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Concorra ao livro O Templo dos Ventos, de Marcelo F Zaniolo!

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No espírito da campanha #LeiaNovosBr, trazemos mais uma indicação de livro para vocês: O Templo dos Ventos!

Escrito por Marcelo F Zaniolo, este primeiro volume (Trilogia dos Pássaros) é um Young Adult que traz uma história de aventura no nosso mundo após uma grande inundação global. Vivendo em pequenas aldeias, o que sobrou da população tenta sobreviver neste novo mundo tomado pelas águas, isolados de tudo e de todos. Mas um acontecimento trágico faz que com que um pequeno grupo de jovens tenha que sair da aldeia e se aventurar “lá fora”.

Quem quiser saber mais, pode conferir o nosso podcast que indicamos o livro

ou o programa que falamos nossas primeiras impressões da capa maravilhosa!

O Marcelo cedeu um exemplar para sortearmos aqui no site! Basta se inscrever na promoção e:

  1. Curtir a página do Covil Geek no Facebook;

  2. Compartilhar (modo público) esta postagem aqui nas suas redes sociais

Fácil, né? Então participe e BOA SORTE!

E se quiser garantir seu exemplar de O Templo dos Ventos, você pode comprá-lo em:

AMAZON

DIRETAMENTE COM O MARCELO ZANIOLO.

Cidade de Deus Z – Julio Pecly

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É mais um dia na Cidade de Deus. Isso é o que todos os moradores pensavam até descobrirem que o morro tá fechado e cercado pela polícia, sem previsão de liberação. A ordem é clara: ninguém entra e ninguém sai. Porque? Ninguém sabe.

Enquanto a mídia tenta cobrir os principais acontecimentos do lado de fora, os moradores tentam sobreviver. A ameaça dessa vez é mais complicada e um risco iminente de morte: viciados em crack estão agindo de forma estranha, dominando a favela, matando sem medo e se arrastando pelas ruas. Algo deu muito errado: eles se tornaram verdadeiros zumbis.

Quem está lá dentro, quer sair. Quem está lá fora, quer tentar entrar. A TV está cobrindo tudo e a Secretaria da Segurança tem que resolver. Como? “Limpa tudo”.

Esse não é mais um dia qualquer na Cidade de Deus.

O convite para a Cidade de Deus Z

“Cidade de Deus Z” de Julio Pecly é um livro que nos convida a entrar em um mundo onde o simbolismo domina, exceto quando se fala na violência cotidiana, que já é tão conhecida no Rio de Janeiro.

Ao falar de uma droga que condena milhões de vidas, Julio coloca em sua estória tal poder que os usuários se tornam zumbis. Sim, aquelas criaturas que conhecemos em filmes e séries de terror que matam sem distinção com o objetivo de se alimentar.

O grupo seleto de personagens do livro nos aproxima da cultura local, infelizmente de forma esteriotipada. A fantasia domina a obra, porém sua mensagem crítica está lá, se estendendo por todas as páginas.

Análise Crítica

“Cidade de Deus Z” é um livro curto que traz uma reflexão importante: qual o real perigo das drogas dentro de uma favela? Indo além, Julio cria personagens que buscam por uma saída do problema que chegou até eles sem eles pedirem. São pessoas comuns, com vidas comuns, que nunca se envolveram com drogas. Mas o reflexo chega até eles, ameaçando suas vidas e a vida das pessoas que amam.

Do lado de fora da Cidade de Deus Z, o autor se volta para quem decide como funciona a vida dessas pessoas: o secretário de segurança do país, os policiais, o BOPE, a televisão. Tudo isso visto pela ótica de um morador de dentro da Cidade de Deus, nos trazendo uma visão bem diferente do que nos chega através da mídia.

A ideia do livro é boa, a promessa é excelente! Criar uma horda de zumbis que foram criados pelo sistema de corrupção e por serem usuários de drogas é uma tacada de mestre. Infelizmente, falta profundidade no livro. Todos os personagens são caricatos, todas as mulheres são mal trabalhadas e, apesar das cenas de ação serem simples e rápidas de se acompanhar, falta espaço para profundidade e criação de laço dos personagens para com os leitores.

O livro passa rápido, a leitura é simples. Fica a reflexão para depois.

Nota

 

Ficou interessado(a)? Você encontra o livro nas lojas abaixo:

Amazon
Amazon (ebook)

Não esqueça de adicionar o livro no Skoob

Nome:
 Cidade de Deus Z
Autor: Julio Pecly
Edição: 1ª
Editora: LeYa
Ano: 2015
Páginas: 160
ISBN: 9788577345861
Sinopse: Até onde pode ir o estrago causado pelo crack? Neste romance ao mesmo tempo cômico e provocador, Julio Pecly dá a resposta com uma história que traz o fantástico para o cotidiano da favela carioca. No lugar do convívio diário com o vício e o tráfico, nos deparamos com a luta desesperada de um grupo de moradores para fugir da favela invadida por zumbis contaminados pela droga. E onde esperaríamos o auxílio do Estado, vemos a perspectiva ainda mais assustadora de uma polícia que entra na favela para calar e matar. Com uma escrita leve e direta, acostumada aos becos e vielas da comunidade, e à experiência de quem passou uma vida inteira lá dentro, o autor alia fantasia e crítica social para construir um thriller inusitado e um dia comum na Cidade de Deus, os moradores se veem impedidos de entrar e sair da comunidade por policiais armados. Seria apenas mais uma das muitas operações a que já estão acostumados, não fosse o motivo inédito e assustador: uma invasão zumbi na favela. Ao se ver cercado, um grupo de moradores e traficantes decide fugir, mas para isso precisa enfrentar não apenas a ira dessas criaturas assustadoras, mas também as armas dos soldados enviados pelo Estado, dispostos a matar qualquer um – zumbi, traficante ou morador.

Falha Crítica 218 – Os 3 Melhores Games!!!

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Bem vindos ouvintes!!! Hoje nossos pimpolhos Edu, Basso e Rick, se juntam pra eleger na hype total e alegria os 3 melhores jogos pra cada um deles e falar um pouco dessas franquias e da maravilha que Zeld… que os jogos são, então coloquem seus fones de ouvido e divirtam-se!!!

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Sorteio #LeiaNovosBr: Os Dias da Peste!

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E a #LeiaNovosBr não pára de sortear livros!

Dessa vez é o Os Dias da Peste (versão digital), do escritor Fábio Fernandes (@fabiofernandes). Confirma uma breve resenha sobre o livro:

Cada segundo passado nos torna mais dependentes da Tecnologia. Hoje ela ainda necessita de nossa interação para seguir seu desenvolvimento. Mas cada vez menos essa afirmativa é exata. Haverá um ponto de mudança. Um avanço natural. A História Humana nos ensinou isso em séculos de progresso tecnológico. E a história da evolução digital vem sendo escrita entre o ontem e o amanhã.

Para concorrer ao livro basta curtir a página do Covil Geek (https://www.facebook.com/covilgeek) e compartilhar esta postagem no modo público (além, é claro, de se inscrever no sorteia.me : https://www.sorteiefb.com.br/tab/promocao/666256)

Acompanhe a #LeiaNovosBr nas redes sociais para saber de mais promoções e indicações de novas(os) escritoras(es) nacionais!

Caso queira garantir a leitura e comprar os livros do Fábio Fernandes, é só clicar nos links abaixo:

COMPRAR OS DIAS DA PESTE

Conheça os participantes da #LeiaNovosBr: Multiverso X

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Para quem ainda não sabe, aqui vai uma resumo da #LeiaNovosBr: é uma campanha criada pelo Basso (Covil Geek) e Domenica (Leitor Cabuloso) com diversos podcasts, blogs e youtubers para apresentar/indicar novas(os) escritoras(es) nacionais. Durante todo o mês de setembro, os participantes se comprometeram a divulgar quem está começando no ramo da literatura e/ou quem não é tão conhecido ainda. O resultado tem sido fantástico,  gerando muito conteúdo e você pode encontrar tudo isso procurando pela hashtag #LeiaNovosBr.

Hoje queremos apresentar o MULTIVERSO X, um site bem eclético no que diz respeito ao mundo nerd/cultura pop, com conteúdo sobre literatura, HQ, RPG, filmes, séries e tudo mais que deixa nosso Universo divertido e suportável nesta dura realidade.

O site é comando pelo Ace Barros e Airechu, uma dupla que, de diferentes formas, acredita que o conhecimento deve ser acessível a todos e buscam fazer sua parte nesse todo.

Entre diversas coisas que produzem, está o Podcast Multiverso X, co-apresentado pela Inteligência Artificial Hall-E (a melhor participante do programa!), que aborda assuntos variados de acordo com o gosto e o que os participantes estão consumindo no momento.

 

 

Escutem o programa que eles fizeram para a nossa campanha da #LeiaNovosBr clicando no link abaixo:

MULTIVERSO X.:26 – MISSÃO #LEIANOVOSBR: LIVROS

Um café e o fim do mundo, por favor

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Laura soube que o dia ia ser uma bosta quando o vômito respingou no vaso e acertou seu olho.

Depois de escovar os dentes três vezes e mais outra depois do segundo banho, ela sabia que já tinha tirado o gosto podre da boca. Sabia, mas ainda assim tinha calafrios de nojo dirigindo para o trabalho. Odiava se juntar ao coro de ódio às segundas-feiras, mas quando acordou com o sol brilhando no seu olho ela soube que já estava muito atrasada. Tinha, então, levado a mão ao celular no criado-mudo, o coração em uma cavalgada furiosa tentando fazer o cérebro pegar no tranco, para tentar saber por quê o alarme não tocou. Demorou dois segundos, meio levantada e meio agachada ao lado da cama, um pé ainda enroscado no edredom, para entender também por que sua mão estava encharcada.

Ela xingou o gato de todos os nomes que conseguiu pensar, correndo para o banheiro, torcendo o nariz para o cheiro de mijo na mão.

— Posso saber que gritaria é essa logo de manhã, Laura?!

Ela respondeu à colega de apartamento com o máximo de educação que conseguiu encontrar — que no caso não foi muita —, explicando com os devidos adjetivos o que seu gato havia feito. Em resposta, ela gritou de seu quarto para Laura parar de ser enjoada e limpar a pia antes de sair.

— Eu tô atrasada! Quando eu voltar eu faço!

— Toda vez a mesma merda! — Ela foi abaixando a voz. — Acho bom você começar a fazer as coisas por aqui.

As reticências implícitas foram claras. Laura, com metade da blusa do pijama para fora e já sem as calças, pensou nos três meses atrasados de aluguel que devia para a colega. Suspirou, vestiu a blusa de volta, enrolou as mangas — que ficaram caindo durante todo o processo — e lavou tudo o mais rápido que conseguiu. Foi batendo a tampa do ralo na lata de lixo, depois de lavar tudo, que ela começou a amaldiçoar a hora em que resolveu colocar o pé para fora da cama: um pedaço de macarrão velho, molenga e gelado, voou para dentro de sua boca.

*

Laura teve outro calafrio. Engatou a primeira e acelerou, avançando no sinal fechado. O sedã a acertou de lado. Laura não percebeu, mas seu carro girou três vezes antes de parar na outra pista. Para ela, todo o acidente se resumiu a um leve apagão, barulhos de metal amassando e vidro explodindo ao mesmo tempo, alguns segundos de desorientação e pneus derrapando — que foi o que a trouxe de volta à consciência.

As mãos travadas no volante, ela olhou ao redor. Sentia uma dor aguda acima do supercílio esquerdo e sua lombar estava gritando. Não sabia onde estava, nem mesmo lembrava seu nome. Ela nem lembrava por quê estava sentada no meio-fio, segurando um copo de plástico rachado. A água gelada escorria por seus dedos, molhando sua camisa de manga comprida até o cotovelo. Laura olhou para a mancha escura, profundamente incomodada com a sensação do pano molhado colado à pele, mas voltou a olhar para o copo. Ele só estava rachado até a metade, ainda tinha água nele. Laura girou o copo, virando a rachadura para o outro lado — para o lado dos carros amassados —, e tomou a água.

Ajudou bastante.

Ela conseguiu até apertar os olhos na direção das latarias, numa tentativa de entender porque tinham policiais e bombeiros ali. Alguém gritava com ela.

Depois de assinados os papéis do seguro, Laura lembrou que deixou a bolsa no banco do carro. Estava com o celular que a empresa lhe deu na mão, vendo o guincho ir embora. Ela olhou para o celular, refazendo seus passos. Precisou pensar muito para entender que pegara a bolsa, depois o celular de toque polifônico e, enquanto apertava os botões de borracha, Laura devolvera a bolsa ao carro.

Piscou os olhos várias vezes, antes de pensar em chamar em voz alta. Quando chegou a isso, o carro já estava longe. Pensou em como estava vulnerável sem seus documentos, sem seus cartões e completamente sem dinheiro. Nem sabia o nome da rua em que estava. De pé, no meio da calçada, ela demorou vários segundos para lembrar que estava segurando um aparelho celular. Por pior que fosse, ainda fazia ligações.

Laura riu de sua própria idiotice, enquanto apertava o botão verde para ver as últimas ligações. Apertou as setinhas para baixo, procurando o número do seguro, mas viu que só estava abaixando o volume da ligação.

Ligação?

Com um pequeno pulo de susto, Laura levou o telefone à orelha. Não tinha percebido que estava tocando e, ao apertar o botão, atendeu a ligação. Escutou a voz de seu patrão, muito baixa, do outro lado.

— Oi, seu Araújo! Péra só um segundo que eu não tô ouvindo!

Ela afastou o celular do rosto, apertou a setinha para cima até a barrinha estar completamente cheia e o encostou na orelha novamente.

— Pronto! Pode falar!

—… e passa aqui para pegar suas coisas!

— Oi?

Mas ele já tinha desligado. A boca de Laura secou enquanto ela abaixava o aparelho. Estava desorientada demais para chorar. Sabia que deveria chorar, que tinha o direito de chorar, mas não conseguia. Colocou o celular debaixo do braço esquerdo e caminhou em uma direção qualquer, sem perceber que estava sem sua bolsa e que, na verdade, tinha jogado o celular no chão.

Deu um pulo de susto ainda maior quando alguém tocou seu cotovelo.

— Moça? Desculpa, mas seu celular caiu.

Ela olhou para o sujeito, cabelos pretos, olhos claros. Alto. Um sorriso confuso no rosto. Olhou para o aparelho que ele estendia. Nem sabia que ainda fabricavam aquele modelo de celular. Abriu a boca para falar que não era dela, que tinha deixado seu celular em casa porque o gato da colega de quarto mijou nele, quando os acontecimentos do dia passaram pela sua cabeça. Ela olhou do celular para o rapaz e não soube o que dizer, nem o que pensar.

*

Quando conseguiu raciocinar de novo, estava sentada em um sofá novo, mas que parecia velho. O lugar era escuro, mas não muito. Aquele lugar era familiar. Laura olhou para o celular em sua mão. Apertou o botão lateral para ver a hora, mas ele não ligou. Acabou a bateria ou ela não sabia mais qual era o botão que devia apertar. Antes que chegasse a uma conclusão, o rapaz da rua apareceu na sua frente, com dois copos brancos de papel na mão. Entregou um a ela, com um sorriso, e se sentou na poltrona à frente. O copo estava quente. Tinha uma sereia com duas caudas desenhada. As sobrancelhas de Laura subiram. Precisou de menos segundos, dessa vez, para entender onde estava. Bebeu um gole do café.

— Hmmm… Eu gosto de frappuccino.

— Imagino que tenha sido por isso que você pediu.

— Eu pedi?

— Moça… — Ele semicerrou um olho e colocou o copo sobre a mesinha entre os dois. — Tem certeza que você tá liberada para andar assim por aí?

Ela levou a mão ao rosto. — Assim como?

— Hã…

Ele apontou para o rosto dela, para a sobrancelha esquerda. Laura tateou pela lateral do rosto e deu um pequeno pulo na cadeira quando sentiu, ao mesmo tempo, uma grande atadura sobre e uma grande dor.

— Eu…

O rapaz levantou as mãos. — Você me disse várias vezes que estava bem e que não precisava te levar para o médico nem nada assim, mas eu ainda…

— Eu disse?

— Você… Você não lembra?

— Eu…

Laura forçou a cabeça, mas não, não lembrava. Disse a ele que não lembrava. Quando percebeu estava contando tudo que aconteceu durante o dia. Quis parar de falar mas, agora que tinha começado, achou melhor terminar. Explicou até como foi parar naquele apartamento, como tinha se endividado, como estava meio sem esperanças de conseguir pagar e como achava que seria expulsa de lá.

De longe, de muito longe, Laura pensou ver a si mesmo ali sentada, falando e falando. Estranhou que não estivesse chorando. Depois de algum tempo, lembrou-se que não deveria estar lá falando e aqui observando, então voltou a ocupar um lugar só. Esses pensamentos lhe deram uma certa vertigem, então ela parou de pensar nisso.

O rapaz deu uma risada. — Parece que você teve, oficialmente, o pior dia da história da humanidade.

— Ah… Eu concordo, viu.

— Essa rotina cansa, né? — Ele apontou para a janela do lado dos dois. — Olha só para todo mundo, autômatos sem alma.

Laura olhou, achando graça no jeito dele falar. Desviou o olhar rápido, pois viu seu reflexo de cara inchada encarando-a de volta. Estava horrível. O rosto esquentou e agora ele ia ver que ela estava corada e, sinceramente, Laura não achava que poderia ficar mais ridícula, mas olha ela ali. Laura sempre superava as próprias expectativas, parecia. O rapaz ainda estava falando e ela fez força para prestar atenção.

—… um simples jeito de acabar com tudo isso.

— Acabar?

Ele voltou a encará-la. — Sim, acabar. O que acha? Dar o troco no seu patrão, terminar com essa segunda-feira maldita e ainda garantir que nunca mais vai precisar se preocupar com aluguel.

— Parece bom demais para ser verdade.

— E é. — Ele riu. — Eu faço parte de um grupo que, já há algum tempo, está tentando acabar com esses problemas tão mundanos. Sabe, consertar tudo.

— Algum tempo?

Muito tempo. — Ele sorria, sempre. — Mas parece que não temos o que precisa para fazer isso.

Laura riu do jeito engraçado que ele falava. — E o que seria?

— Realmente, realmente, querer que tudo acabe.

— Eu… Não sei se entendi.

Ele ficou sério. — Olha, eu sou um membro dedicado do nosso culto.

— Culto?

— E eu já fiz coisas por nosso grupo que, digamos, não me orgulham muito.

— Tipo sacrificar inocentes?

— Ah, não. Todos os nossos sacrifícios são completamente voluntários. Acontecem só uma vez por século, também. Mas isso nem é o problema, sempre vai ter alguém disposto a se sacrificar.

— Ah é?

— Claro. Algumas promessas de um lugar melhor, no além, uma vida eterna ao lado de nosso patrono. Essas coisas.

— E quem seria seu patrono?

— É um nome complicado demais de pronunciar com línguas humanas. Mas voltando ao que eu te falava…

Laura teve, outra vez, a sensação de ver a si mesma sentada ali. De fora, ela conseguia se questionar o que estava acontecendo. Culto? Patrono? Sacrifícios? E ela estava lá, simplesmente conversando? Bom, obviamente era hora de levantar dali e… Era impressão ou o rapaz tinha virado o rosto justamente na direção que ela estava agora? Ali, sua consciência à parte do próprio corpo e… Ele tinha olhos amarelos? Como ela não tinha reparado nisso ainda? Duas piscadas de olho e estava de volta na poltrona. Ele realmente tinha olhos amarelos, mas isso não parecia incomodá-la mais. Muito pelo contrário. O rapaz ainda falava.

—… o que acha? Pode fazer isso?

Laura sorriu com a possibilidade de poder fazer alguma coisa por ele. — É claro. Claro que posso.

— Excelente.

Ele abriu um grande sorriso enquanto procurava alguma coisa nos bolsos da calça. Laura apertou os olhos, tentando se lembrar do que ele dissera, tentando entender com o que tinha concordado. Mas um papel foi estendido a ela e o momento se foi. Ela pegou a folha, uma metade rasgada de um caderno qualquer. Viu muitas letras ali, letras que não combinavam umas com as outras, que não deveriam estar uma do lado da outra. Combinações que machucavam uma parte de seu cérebro que ela nem sabia que tinha. Sentindo outra vertigem, ela desviou os olhos do papel. O rapaz ainda sorria.

— Eu só… — Ela arriscou um palpite. — Eu só preciso ler?

— Exatamente.

Laura ficou aliviada por ter acertado. — E por que vocês, digo, você ou alguém do seu culto, não pode ler?

— Pelos motivos que eu te expliquei. Nenhum de nós realmente quer que tudo acabe. Todos os que tentaram sempre acabaram se arrependendo antes do último verso. Alguns nem chegaram na metade. E isso… Bom, isso não foi bom nem para eles nem para nós. Coisas desagradáveis aconteceram e paramos de tentar. Mas você, ah… Com você eu sei que vai dar certo.

— Eu quero que tudo acabe?

— Não quer? Acabar com essa segunda-feira, pelo menos?

— Ah… Isso sim. — Laura olhou de relance para o papel e desviou o olhar rápido. — Mas é que… Você é tão dedicado, você mesmo disse…

— Eu tenho um filho.

Ela ficou decepcionada. Achou que conseguiu disfarçar. — Mesmo?

— Sim. Toda vez que estou lendo eu lembro dele, dos seus sonhos de adolescente, da vida que ele acha que escolheu.

— Entendi… E você não se importa que ele não alcance esses sonhos?

— Vamos nos concentrar no que você sente, Laura. No que você sente e no dia de hoje. Seu dia foi péssimo, não foi? Eu garanto para você que, se você ler esses versos, este dia acaba.

Ela pensou. O dia estava uma bosta mesmo. Ela teve outro calafrio enquanto ele falava. Com certeza foi porque lembrou da sensação de nojo do macarrão gelado na boca… Sacudiu a cabeça. Com certeza era isso, não a desconfiança de que não tinha falado o próprio nome para ele. Mas devia ter falado sim. É, claro que falou.

Ela levantou o papel. — É só ler?

— É só ler.

Laura desviou o olhar do sorriso do rapaz, que estava largo e pontiagudo demais, e encarou o papel. Forçou-se a não parar de olhar. As letras estavam muito fora de lugar ali, pareciam intrusas, pareciam uma violência. Era como se um quadro tivesse sido pintado com um espancamento de cachorro. Como se uma ideia tivesse entalado na garganta de uma pedra. Ela sacudiu a cabeça de novo. A sensação estranha era só por ser um idioma que ela não conhecia, Laura tinha certeza. E não, com certeza não porque eram palavras que nunca deveriam ter sido escritas com letras criadas por humanos.

Claro que não.

Laura começou a ler com dificuldade. Duas palavras depois, sua língua se acostumou ao movimento estranho que precisava fazer para pronunciá-las. Era preciso fazer ângulos errados com ela na boca, senão os sons sairiam quebrados. Depois da terceira linha, Laura nem precisava mais prestar atenção no que fazia, o que lhe deu tempo de pensar que realmente gostaria que esse dia bizarro acabasse. Seria um grande alívio, para ser sincera. Não podia esquecer de agradecer ao rapaz por essa oportunidade.

Alguns segundos depois, ou muitos, ou nenhum, Laura acabou de ler. O próprio ato de levantar a cabeça do papel parecia estranho. Pareceu levar tempo demais só para relembrar qual lado era para cima, qual músculo era o do pescoço e o que era seu pescoço em meio a todo o resto das coisas do mundo. Mas Laura conseguiu olhar para a frente, para onde o rapaz estava sentado.

Ela olhou ao redor. Ele não estava mais ali, nem na poltrona nem no café.

Laura olhou para fora, daquele jeito lento e veloz de um tempo que não tinha uma direção certa a seguir. O céu estava com um tom verde-amarelado, algo doente e fora de lugar. As pessoas saíam dos prédios, paravam de andar nas calçadas, olhando para cima. Coisas começaram a cair das nuvens esverdeadas, formas que a cabeça de Laura não conseguia processar, formas que eram esquecidas assim que ela desviava o olhar.

E elas não pareciam cair, na verdade. O chão parecia subir ao seu encontro. Ao encontro de todas elas e de cada uma ao mesmo tempo. Mas o chão continuava parado, Laura via as pessoas de pé ali. O chão estava parado e ao mesmo tempo convulsionava ao encontro das criaturas, das coisas. As pessoas estavam paradas e apontando mas também estavam correndo e…

Laura ficou enjoada. Fechou os olhos e se recostou na poltrona.

Não queria vomitar de novo.

 


Rafael Peregrino é carioca, mas conquistou a dupla cidadania paulista. Ama a boa leitura, seja ela ficção, biografia, filosofia ou rótulo de margarina. Gosta de Futebol Americano, correr e de fazer planos megalomaníacos junto da esposa. Escreve de tudo, seus muitos contos podem ser encontrados no Wattpad e seus poucos livros na Amazon.

Conheçam Karen Soarele, a nova escritora do Mundo de Tormenta! #LeiaNovosBr

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Quem acompanha o Covil sabe que somos APAIXONADOS pelo mundo de Tormenta, o RPG mais jogado do Brasil! E qual foi nossa alegria ao saber que, depois de anos do lançamento do último romance ambientado neste mundo, haveria uma nova história escrita para nosso RPG favorito!

Estamos falando de Joia da Alma, romance lançado este mês pela Jambo Editora e escrito por Karen Soarele.

Apesar de estreante no mundo de Tormenta, essa jovem nascida no interior do Paraná e hoje residente no Canadá já escreveu vários livros de fantasia, contos e poesia. Amante de literatura e RPG, seu primeiro romance foi “Línguas de Fogo”, seguido pela continuação “Tempestades de Areia”. Depois vieram os spin-off e um conto para a “Crônicas da Tormenta Vol. II”… enfim, colocaram alguém com alguns níveis de experiência para escrever a próxima história de nosso universo de RPG tão querido! Vocês podem saber mais sobre a Karen visitando o seu site.

Antes de se aventurar por “Joia da Alma”, se quiser conhecer os livros anteriores da escritora, a Karen cedeu seus 2 primeiros livros para sorteamos na campanha #LeiaNovosBr!

Para concorrer aos livros Línguas de Fogo + Tempestade de Areia basta dar um RT no Twitter no link do sorteio! É só procurar no nosso perfil @covilgeekoficia ou pela hashtag #LeiaNovosBr que você irá encontrar! Boa Sorte!!!

E não deixem de comprar o Joia da Alma! Aqui vai uma pequena sinopse do livro para vocês!

“Nada pode apagar o passado.

Um aventureiro veterano, Christian está prestes a completar uma última jornada, que lhe permitirá se aposentar em paz. Mas tudo dá errado quando o passado volta para assombrá-lo.

Agora, Christian e seus companheiros, um mago aberrante e uma menina selvagem, terão que cruzar o Reinado de Arton em busca de um poderoso artefato. Mas eles não são os únicos nessa jornada: Verônica e seu grupo se mostram rivais à altura e parecem estar sempre um passo à frente.

Chegou o momento de revirar o passado e abrir antigas feridas. Afinal, fugir de si mesmo é negar os próprios deuses. Não que Christian ligue para isso.

A Joia da Alma é o mais novo romance de Tormenta, o maior universo de fantasia do Brasil. Uma história sobre heróis relutantes, erros do passado e busca pela redenção. E sobre uma ameaça que pode destruir todo o mundo de Arton.”

Falha Crítica 217 – Indicações séries completas!!!

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Bem vindos!!!! Hoje, se preparem para indicações feitas por nossos pimpolhos Edu, Basso e Rick, sabe aquele momento que você quer ver uma serie sabendo que ela tem um final? Quando você não aguenta mais a síndrome de Supernatural que propaga a serie até… bem… sempre, então, seus problemas estão resolvidos!!!! confiram essas indicações totalmente sem spoilers!!! Divirtam-se!!!

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Descubra novos livros nacionais com a #LeiaNovosBR

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Durante o mês de setembro está rolando a #LeiaNovosBR, uma campanha criada e organizada por mim, Domenica, e pelo Basso do Covil de Livros para apresentar novos livros nacionais para o grande público.

Quem disse que literatura brasileira é chata? Quem disse que literatura aqui no Brasil é só Machado de Assis?

Com a #LeiaNovosBR, nós apresentaremos novos livros nacionais e atuais, que estão sendo produzidos por pessoas que estão próximas de você. Essa é uma grande oportunidade de conhecer novas histórias e mundos, saindo do mainstream e ampliando a divulgação e apoio aos novos escritores e novas escritoras brasileiras.

Gostou da ideia? Não estamos sozinhos!

Nós não estamos sozinhos nessa! Convidamos vários podcasts, blogueiros, resenhistas, Youtubers e produtores de conteúdo para participar desse movimento. Muitos mostraram interesse e todos estão produzindo conteúdos super legais e trazendo indicações excelentes.

Além disso, escritores e escritoras e editoras nos apoiaram e nos concederam vários prêmios para oferecermos a vocês. Os prêmios foram divididos por todos os participantes da campanha para que eles escolhessem e distribuíssem ao seu público como o desejar. Quer mais? Alguns deles também conseguiram outros prêmios e estão sorteando em suas casas podcastais.

Conheça novos escritores e novas escritoras e concorra a prêmios

Procure pela hashtag #LeiaNovosBR e encontre dicas sobre novos livros nacionais para ler. A hashtag está rolando no Twitter, no Facebook e no Instagram. Você também pode encontrar postagens escritas e vídeos no YouTube, além de podcasts divertidos e informativos, é claro.

Para concorrer aos prêmios, é fácil. Basta procurar pela hashtag e acompanhar os programas participantes para saber quais prêmios e como está sendo realizado o sorteio. Aqui no Leitor Cabuloso já sorteamos uma cópia do livro autografado “Amor Plus Size” da Larissa Siriani e lá no Covil de Livros foi a vez do “Arquivo dos Sonhos Perdidos” de Rodrigo Rahmati. Aguarde que a partir da semana que vem tem muito mais sorteios aqui no Leitor Cabuloso e lá no Covil Geek. Fique ligado, pois faremos sorteios diários pelas nossas mídias sociais.

Agradecimentos a quem nos apoia!

Agradecemos aos participantes da campanha #LeiaNovosBR que abriram espaço em suas agendas de publicação e em seus feeds para falar da boa literatura nacional.

Agradecemos também às editoras e artistas que nos concederam prêmios para presentearmos aos ouvintes e leitores que se interessarem pela campanha. Obrigada Editora LeYa, Avec Editora, Oasys Cultural, Editora Dame Blanche, TocaLivros e às escritoras Rebecca Agra, Janaina Bianchi, Ana Lúcia Merege, Barbara Axt, Karen Alvares, Larissa Siriani e Karen Soarele, e aos escritores Lauro Kociuba, Marcelo Zaniolo, Rodrigo Rahmati, Fabio Fernandes e Adams Pinto por nos concederem prêmios para sortearmos.

 

Perdidos na Estante #009 – The Handmaid’s Tale

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Salve, salve podosfera! Nesse episódio falaremos de The Handmaid’s Tale, a série derivada do livro O Conto da Aia! Domenica Mendes e Priscilla Rubia convidam Débora Oliveira do Coletivo Femi Materna e Natália Mattos do PQP Cast para conversarmos sobre a série do Hulu que nos conquistou e machucou com sua realidade distópica – mas muito possível. Vem saber mais sobre essa obra e adaptação incríveis!

SPOILERS: ESSE EPISÓDIO CONTÉM SPOILERS.

Atenção!

Para ouvir basta apertar o botão PLAY acima ou clique em BAIXAR.

Citados durante o programa

[YouTube] Clube Secreto
[Podcast] PQP Cast
[Podcast] CabulosoCast #164 – O Conto da Aia 

Roteiro do programa:

Episódio 1 e 2: De 20:22 a 26:54
Episódio 3: 26:55 a 30:12
Episódio 4: 30:13 a 36:22
Episódio 5: 36:23 a 42:57
Episódio 6: 42:58 a 48:49
Episódio 7 e 8: 48:50 a 52:32
Episódio 9: 52:33 a 54:57
Episódio 10: 54:58 a 58:39

Citados durante os recadinhos

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Cinem(ação) #242 – A Torre Negra 
Multiverso X 25: Os Defensores
SobrEscrever #008 – Young Adult
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[Amazon] O Conto da Aia

Agradecimentos:

Arte de logo e layout de vitrine: Rebecca Agra
Ao Paulo Elache por nos emprestar sua voz para a vinheta.

Perdidos na Estante #008 – Livros de Podcasters #LeiaNovosBR

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Bem vindo amigos a mais um Covil de Livros!!!! PERA! Isso aqui não é um Covil de Livros, isso aqui é um Perdidos na Estante! Neste episódios Domenica Mendes, Priscilla Rúbia e Lucas Ferraz são recepcionados por Sr. Basso e Edu Sama no Covil de Livros para falar dos livros que seus amigos podcasters escreveram e lançaram. Esse crossover lança a campanha #LeiaNovosBR. Preparados para conhecer mais sobre os livros dos podcasters que você tanto adora?

#LeiaNovosBR

A #LeiaNovosBr é uma campanha organizada pelo Basso do Covil Geek em parceria com a Domenica do Leitor Cabuloso para incentivar a leitura de novos autores e novas autoras nacionais. Durante o mês de setembro, dezenas de podcasts se uniram para divulgar escritores(as) em início de carreira e incentivar a nossa literatura.

E pra começar, eles já começaram com tudo: nada melhor do que falar de livros escritos por podcasters!!! Segue a lista:

O Templo dos Ventos, de Marcelo F. Zaniolo, do podcast LivroCast

O Arquivo dos Sonhos Perdidos, de Rodrigo Rahmati, do podcast SobrEscrever

Amor Plus Size, de Larissa Siriani, do podcast Literariocast

Kalciferum, de Andrei Fernandes, do podcast MundoFreak Confidencial

Fantasia, de Rebbeca Agra, Podcaster Freelancer

 

Citados durante o programa

[Podcast] Covil de Livros 54 – Sentimentos a flor da pele
[Podcast] Cabulosocast
[Podcast] Perdidos na Estante
[Podcast] Audiodrama do livro “O Arquivo dos Sonhos Perdidos”

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Para concorrer a uma cópia física do livro “Amor Plus Size” da Larissa Siriani autografado, clique aqui. Resultado dia 13/09!

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[Amazon] O Templo dos Ventos de Marcelo F. Zaniolo
[Amazon] O Arquivo dos Sonhos Perdidos de Rodrigo Rahmati
[Amazon] Amor Plus Size de Larissa Siriani
[Amazon] Um dia dos Namorados (im)Perfeito: Um conto de Amor Plus Size
[Amazon] Kalciferum: Demônios, Bruxas e Vagantes de Andrei Fernandes
[Amazon] Fantasia: Contos Fantásticos Escolhidos de Rebecca Agra

Agradecimentos:

Arte de logo e layout de vitrine: Rebecca Agra
Aos senhores Basso e Edu Sama por ter nos recepcionado em sua casa
Aos participantes da campanha #LeiaNovosBR

FC Invasão Anime S01E06 Haikyuu!!!

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Preparados pra mais uma invasão anime!!! E hoje Edu, e Rick recebem o Yuki pra falar desse anime que conquistou até mesmo aqueles que não curtem animes baseados em esportes!!! Sim nossos meninos vão falar sobre Haikyuu, um anime de volei que vai agradar todos os gostos! Divirtam-se!!!

Confiram o Trabalho do Yuki AQUI

E não se esqueçam que mês que vem Boku no Hero e no final do ano aquele especial de Fullmetal Alchemist Brotherhood!!!

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Covil de Livros 86 – #LeiaNovosBr e Livros de Podcasters

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Bem-vindos, amigos, ao Covil de Livros! Hoje nós temos um crossover muito esperado: Basso e Edu recebem a equipe toda do Perdidos na Estante! Isso mesmo, estão presentes a Domenica Mendes, o Lucas Ferraz e a Priscila Rúbia. E tudo isso porque hoje é lançada a campanha #LeiaNovosBr!!!

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A #LeiaNovosBr é uma campanha organizada pelo Covil Geek em parceria com o Leitor Cabuloso para incentivar a leitura de novos(as) autores e autoras nacionais. Durante o mês de setembro, dezenas de podcasts se uniram para divulgar escritores(as) em início de carreira e incentivar a nossa literatura.

E, já que é uma campanha de podcasts para incentivar novos(as) autores(as), nada melhor do que falar de livros escritos por podcasters!!! Segue a lista:

O Templo dos Ventos, de Marcelo F. Zaniolo, do podcast LivroCast

O Arquivo dos Sonhos Perdidos, de Rodrigo Rahmati, do podcast SobrEscrever

Amor Plus Size, de Larissa Siriani, do podcast Literariocast

Kalciferum, de Andrei Fernandes, do podcast MundoFreak Confidencial

Fantasia, de Rebbeca Aggra, podcaster freelancer.

Comentados no episódio:

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Para receber mais dicas de novos livros nacionais, procure pela hashtag #LeiaNovosBr e por programa com esse selo na vitrine

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Houston

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— Houston, temos um problema.

Um calafrio percorreu todo o Centro de Controle da Missão.

— Houston, repito, temos um problema — repetiu a voz de John Narbo calmamente.

A voz dos astronautas está sempre calma quando estão no espaço, prestes a aterrar na Lua, e surge um problema. A voz dos astronautas está sempre calma quando surge um problema. A voz dos astronautas está sempre calma.

— Percebido — disse Scott Scott, o líder da missão, com voz calma. — Qual é a natureza do problema, Apollo?

Scott olhou em volta e reconheceu uma calma apreensiva nas faces dos seus companheiros. Ele conseguia ver também alguma surpresa nos seus olhares. Ele também a sentia no seu próprio olhar. A nave tinha descido para a Lua, em direcção ao Mar da Tranquilidade, tinham ouvido a contagem a decrescer, 100 metros, 50 metros, 10 metros, 5… 4… 3… 2… 1… Se surgira um problema nesta altura, só podia ser a nave a despenhar–se no solo do astro. Como podia então John Narbo ainda estar a falar com eles? Calmamente.

A voz de John Narbo voltou a ouvir–se:

— Bem, Houston, não temos a certeza.

Scott Scott ficou ainda mais surpreendido com este comentário. Não é o tipo de comentário que um astronauta possa fazer. Um astronauta tem de ter a certeza do que diz. Disso depende a sua vida. Os factos e apenas os factos. John Narbo devia estar muito perturbado.

— Temos touchdown, Apollo? — perguntou Scott.

— Negativo, Houston — foi a resposta.

Como é que isso era possível? Tinham ouvido a contagem até 1 metro de altitude relativamente ao solo lunar. Como era possível não terem tocado ainda no solo? Scott olhou para Joe Madonna, que monitorava o computador. Este encolheu os ombros e abanou a cabeça: nenhum dos instrumentos indicava touchdown e ele não conseguia perceber porquê.

— Então, Joe?

— Não sei o que se passa, chefe. O computador desceu ao 1 metro e depois começou a reduzir em fracções cada vez mais ínfimas. Está agora a contar 0,000314 metros e continua a descer. A nave deve ter desacelerado muito mais do que prevíamos com a manobra de aterragem, chefe.

Scott ficou a olhar para ele um pouco mais longamente, para que Joe percebesse que ele não estava nada satisfeito. Voltou a virar–se para o microfone.

— Apollo, por favor confirmem a vossa altitude para o solo.

— Percebido, Houston — ouviu-se a voz de Narbo. — Altitude: 0,0000213 metros e a descer.

— Correcto, Apollo. Confirmem, então, a vossa velocidade.

— Percebido, Houston. A velocidade é de 0,0000003 e a diminuir.

— Correcto, Apollo. Por favor, aguardem.

Scott desligou o microfone e virou–se para os outros ocupantes do Centro de Controle da Missão.

— Okay, alguém me explique o que se está a passar!

E, de repente, todos falaram ao mesmo tempo criando o som de um bando de flamingos em pânico.

— Um de cada vez! — rugiu Scott. — Joe?

Madonna encolheu os ombros e abanou a cabeça.

— John?

John Memphis fez o mesmo.

— Paul?

Paul Dallas fez um gesto de desalento.

— George?

George Austin baixou os olhos.

— Parece–me ser um problema do computador, chefe — disse ele.

— Que tipo de problema?

— Bem… não para de contar decrescentemente.

— Não temos touchdown, George! Como é que isso pode ser do computador?!

Austin encolheu os ombros e abanou a cabeça.

— Ele pode estar certo, chefe.

Scott olhou em volta até descobrir o olhar penetrante de Leonard Nimrod.

— Explica–te, Leo.

— Eu sei que é difícil de acreditar, chefe. Mas é a única explicação lógica. O computador está ligado ao propulsor da nave e o computador parece não ter parado de contar decrescentemente a altitude. Neste momento ainda está em 0,00000000012 metros.

— As boas notícias, chefe — fez Paul Dallas —, é que a nave está cada vez mais perto do solo.

— Mas a esta taxa de descendência, quando é que atingirá o solo lunar?

Foi Nimrod que respondeu:

— Teoricamente? Nunca.

Scott pestanejou.

— Como assim, nunca?

— Bem, o novo computador tem uma capacidade aparentemente ilimitada de calcular valores matemáticos, chefe. Como a divisão dos valores matemáticos é infinita, o computador pode continuar em contagem decrescente indefinidamente.

— Quer dizer que a nave vai ficar cada vez mais perto mas nunca vai poisar no solo?

Nimrod assentiu com a cabeça.

— Então ponham–me essas cabeças a funcionar e resolvam o problema, raios! — gritou Scott.

Começaram todos a falar uns com os outros.

— Podíamos tentar fazer um bypass ao loop de alimentação e estrangular a saída no core.

— Não vai resultar. O core tem um time–out demasiado reduzido. E se colocássemos o propulsor em feedback de modo a fechar um circuito com o servidor interno?

— Não é má ideia. Mas para isso não teríamos de usar todo o oxigénio do habitáculo?

— Ah, é verdade…

No meio da confusão, Scott olhou para um canto onde esperava Grace Narbo, a mulher de Narbo, com um olhar angustiado.

Quando o seu olhar angustiado encontrou o olhar preocupado de Scott Scott, Grace Narbo percebeu até que ponto é que o seu marido estava em perigo.

Ela sabia o quanto todas aquelas pessoas tão inteligentes e competentes tinham trabalhado ao longo dos últimos dois anos. Dois anos de intenso trabalho de alguns dos profissionais mais brilhantes do planeta para conseguirem levar o seu marido até ali, ao Mar da Tranquilidade.

E ela lembrava–se de todos os esforços que ele fizera e que ela também fizera. As noites sem dormir, os dias longe um do outro, todos os problemas com a casa e os filhos e a piscina e a empregada hispânica e o carro, que ela tinha resolvido sozinha, sem apelo nem agravo, para que o seu marido, o seu homem, o amor da sua vida, conseguisse subir para aquela nave e estar neste dia, neste momento, lá em cima, junto à Lua, a descer para o Mar da Tranquilidade.

E agora isto. Aquilo que ela mais temera. Uma falha. Uma falha qualquer que ia dar tudo a perder. Que ia tornar um sonho num pesadelo. Tudo para nada. O pior negócio possível. Ela iria perdê–lo para sempre, não apenas por dois anos, não apenas por uns dias de distanciamento, mas para sempre. Toda esta espera, todo este esforço, e nunca o teria verdadeiramente. Ele estava lá em cima. Preso. Num espaço minúsculo. Sem ter onde poisar. Sem ter como atingir aquilo que estava tão perto, quase ao alcance da mão. Iria ficar sem oxigénio. Iria deixar de respirar. Ela própria não conseguia respirar. Ela própria estava a sentir–se presa e incapaz e… Não! Não! Ele tinha que regressar! Tinha que regressar! O que interessava a Lua?! O que raio interessava a Lua?!

A Lua. John Narbo olhou pela escotilha para o solo acinzentado e desolado apenas a alguns metros de si. Era impressionante estar ali. Ali. Junto ao Mar da Tranquilidade. Sonhara em estar ali toda a sua vida. Toda a sua vida trabalhara muito e esforçara–se e sacrificara–se, a si e aos outros, para estar ali naquele momento. Tudo o que sempre quisera era andar na Lua, sem peso, sem constrangimentos. Saltar, jogar golfe até… Na Lua. Deserta.

E agora, que aqui estava, por um motivo que não conseguia compreender, a Lua estava fora do seu alcance. Por mais que pensasse e verificasse e trabalhasse os instrumentos, parecia que a cada segundo que ficava mais próximo do Mar da Tranquilidade mais ele ficava longe do seu alcance. Os números continuavam a descer: 0,0000000000000000000000034 metros. 0,0000000000000000000000033 metros. 0,0000000000000000000000032 metros. O nada parecia infinitamente longe. E o infinito, perigosamente perto.

Narbo olhou para o seu lado, para Bill Crocket, que olhava pela outra escotilha, para cima. Olhava para a Terra, azul e só no centro do vácuo. Bela. Silenciosa. John sonhara em voltar à Terra, nessa noite. E sabia que Bill também. Estava ali tudo aquilo que eles adoravam. E agora estavam aqui, presos no meio do nada, junto à Lua, sem ter para onde ir.

Narbo voltou a olhar para o computador, os números a correrem e a desaparecerem do ecran para darem lugar a mais números e mais números que corriam e desapareciam. Maldito computador! Chega! Num impulso, John Narbo esticou o braço e, sob o olhar de Bill Crocket, carregou num botão e desligou o computador. O ecran morreu.

Os dois astronautas olharam um para o outro e depois para fora. Ali estava a Lua, e ali estava Terra. A nave parecia parada, mas eles não tinham sentido absolutamente mais nada. Parecia tudo na mesma.

— Achas que poisámos? — perguntou Narbo.

— Não sei — respondeu Crocket. — Mas não podemos estar a mais de meio milímetro.

— Tens razão.

Narbo ligou o microfone e transmitiu:

— Houston, temos touchdown.

 


Bruno Martins Soares é português e começou a escrever em tenra idade. Em 1996 ganhou o Prêmio Nacional de Jovens Criadores na vertente de Literatura, tendo representado Portugal na Feira de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo em Turim em 1997, onde seu conto Mindsweeper foi publicado em italiano. O seu primeiro romance foi publicado em 2009 — Alex 9: A guardiã da espada —, sob o pseudônimo Martin S. Braun. A conclusão da saga — A saga de Alex 9 — saiu em 2012, já com o seu nome. Em 2013, co–produziu e co–escreveu o longa–metragem Regret, da produtora Castaway Entertainment, assinando um acordo de distribuição para os EUA e Canadá para estreia em 2015. Agora escritor a tempo inteiro, Bruno Martins Soares foi consultor de negócios internacional, tendo trabalhado para clientes como a Sony, Bosch, Nestlé, Philip Morris e muitos outros. Como jornalista, escreveu para o Diário de Notícias e para a Ideias & Negócios, e foi correspondente em Portugal da Jane’s Defence Weekly, a maior revista do mundo de defesa militar. Também colaborou com o The Washington Post.

CabulosoCast #207 – Estereótipos Lésbicos na Literatura

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Olá Cabulosos e Cabulosas! Neste capítulo, discutiremos sobre a literatura lésbica. Afinal de contas quando podemos dizer que um livro é voltado para mulheres lésbicas? Há uma resistência do mercado em publicar livros voltados para esse público? Como as livrarias tratam estes livros? Além de responder a estas e outras questões, vocês também receberam dicas valiosíssimas de nossas convidadas. Participaram deste episódio: Domenica Mendes, Adriana Rodrigues e Karla Lima.

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