Em Um Noel Para Mim, Lito Garcia e Alan Silva precisam de 19 páginas para mostrar um relacionamento que ultrapassa as camadas da ficção. A obra transmite algo próximo de uma lembrança. Há um recurso utilizado no coração do texto, e não na estrutura, que causa apego ao leitor. Antes de revelá-lo faço uma pergunta:
Você sabe qual a diferença entre querer e precisar?
Às vezes precisamos colocar os sentimentos para fora. Não há data e nem horário, muito menos uma forma ideal. Um post, uma música… um grito longo sem moderar a força dos pulmões pode ajudar. O querer é algo diferente. Quando quero mostrar um sentimento, há uma vontade de ser entendido e não só escutado. São nesses momentos que sentamos, ganhamos um dom divino de desdenhar da passagem do tempo e começamos a escrever. Fragmentos de algo imenso que nasce e morre conosco nos proporcionando choro e alegria é detalhado e explicado. Ao terminar olho para o texto, independente se ele está no papel ou em uma tela, e digo “Parece que escrevi uma carta”. Encontrei esta mesma sensação no conto Um Noel Para Mim, mas ela foi escrita pelo Lito Garcia e pelo Alan Silva.
A Carta
O conto é sobre o relacionamento de dois senhores chamado Noel e Pascoal. Do início ao fim a narrativa possui um tom de lembrança. Neste aspecto os autores já mostram habilidade com o narrar, pois além de emocionar a história guarda um mistério. Enquanto imaginava a relação feliz dos dois, tentava adivinhar qual o tom do lembrar. Fiquei me perguntando:
“Ele está lembrando do passado antigo que formou o presente maravilhoso?”
“São memórias recentes e o Pascoal encantado, custa acreditar no que está vivendo?”
“São recordações que só surgem no momento da despedida?”
“É uma saudade de alguém que aprendeu a se conformar com o recordar?”
Quando obtive a resposta, construída com carinho e paciência, a emoção foi enorme.
Uma carta para retratar o mundo
Em alguns momentos os autores fazem pontuações que funcionam como um registro de uma época. Emocionaram como também geraram reflexões porque estavam unidos a análises da sociedade e conjecturas sobre o futuro. O olhar otimista de um personagem que faz parte de um grupo de pessoas alvo de preconceito por simplesmente amar, deu a mim sorrisos e esperança.
Uma carta de amor
Em boa parte da leitura de Um Noel Para Mim esqueci do ficcional e me vi diante de palavras pessoais. Senti que havia aberto um envelope cheio de selos e estava com algumas folhas de caderno nas mãos, preenchidas por uma caligrafia caprichada. Quem escreveu foi um escritor que ama o narrar, porém, ama muito mais as palavras e de como elas ilustram o amor pelo Noel. O interessante é que a escrita não segue o mesmo tom do começo ao fim. Há os detalhes de uma vida a dois, os momentos melosos, as situações difíceis e as alegrias. Tudo demonstrado em um bom conduzir do leitor por uma voz forte, madura e romântica.
Uma carta para ser guardada
Guardar histórias é um hábito que desejo manter a vida toda. Há livros, filmes e quadrinhos que guardo em um local acessível dentro de mim. Faço isso para recorrer a elas quando preciso voltar a rever a beleza da simplicidade; o poder da imaginação; as risadas só geradas pela amizade; a importância do heroísmo e aquecer o melhor dos confortos a qual chamo de amor. Guardarei o conto Um Noel Para Mim do Lito Garcia e do Alan Silva para lembrar como é linda todas as formas de amar e de como o amor não tem idade.
Nota
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Ficha Técnica
Título: Um Noel para mim
Autor: Lito Garcia e Alan Silva
Editora: Amazon
Páginas: 19
Ano: 2020
ISBN: B08R92K4MR
Sinopse: Depois de 25 anos casados, Pascoal tenta proporcionar algo extraordinário ao seu marido Noel, mas acaba descobrindo um segredo que pode acabar com o espirito natalino.