Vejo muitas pessoas perderem-se ou abrirem mão do que são, do que fazem por causa de estar ao lado das pessoas ou serem mais bem aceitas. Isso, além de ser uma falta de tapa na bunda, é um tanto confuso, pois se você não é você… a pessoa namora com quem?
Vamos combinar que se fosse pra namorar iguais, espelho é mais barato e dá menos trabalho… Mas enfim, até eu já cometi esse erro e não estou aqui para julgar ninguém.
Estou aqui para uma discussão filosófica sobre a formação da identidade.
Como compreendemos o outro, o mundo, o livro
O professor me disse durante uma aula que Parmênides disse:
“TUDO É”
Ou seja as coisas simplesmente existem e são Imutáveis.
Nisso têm-se que as pessoas são. Simplesmente. A Giul é a Giul.
Porém, logo em seguida ele também disse que Heráclito disse:
“é impossível entrar no mesmo rio duas vezes”
Aqui temos o extremo, de que tudo muda.
Assim, a Giul que você encontra hoje já não será a mesma amanhã…. (e que ótimo que posso pensar que sou assim!).
Entre o estático e o mutante está a criação da identidade do ser humano, porque tudo é igual e diferente ao mesmo tempo. Uma árvore é sempre uma árvore, mas ela se modifica ao longo do tempo. Nós nos modificamos e passamos a entendê-la de uma outra maneira.
Portanto, a árvore é a arvore, porém diferente da árvore que conhecemos. A Giul é sempre a Giul, porém ela estará diferente cada vez que você encontrar com ela. A parte incrível é acompanhar essas mudanças e deixar-se modificar por elas.
Isso acontece muito com a leitura quando nos damos a chance de ler o mesmo livro inúmeras vezes. Cada vez que leio “Dom Casmurro”, consigo ver uma nova loucura em Bentinho e dou ainda mais razão para Capitu que, a meu ver e em 5 leituras, ainda não pode ser acusada de traição. O livro é o mesmo, nós o modificamos porque não somos mais os mesmos em relação a ele.
Esse é um conceito que gera bastante discussão sobre a formação da identidade e da relação do eu com o outro.
Para Bakhtin, o eu só existe a partir do outro. Ou seja, é o outro que me constitui. Temos, portanto, toda uma formação social. Você não é o que você é, mas sim o que o outro faz com que você seja.
Isso se chama ALTERIDADE.
Deixar-se constituir e constituir-se através do outro e pelo outro. Com o outro.
Deve ser daí que vem o conceito de COM – Vivência e, convenhamos, conviver é uma experiência singular e pode ser deliciosa!