[Resenha] Persépolis – Marjane Satrapi

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Capa da HQ. Ilustração com o fundo vermelho, no topo prédios entre fumaças sendo atingidos por misseis. No centro, o nome da autora e o título. Logo abaixo, a protagonista com caminhando de perfil.
Capa da HQ. Ilustração com o fundo vermelho, no topo prédios entre fumaças sendo atingidos por misseis. No centro, o nome da autora e o título. Logo abaixo, a protagonista com caminhando de perfil.

Ao falarem sobre guerras nos noticiários, nos deparamos com a contagem de mortos e as baixas causadas pelos conflitos. Mas como essas batalhas afetam a vida do cidadão comum? Persépolis, autobiografia em quadrinhos de Marjane Satrapi, publicado pela Companhia das Letras, com tradução de Paulo Werneck, mostra como os conflitos Iraque x Irã e a instalação de um regime autoritário afetou a vida da autora e das pessoas a seu redor.

Quando Marjane tinha 10 anos, se viu obrigada a estudar em um colégio só para meninas, teve que adotar o véu islâmico e viu sua liberdade individual ser subjugada pelo regime xiita que se instalava no Irã dos anos 70.

A Vida de Persépolis

A jovem, que sonhava em ser profeta e tinha Deus como melhor amigo, viu seu país passar por uma revolução que derrubou o atual Xá, a instauração de um regime totalitário e a guerra Irã x Iraque que resultou na morte de milhares de cidadãos iranianos.

Com 14 anos, Satrapi é mandada para Viena (Áustria), numa tentativa dos seus pais de libertá-la do regime iraniano e da guerra. Porém a liberdade tem um preço, e a distância da família e dos amigos, acompanhada da solidão de ser um estranho em uma terra estranha, mostrou para Marjane que ninguém é realmente livre.

Suportando o insuportável

Por ser uma autobiografia, temos a história contada pelo ponto de vista de Marjane. E como é gostoso ver o relacionamento dela com os pais, a amor pela avó, a volta pra casa. Da mesma forma que é palpável a solidão do estrangeiro, o sentimento de não pertencer a nenhum lugar, a saudade da família. A indignação com um regime onde as liberdade s individuais são tomadas das pessoas, principalmente das mulheres. Através da sua arte, Satrapi apresenta não apenas os horrores da guerra, mas faz uma crítica à situação feminina no regime xiita.

“Naquele dia, aprendi uma coisa fundamental: só podemos ter dó de nós mesmos quando ainda é possível suportar a infelicidade… Quando ultrapassamos esse limite, o único jeito de suportar a insuportável é rir dele”

Pelos olhos de Satrapi, vemos como o cidadão comum, mesmo diante das adversidade, arranja formas de continuar sobrevivendo. Mostra que nem sempre está tudo bem, mas que continuar é a única forma de suportar o insuportável. Com um toque de humor, Marjane fala de forma leve sobre assuntos pesados, e o leitor não tem outra escolha além de acompanhar a autora, e torcer para que os momentos vindouros traga para ela e para as pessoas a seu redor a liberdade tão almejada.

Nota

Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.
Cinco selos cabulosos. A maior nota do site.

 

 

 

 

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Ficha técnica

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Nome: Persépolis
Autor: Marjane Satrapi
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2007
Páginas: 352
ISBN: 9788535911626
Sinopse: Marjane Satrapi tinha apenas 10 anos quando viu-se obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979, ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita, apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão dos persas.

25 anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que transformou-se, Marjane, emocionou leitores de todo o mundo com sua autobiografia nos quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o popular encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor infiltra-se no drama, e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.