Uma Mulher no Escuro conta a história de Victoria Bravo. Quando era apenas uma criança de quatro anos, sua família foi assassinada: pai, mãe e irmão foram mortos a facadas na residência da família e encontrados com os rostos pichados com tinta preta. Victoria também foi atacada, mas sobreviveu. Vinte anos depois, ela tenta levar uma vida próxima da normal, embora, devido aos traumas do passado, tenha como companhia apenas sua tia-avó, seu psicólogo e um amigo que ela conheceu via internet.
As investidas de um dos frequentadores do café onde trabalha podem ser um sinal de que as barreiras de Victoria estão prontas para ruir e dar espaço para uma nova amizade, ou até mesmo algo a mais. Infelizmente o assassino batizado pelos jornais de “Pichador” está de volta e o fantasma que assombra Victoria há duas décadas se mostra mais próximo de sua vida do que nunca. Agora, em quem a jovem pode confiar? E como escapar de alguém que aparentemente sabe tudo sobre você?
Vamos brincar?
Uma coisa precisa ser dita logo no início: Raphael Montes sabe contar uma história. Se você já leu seus livros anteriores Suicidas, Um dia perfeito, O vilarejo e Jantar Secreto sabem do que estou falando e se não leram e gostam dessa linha de escrita, fica mais uma indicação de leitura.
Victoria tenta levar um dia-a-dia normal, mas os fatos ocorridos na infância a transformaram em uma pessoa reservada, morando sozinha em um quarto e sala no Rio de Janeiro, tendo como passatempo observar as pessoas pela janela de seu apartamento.
Mesmo aos 24 anos, Victoria ainda tem atitudes infantis. Muitas vezes age por birra, ainda dorme abraçada ao ursinho que tem desde criança, sempre usa um lacinho no cabelos. É como se ela quisesse permanecer na época em que se sentia segura, antes da morte dos pais.
Quando o assassino reaparece, também retorna a pergunta: Por que? Por que seus pais? Por que ela sobreviveu? Por que ele voltou agora? Claro que ela poderia deixar tudo nas mãos da polícia, mas a necessidade de resolver seu passado a faz investigar qual a ligação do assassino com seus pais. Quais segredos ficaram guardados nesses vinte anos?
Embora eu particularmente ache que algumas das situações do livro são bem incômodas (acredito que essa é realmente a intenção do autor), essa sensação vai aumentando conforme Victória vai descobrindo sobre o passado, chegando ao ponto de você correr para saber como a história termina.
Raphael Montes constrói uma história onde o leitor, assim como Victoria, fica sem saber em quem confiar. Ele apresenta a escuridão do ser humano, lembrando que a memória é falha e influenciável, as pessoas nem sempre são quem nós pensamos ser e que alguns traumas simplesmente não nos abandonam.
Nota
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Ficha Técnica:
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Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
Edição: 1ª
Ano: 2019
Páginas: 256
ISBN: 9788535931761
Sinopse: Um crime brutal cometido há vinte anos, uma única sobrevivente, o retorno calculado do assassino. Em quem Victoria deve confiar? Neste thriller psicológico, Raphael Montes une romance e suspense em uma narrativa intrincada e sedutora.
Victoria Bravo tinha quatro anos quando um homem invadiu sua casa e matou sua família a facadas, pichando seus rostos com tinta preta. Única sobrevivente, ela agora é uma jovem solitária e tímida, com pesadelos frequentes e sérias dificuldades para se relacionar. Seu refúgio é ficar em casa e observar a vida alheia pelas janelas do apartamento onde mora, na Lapa, Rio de Janeiro.
Mas o passado bate à sua porta, e ela não sabe mais em quem pode confiar. Obrigada a enfrentar sua própria tragédia, Victoria embarca em uma jornada de amadurecimento e descoberta que a levará a zonas obscuras, mas também revelará as possibilidades do amor. Um psiquiatra, um amigo feito pela internet e um possível namorado — qual dos três homens está usando tudo o que sabe para aterrorizar a vida de Vic? E o que afinal ele quer com ela?
Na literatura nacional, Raphael Montes é unanimidade quando se trata de livros de suspense. Uma Mulher no Escuro traz sua primeira protagonista feminina e confirma o autor como um dos mais originais da atualidade — além de deixar o leitor intrigado do começo ao fim.
