O vilarejo de Keltoi faz parte do grande Império, mas está tão afastado de tudo que as pessoas do lugar conseguem manter uma vida tranquila, lidando com seus próprios problemas. Yosef é o líder da vila e preocupa-se acima de tudo com seu povo e sua família.
Entretanto, depois da última colheita, rumores começam a ser espalhados: o Império vai aderir a uma única religião e todos serão proibidos de cultuar seus antigos deuses.
As mudanças estão chegando, algo que Yusef nunca desejou que acontecesse. O que fazer a partir de agora? Buscar proteção ou lutar contra o império para preservar seus deuses?
Um povo de muitos deuses
A primeira coisa que tenho a dizer sobre Os Cinco do Ciclo é que ele tem um ritmo próprio. Para quem curte e espera histórias frenéticas com acontecimentos bombásticos a cada capítulo, irá se frustrar. Elias Flamel constrói seu mundo aos poucos. Levamos um bom tempo na ambientação do vilarejo, acompanhando não apenas o protagonista como aqueles que o cercam. O primeiro capítulo foi um pouco difícil, pois a linguagem é um tanto formal e demorou um pouquinho para entender quem era quem, mas a partir do segundo já fluiu bem melhor.
Pessoalmente, eu gosto de passar um tempo conhecendo os personagens e seu cotidiano, ainda assim, em alguns momentos ficava me perguntando para onde essa história estava se encaminhando. Pois bem, demora um pouco, mas entendemos.
Esse é um livro que fala sobre mudanças. Yusef é um homem mais velho e que estava plenamente satisfeito com sua vida, porém se sente chamado pelos seus deuses para evitar que eles desapareçam da fé de seu povo.
Esperança! – grito expulsando tudo que há dentro de mim. – eles controlam a esperança! eles decidem qual deus viverá e morrerá!
Yusef não é o tipo de personagem ao qual me apego, pois ele é um patriarca, entrando na velhice, e seus conflitos não são muito apelativos para mim. Porém, esse é um livro rico em personagens secundários e é fácil encontrar outros mais cativantes.
Adorei a família do líder. Sua esposa, Morgiana, vai crescendo aos poucos, mas é a voz da razão quando o caos se instala; seus dois filhos mais velhos são quase que opostos um do outro: Yohan é um dos alívios cômicos, sempre divertido e zombeteiro, enquanto Hitalo, o mais velho, está pronto para agir, mesmo que vá contra os desejos de seu pai.
A dinâmica entre os habitantes de Keltoi é muito gostosa de acompanhar e o tempo que levamos vendo o dia a dia desse povo, ajuda a criarmos uma ligação com ele. Mas além do vilarejo, o autor ampliou seu universo, não apenas com mais personagens, mas com a expansão de mundo.
Um mundo novo, mas ao mesmo tempo familiar
Elias Flamel revisita a história de Roma, mas trazendo mudanças para criar um mundo diferente, porém com elementos que nos são familiares. Eu adorei a passagem que conta a história da criação do império, foi provavelmente meu momento preferido.
O autor nos transporta para outras cidades e conhecemos a vida de novos personagens que cruzam seu caminho com Yusef e, muitas vezes, já tiveram a vida entrelaçada com a dele. Apesar de ter gostado desses novos rostos e histórias, em muito momentos caímos novamente no passo mais lento e nos acontecimentos mais extensos do que o necessário. Um editor que ajudasse a tornar a história mais dinâmica teria auxiliado bastante esse livro a alcançar uma qualidade ainda maior.
Mas Os Cinco do Ciclo é bom?
É bom sim! Como já dito, seu ritmo é um tanto lento e sei que isso pode desagradar algumas pessoas, mas se você gosta de uma boa construção de mundo e personagens, vale a pena conferir essa história, especialmente se você curte fantasia com cara de romance histórico.
Lembrado que o e-book está disponível pelo serviço do Kindle Unlimeted.
Nota
Garanta a sua cópia de “Os Cinco do Ciclo”!
Ficha Técnica
Título: Os Cinco do Ciclo (Os Cinco do Ciclo 01)
Autora: Elias Flamel
Editora: Independente
Ano: 2017
Páginas: 314
ISBN: B075GZJBLR
Sinopse: Yosef de Keltoi. Ganhou na infância, por uma das mães, um tesouro de muitas páginas. Cresceu com pouco, encontrou o amor e ao lado da mulher amada teve que instigar uma revolução entre trabalhadores do campo. Mas a vitória não foi perfeita porque falhou contra os deuses que tanto venera. Desta maneira o líder de uma vila pequena, quase oculta entre os quatro cantos do mundo, vive o começo da velhice.
É servo de um império que pintou de rubro nações que ousaram ser grandes. Sempre preocupado com o povo e com a família. Qual vem primeiro? É uma pergunta que necessita de tempo e páginas para ser respondida. Hitalo, o mais velho dos filhos, exige mais firmeza com os homens do campo. No auge da juventude, o divertido e criativo Yohan deseja provar para o pai que é um homem feito. Morgiana, companheira de luta, enxerga muito além do que os olhos podem ver e deseja alertar o amado Yosef a respeito de algo impossível de fugir.
Yosef parte para Numitor, a viagem tem como destino a capital de todo o império, lar dos homens de togas brancas que praticam um culto conhecido pelas eras e com legiões à disposição. Era para ser somente mais uma viagem dos tributos, entretanto, o homem comum ouve boatos que colocam em risco o lar, a cultura e as suas crenças. Uma ajuda é mais que necessária, mas aqueles que são os mais poderosos e dotados de uma sabedoria milenar começam a pedir socorro. Só Yosef, o líder, pode salvar o que tanto ama.
Ao tentar, é exposto o passado manchado, reencontra velhas amizades e conhece desejos guardados dentro do peito de um dos filhos. A vontade de ter o que tanto deseja fará Yosef embrenhar-se pelas ruas do império. Será preciso conviver com ladrões, fardados de rubro, uma sociedade obcecada pela prata e o ouro e terá de lutar até mesmo contra a fúria da natureza.