Em A Última Festa temos uma premissa ótima para quem gosta de uma trama de mistério e crime com grupos de pessoas presas em uma localidade remota: nove amigos desde a época da faculdade se reúnem para comemorar o Ano Novo em um hotel de luxo afastado nas Terras Altas da Escócia. Alguém é assassinado e apenas um deles pode ser o assassino.
A receita é boa, mas neste livro, a autora Lucy Foley entregou uma trama bastante irregular. Com momentos muito bons e outros bastante ruins.
Não é um Thriller de Investigação
A premissa nos leva a imaginar que o tema central será a investigação do crime que foi cometido, mas não é por aí. Acompanhamos muito mais os dramas, intrigas e mentiras desses personagens até o ponto em que descobrimos o que aconteceu. Então, esse é muito mais um livro de drama onde ocorre um assassinato do que um thriller investigativo.
Outra falsa sensação causada pela sinopse é de que temos uma intricada trama envolvendo os nove amigos. Nada disso. Apenas uns quatro ou cinco desses personagens são realmente importantes e só três deles têm pontos de vista: Emma, Katie e Miranda. É através das narrativas delas que vamos acompanhando as tensões de uma relação de tantos anos, amizades que se mantém mais pelo costume do que por afinidade, além de, é claro, vermos as mentiras que os cercam.
Nesse aspecto, a autora criou uma narrativa muito boa. É ótimo acompanhar essas pessoas com falhas e defeitos, mas que conseguimos ter certo grau de empatia. Os capítulos em que vemos esses amigos se relacionando, especialmente as passagens que vão mostrando aos poucos o passado dese grupo são a melhor parte do livro e a mais bem construída.
O problema ocorre de fato quando entramos nos capítulos que mostram o presente da trama, ou seja, após a descoberta de que uma pessoa desse grupo foi assassinada. Temos a alternância de dois pontos de vista: Hether, a gerente do hotel e Doug, o guarda – caça. Gente, foi chato. A narração dos dois era muito ruim! Tentou-se construir uma tensão e mistério sobre o porquê de eles terem escolhido morar e trabalhar em um local tão isolado, sugerindo um passado sombrio, mas foi tudo tão óbvio, sem graça e sinceramente, mal escrito. Para ter uma ideia, Doug literalmente narrava afirmando como ele era uma pessoa perigosa e deveria se manter longe de pessoas boas. Dava vontade de rir de tão tosca que era essa narração.
Não entendi como em determinado ponto a autora criou personagens que são interessantes de se acompanhar, em uma narrativa fluida e que prende e em outro a escrita decaia tanto. Felizmente, esse livro é super rápido de ler, tanto por ter poucas páginas, quanto por ter capítulos bem curtos, então a leitura flui muito bem.
Vale a pena?
Olha, se você não tiver as expectativas altas e quiser um mistério com dramas pessoais de gente rica fazendo besteira, eu até recomendo. É uma leitura rápida e na maior parte do tempo muito boa, mas tenha em mente que ela tem altos e baixos e apesar de ter gostado da resolução do “quem matou e por que” não é nada extraordinário. Ainda assim, acreito que as qualidades do livro superam seus defeitos.
Nota
Garanta a sua cópia de A Última Festa e boa leitura!
Ficha técnica
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Título: A Última Festa
Autora: Lucy Foley
Editora: Intrínseca
Tradução: Marina Vargas
Ano: 2020
Páginas: 304
ISBN: 9788551005729
Sinopse: Todo ano, nove amigos comemoram o réveillon juntos. Desta vez, apenas oito vão voltar para a casa depois da festa.
Programado para acontecer em um cenário idílico, o réveillon que Miranda, Katie e os outros amigos que conheceram na faculdade passarão juntos este ano promete refeições deliciosas regadas a champanhe, música, jogos e conversas descontraídas.
No entanto, as tensões começam já na viagem de trem — o grupo não tem mais nada em comum além de um passado de convivência, feridas jamais cicatrizadas e segredos potencialmente destrutivos.
E então, em meio à grande festa da última noite do ano, o fio que os mantém unidos enfim arrebenta. No dia seguinte, alguém está morto e uma forte nevasca impede a vinda do resgate. Ninguém pode entrar. Ninguém pode sair. Nem o assassino.
Contada em flashbacks a partir das perspectivas dos vários personagens, a história deste malfadado encontro é um daqueles mistérios de assassinato cheio de tensão e de ritmo perfeito. Com uma trama assustadora e brilhantemente construída, A Última Festa planta no leitor a semente da dúvida: será que velhos amigos são sempre os melhores amigos?