Uma aventura com boas pitadas de reflexão: é isso o que você pode esperar do livro Por uma vida menos ordinária, da Lady Sybylla. De volta à nave Amaterasu, nessa nova obra, acompanhamos a capitã Rosa Okonedo e seus tripulantes em busca de um suposto tesouro perdido, tido como lenda entre os contrabandistas espaciais. Mas, como é de se esperar, nem tudo é o que parece.
“E a frase que você nunca quis ouvir, aquela para a qual você sempre achou que tinha preparo e maturidade, as palavras mais duras que sempre a assombrariam, foram ditas.
— A Amaterasu foi destruída, Rosa.”
A narrativa já começa com o pé na porta trazendo um flashfoward eletrizante e um questionamento: então, essa será a história de como a nave Amaterasu foi destruída? Mas, antes dessa questão ser respondida, voltaremos no tempo para entender como as palavras acima foram ditas.
Ritmo é tudo
Como já é de se esperar, a narrativa tem um bom ritmo e prende desde as primeiras páginas. Considero acertada a decisão de abrir a história com esse evento chocante, para depois retroceder a explicar como tudo aconteceu. Esse é o tipo de estratégia que pode ser um tiro no pé se não conseguir atender às expectativas criadas. Mas posso dizer que não é o que acontece aqui. Lady Sybylla soube valorizar a atenção captada de quem lia e entregar uma trama consistente, cuja cena inicial faz sentido e não tinha apenas o objetivo de causar choque.
Outro acerto da obra é a narração em terceira pessoa, que permitiu a aproximação maior com os outros tripulantes da nave, além da capitã. Para quem tem contato pela primeira vez com o universo, já tem uma boa noção de quem é a equipe de Rosa Okonedo. Para quem já leu Deixe as estrelas falarem, o primeiro livro com esses personagens, é uma boa oportunidade para aprofundar a relação com toda a equipe. E, para quem não leu o primeiro livro, não há problema: esta aqui é uma aventura independente e não uma continuação. Pode embarcar sem medo nessa viagem.
Para todos os gostos
Gosto do tom de aventura do livro, o qual pode agradar até mesmo quem não tem costume de ler ficção científica. A leitura flui sem problemas e, ao final, fica a sensação de ter acompanhado uma ótima jornada.
Um incômodo que tive no primeiro livro — o excesso de nomenclatura e explicações científicas que me deixaram um pouco confusa como leitora não muito acostumada a esses termos — aqui não acontece, o que tornou minha experiência de leitura muito mais agradável. Só resta lamentar que essas viagens espaciais ainda não sejam uma realidade!
Para pensar
Para além da aventura, Por uma vida menos ordinária apresenta um tema para reflexão, uma característica bem explorada já no primeiro livro e que se manteve nesse. Afinal, a ficção, seja em que espaço-tempo for, fala de nós. E, nesse aspecto, a autora foi certeira em mostrar que há aspectos da humanidade que nem mesmo o tempo é capaz de apagar.
É interessante também como Sybylla trata as relações entre a tripulação da Amaterasu, que soam muito reais. E essa boa interação é consequência de personagens bem construídos, interessantes e diferentes entre si. Mesmo que alguns aspectos sociais da história — que se passa no futuro — não correspondam ao que temos agora, ainda é possível detectar traços de quem somos nesses personagens. E isso só engrandece ainda mais a obra.
Ficção científica nacional da melhor qualidade, Por uma vida menos ordinária vem fincar o espaço desse gênero na literatura contemporânea brasileira. Esse é um livro que merece sua atenção, seja você fã ou não de viagens espaciais. A história tem muito potencial de agradar, pois, quando bem contada, não importa a roupagem; ela terá seu lugar no coração de quem ama literatura.
Nota
Garanta a sua cópia de Por uma vida menos ordinária e boa leitura!
Ficha técnica
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Nome: Por uma vida menos ordinária
Autora: Lady Sybylla
Edição: 1ª
Editora: Dame Blanche
Ano: 2019
Páginas: 110
ISBN: B07Z3Z1S7H
Sinopse: Rosa Okonedo está de volta! Com dívidas para pagar, a capitã do cargueiro Amaterasu e sua equipe partem para uma missão com ares de mistério — encontrar um tesouro tido como lenda entre os contrabandistas espaciais. Mas e se eles não forem os únicos atrás dessa imensa fortuna?
