Quem nunca viajou para um dos inúmeros lugares fantásticos que encontramos nos livros? Os destinos mais famosos quando se pensa nisso são, obviamente: Nárnia, Oz, Hogwarts, Terra Média, Westeros, etc. Mas, veja só, não são esses que queremos tratar nesse texto. Por isso pegue seus documentos e nos acompanhe nessa viagem…
Há alguns lugares fantásticos que tem a particularidade de causar uma dúvida no leitor, uma dúvida preciosa que torna a imersão ainda mais real, a seguinte: Ué, mas esse lugar realmente existe?
Não sabe do que estamos falando? Bom, quando se é criança há uma grande chance de se ter uma dúvida real se o Sítio do Picapau Amarelo, afinal, a realidade de uma avó morando em um sítio sendo visitada por netos não é tão distante assim dos brasileiros.
Outro lugar que faz parte desse imaginário é o famoso Bairro do Limoeiro da Turma da Mônica. Afinal, esse lugar existe ou não em alguma cidade por aqui? Talvez em alguma cidade não tão populosa, mas com um cemitério onde fantasmas e lobisomens se encontram?
Para além das histórias infantis, temos vários exemplos na literatura nacional de lugares assim. Um que é muito bem criado e cria dúvidas sobre sua existência é a cidade de Santa Helena, supostamente localizada na região serrana do Rio de Janeiro e criada por Eduardo Spohr para o livro Filhos do Éden: Herdeiros de Atântida. O quão crível é uma cidade na serra, com uma igreja no centro e basicamente movida pela existência de uma universidade e seu constante fluxo de estudantes?
E por falar em lugares fantásticos, porém críveis, no terceiro episódio do Leia Novos BR entrevistamos João Pedro Mask que ambienta seu conto Fihama na Floresta de canais, um lugar fictício baseado na floresta amazônica com um adicional mais místico. Convidamos João para comentar a criação dessa ambientação e sobre os desafios de criar um lugar crível e fantástico ao mesmo tempo:
“Na minha concepção — não só enquanto escritor, mas também como leitor — criar lugares que misturam realidade e fantasia mostra que qualquer história poderia vazar das páginas e invadir a vida real. Leitores me perguntaram onde era a Floresta de Canais e como faziam para chegar até lá. Isso me mostrou que a ambientação de Fihama era tão forte que tornou-se mais do que um elemento na história: era quase como um personagem próprio. No processo criativo, acho que é nesse momento que surge o impasse, pois a criação de uma atmosfera que mistura dois mundos pode ser difícil e ou prazerosa. Difícil porque, se você não souber — até geograficamente falando — onde está exercendo e aplicando sua liberdade criativa, você se perde muito facilmente. E prazerosa porque quando os leitores te relatam as sensações evocadas por aquele lugar é quase como se um visitante estivesse entrando com entusiasmo no aconchego da sua casa recém-reformada e você lhe desse as boas-vindas: bate aquele orgulho e a sensação de dever cumprido.”
Diante disso, o quão incrível são os livros de ficção que trazem consigo essa sensação? Que proporcionam uma familiaridade com um local inventado e envolto em fantasia? Que nos fazem pesquisar se aquela cidade existe de verdade ou não? Sem dúvida são os livros nacionais que mais têm chances de causar essa conexão com o leitor, então não deixe de conferir a entrevista do autor João Pedro Mask no Leia Novos BR e acompanhar o podcast para conhecer cada vez mais nomes da literatura brasileira!
Créditos
Nem só de duendes e sacis é feita a equipe da LeiaNovosBR! Esse capítulo da nossa livraria só foi possível pela ajuda dos nossos colaboradores incríveis.
Texto: Caio Amaro
Arte da Vitrine: Daielyn Cris Bertelli
Edição: Senhor Basso
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