É interessante como certos adágios parecem ser comprovados com o passar do tempo. Dentre eles está um que ouvi de vários professores que tive no ensino médio e superior: “Reler um livro é sempre uma nova leitura!”. É verdade! E pude comprovar isso com a releitura de Harry Potter e a pedra filosofal. O primeiro livro da saga do bruxinho testa rachada. J. K. Rowling pode ser muito criticada hoje por alguns fãs que consideram seus últimos livros como engodos para encher páginas e mais páginas, pois a ação demora a aparecer. Contudo ninguém poderá negar o pontapé que Harry Potter trouxe para o mercado infanto-juvenil que antes não existiam. Muitos fãs de Crepúsculo e Percy Jackson (livro que estou lendo no momento) devem reverenciar a senhorita Potter por alavancar um mercado até então esquecido e pouco valorizado pelas editoras.
Mas, vamos falar do livro em si. Neste primeiro livro (tenho que confessar um dos melhores, está no meu top 10), Harry é apresentado ao público. O universo dos bruxos é esmiuçado, por isso a autora necessitava explicar TUDO (com capslook) já que ninguém conhecia o mundo de Hogwarts ou os trouxas. Considero A pedra filosofal um excelente livro, por esse motivo. Qualquer parte que a autora tenha perdido explicando algo daquele mundo seria necessário, pois ela estava apresentando o mundo aos leitores!
O personagem Harry é outro ponto forte desse livro. O fato de ser órfão e todas as situações ruins que acontecem com ele durante o livro fazem com que simpatizemos com sua descoberta de ser um bruxo. Quando vai a escola de magia pela primeira vez sentimos aquele medo do desconhecido (quem nunca mudou de escola onde todos se conheciam ou foi a uma festa onde só conhecia o anfitrião, pois Harry só conhecia Hangrid). E a maneira como de repente tudo parecia natural para ele. À medida que vai conhecendo os personagens do livro isso também acontece conosco, já que estamos como, ambos, desconhecidos desbravando um mundo novo. Esse, repito, é o ponto alto do livro. Personagem e leitor dividem a mesma emoção.
J. K. Rowling abusa dos clichês sim! E como não poderia fazê-lo? Observe o eu disse no início, não havia mercado infanto-juvenil da maneira com o vemos hoje. Observe os filmes estilo sessão da tarde e você verá harrys, hermiones e weasleys. Draco lembra muito os filmes dos anos 80 no melhor estilo “odeio você porque odeio”. Mas isso não conta ponto contra. Muito pelo contrário. Lá é perfeito porque ficamos o tempo todo focado nas subtramas que acontecem por detrás do palco, mesmo quando estamos numa partida de quadribol ou durante as aulas sabemos que algo de estanho está acontecendo nos corredores de Hogwarts.
Recomendo a leitura (ou releitura) do primeiro livro como uma obra que marcou o início desse mercado como o vemos hoje. Não podemos esquecer esse mérito. Li até o terceiro livro e pretendo por a série a limpo este ano, mas ao reler Harry Potter e a pedra filosofal constatei a magia existia. E não é isso que um bom livro deve transmitir?
Boa leitura!