[Resenha] As Aventuras de Robin Hood – Alex. Dumas

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Capa do livro. Ilustração com um fundo verde, uma silhueta de um castelo bem ao fundo, em primeiro plano silhueta que contorna a capa, mostrando duas arvores, uma de cada lado, Robin Hood nos galhos de um árvore, apontando uma flecha para um cavaleiro no chão.
Capa do livro. Ilustração com um fundo verde, uma silhueta de um castelo bem ao fundo, em primeiro plano silhueta que contorna a capa, mostrando duas arvores, uma de cada lado, Robin Hood nos galhos de um árvore, apontando uma flecha para um cavaleiro no chão.

Na floresta de Sherwood, o guarda-caça Gilbert Head e sua esposa, Margerite, recebem a tutela de um menininho cuja família e passado são um mistério. A criança cresce e se torna um rapaz chamado na região de Robin Hood. Aos 16 anos acaba salvando dois estranhos de uma emboscada na floresta. Assim começa As Aventuras de Robin Hood!

Os estranhos são Allan Clare e sua irmã Marian que estão sendo perseguidos pelo barão Fitz-Alwine. Robin se prontifica a ajudá-los e é dessa forma que ele próprio começa a lutar contra o autoritarismo e injustiças do barão, ao mesmo tempo em que os mistérios do seu passado vão reaparecendo e sendo desvendados.

Pessoalmente, a história de Robin Hood nunca me chamou a atenção. Meu único contato anterior havia sido por um filme – Robin Hood: Príncipe dos Ladrões de 1991 (muito legal por sinal) e por um episódio de Doctor Who em que o personagem aparece. Com isso quero dizer que foi apenas durante a leitura de As Aventuras de Robin Hood que descobri que ele não é a criação de um livro, mas sim, uma lenda popular, baseada em uma pessoa que pode ter sido real.

Alexandre Dumas então pega essa lenda, junta fatos e pesquisas históricas e constrói sua versão para esse herói que era bandido. E é sua escrita e narrativa que tornam tudo tão espetacular.

“- sOU O QUE OS HOMENS DENOMINAM UM BANDIDO, UM LADRÃO; QUE SEJA! tIRO DOS RICOS, MAS NADA TOMO DOS POBRES. DETESTO A VIOLÊNCIA E NUNCA DERRAMO SANGUE.”

O Píncipe dos Ladrões – uma verdadeira história de cavalaria medieval

A primeira coisa a se ter em mente ao começar o livro é que ele se passa na Inglaterra do século XII e foi escrita por um autor do romantismo no século XIX, sendo assim, temos muitos dos esteriótipos e arquétipos de romances de cavalaria: os mocinhos são bons, honrados e com a lealdade absoluta, as damas são belas e virtuosas. Ou você aceita que essa não é uma história que preze pelo desenvolvimento dos personagens, ou vai ser bem difícil aproveitar.

Mas acredite, apesar desse estilo não estar em alta para o público atualmente, acompanhar a narrativa que Dumas traça é muito gostoso. É uma trama com vários personagens, muitos desencontros e algumas reviravoltas, mas que apesar disso, é bastante simples e divertida de acompanhar. Dumas sabia contar uma história de forma a prender o leitor ao final de cada capítulo. E é a sua escrita que me fez gostar tanto desse livro.

” – cOM MIL DEMÔNIOS! CONTINUA A DIVAGAR, CRETINO TAGARELA! CÃO PrOLIXO!

– CÃO PROLIXO! – MURMUROU AUTOMATIcAMeNTE O SOLDADO, QUE SE INTERROMPEU AO OUVIR O EPÍTETO. – CÃO PROLIXO! SOU BOM CAÇADOR E NÃO CONHEÇO ESSA RAÇA.

Companheiro feliz, companheira triste

Originalmente, As Aventuras de Robin Wood foi publicado em dois volumes, porém essa edição os reúne em um só livro. O primeiro volume apresenta Robin, sua família, os outros habitantes do condado de Nottingham e claro, o vilão. Acompanhamos Robin reunindo seus amigos para sua causa, homens que seriam conhecidos como os Alegres Companheiros. O segundo volume conta o período da vida do personagem mais conhecido pela cultura pop: quando ele se torna um proscrito e começa a roubar dos ricos para distribuir para os pobres.

Mas apesar de ter gostado e relevar a questão do engessamento dos personagens, teve um aspecto que foi mais difícil de ignorar: a forma como a mulher é retratada. Aqui o esteriótipo da donzela em perigo está no ápice. Todas as personagens femininas são apresentadas como corajosas em suas falas, porém na hora em que começa a ação, desmaiam. Perdi a conta do número e desmaios nessa obra. Era bem frustrante. Além do mais, da metade para o final, as aparições delas eram apenas para dizer o quanto elas eram belas. Difícil não revirar os olhos.

Mas é bom?

No decorrer da resenha deixei claro os pontos que me incomodaram, mostrando que esse é um livro longe de ser perfeito, porém, essas questões não tiram o mérito de ele ter uma ótima narrativa, que prende e diverte o leitor. Eu me apeguei a esses personagens apesar do pouco desenvolvimento, fiquei triste quando algo ruim acontecia e dei risadas com várias tiradas do autor.

Sendo assim, eu recomendo bastante As Aventuras de Robin Hood não apenas para os que já são fãs do personagem, mas para aqueles que querem uma leitura para entreter e que ao mesmo tempo seja marcante.

Nota

Quatro selos cabulosos. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.
Quatro selos cabulosos. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.

 

 

 

 

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Ficha Técnica

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Título: As Aventuras de Robin Hood
Autor: Alexandre Dumas
Editora: Zahar
Tradução: Jorge Bastos
Ano: 2016
Páginas: 624
ISBN: 9788537815144
Sinopse: Ambientado na Inglaterra nos séculos XII e XIII, o livro traz as aventuras de Robin Hood e seu bando em busca de justiça, igualdade e também diversão. Nas matas de Sherwood e Barnsdale, acompanhamos os embates de Robin com o xerife de Nottingham, sua história de amor com lady Marian e sua parceria com o leal João Pequeno e frei Tuck.

Enfim, essa edição reúne em um único volume os dois textos integrais de Dumas sobre o herói: O príncipe dos ladrões e O proscrito, publicados postumamente em 1872 e 1873. O primeiro acompanha a gênese do personagem, desde a sua adoção recém-nascido até a proscrição e o estabelecimento na floresta, assumindo-se como fora da lei. O segundo apresenta a sequência de suas aventuras, até a velhice e a morte.