Sempre quando há um lançamento de algum filme de Roman Polanski vemos suscitar diversas discussões. Até onde vai a possível separação entre obra e autor? Falar sobre Polanski é falar sobre cancelamento? Recentemente revi o seu emblemático filme “O Bebê de Rosemary”, que é uma adaptação do livro homônimo de Ira Levin e fiquei pensando um pouco no filme e na figura do diretor.
O acontecimento e o debate sobre cancelamento
Para quem não conhece a história de Roman Polanski ou não está familiarizado um pequeno resumo: Polanski tem uma condenação de estupro de uma criança de 13 anos. Ele foi condenado e pouco antes que sua pena fosse realmente efetivada ele foge para Paris.
Não há dúvidas no caso de Polanski. Ele abusou e foi condenado por isso. Pensando nisso, ele se encaixaria no que hoje chamamos de “cancelamento”? Visto que muitas pessoas buscam sempre discutir esse crime que ele cometeu quando o assunto são suas novas obras? Primeiro que tenho um certo pé atrás com o termo, por não entendê-lo muito bem e por isso não acreditar na sua efetividade. Polanski é condenado por um crime, mas ainda assim continua fazendo os seus filmes e sendo aplaudido por inúmeras pessoas. Continua ganhando prêmios pelos seus trabalhos. Isso é cancelamento? Qual a efetividade disso?
Podemos citar outros casos de artistas que são “canceladas” por posições e opiniões controvérsias e mesmo assim continuam ganhando muito dinheiro e popularidade. Um caso bem recente é o da escritora J. K. Rowling, que usa suas redes sociais para emitir suas opiniões que ou são ou beiram a transfobia. Mesmo assim, tanto os seus novos livros quanto os antigos continuam um sucesso de venda. O que é esse cancelamento?
Pessoalmente defendo que não haja o esquecimento, lembremos sempre dos acontecimentos e das causas daqueles autores serem criticados, tal qual eu fiz nessa coluna, comecei lembrando das acusação e condenação de Roman Polanski antes de iniciar a falar sobre seu filme. Se não podemos esquecer os clássicos do cinema como “O Bebê de Rosemary”, “Repulsa ao Sexo”, “Chinatown”, também não podemos esquecer o gravíssimo crime cometido por Polanski.
Uma noite abusiva
Se “O Bebê de Rosemary” é um filme inesquecível, vamos para uma pequena sinopse dele: um casal se muda para um apartamento que fica ao lado de uma casa com um casal de idosos. Em uma noite do casal Rosemary dorme e quando acorda fica sabendo pelo seu marido que ele teve relações sexuais com ela, enquanto ela dormia. Sim, ele a estuprou enquanto dormia. Ela ficou grávida e descobre mais pra frente na história que esse abuso foi feito em um ritual e que agora ela carrega uma criatura em seu ventre.
Todo o filme é desenrolado na investigação de Rosemary sobre o que aconteceu com ela e o que ela carrega dentro de si mesma. Ela cai em uma teia conspiratória de deixar qualquer pessoa aterrorizada e angustiada. Se um filme de horror tem que te proporcionar repulsa e desespero, “O Bebe de Rosemary” acerta em cheio.
Sem spoiler, mas, a cena final após o nascimento onde, somente veremos os olhos daquela criança é uma das maiores cenas de horror e do cinema. A sugestão através do olhos daquela criatura/criança é aterrorizante e inesquecível, impossível não ficar na memória de todas as pessoas que assistiram ao filme.
As obras realizadas por Roman Polanski são marcos de uma época e de um cinema, seus filmes raramente são ruins e sempre trazem elementos importantes para a história e a linguagem do cinema. Mas nunca podemos esquecer quem foi o diretor e o crime que ele cometeu e que é o motivo dele não filmar mais em território estadunidense.

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