[Resenha] Oryx e Crake – Margaret Atwood

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Capa branca, com uma ilustração de um rosto feminino feito apenas de contorno com um traço fino de com marrom claro, apresentando apenas metade do rosto. Na esquerda o titulo do livro em preto, e o nome da autora em marrom claro, ambos na vertical.
Capa branca, com uma ilustração de um rosto feminino feito apenas de contorno com um traço fino de com marrom claro, apresentando apenas metade do rosto. Na esquerda o titulo do livro em preto, e o nome da autora em marrom claro, ambos na vertical.

O mundo como o conhecemos acabou e o Homem das Neves pode ser o único da espécie humana que ainda está vivo. Mas como a humanidade chegou a seu fim? Em Oryx e Crake, Margaret Atwood vai nos mostrar um futuro em que a sociedade levou a tecnologia de manipulação genética até suas últimas consequências e como isso modificou o planeta irreversivelmente.

No futuro, a busca por perfeição

O livro é narrado por esse homem que se autodenomina Homem das Neves através de duas linhas temporais. Acompanhamos ele nesse presente, no qual ele acredita ser o último ser humano vivo, e também através flashbacks, em que ele nos narra sua vida desde a infância.

No passado, o Homem das Neves se chamava Jimmy e ele vivia em um Complexo. Complexos eram grandes condomínios de luxo construídos por mega corporações para abrigar seu funcionários. Raramente as pessoas precisavam sair desses Complexos e existia uma grande barreira social entre aqueles criados nesses locais e os que viviam nas cidades, locais chamados de Terra dos Plebeus.

Nesses complexos se desenvolviam as pesquisas para criar novos animais para alimentação ou estimação, quase sempre através de união de genes de duas espécies, ou novos tratamentos para rejuvenescer ou prolongar a vida. Ou seja, tudo isso se passa em um futuro no qual os limites éticos da ciência a respeito de manipulação genética já não importam mais. Mas isso vai trazer consequências sérias para a humanidade.

Através desses capítulos do passado, vamos conhecendo, então, a família e os amigos de Jimmy. E vamos finalmente descobrir quem são Oryx e Crake a respeito de quem ele sempre está falando. Esse flashbacks mostram também muito sobre a organização da sociedade, seus conflitos. E são nesses capítulos que percebemos a habilidade da autora em construir um futuro que pode muito bem ser o nosso daqui a não tanto tempo assim.

A gente chega lá?

As tecnologias e os avanços científicos que Margaret Atwood coloca são elementos tão plausíveis com a tecnologia existente agora que chega a ser bastante assustador perceber as consequências que ela “prevê” nesse futuro distópico. Além disso essa organização da sociedade em que os ricos criam bairros completamente segregados não é nada muito diferente do que já acontece hoje em dia.

Portanto, ler esse livro foi, para mim, uma experiência tensa. Pois são muitos os momentos em que é possível fazer uma conexão direta com o que vivemos hoje em dia. Temas como limites éticos da ciência, mudanças climáticas, desigualdade social e segregação estão presentes em toda a obra.

Aliás, os próprios personagens podem ser vistos como a personificação ou caricatura de certos tipos de pessoas que também aparecem na nossa sociedade hoje. E é um exercício interessante ir tentando traçar os paralelos desse futuro imaginado com o nosso presente.

Cuidado com esse livro

Como disse anteriormente, essa obra é pesada e inquietante. Essas semelhanças com a nossa sociedade, principalmente em tempos de uma pandemia como estamos vivendo, podem tornar esse livro um gatilho.

Por isso, se você já está ansioso com a situação atual do nosso mundo, não leia esse livro agora, cuide de sua saúde mental. Eu mesma, que não sou de me abalar fácil, tive muitos pesadelos no período em que o estava lendo, até deixei de ler ele antes de dormir. Mas se você é desses que está buscando histórias e informações com esse tema de pandemias, catástrofes e outras coisas semelhantes, esse pode ser um livro interessante.

Oryx e Crake é o primeiro livro de uma trilogia chamada MaddAddão. Todos os livros da série já foram publicados no Brasil pela Editora Rocco. O segundo se chama O ano do dilúvio (2011) e o terceiro MaddAddão (2013).

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Nota

Quatro selos cabulosos e meio. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.
Quatro selos cabulosos e meio. A nota mais alta são 5 selos cabulosos.

 

 

 

 

Garanta a sua cópia de Oryx e Crake e boa leitura!

Ficha Técnica

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Nome: Oryx e Crake
Autora: Margaret Atwood
Tradução: Léa Viveiros de Castro
Editora: Rocco
Ano: 2004
Páginas: 342
ISBN: 8532516777
Sinopse: Na marcha desenfreada do progresso – o planeta está superaquecido, as multinacionais prosperam, a sociedade está dividida e a ciência se encontra sempre um passo à frente da moral – qual o espaço do ser humano?

Ninguém tem dúvidas quanto às questões mais relevantes. Mas as respostas podem não ser tão simples assim. Em Oryx e Crake, Atwood nos apresenta um cenário familiar. Para olhá-lo face a face, tudo que temos a fazer é imaginar nosso próprio futuro.