Se você ainda não conhece a série Magnus Chase e os Deuses de Asgard, pode conferir a resenha do primeiro livro A Espada do Verão e do segundo O Martelo de Thor aqui no site.
Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores.
Com a fuga de Loki, o Ragnarok está cada vez mais perto e a última chance de Magnus impedir o fim do mundo, é derrotar o deus da trapaça antes que ele termine de reunir seu exército no navio dos morto. O garoto e seus amigos passam o verão se preparando para a jornada pelo mar, contam até com umas dicas do próprio filho de Poseidon, Percy Jackson, mas é claro que a vida de semideuses nunca acontece da forma planejada.
Qualidade constante do início ao fim
Os Deuses de Asgard se tornou uma das minhas séries favoritas do Rick Riordan (ainda não li As Provações de Apolo) e um dos motivos foi a constante qualidade da trilogia. Com isso, deixo claro que esse livro manteve o mesmo nível dos anteriores. Na verdade, eu gostei até um pouco mais do que do segundo livro.
Em o Martelo de Thor comentei que Magnus cede espaço para que conheçamos mais os personagens secundários, já aqui em o Navio dos Mortos, o filho de Frey retoma seu lugar de protagonista de uma maneira excelente.
O começo do livro mostra o treinamento de Magnus com Percy Jackson e é um momento para deixar claro mais uma vez que Magnus não é um guerreiro. Suas estratégias e ações para vencer os inimigos não costumam envolver uma luta diretamente e eu adoro esse aspecto do personagem. Magnus é engraçado, meio bobão, mas muito leal e se tornou um dos meus favoritos do Riordanverse.
Mas só porque ele voltou a ganhar espaço não significa que o autor abandonou os personagens secundários. Pelo contrário, finalmente temos uma missão com a participação de todos os moradores do andar dezenove de Valhala.
Vamos enfim conhecer o passado de Thomas Jefferson Jr, Malory Keen, Mestiço Gunderson e Alex Fierro. Cada um tem seu momento de brilhar e importância para o final. É através deles que o autor toca em temas como escravidão e preconceito dos mais diferentes tipos.
Outro aspecto debatido mais nessa série do que em outras obras de Riordan é o da religião. Magnus é ateu e deixa isso claro o tempo todo, em contrapartida temos Samirah, uma garota mulçumana muito devota mostrando como sua fé a deixa mais forte. Toda a discussão é feita de maneira respeitosa e mais madura do que eu esperaria para uma obra infanto-juvenil. E isso provavelmente é um defeito meu, o de subestimar esse público.
Pareceu estranho a Oração do Crepúsculo a bordo do navio viking cheio de ateus e pagãos. por outro lado, os ancestrais de samirah enfrentavam vinkis desde a idade média. eu duvidava que que fosse a primeira vez que orações para alá tinham sido ditas em um navio viking. o mundo, os mundos, eram bem mais interessantes por causa da mistura constante.
Voltando para o navio
Uma viagem pelo mar proporciona a chance de conhecermos ainda mais da mitologia nórdica. Como esperado, Magnus e seus amigos partem em pequenas missões em busca de uma solução para deter Loki e assim, encontramos várias entidades dos Nove Mundos: deuses, gigantes dos mais diferentes tipo, dragões amaldiçoados pela cobiça de um anel…
Apesar de ser uma jornada divertida, o maior defeito do livro para mim foi que eu não senti a sensação de urgência de “estamos tentando impedir o fim do mundo”. Era tanta volta para conseguir encontrar os meios necessários para derrotar Loki que deu a impressão de ser só mais um capítulo nessa história, não o desfecho de uma trilogia.
Apesar disso, Magnus Chase é uma série mais voltada para seus personagens do que para os acontecimentos e esse aspecto é muito bem trabalhado. Tenho que mencionar o desenvolvimento do romance entre Magnus e Alex. Tudo na minha vida!
Alex é uma pessoa de gênero fluido (se identifica a maior parte do tempo como uma garota) e já sofreu muito na vida, inclusive foi expulsa de casa. É normal, então, que ela tenha um pé atrás em qualquer relação. Magnus nem percebe a maior parte do tempo o quanto está caído por Alex (um verdadeiro precipício) e é muito fofo ir captando no texto os momentos sutis em que isso é revelado. Eu adorei esse casal e ficaria mais do que feliz em ver mais dos dois juntos.
Mas é bom?
Fico muito feliz em responder que sim! Os deuses de Asgard como um todo é uma história excelente que foge um pouco do estilo heroico do Rick Riordan, mas mantém a fluidez de escrita, as piadinhas e toda a diversão pelas quais o autor é conhecido.
O Navio dos Mortos fecha muito bem essa trilogia e ainda deixa uma vontade de querer continuar nesse universo.
Nota
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Ficha Técnica
Título: O Navio dos Mortos (Magnus Chase e os Deuses de Asgard 03)
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Tradução: Regiane Winarski
Ano: 2017
Páginas: 368
ISBN: 9788551002476
Sinopse: Nos dois primeiros livros da série, Magnus Chase, o herói boa-pinta que é a cara do astro de rock Kurt Cobain, ex-morador de rua e atual guerreiro imortal de Odin, precisou sair em algumas jornadas árduas e desafiar monstros, gigantes e deuses nórdicos para impedir que os nove mundos fossem destruídos no Ragnarök, o fim do mundo viking. Em O navio dos mortos, Loki está livre da sua prisão e preparando Naglfar, o navio dos mortos, para invadir Asgard e lutar ao lado de um exército de gigantes e zumbis na batalha final contra os deuses.
Desta vez, Magnus, Sam, Alex, Blitzen, Hearthstone e seus amigos do Hotel Valhala vão precisar cruzar os oceanos de Midgard, Jötunheim e Niflheim em uma corrida desesperada para alcançar Naglfar antes de o navio zarpar no solstício de verão, enfrentando no caminho deuses do mar raivosos e hipsters, gigantes irritados e dragões malignos cuspidores de fogo. Para derrotar Loki, o grupo precisa recuperar o hidromel de Kvásir, uma bebida mágica que dá a quem bebe o dom da poesia, e vencer o deus em uma competição de insultos. Mas o maior desafio de Magnus será enfrentar as próprias inseguranças: será que ele vai conseguir derrotar o deus da trapaça em seu próprio jogo?