[Resenha] O Quebra Nozes – Alexandre Dumas

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Capa do livro. Um fundo preto, em primeiro plano ocupando toda a capa, a ilustração de um boneco soldado quebra-nozes. A ilustração é bem colorida, em roxo, vermelho e bege, composta por circulos, retangulos e triangulos. Saindo por de trás da cabeça do soldado, três ratos roxos de cada lado, com cara de bravos, olhos vermelhos e usando coroas. Quase ao centro, passando pela boca do soldado, o título do livro. No topo, o nome do autor.
Capa do livro. Um fundo preto, em primeiro plano ocupando toda a capa, a ilustração de um boneco soldado quebra-nozes. A ilustração é bem colorida, em roxo, vermelho e bege, composta por circulos, retangulos e triangulos. Saindo por de trás da cabeça do soldado, três ratos roxos de cada lado, com cara de bravos, olhos vermelhos e usando coroas. Quase ao centro, passando pela boca do soldado, o título do livro. No topo, o nome do autor.

Não importa se você não curte a época do Natal ou não acompanha obras com essa temática, de uma coisa eu tenho certeza: o universo se encarregou de colocar alguma referência de O Quebra Nozes na sua vida. Muito provavelmente foram as músicas do ballet. Eu tenho certeza absoluta que você já as escutou.

O Quebra Nozes acabou se tornando uma das obras sinônimo de natal e a editora Zahar trouxe uma edição contendo duas versões da história: a original, escrita pelo alemão E.T.A Hoffmann um famoso contista de sua época, conhecido especialmente pelos contos de terror. A segunda versão é a de Alexandre Dumas, autor de Conde Monte Cristo, Os Três Mosqueteiros e muitas outras histórias.

As duas versões são bastante parecidas, alguns poucos detalhes foram modificados, mas nada que altere o rumo dos acontecimentos. Algumas passagens possuem as mesmas falas, inclusive. O diferencial é a voz que cada autor tem ao narrar essa história.

Véspera de Natal e um Padrinho diferente

Marie e seu irmão Fritz estão na expectativa de ver quais presentes seu padrinho Drosselmeier irá trazer para este natal. Entre os vários brinquedos, a menina se encanta por um feio quebra nozes. Porém, durante a madrugada, Marie percebe que o boneco é algo a mais quando a sala de brinquedos é invadida por um exército de camundongos e o Quebra Nozes passa a lutar contra o Rei Rato de sete cabeças.

Marie testemunha essa batalha épica e acaba se ferindo para proteger o Quebra Nozes. No dia seguinte ela conta o que houve para a a família, mas ninguém acredita nela. A partir de então, a menininha vai viver na tensão de ter uma casa ameaçada por um exército de ratos. Ou será tudo foi só sua imaginação?

E.T.A Hoffmann e o Reino dos Brinquedos

A primeira coisa que tenho que comentar foi meu susto ao ver que Marie tem apenas sete anos nessas versões. Eu sei que é uma história para crianças, mas para quem de alguma forma sabe o desfecho, vai concordar que a idade da nossa protagonista é bastante bizarra.

Passado o susto,, vamos aos comentários sobre a versão original de Hoffmann. Eu gostei muito do tom que ele traz para a história, conversando diretamente com o leitor, sempre se referindo às crianças que provavelmente estão ouvindo aquela narração. Ela é mais curta que a versão de Dumas, mas acredito que traz uns detalhes mais coerentes para o desenrolar da história.

Mesmo sendo mais direta do que a outra versão, Hoffmann se detém mais tempo no Reino dos Brinquedos e essa é a parte que menos gosto, então para mim, ela foi um pouco mais cansativa. Mas isso é algo bem pessoal.

Alexandre Dumas, um mestre da narração

A versão de Dumas é uma versão estendida do conto original. Acredito que esse autor simplesmente não conseguia escrever pouca coisa. O livro começa com ele falando como acabou sendo obrigado a contar essa história durante uma festa e esse prefácio mostra qual será o tom de sua narrativa. O escritor francês dá uma esticada nos acontecimentos, mas a sua prosa tem todo um diferencial. Dumas sabia contar histórias! Ele prende o leitor, insere comentários e ironias e consegue ultrapassar a história de Marie e seu Quebra Nozes.

” – Mas, crianças – gritei com todas as minhas forças – vocês estão me pedindo a  coisa mais difícil desse mundo: um conto de fadas!”

Mas é bom?

Apesar de ter crescido assistindo adaptações dessa história (Barbie e o Quebra Nozes, estou falando de você) e de gostar do ballet de Tchaikovsky, O Quebra Nozes nunca foi uma história que me cativasse ou que eu fosse apaixonada. Falando a verdade, eu só quis ler esse livro, pois desejo ler tudo que tiver sido publicado do Dumas aqui no Brasil.

Sendo assim, eu fiquei positivamente surpresa com o quanto eu fiquei presa pela narrativa de ambos os autores. Mesmo sendo extremamente parecidas, não achei a leitura cansativa ou repetitiva, mesmo lendo as duas versões em sequência.

O Quebra Nozes é uma história sobre um natal idílico, com famílias abastadas e mesas fartas, é uma história para fugir da realidade ou para quem quer evitar reflexões mais profundas e tristes que outras obras que falam sobre essa época do ano trazem. É realmente um conto de fadas que vai te deixar com vontade de comer doces.

Nota

Quatro selos cabulosos. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.
Quatro selos cabulosos. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.

Garanta a sua cópia de “O Quebra Nozes”!

Ficha Técnica

Título: O Quebra Nozes
Autor: Alexandre Dumas / E.T.A Hoffmann
Editora: Zahar
Tradução: André Teles / Luiz S. Krausz
Ano: 2018
Páginas: 344
ISBN: 9788537817988
Sinopse: Inclui as duas versões desse clássico que inspirou o novo filme da Disney

É véspera de Natal. Marie se encanta, dentre todos os presentes, por um quebra-nozes em formato de boneco. Ela comoda o novo amigo no armário de brinquedos – mas, à meia-noite, ouve estranhos ruídos. Aterrorizada, vê seu padrinho, o inventor Drosselmeier, sinistramente acocorado sobre o relógio de parede, e um exército de camundongos invadindo a sala, comandado por um rei de sete cabeças! Contra eles, os brinquedos saem do armário e põem-se em formação. Têm uma grande batalha pela frente, sob as ordens do Quebra-Nozes…

Entre o sonho e a realidade, Marie viverá histórias maravilhosas e estranhas, de reinos, feitiços e delícias. Histórias em que o inusitado padrinho tem um papel especial, e nas quais só pode embarcar quem tem os olhos e o coração preparados. Você tem?

Esta edição inclui as duas variantes da história: a versão original de E.T.A. Hoffmann e a clássica de Alexandre Dumas – que popularizou a história e inspirou o famoso balé de Tchaikovsky –, com tradução de André Telles (do francês) e Luís S. Krausz (do alemão). Traz ainda apresentação da pesquisadora e especialista em contos de fadas Priscila Mana Vaz e mais de 200 ilustrações de época. A versão impressa apresenta capa dura e o acabamento de luxo característico da coleção Clássicos Zahar.