Êisdur Árland, um menino que quer encontrar o seu irmão Eisdras, o qual abandonou o mundo das crianças. Saber como será essa procura, os motivos dela acontecer, os seus obstáculos que formam um universo único e todas as metáforas sobre crescimento marcam O Rei Adulto, uma obra do autor nacional Hélio Jaques.
Originalidade
Sou um fã de fantasia. Sistemas de magia, seres místicos ou mitológicos e grandes reinos me fazem voltar a ser criança. Em muitas obras, encontro cenários com elfos, trolls, dragões e missões por cavernas ocultas ou grandes guerras. E o que mais me surpreende, tornando O Rei Adulto ser uma ótima leitura, é que Helio vai além desses trolls e elfos que são bem comuns nas obras do gênero. A ambientação é diferente e enche os olhos. É possível vê-la em nomes, na caracterização de reinos, em florestas e até mesmo em uma casa bem peculiar. Nos detalhes que formam o universo fantástico é possível ver um capricho e um esmero sem igual por parte do autor. Sim, temos uma base que conversa com a era medieval. Porém, temos outros cenários que conversam com o nosso folclore.
Personagens
E o que dizer sobre os personagens? Eles são crianças. Êisdur e seus companheiros se comportam como crianças. Há brincadeiras, inocência e um certo encantamento só visto em quem é pequeno. Não temos aquelas crianças bobas e muito menos aquelas super espertas que sabem de tudo e parecem ser apenas um alívio cômico. Essa pegada lúdica é levada para a linguagem e para a narrativa. O épico as vezes é substituído pelo brincar e isso é muito bom. E também vale a pena mencionar a forma como o autor introduziu um elemento de risco para todo o universo. Algo que funciona bem como metáfora e é uma ótima ferramenta para a criatividade.
Uma escolha que deve ser feita
Todas essas características fornecem originalidade para a obra e a transformam em algo diferente. Só que é preciso fazer uma grande ressalva. Hoje em dia, devido a enorme influencia do cinema, temos livros em que todos os acontecimentos têm como propósito fazer a narrativa avançar. Em o Rei Adulto não é bem assim. Vemos fábulas e histórias paralelas que não contribuem para a trama principal, mas que são bem escritas e possuem toda a magia da obra. Isso é um defeito? Cada um tem a sua resposta. E algo que oscila é ação. Em alguns trechos ela é mostrada pelo autor e em outros fica restrita ao contar.
Se você quer uma identidade enorme esse livro é perfeito para você. Agora, se você gosta e sempre procura o que é comum hoje em dia (algo próximo do cinema) esse livro pode gerar um pouco de frustração. Escolhi a primeira opção e não me arrependi.
Basta você escolher.
NOTA
Garanta seu exemplar no link abaixo e boa leitura!
Ficha Técnica
Nome: O Rei Adulto (Parte 1 de duas)
Autor: Helio Jaques
Edição: 1º
Editora: AZO – Agência Literária
Ano: 2016
Páginas: 387
ISBN: B01N57NVMU
Sinopse: “O Rei Adulto” é uma fábula sobre as dificuldades que envolvem a passagem da criança à vida adulta. Ambientado dentro do mundo imaginário e fantasioso das próprias crianças, o livro narra a epopéia de Êisdur Árland, um menino que decide descobrir o paradeiro de seu irmão mais velho Eisdras, o qual, tendo chegado à adolescência, abandonou o mundo das crianças. Êisdur acredita que pode localizá-lo com a ajuda do Rei Adulto, personagem lendário de seu mundo, reputado como a única pessoa a ter crescido sem deixar de ser criança.
À sua busca, gradativamente unem-se outras crianças, que são nomeadas Suprapátrias, título raro dado somente àqueles cuja missão seja considerada tão importante para o mundo infantil que seu resultado estaria acima de qualquer questão regional ou nacional. Mas sua missão não é tão simples. Problemas crônicos vêm ameaçando o mundo infantil, o qual, com o passar dos anos, vem sendo cada vez mais descaracterizado pelo advento de plantas miraculosas chamadas plantas de imaginar, que são usadas como substitutos instantâneos para a faculdade inerente às crianças: a imaginação. Êisdur e seus amigos cedo percebem que terão também que buscar uma solução para o mal das plantas de imaginar, para que ainda tenham um mundo em que viver, após estarem com o rei.