, com um livro na mão esperando para ser autografado, com certeza agradeceria por todas as oportunidades que ele me deu de me aventurar em seu mundo particular com seus personagens tão cativantes e suas histórias fantásticas. Desejaria muito mais sucesso, tanto profissional quanto pessoal, e diria mais uma vez: obrigado! obrigado e obrigado!

8 – Sabemos que hoje é o aniversário de nosso amado escritor, logo o que você daria de presente a ele?

Pergunta difícil essa heim!? O que dar de presente para alguém que provavelmente já tem tudo que gostaria de ter? Mas, caso pudesse, eu provavelmente bolaria algum jeito de homenageá-lo com um “presente coletivo” dos fãs brasileiros ou algo do gênero. Sempre bati na tecla que o stephenking.com.br foi, é e sempre será (ao menos no que depender de mim) um site feito de fãs para fãs, então creio que se eu tivesse a oportunidade de compartilhar a chance de presenteá-lo, com o máximo possível de fãs, eu provavelmente o faria.

9 – Por último quero saber se você tem algum caso curioso, engraçado, assustador, envolvido Stephen King em sua vida. Vale qualquer coisa envolvendo um livro, algo mencionado pelo próprio King etc.

Alguns anos atrás, quando eu ainda ia de ônibus para o trabalho, eu tinha o costume de passar o percurso lendo (demorava cerca de 1 hora e meia para chegar). Certa vez, quando eu estava lendo “A Dança da Morte” uma senhora (creio eu que ela era um pouco extremista com essa coisa de religião) viu a capa e o título e começou a se benzer. Daí eu fui explicar pra ela sobre o que se tratava o livro e, quando eu pensei que ela ia finalmente se acalmar ela fez o sinal da cruz com um “creio em nosso senhor…” e saiu de perto de mim. Desisti de tentar explicar e continuei lendo o livro, cruzando de vez em quando com o olhar desconfiado dela. Fiquei pensando em comentar sobre como King abordou a religião no seu primeiro livro e que tinha até um personagem igualzinho a ela (Margareth Withe) rs.

Obrigado por ceder esta entrevista, caro amigo! Que possamos ainda ler muitoooooos livros do King e reler vários outros! Abraços!

Eu é que agradeço pela oportunidade de falar um pouco mais sobre esse cara que eu tanto admiro Ed. Muito mais sucesso ainda para você e para o Leitor Cabuloso e um grande abraço para todos os leitores do blog.