Quem costuma ler muitos livros de poemas, sabe: o lance dos livros de poemas é você ler uma primeira vez e depois voltar relendo, repensando, sem compromisso. Assim a profundidade de cada poema é redimensionada, cada verso se torna mais polissêmico. Em Rua da padaria, de Bruna Beber, não é diferente. Em uma primeira leitura, diversos textos causam aquele estranhamento típico da poesia (principalmente para leitores não tão acostumados a esse gênero, como eu), contudo, é na releitura que construímos o valor desses poemas.
A carioca Bruna Beber é uma daquelas escritoras da geração oitentista, da qual boa parte dos escritores brasileiros contemporâneos também o são. Seus poemas são, como se esperaria, marcados pela época em que viveu. Eles são permeados por lembranças que não podemos datar como anos oitenta (não há referências claras), apesar percebermos retratar uma infância (sua própria, quem sabe).
Na mesma direção, percebemos como seria difícil mapear a temática que atravessa seus textos (são muitos assuntos, mas diria que minha leitura destaca lembranças da infância e sentimentos amorosos, o que seria um clichê para os poemas não fosse sua simplicidade e pessoalidade, a construção muito própria das imagens e seu verso livre, para alguns contraditoriamente, tão ligado a forma).
De maneira geral, Rua da padaria é uma obra regular (o nível raramente cai) e seus ápices surpreendem. Como por exemplo esquina parábola e romance em doze linhas: ambos mostram uma capacidade imagética impressionante, além de, no segundo caso, ter uma forma cujo conteúdo é tão bem representado na forma.
O livro Rua da Padaria foi publicado em 2013 (Record), depois dele Bruna Beber publicou um livro infantil, Zebrosinha (2013), e mais um de poemas, Ladainha (2017), imagino que nesse último seus ápices sejam mais numerosos (a conferir).
Como disse, a regularidade é constante. Alguns textos são mais acessíveis graças a sua simplicidade, outros me parecem mais herméticos e pedem a uma reflexão mais detida e ponderada. No entanto, essas diferenças entre os textos é construtiva para o leitor, especialmente se for (assim como eu) um leitor não tão experiente com poesia.

Garanta seu exemplar e boa leitura!

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Nome: Rua da padaria
Autor: Bruna Beber
Edição: 1ª
Editora: Record
Ano: 2013
Páginas: 68
ISBN: 9788501402752
Sinopse: A poeta mais badalada de sua geração faz aqui um comovente retorno às suas raízes, à sua infância, à saudosa rua da padaria — onde, na já longínqua década de 1990, tudo acontecia. Era lá que se pedia informação, que ficava o moço do bicho, que o ônibus passava. Bruna Beber cresceu na Baixada Fluminense numa época sem internet, sem celular, sequer TV a cabo tinha. Para se divertir, as crianças precisam inventar. Aqui está retratado, em verso e prosa, uma doce era na qual se malhava o Judas, as bolinhas de papel causavam alvoroço na aula e mexer na macumba das esquinas do bairro era uma excitante tentação. E no meio de tudo isso, Bruna ainda faz um recorte para nos apresentar um romance em 12 linhas dando uma aula de virtuosismo literário enquanto finca de vez seu lugar entre os grandes escritores brasileiros.
Autor: Bruna Beber
Edição: 1ª
Editora: Record
Ano: 2013
Páginas: 68
ISBN: 9788501402752
Sinopse: A poeta mais badalada de sua geração faz aqui um comovente retorno às suas raízes, à sua infância, à saudosa rua da padaria — onde, na já longínqua década de 1990, tudo acontecia. Era lá que se pedia informação, que ficava o moço do bicho, que o ônibus passava. Bruna Beber cresceu na Baixada Fluminense numa época sem internet, sem celular, sequer TV a cabo tinha. Para se divertir, as crianças precisam inventar. Aqui está retratado, em verso e prosa, uma doce era na qual se malhava o Judas, as bolinhas de papel causavam alvoroço na aula e mexer na macumba das esquinas do bairro era uma excitante tentação. E no meio de tudo isso, Bruna ainda faz um recorte para nos apresentar um romance em 12 linhas dando uma aula de virtuosismo literário enquanto finca de vez seu lugar entre os grandes escritores brasileiros.

![[Resenha] Lebre da Madrugada – Arthur Malvavisco Capa do livro. Ilustração com um fundo roxo. Em primeiro plano, uma lebre branca, ao redor dele, ocupando o restante da capa, diversos objetos, uma garrafa, duas flores distintas, uma pena escura, uma pinça, uma tesoura e uma faca com cabo estilizado. No topo, o título do livro em branco com fonte estilizada.](https://leitorcabuloso.com.br/wp-content/uploads/2022/08/LebreDaMadrugada-Site-696-390.jpg)
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