Quando se fala em criação literária, é comum a tentativa de tentar encaixar quem escreve em um rótulo, uma “caixinha” capaz de definir de forma integral o gênero textual, o estilo de escrita e o formato adotado pela pessoa em questão. Falas como “as obras de fulano são de terror”, “fulana é escritora de fantasia”, “já sicrana só escreve comédia romântica” são comuns. É claro que, em termos de mercado, um livro precisa ser encaixado em gêneros que ajude a vender o produto, mas, entre nós leitores, será mesmo que tais classificações são realmente necessárias?
Mesmo entre escritores que se dedicam a apenas um determinado gênero, ainda há espaço para inovação. O perigo desses rótulos é o engessamento das obras, a tal ponto de acabarmos lendo um livro esperando encontrar tal formato que já é característico daquele determinado autor. Dessa forma, as chances de decepção são grandes, o que pode impedir, inclusive, de aproveitar algo diferente do que estamos acostumados.
Nossa última visitante na livraria Leia Novos BR foi a escritora soteropolitana Mariana Madelinn que, durante a nossa conversa, falou sobre escrever histórias de realismo mágico e também poesia. Convidamos a autora, então, para aprofundar o assunto e comentar como se configura o público para os diferentes textos que cria:
“A poesia parece apreender um público mais diverso. Principalmente porque meus poemas falam de cotidiano, sentimentos e relações, então acredito que seja mais fácil para as pessoas se enxergarem nesse conteúdo. Já a ficção especulativa, mais especificamente a fantasia, tem um público muito próprio. Esses leitores dificilmente migram. Mas eu gosto de acreditar que consigo falar bem com os dois, porque essas duas vertentes me constituem. Então, não existe a Mariana fantástica sem a poeta!”
Quem também segue uma linha parecida com Mariana é Ana Rüsche, participante do sexto episódio do podcast. No caso dela, há uma miscelânea ainda maior, pois é possível perceber a influência da poesia no texto de seu livro A telepatia são os outros. Até mesmo a construção das frases é pensada de tal forma que, ao serem lidas, trazem uma sonoridade e um ritmo muito semelhantes à poesia.
Já a escritora Luisa Geisler foi ainda mais além. Luzes de emergência se acenderão automaticamente e De espaços abandonados, as obras que a lançaram no mercado, são de prosa e voltada para o público adulto. Já Enfim, capivaras é um divertido jovem adulto contemporâneo que explora com leveza temas intrínsecos à vida dos jovens. Por fim, Corpos secos, escrito em parceria com Marcelo Ferroni, Natália Borges Polesso e Samir Machado de Machado, tem como mote um apocalipse zumbi no Brasil.
São muitas as possibilidades! Por isso aqui, na nossa livraria mágica, cada convidado é livre para nomear sua própria seção, dando a ela o nome mais adequado para abarcar a diversidade de formas que uma pessoa pode escolher contar uma história. Pois não há um jeito correto e nem a obrigatoriedade de seguir sempre um mesmo padrão. E nós enquanto leitores, só temos a ganhar com essa liberdade criativa.
Créditos
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Esse capítulo da nossa livraria só foi possível pela ajuda dos nossos colaboradores incríveis.
Texto: Carol Vidal
Arte da Vitrine: Daielyn Cris Bertelli
E pela ajuda das pessoas que nos apoiam:
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