Por algum motivo eu sempre imaginei que os livros de Júlio Verne fossem taciturnos a academicistas. Nem sei de onde tirei isso, afinal já sabia que eram voltados para o público juvenil na época em que foram publicados. Mas foi só ao ter me primeiro contato verdadeiro com o autor com a leitura de Viagem ao Centro da Terra que tive minha surpresa ao encontrar um livro leve e divertido.
Um relato de viagem
O professor Lidenbrock descobre um manuscrito do século XII e fica obcecado por decodificá-lo, mas é seu sobrinho e assistente Axel quem acaba conseguindo descobrir a mensagem do pergaminho. Basicamente diz que ao se seguir determinados passos, é possível chegar o centro da terra. Lidenbrock prepara imediatamente essa expedição, enquanto Axel o segue praticamente arrastado.
Os dois empreendem uma jornada até a Islândia, onde contratam o terceiro personagem de nossa história, seu guia e salvador de tudo, Hans, para então começarem a descer até as entranhas do planeta.
O livro é narrado por Axel, em forma de diário de viagem e, como eu disse, achei bem divertido de acompanhar essa história basicamente pelo humor involuntário causado pelo seu desespero ao não querer de forma alguma ir nessa jornada maluca e, também, pela forma com a qual Hans, sempre calado e em segundo plano, é o responsável por manter esses cientistas vivos. O homem é quase um robô e resolve tudo! O professor Lidenbrock está tão obcecado com sua expedição que ignora os perigos e o bom senso, trazendo aquele ar de cientista maluco.
Com o avanço da história, porém, vamos acompanhando a transformação desses personagens. O professor demonstra o quanto ama seu sobrinho, enquanto Axel cria uma determinação em completar sua missão. Hans, porém, continua a ser o verdadeiro Macgyver que resolve tudo.
As descobertas da viagem em si, podem não ser tão extraordinárias e surpreendentes para nós, um público que já cresceu acompanhando histórias baseadas nesse livro, mas para mim elas tiveram um encanto. Gostaria de ver em tela uma adaptação fiel do que é narrado nesse livro. Nem tudo são flores, porém. As várias análises de rochas e outras questões acadêmicas devem ter sido muito interessantes para quem entende do assunto, no meu caso fiquei sem entender muito bem quando eles entravam nessas discussões e segui em frente com a leitura, o que não comprometeu o entendimento da história.
Mas é bom?
Foi surpreendente perceber o quanto gostei desse livro, afinal, ele tem seus defeitos: o grande uso de termos científicos (talvez uma edição com comentários resolvesse isso), o mal desenvolvimento de Hans e algumas das descobertas não tão surpreendentes. Porém, isso ficou em segundo plano para mim, pois achei Viagem ao Centro da Terra muito gostoso de ler, criei carinho por Axel e seu tio e me encantei com as descrições desse mundo. Então sim, é um ótimo livro.
Nota:
Garanta a sua cópia de Viagem ao centro da Terra e boa leitura!
Ficha Técnica
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Título: Viagem ao Centro da Terra
Autora: Júlio Verne
Tradução: Juliana Ramos Gonçalves
Editora: Principis
Ano: 2019
Páginas: 304
ISBN:9788594318152
Sinopse: O professor Lidenbrock consegue decifrar um enigma do pergaminho de um cientista do século XII e se junta a seu sobrinho, o jovem Axel, para checar a possibilidade de chegar ao centro da Terra seguindo o relato decifrado.