Quem sou eu? Tenho que entender quem eu sou para entender a vida que tenho? Ao assistir Dark ou ler Matéria Escura, podemos ser resumidos a um monte de escolhas provocadas por acontecimentos que não temos controle enquanto nos perguntamos se podemos questionar a inevitabilidade de um destino. As duas obras não só questionam esta suposta verdade, elas também demonstram o porquê esse conceito é tão plausível.
Pequenas e grandes escolhas
Ao se pensar em escolha, o primeiro pensamento sempre está relacionado a algo grande. “Se eu tivesse feito aquela faculdade tudo seria diferente”, “Aquela casa que eu não comprei valorizou muito e ainda continuo aqui pagando aluguel”, “Deveria ter tentado dar mais uma chance antes de pedir o divórcio”. Tanto Dark quanto Matéria Escura mostram que decisões importantes são frutos de toda uma existência, de toda uma cadeia de pequenas escolhas.
Escolher é o que nos molda e cito Urich da série Dark como exemplo. O pai de Mikkel não age de forma impulsiva e comete atrocidades porque durante toda a vida escolheu a culpa pela perda do irmão em vez de tentar conviver em uma realidade que coisas horríveis simplesmente acontecem. Na ânsia de remover tudo o que há de ruim dentro de si com um único feito, ele comete a pior das atrocidades. E durante as temporadas o mesmo conceito é utilizado com diversos personagens.
Em Matéria Escura, gosto de acreditar que Jason não encontrou Daniela por acaso. O protagonista do livro queria uma vida além do trabalho. Alguém obcecado pela ciência não se permitiria ir em uma festa. Sempre quando lembro da leitura o imagino perambulando sozinho por meio de computadores e quadros com cálculos enquanto se imagina em outro local. Dia após dia alimentando um desejo de viver um amor e criar uma família e nutrindo uma grande escolha.
Já se encontrou com a pior versão de si mesmo?
Em muitas obras que retratam universos paralelos o protagonista se encontra com a pior versão dele. É comum esta versão ser alguém todo de preto, com uma risada maligna e pronto para cometer atos terríveis. Ambas as obras usam este conceito de realidades paralelas e outra versão de forma interessante.
Não citarei nomes porque não quero gerar um spoiler gigantescos. Digo apenas que as obras me fizeram pensar que a pior versão de uma pessoa, perdida em alguma realidade paralela, pode ser alguém incapaz de lidar com a depressão em vez de um vilão caricato. Também pode ser uma pessoa que se cansou de tentar, de viver um ciclo eterno, e quer apenas o fim. Duas obras que usam um conceito clássico da ficção científica para provocar reflexão. Por muitos momento parei no meio da série ou do livro e me perguntei:
“Sou a pior versão de mim mesmo?”
Em algum universo paralelo existe outro Wesley que soube lidar melhor com os problemas? Pensamentos surgiram e para combatê-los assumi a mesma postura dos protagonistas de Dark e Matéria Escura:
“Não importa que mundo é esse, de que forma foi gerado ou se é só mais uma versão, farei o meu melhor”.
A construção
Deve-se ser elogiada a obra audiovisual como também a literária a respeito da construção das versões “darks” criadas de alguns personagens. Nas duas há verossimilhança e um cuidado especial com cada detalhe. E, apesar de não concordar com as justificativas, entendi os motivos das contrapartes apresentadas.
Carinho com a ciência
Os artistas de ambas as obras têm carinho e admiração pela ciência. Não vi um cientista que substituiu a lousa pela TV ou pelo livro para dar uma aula chata para o público. Tudo o que precisa ser explicado para a narrativa ser compreendida estão nas obras e são explicadas de maneira interessante.
Senti que eles quiseram introduzir o tema para instigar a curiosidade, a pesquisa. São como professores que contam histórias, dramatizam ou até mesmo desenham para mostrar como a ciência é interessante. É fácil imaginar um amontoado de dias de escrita, seja de um roteiro ou de um livro, e tendo como combustível a animação em relação às realidades paralelas.
O ponto de desconexão
Matéria Escura e Dark começam com um grande mistério ao melhor estilo thriller investigativo que se dissolve para algo maior. Há momentos em que as obras se assemelham no tom pesado. Porém, a obra literária, ao contrário da audiovisual, perde este clima mais pesado. Se o que te chamou mais atenção na série foi o tom e não os elementos, não sugiro a leitura do livro. Agora, se você adorou os elementos e quer vê-los sendo abordados de outra forma, o livro é uma excelente escolha.
E se depois da leitura da obra de Blake Crouch surgir uma vontade de mergulhar nos elementos e ver eles se expandirem para mais de um personagem, a série da Netflix será uma experiência maravilhosa.
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