“Foi o meu próprio rosto que vi quando olhei para o rapaz vindo em minha direção”.
Assim começa O Homem Vazio, uma fantasia urbana escrita por Thiago Lee e contemplado pelo 1º Edital de Publicação de Livros na Cidade e São Paulo em 2018.
Não existe amor em SP
A história se passa na capital de São Paulo e narra estranhos acontecimentos na vida de Otto, um jovem que, como milhares de outros, tenta sobreviver na grande cidade. Entre a rotina de trabalho, apuros no metrô, almoços no boteco do “Seu Gildo“, preocupações com sua mãe e baladas na Avenida Augusta, Otto tenta ganhar a vida e fazer seu canal no Youtube engrenar.
Em meio a tudo isso, existem estranhos relatos de pessoas que estão desaparecendo em São Paulo. Certamente esse fato passaria desapercebido por muitos. Afinal, numa das maiores cidades do mundo, desaparecimentos são comuns e isso certamente não chamaria a atenção de Otto se ele não recebesse a visita de uma pessoa exatamente igual a ele que o alertasse.
Certamente a visão de um sósia deixaria qualquer um desnorteado, mas o “Outro Otto” não dá tempo para o rapaz: ele explica que veio da São Paulo do Lado de Lá e que os desaparecimentos que estão ocorrendo são causados porque as pessoas estão sendo esquecidas: pouco a pouco, na rotina de todas as coisas que consomem a vida, as pessoas são esquecidas pelos familiares, amigos, colegas de trabalho, paqueras das baladas; quando elas são esquecidas, elas desaparecem.
Assim, se não fizer alguma coisa, Otto será o próximo a desaparecer.
Devolva minha vida e morra
Thiago Lee tem muitos acertos em O Homem Vazio. Primeiramente, ele constrói uma história de fantasia urbana bem diferente do que vemos em outros livros. Inesperadamente, é uma fantasia que não possui magia, seres sobrenaturais ou monstros, sendo mais uma ficção científica ao brincar com realidades paralelas.
Certamente o segundo destaque vai para a cidade de São Paulo. Acima de tudo, a cidade é utilizada de uma maneira primordial para o desenvolvimento da história, sendo muito mais que apenas o cenário onde ela se passa. Isso dá um gostinho a mais pra quem já conhece a capital.
Além disso, O Homem Vazio traz personagens cativantes e de fácil identificação: com dois ou três parágrafos é possível identificar quem é Otto, Otávio, Ana e todos os outros. São típicos jovens, mães, irmãs, colegas de trabalho, personalidades da internet. Enfim, são facilmente reconhecíveis e de assimiláveis, deixando a narrativa fluir muito fácil.
Aqui ninguém vai pro céu
Por fim, temos uma história estruturada por pontos de vista, sendo que cada parte é narrada por um personagem, alternando a narrativa e acrescendo mais histórias paralelas ao plot principal. Portanto, pode esperar algumas surpresas e algumas reviravoltas na história por conta disso.
Nesse sentido, O Homem Vazio traz uma leitura muito fluída e alguns finais que talvez não agradem todos os leitores. Mas certamente vale a pena ler esse livro e acompanhar a jornada desses jovens em busco de não se tornarem vazios e esquecidos. É um livro nacional, então é perfeito para que você #LeiaNovosBR.
Nota
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