[Resenha] A Máquina – Adriana Falcão

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Recorte da capa do livro. Em fundo branco, no topo em preto o nome da autora:
Recorte da capa do livro. Em fundo branco, no topo em preto o nome da autora: "Adriana Falcão". No centro, de vermelho, o título do livro: "A Máquina". Na base, o texto: "Ilustrações" "Fernando Vilela"

O romance A Máquina, de Adriana Falcão, é um singelo retrato do nordeste brasileiro. O livro conta a história de Antônio, um cidadão da cidade de Nordestina. A localidade é esquecida pelo mundo e nela moram poucas pessoas. É comum que as pessoas deixem a cidade, buscando uma vida mais agitada em outro lugar. Antônio não tem interesse em deixar a cidade, mas Karina, seu grande amor, sonha em se tornar atriz e quer conhecer o mundo. Assim, por causa de seu amor por Karina, Antônio acaba fazendo uma promessa que muda seu destino e que pode afetar a vida de toda a cidade.

Quem são os personagens?

Há livros em que o próprio espaço de ambientação é um personagem. Em A Máquina, acontece algo assim. A cidade de Nordestina é como um personagem da trama e tem importância crucial no desenrolar dos acontecimentos.

Além da cidade, os únicos personagens de destaque são o casal Karina e Antônio. Ela é uma moça sonhadora e criativa, ele um rapaz apaixonado, disposto a trazer o mundo para conquistá-la.

Quase uma história contada

A linguagem de A máquina é bastante simples, com algumas marcas do uso cotidiano da língua. Isso, junto com o ritmo agil da narrativa, constrói a impressão de uma “contação de causo”, como se o leitor estivesse diante de uma pessoa a contar uma situação de sua vida:

Eu vou morrer de amor nos braços da seca, com a quentura fervilhando as ideias, enquanto tiver ideia, a vida desistindo de “viver, indo embora, a vista turvando, o juízo evaporando, até o finalzinho, aquela hora em que a pessoa pensa com ela mesma, e agora, hein? Então não pensa mas nada e acabou-se”.

Há, ainda jogos de palavras e construções inusitadas que provocam algum humor ou encantamento em quem lê:

“Shopping era um edifício onde moravam compras em vez de gente”.

Retrato da realidade

De uma forma semelhante a uma metáfora, o livro de Adriana Falcão faz referência a realidade de cidades isoladas em que o apelo da vida nas metrópoles exerce fascínio. O romance salienta o quanto essas localidades são muitas vezes esquecidas pelas pessoas ou como são facilmente abandonadas.

A narrativa também mostra como esses locais só são lembrados ou reconhecidos diante de situações absurdas ou de desgraças que venham a acontecer.

Sentimento puro

Acima de tudo, esse é um livro sobre o amor. Os acontecimentos da história são motivados pelo amor de Antônio por Karina. O sentimento é tão puro, tão bonito, que é impossível não se sentir tocado por ele.

A Máquina tem um enredo simples, poucos personagens e poucas páginas. É um romance de leitura rápida, mas que consegue cativar o leitor pelo sentimento doce que motiva a narrativa, assim como pela linguagem agradável. Uma leitura que vale a pena encarar, principalmente se você está procurando algo leve, bem escrito e nem por isso menos reflexivo.

Nota

4 selos cabulosos

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Ficha Técnica:

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Título: A Máquina
Autora: Adriana Falcão
Edição:
Editora: Salamandra
ISBN: 9788516085384
Ano: 2013
Páginas: 80
Sinopse: É em Nordestina, uma cidadezinha sem futuro, o cenário da doidice de Antônio por Karina.

É onde se torna cada vez mais frequente o passeio das sombras deixando a cidade pelo asfalto quente, onde os diálogos nem sempre conversam e onde uma máquina é instalada.
É lá mesmo, onde o nada insiste em acontecer todos os dias, que um dia algo acontece.