[Resenha] O Castelo de Otranto – Horace Walpole

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Capa do livro. No fundo uma ilustração de um céu noturno, azul escuro, com um enorme lua vermelha ocupando o centro da capa, nas latrerais silhuetas de arvores secas. Em primeiro plano, no topo em vermelho, o texto: Tradução de Oscar Nestarez. No centro, em amarelo, o título do livro ocupando toda a capa. Na base, o nome do autor.
Capa do livro. No fundo uma ilustração de um céu noturno, azul escuro, com um enorme lua vermelha ocupando o centro da capa, nas latrerais silhuetas de arvores secas. Em primeiro plano, no topo em vermelho, o texto: Tradução de Oscar Nestarez. No centro, em amarelo, o título do livro ocupando toda a capa. Na base, o nome do autor.

O príncipe Manfredo está impaciente para o casamento de seu filho com a princesa Isabella. Porém, uma tragédia acontece e o jovem noivo sofre um acidente e morre minutos antes da cerimônia. Vendo esse evento como o começo de uma antiga maldição e temendo pelo fim de sua dinastia, Manfredo toma atitudes e decisões abomináveis para todos que o cercam, ao mesmo tempo em que forças sobrenaturais parecem se agitar no Castelo de Otranto a fim de fazer cumprir o destino da família e do local.

Conhecido como o livro que inaugura o gênero gótico, O Castelo de Otranto tem seu valor histórico ao introduzir elementos que se tornaram intrínsecos às histórias de terror e de mistério, apesar disso, a narrativa e a história não ficam à altura desse marco.

O Sobrenatural e o Humano

Tendo sido escrito em 1767, Horace Walpole procurou inserir em sua história traços das narrativas antigas, trazendo elementos sobrenaturais para a história, porém mesclando com uma trama mais realista. Assim, temos características que se tornariam clássicas nas histórias góticas: um local sombrio carregado de uma história antiga, o vilão que geralmente é o proprietário do local, uma donzela em perigo, o herói que é o legítimo herdeiro, coincidências absurdas e eventos fantásticos que podem ou não ter origem sobrenatural.

Sendo assim, em sua história, o autor nos apresenta Manfredo que está determinado a continuar como o senhor de Otranto, enquanto persegue a princesa Isabella que conta com a sorte e a honra de outras pessoas para escapar do vilão.

O problema desse livro se deu no desenvolvimento da história em si. O primeiro capítulo foi bastante chato justamente porque somos jogados em uma trama em que ninguém é muito bem apresentado em uma situação em que não nos importamos com esses personagens. Com o avanço da história foi que comecei a criar certo interesse, especialmente por Marilda, filha de Manfredo.

Como já dito, essa é uma história cheia de coincidências, então cada novo personagem que aparece trás consigo uma reviravolta (nem sempre com uma explicação condizente, mas ok) e que se relaciona com o castelo e seus habitantes. Só que até nisso fiquei frustrada, pois os personagens mudavam de ideia e atitudes tão rapidamente que o desenvolvimento que fora gasto para construir uma situação, logo era perdido por uma mudança de ideia que parecia surgir do nada, me dando a sensação de que estávamos dando voltas e voltas sem necessidade.

Mas é bom?

Se você, assim como eu, gosta de histórias góticas, thrillers, mistérios e se interessa por conhecer a origem desse tipo de gênero, vale a pena a leitura de O Castelo de Otranto, afinal é um livro curto e apesar de tudo, fiquei levemente interessada e entretida em alguns momentos. Mas não é possível dizer que é um livro realmente bom. Tanto a narrativa quanto a história não funcionam muito bem para o público atual e o que deveria ser uma história de terror ganha um viés cômico por causa dos absurdos.

Nota

Dois selos cabulosos. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.
Dois selos cabulosos. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.

Garanta a sua cópia de “O Castelo de Otranto”!

Ficha Técnica

Título: O Castelo de Otranto
Autor: Horace Walpole
Editora: Nova Alexandria
Ano: 1996
Páginas: 152
iSBN-13: 9788586075117
ISBN-10: 8586075116
Sinopse: Por meios ilícitos, o Príncipe Manfred apropria-se indevidamente de um castelo pertencente a sua família, forçando o casamento com sua nora. Mas uma antiga maldição o impede de ter a posse definitiva da herança e títulos, pois forças sobrenaturais agem contra o Destino.
Em 1753, Horace Walpole havia adquirido uma pequena propriedade perto de Londres que reformou para ser uma espécie de castelo neomedieval ou gótico: Strawberry Hill. Recuperando e parodiando as características “góticas” dos castelos e igrejas medievais.
O Castelo e seu complexo de parques e jardins, constantemente remodelado e aumentado ao longo dos anos, era uma mistura de tudo que a imaginação e a fantasia de Walpole concebiam: vitrais, torreões, balaustres, escadas ocultas, passagens secretas… Com uma paixão tão grande pela Idade Média, é fácil perceber que O Castelo de Otranto, sua obra ficcional mais conhecida, representa uma extensão da fantasia recriada por Walpole em Strawberry Hill House.
Assim, O Castelo de Otranto foi criado como a primeira história “gótica” de terror da literatura, inspiradora de muitos outros autores do Romantismo; exercendo considerável e tangível influência nas obras de Edgar Allan Poe, Sheridan le Fanu, Bram Stoker. Ann Radcliffe, Clara Reeve. Dickens, M. R. James, Henry James. As Irmãs Brontë, Nathaniel Hawthorne, Daphne du Maurier, Peter Straub, Stephen King…