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Falha Crítica 222 – Bagulhos Estranhos 2: A Missão

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Bem vindos amigos, e hoje, Edu, Rick e Basso, Guilherme e Domenica, se reunem pra falar sobre a segunda temporada dessa tão amada série da Netflix Stranger Things(Bagulhos Estranhos), então, coloquem os fones, e divirtam-se!!!

Conheçam o Perdidos Na Estante da Domenica AQUI

Falamos sobre a primeira temporada AQUI

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Quantos

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Quantos?

A pergunta era a pedra fundamental de seus dias. A decisão era tomada pela manhã? Não. Era tomada ao acordar, fosse a hora que fosse. Abria os olhos, olhava o vidro de tranquilizantes e se perguntava:

Quantos?

Queria saber se chegaria um dia em que a resposta seria nenhum. Não alimentava esperanças.

Levantou-se do meio de umas dez pessoas emboladas no chão de um quarto.

Quantos?

Um.

Todos dormiam sossegados, o sol ainda não havia aparecido. Ficou encarando o vidro de remédios, as letras do nome dançando em sua mente. Lembrou-se de Andréa. Andréa dançando, Andréa lendo, só Andréa. Ela era de um lugar diferente que ele — da mesma cidade, da mesma faixa financeira, mas normal, limpa. Ele era um viciado em tranquilizantes que levava a vida de bicos e trambiques, de aviões e serviços porcos. Andréa era o ideal inalcançável que o mantinha sobre as pernas.

 

• • •

 

“O que você vai fazer hoje?”

“Não sei, estou cansada, com preguiça.”

“Eu também estou cansada e vou sair. Vem comigo.”

“Não sei…”

“Vem logo, Andréa porra.”

“Tá bom, mas é Sr.ª Andréa Porra Silveira pra você.”

 

• • •

 

O sol foi nascendo e subindo, devagar. Quando sentiu a luz nos olhos, deu-se conta de que estava consciente.

Deveria fazer a pergunta?

Sentado, foi vendo todo mundo acordar com a luz do sol. Uma garota passou perto dele, olhou um pouco com os olhos apertados e lhe roubou um beijo.

“Você acorda cedo pra caralho.”

Um cara procurava o dono da casa, infrutiferamente. Alguém decidiu levar alguma coisa embora para sacanear. O lugar foi devastado.

 

• • •

 

“Desfaz essa cara e vem dançar.”

Andréa riu e acompanhou a amiga. Dançou com vontade, precisava gastar energia, estava cansada de descansar, o problema era a solução. Já começava a sentir o efeito da bebida: um rubor macio subia-lhe ao rosto, sentia vontade de espreguiçar como uma gata. Pensava em um monte de coisas. Pensava em provas, trabalho, estudo. Queria beber mais.

“Vem pro balcão!” gritou para a amiga.

 

• • •

 

Levantou-se, foi para a cozinha. A menina do beijo se apoiava na pia. Alice.

“O que houve?”

Ela suspirou, olhos fechados. Vomitou na pia.

“Nada não.”

Ela começou a rir e ele a acompanhou enquanto limpava os cantos de sua boca com um guardanapo.

“O que você bebeu afinal? Você não é de vomitar.”

“O que eu não bebi… Me dá um beijo?”

Se beijaram longamente. Ele a segurou pelas costas, para evitar que escorregasse para o piso. Olhou ela nos olhos, ambos sérios, ela o olhava com ternura. Beijou-o de leve nos lábios.

“Gostinho de pâncreas?”

Ele preparou um café, só estavam os dois na casa do cara agora. Quem era o cara mesmo?

Vai saber.

“Você vai mesmo tentar o curso de música?”

Ele se aquietou, transtornado com a pergunta. Ia tentar o curso de música?

“Vai? Eu tava pensando em entrar com você: canto. O que você acha?”

Manteve os olhos no café; sentia uma dor de cabeça vindo lá longe, bem no fundo. Tomou um comprimido para enxaqueca.

“Você e essas merdas de comprimidos… Fala comigo.”

“Não sei. Não sei.”

Ela o olhou nos olhos, balançou a cabeça devagar e sorriu.

“Eu te amo.”

Ele a olhou sem saber o que dizer. A amaria também? E Andréa?

Se nem conhecia Andréa direito… Ela pairava em sua mente, como um ideal, uma cenoura na ponta de uma vara.

Sorriu.

“Eu também te amo.”

Seus lábios se tocaram, a língua de Alice abraçando a sua e lhe trazendo uma bem-vinda e conhecida onda de calor. Durante o beijo, as mãos dela passaram pelo vidro de comprimidos no bolso de sua jaqueta, fazendo um som de paredes desmoronando.

 

• • •

 

“Eu já estou bêbada?”

Renata olhou a amiga com ares de engraçada.

“Se está perguntando isso: naturalmente.”

Andréa olhou em volta, curtindo enquanto as coisas ao seu redor vinham lentamente no encalço de sua visão. Olhou o rosto de Renata, que olhava em volta, fixou-se ali por um instante. Renata, notando, olhou de volta.

“Você beijaria o Jorge?”

Renata começou um sorriso.

“Sim.”

Andréa viu que a pergunta havia sido tola — Renata, em geral, beijaria qualquer um.

“Não! Você namoraria ele, sei lá, daria pra ele?”

“Nem um nem outro. Ele é depressivo e viciado, alguém vai aguentar isso?”

Andréa pareceu se abater um pouco, apoiou a cabeça nos braços, sobre o balcão. Seus cabelos louros tocavam o molhado do copo pela metade.

“A Alice aguenta…”

“A Alice é alcoólatra e também é depressiva, eles foram feitos um para o outro. Mas por que isso?”

“Nada não.”

 

• • •

 

Acabaram tomando um banho na casa do cara; a água quente fez com que se sentisse melhor, mais vivo. Alice insistia em conversar sobre a escola de música.

“É pública.”

“É boa.”

“Conta como superior, dá pra arranjar emprego na orquestra.”

“Não sei,” disse a tarde inteira, enquanto andavam pela rua olhando discos em lojas escusas.

“Mas você toca piano muito bem, você ia poder montar sua banda sabendo teoria.”

“Na banda eu gosto de tocar guitarra.”

“Você é bom no violão também.”

“O que você quer ouvir afinal?”

Alice pensou um instante.

“Casa comigo”.

Não. Uma hora ou outra ele ia perceber que ela o amava mesmo.

“‘Eu vou fazer se isso te faz feliz’, é isso que eu quero ouvir.”

“Te faz feliz?”

“Muito!” disse, manhosa.

“Então eu te faço feliz.”

Jorge começava a sentir os olhos doendo por causa da luz do sol. Esperou a namorada olhar para outro lado e pôs um calmante e um AAS na boca.

Alice havia aprendido a reconhecer as caras de Jorge; sabia quando ele ia tomar mil remédios nocivos e preferia não ver isso. Fingia que não via, que olhava em outra direção. Uma hora ou outra ela ia saber fazer ele parar, saber fazer ele viver.

Entraram numa lanchonete, ele pediu uma coxinha, ela uma dose de conhaque.

 

• • •

 

“Você gosta do Jorge?”

Gostava? Só havia falado com ele umas poucas vezes e sobre assuntos superficiais. Não sabia o que a atraía nele, achava que era o jeito que ele olhava para ela: se sentia importante, única, certa. Sua mão escorregou no balcão e quase bateu o queixo. No caminho de volta a sua postura original, viu um cara acenando, indicando Renata.

“Tem um cara ali querendo coisas muuuito feias com você.”

Renata olhou, respondeu a um sorriso.

“Posso ir? Não vai ficar muito sozinha?”

“Vai.”

Andréa se ajeitou no banco, ajeitou os cabelos, esfregou os olhos longamente.

“Um White russian, por favor.”

Gostava desse drinque, parecia café com leite, fazia se sentir mais limpinha. Olhou a pista de dança, viu o cara conversando com Renata. Notou que alguém havia sentado no banco ao seu lado, olhou, era um rapaz bonito, com cara de ser bem mais novo que ela.

“Oi, tudo bem? Eu estava te olhando faz um tempão, te achei linda. Quer dançar?”

Olhando o cara de cima a baixo, acabou não gostando — falava rápido demais. Odiava aquilo! Não merecia ela o tempo dele arrrrticularrrr as palavrrras? Olhou para ele com cara de impaciente.

“Você tem algum lugar decente pra me levar e se aproveitar da minha bebedeira? Porque se você tiver vamos agora.”

O rapaz abriu a boca sem emitir som, franziu as sobrancelhas.

“Foi o que eu pensei.”

O drinque acabou; deviam ter se passado uns bons minutos e só agora olhava para ver se o cara tinha sumido. O viu falando com um outro moço com ares de desespero e súplica. Olhou em seguida para a pista de dança e viu Renata beijando o carinha ardentemente, a luz do ambiente dando um aspecto mais forte à cena. Não pôde impedir um soluço de subir por sua garganta, limpou as lágrimas dos olhos com as mãos e pediu vodka.

Por que havia vindo, se sabia que aquilo ia acontecer?

 

• • •

 

Quantos?

Um.

A primeira sensação que lhe ocorreu, antes mesmo de reconhecer o lugar em que estava, foi o cheiro de Alice. Era uma mistura de perfume feminino com tequila e algo só dela. Uma espécie de cheiro de mulher. Olhou-a enquanto dormia; a pele era branquíssima e os cabelos pretíssimos. Assim, sem as roupas de roqueira/clubber/seilá,  parecia frágil, mais bonita. Ela dormia encolhida, de lado, como que se protegendo de alguma coisa. Poderia fazer teorias sobre essa postura enquanto o efeito do comprimido chegava, mas não. Ficou só olhando.

Só olhando.

 

• • •

 

Acabou ficando na casa de Renata, como costumava acontecer. Acabou dormindo na mesma cama que ela, pois não havia outra, como costumava acontecer. Acabou passando a noite em claro, como costumava acontecer e chorou escondida no banheiro com uma garrafinha cheia de uísque como — só às vezes — acontecia. Alice era uma alcoólatra depressiva, digna da pena e do sarcasmo de Renata — o que seria ela então? Sentia-se suja, errada, o que a amiga não diria, pensaria, se soubesse o que ela sentia ao dividir aquela cama ocasional? Era uma alcoólatra, depressiva e pervertida. Chorou a noite inteira, esvaziou a garrafinha aos poucos, para não ter vontade de beber álcool ou qualquer outra merda. Tudo por causa do amor. Não era tudo mesmo por causa do amor? Quando viu que já se aproximava uma hora boa para Renata acordar, escovou os dentes para disfarçar o hálito e deitou-se junto dela, pensando em todo tipo de coisa, menos no rosto suave dela, dormindo com um sorriso no canto do lábio. Ficou sonhando que aquele sorriso podia ser por ela.

Elas acordaram ao mesmo tempo, Renata foi fazer alguma coisa para comerem. Era sábado de manhã e para ela isso era sagrado. Andréa juntava todos os seus esforços para fingir não estar bêbada e sim de ressaca. Enquanto a amiga não via, tomou dois Engovs. Andréa sentou numa cadeira na cozinha e ficou observando a amiga montar o começo de seus dias, tanto na comida quanto na canção cantarolada devagar e nos pensamentos sempre ativos. Se flagrou olhando as pernas de Renata — enrubesceu. A amiga a olhou por um instante.

“Onde é que estão esses olhos perdidos aí?”

Não podia ficar ali, ia chorar — chorava fácil quando bebia. Levantou de um salto e foi ao banheiro inventar vômito, passou lá alguns minutos e voltou pálida e abatida. Sentou de volta na cadeira.

“Entendi,” disse Renata.

Olhou Andréa por uns instantes e falou, com voz de quem fala com um bebê.

“Vem cá, filhinha, mamãe vai te curar dessa ressaca monstro. Ô, tadinha.”

Renata segurava a cabeça de Andréa contra o peito e balançava devagar. Andréa andava bebendo demais. Por quê? Ela sempre fora dada aos porres dessa vida, mas agora era tão constante, e tão diferente. Ela parecia infeliz, comia pouco, não gostava de mais nada. Só a via sorrindo quando estavam juntas, de resto estava emburrada ou com os olhos perdidos em lugar nenhum. Seria o Jorge?

Andréa ouvia a voz de Renata de perto e ouvia as batidas tranquilas e seguras de seu coração. O único ritmo que gostava de seguir — o da vida dela. Ficou ali, rindo baixinho, conversando enquanto o leite esquentava e o café coava e o tempo passava.

 

• • •

 

Alice passou o fim de semana ensaiando sua voz enquanto Jorge ensaiava seu piano. Ela tinha uma voz bonita, aguda. Depois de um tempo a seriedade acabou e acabaram fazendo covers dos Pixies e do Elástica, as duas únicas bandas com vozes femininas boas de que se lembraram. No sábado ficaram em casa assistindo a filmes alugados e comendo porcarias em domicílio. No domingo, mais ensaios, Alice resolveu cozinhar, Jorge resolveu ajudar, saiu um macarrão com molho e almôndegas. Comeram ao som de Tchaikovsky, Concerto para piano n.º 2. Ao fim riram de seus refinamentos.

“Toca pra eu cantar.”

Jorge olhou para ela, sorrindo, curioso.

“Tocar o quê?”

“A do Casablanca: a fact is just a fact, a kiss is still a kiss…”

Jorge riu, pegou a mão da namorada, olhou seu sorriso divertido, agradavelmente doido.

“Vai, toca! Eu deito no piano e falo ‘play that again, Sam’. Quer dizer, eu deito no teclado.”

Os dois riram, ele levantou e se dirigiu ao teclado. Começou a música.

 

You must remember this

A kiss is still a kiss

A sigh is still (just) a sigh

The fundamental things apply

As time goes by

 

And when two lovers woo

They still say: “I love you”

On that you can rely

No matter what the future brings

As time goes by

 

Ela o olhou longamente.

“Eu te amo muito.”

“Eu também te amo muito.”

Impressionou-se um pouco com a velocidade de sua resposta. Beijaram-se longamente, ele a pegou nos braços e foram para o quarto, cantando.

 

• • •

 

Quantos?

Um.

Acordou instantes antes do despertador, ficou parado esperando o calmante fazer efeito.

O despertador gritou às 08h30, tinham de estar na escola às 10h00 para uma entrevista. Não sacava por que tinha de fazer entrevista para se matricular na escola; Alice achava que iam ter que fazer teste ali na hora, e por isso haviam ensaiado tanto. Ela acordou e olhou para ele com uma cara estranha, misto de mal-estar e dúvida.

“Tem tempo ainda, vai tomar banho que eu invento um café da manhã.”

Ela obedeceu sem dizer nada. Só quando ela escondeu o rosto da luz para passar do quarto pelo corredor e para o banheiro, Jorge percebeu que ela estava de ressaca. Devia ter levantado de noite e bebido — bebido bastante, pelo jeito. Ele, sedado, jamais perceberia. Ela poderia ter entrado em coma que ele jamais perceberia. Um calafrio percorreu seu corpo. Por segundos imaginou Alice morta, ele sozinho. Teve medo, lembrou-se o trecho de um livro: “…seu Marciano, morto? seu Marciano não parece que vai morrer…” Sua cabeça não pensava direito, teve medo de não conseguir tocar, decepcionar Alice, teve medo de conseguir e ela não, ver ela triste, ia dizer que fosse sozinho, ela não ligava.

Entrou no banho logo quando Alice saiu, pôde sentir seu cheiro, que pertencia às paredes do lugar. A água quente fluiu por sobre seu corpo artificialmente relaxado. Sentiu uma fisgada na cabeça, mastigou dois AAS do armarinho do banheiro.

Alice sentou com um copo cheio de café e um pão com manteiga; sua cabeça doía e sua boca estava seca. Tinha que beber um monte de água e comer bastante antes de ir. Resolveu aquecer a voz para se sentir mais segura — só agora notava a importância daquilo. Era segunda-feira e quase era o primeiro dia do resto de sua vida. Já havia cinco anos que tinha deixado as aulas de canto para entrar numa escola mais séria, uma universidade e não tinha coragem. O receio somou-se a um conformismo e acabou se tornando apatia. Finalmente aquele seria o dia de tentar. Podia conseguir; sabia que cantava muito bem. Viu-se refletida na tela da TV — viu uma garota com olheiras profundas, pele gasta, rosto derrotado, a mesma que vira no espelho do banheiro às três da manhã enquanto se ofendia e se humilhava bebendo vodca e até cachaça pura. Sentiu nojo, desviou o olhar, tentou em vão conter as lágrimas. Enterrou a cabeça no ombro direito e quando a levantou deu com Jorge a olhando. Teve vergonha, mas ao mesmo tempo queria que ele a visse daquela maneira — fraca, derrotada. Queria sua ajuda quando estivesse assim. Ele se aproximou e a abraçou, ele já estava vestido, quanto tempo estivera chorando?

“Não fica assim.”

“Você nem sabe por que eu estou assim,” disse entre lágrimas, agora nada contidas.

“Não importa, só não fica assim.”

 

• • •

 

Naquele dia foram ao shopping e passaram o dia inteiro lá. Era incrível o que se podia fazer num shopping grande — comeram, gastaram, Renata cortou os cabelos. Andréa olhava as pessoas ao redor, notou que algumas as olhavam — o que pensavam? Deliciou-se com a ideia.

Sentaram-se na praça de alimentação, Renata olhando fixamente o rosto de Andréa, que olhava para baixo, bebendo um refrigerante.

“O que você tem, Déa?”

“Nada.” A resposta já parecia automática, para qualquer um que perguntava:

Nada.

“Nada uma porra. Você fica com essa cara, olhando pra lugar nenhum, vivendo dentro da cabeça, por que isso?”

“Eu… não sei.”

Os olhos de Andréa se levantaram da mesa; Renata viu que ela estava prestes a chorar. Andréa olhou o rosto da amiga, segurando com todas as forças o choro que sempre vinha, em todas as horas. Nem notou que não conseguiu.

“Você sabe sim. O que é que te atormenta assim tanto? Eu me preocupo com você sabia? Fala, é o Jorge?”

Andréa pensou um pouco. Sim, era o Jorge, ele era seu maior problema. Em sua mente sua voz gritava. O Jorge era sim seu maior problema, já que era com alguém como ele que lhe restaria ficar, já que não era capaz de dizer a Renata que a adorava, que estava apaixonada por ela. Já que não era digna dela. Forçou um sorriso entre as lágrimas silenciosas.

“É, mais ou menos.”

Renata esperou umas pessoas passarem pela mesa em que estavam, sabia que Andréa odiava discutir perto de outros.

“Como assim mais ou menos? Me explica, por favor.”

Andréa sentiu a tensão se assentar em seus ombros, forçando-os para baixo.

“É que eu não gosto dele, mas quero me fazer gostar.”

Renata achou que sabia o que ela ia falar.

“Por que fazer gostar?”

“É que eu tenho que substituir alguém que eu não acho que possa ter.”

Andréa já não aguentava, chorava baixo controlando-se para ainda poder articular as palavras.

“Quem.”

Andréa não disse nada por algum tempo. Viu que ia ser a primeira vez na vida que diria aquilo em voz alta, que seria a primeira vez que até mesmo ela ouviria as palavras:

“Eu te amo.”

Renata sentiu uma sensação estranha ao mesmo tempo que sentiu sua face corar, tentou dizer algo, mas as palavras ficaram presas na garganta. Os pensamentos confusos tentavam se dar sentido, agora que tinham a chave. A chave dos últimos tempos de sua vida, que, agora notava, era a vida delas, das duas. Seus olhos marejaram enquanto observava sua amiga se encolher e olhar para lugar nenhum — como vinha fazendo havia algum tempo; comer os cantos dos dedos — como vinha fazendo havia algum tempo; chorar desesperada — como já havia ouvido no meio da noite. Quantas noites havia passado em claro pensando se devia ou não consolá-la, esperando que, no desespero, ela dissesse o motivo daquilo tudo. Mas ela não dizia, só a olhava, enquanto supostamente dormia.

Renata pegou as mãos da amiga bem de leve.

“Para, suas mãos tão bonitas.”

Andréa não conseguia falar, não conseguia olhar para Renata, sentia-se exposta, só podia fazer esperar e chorar, e chorar.

Renata olhou Andréa por uns instantes — na sua cabeça, todos os pensamentos repetiam perguntas um para o outro.

“Vem, vamos pra casa.”

 

• • •

 

Chegaram, subiram escadas largas e entraram. Os dois estavam visivelmente nervosos e não sabiam bem o que ia acontecer. Foram guiados até uma sala grande que ecoava até o som de suas roupas roçando na pele. No caminho havia bastante gente esperando, provavelmente pelo mesmo motivo. Viram que vários traziam instrumentos e partituras e tiveram medo: era mesmo um teste. E se tivessem que ter algo preparado? Na sala havia dois homens e uma mulher sentados atrás de uma mesa. Uma senhora bonita e sorridente veio cumprimentá-los em nome de todos, sua pele negra parecia brilhar com a luz do sol que entrava por uma grande janela.

Ouviram a explicação tentando parecer naturais, detrás de olhos fixos e maxilares travados: seria feito um teste e, como estavam em carência de horário, foi bom que quisessem fazer o teste juntos, economizaria algum tempo.

Quisessem? Jorge olhou para Alice levemente curioso, ela havia marcado a hora. Alice olhou Jorge com o mesmo olhar de dúvida, só concordou com a mulher. Sua mente, em disparada, imaginava tudo que podia explodir na cara dos dois. Talvez ele desmaiasse, sedado por um remédio forte engolido em segredo. Talvez ela vomitasse a bebida da madrugada na frente dos juízes. Talvez eles subitamente percebessem que não mereciam estar ali. Ou em qualquer lugar.

 

• • •

 

No caminho de volta, Renata tentava falar, tentava argumentar com a voz quase sumindo, um balbucio. Falava sozinha enquanto a amiga soluçava.

“Por que você não me contou nada?”

“Eu ia entender.”

“Calma, Andréa.”

Andréa sentia mais e mais dor no peito, como se ele fosse drená-la inteira para um buraco escuro. Não acreditava que havia realmente dito aquilo. Agora seria ainda pior do que antes. Talvez preferisse a expectativa, preferia só imaginar o que daria errado do que esperar que se desenrolasse diante de si.

 

• • •

 

Alice se aqueceu e obedeceu a alguns exercícios enquanto Jorge a olhava. Parecia outra pessoa: determinada, forte. Ao fim dos exercícios, os examinadores disseram que eles podiam começar. Alice não entendeu e olhou para Jorge, viu que ele olhava para ela, esperando qualquer tipo de resposta.

“Qualquer coisa?” perguntou ela, sem muita convicção.

“Sim senhorita,” disse a mulher num tom maternal.

Os dois se olharam, pensando ao mesmo tempo. Jorge notou que precisava desesperadamente de um calmante , mas não podia sair.

Tocaram As time goes by, a do Casablanca, e passaram.

 

• • •

 

As duas entraram no apartamento. Renata trouxe um copo de água para Andréa, enxugou suas lágrimas, a mente em parafuso. Olhava a amiga, sem saber o que dizer. Mesmo que soubesse, as palavras se represariam em sua garganta obstruída pela torrente de pensamentos. Não sabia o que fazer, não fazia a menor ideia do que fazer, mas mesmo assim segurou o rosto de Andréa com as duas mãos e a beijou. Foi um beijo rápido, desajeitado, cheio da sensação — de ambas as partes — de que seria interrompido a qualquer momento.

Aos poucos, como o calor recuperado ao se enfiar debaixo das cobertas num dia gelado, sentiu a felicidade crescer dentro de si. As dúvidas que acabavam de surgir calaram-se pelo momento; o medo que acabara de surgir se escondeu longe das vistas. Restou só amor, imenso, infinito.

Andréa não acreditou; sentiu mais lágrimas escorrerem pelo rosto, salgando o beijo nervoso que trocavam. Enfim, agarrou-se àquilo como se fosse o primeiro alimento que recebia em semanas, a primeira luz após a solitária. Beijou Renata com medo, com pavor real de que ela o fizesse por pena, que se arrependesse. Não podia acreditar, não podia nada, só sentir.

Renata a pegou pela mão e a levou ao quarto, um pouco assustada, mas decidida.

“Eu também te amo,” disse. “Muito.”

Andréa acordou com o nascer do sol invadindo a janela aberta do quarto. Levantou-se ainda entorpecida e foi assistir sentada sobre a cômoda. Olhou para a cama e viu Renata, seus cabelos cacheados espalhados pelo travesseiro, sua pele morena aparecendo em diversos vãos de um lençol emaranhado. Procurou seus sofrimentos e dúvidas e dores. Não encontrou. Sabia que nada era tão simples; que vergonha e autopiedade eram o tipo de sujeira que gruda nos ossos e só sai às custas de muita esfregação dolorosa. Sabia que já sentia vontade de beber, mas conseguiu optar por não saber. Naquele instante, ela teve — se outorgou — o direito de vasculhar as cavernas mais sujas e perigosas dentro de si e não encontrar nada.

E encontrar tudo.

 

• • •

 

Alice e Jorge saíram tão felizes que foram comemorar num restaurante e depois foram para casa. Passaram metade da noite tocando e cantando e rindo e o restante na cama também cantando, rindo e rolando. Jorge ainda estava acordado quando o sol nascia na terça. Olhou o céu por um longo tempo e em seguida Alice, dormindo abraçada a ele, relaxada, sorrindo. Notou que depois de tanto pensar, havia esquecido completamente Andréa, nem sabia mais porque havia pensado nela tanto e com tanta força.

Como não havia dormido, resolveu tomar o nascer do sol como ponto de partida.

Quantos?

Haviam acabado. Comprimiu os lábios e quase fez menção de se levantar. Sentiu o peso e o calor de Alice em seu peito.

Nenhum.

E todos os desejos do mundo.

 


Daniel dos Santos Soares é formado em História, violeiro duvidoso, apaixonado por dezenas de coisas ao mesmo tempo e um nerd devorador de histórias desde os cinco anos de idade – em que aprendeu a ler sozinho com a Monica, segundo a família. Decidiu escrever o primeiro romance aos 11 anos e,  obviamente,  não terminou. Escreve contos desde a mesma época e eles amadureceram com vida, estudo, depressão, milhagem, ódio e amor. Fantasia, crônica, humor – vale tudo. O que importa é estabelecer uma conexão, por mais sutil e passageira que seja.

Covil de Livros 90 – O Fantasma e a Canção

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Bem-vindos, amigos, ao Covil de Livros! Dessa vez teremos uma experiência diferente: o Basso irá ler e comentar o poema “O FANTASMA E A CANÇÃO” de Castro Alves. Teremos um programa diferente e espero que vocês gostem. Não esqueçam de comentar o que acharam sobre o poema e sobre esse formato.

E lembrando que no final tem um indicação da campanha #LeiaNovosBr! O pessoal do site MITOGRAFIAS publicou em formato digital uma Antologia de contos baseados em mitos modernos. Vale muito a pena conferir e é de graça! Basta acessar o link abaixo:

BAIXAR ANTOLOGIA MITOGRAFIAS VOL 1: MITOS MODERNOS

Depois não se esqueçam de dar um retorno sobre o que acharam da Antologia respondendo algumas perguntinhas abaixo:

FEEDBACK SOBRE A ANTOLOGIA MITOGRAFIAS 

 

O Fantasma e a Canção

    — Quem bate? — "A noite é sombria!"
        — Quem bate? — "É rijo o tufão! ...
        Não ouvis? a ventania
        Ladra à lua como um cão."
        — Quem bate? — "0 nome qu'importa?
        Chamo-me dor...  abre a porta!
        Chamo-me frio... abre o lar!
        Dá-me pão... chamo-me fome!
        Necessidade é o meu nome!"
        — Mendigo! podes passar!

        "Mulher, se eu falar, prometes
        A porta abrir-me?" — Talvez.
        — "Olha... Nas cãs deste velho
        Verás fanados lauréis.
        Há no meu crânio enrugado
        O fundo sulco traçado
        Pela c'roa imperial.
        Foragido, errante espectro,
        Meu cajado — já foi cetro!
        Meus trapos — manto real!"

        — Senhor, minha casa é pobre...
        Ide bater a um solar!
        — "De lá venho... O Rei-fantasma
        Baniram do próprio lar.
        Nas largas escadarias,
        Nas vetustas galerias,
        Os pajens e as cortesãs
        Cantavam! ... Reinava a orgia! ... 
        Festa! Festa! E ninguém via 
        O Rei coberto de cãs!"

        — Fantasmas! Aos grandes, que tombam, 
        É palácio o mausoléu! 
        — "Silêncio! De longe eu venho... 
        Também meu túmulo morreu.
        O séc’lo — traça que medra
        Nos livros feitos de pedra —
        Rói o mármore, cruel.
        O tempo — Átila terrível
        Quebra co'a pata invisível
        Sarcófago e capitel.

        "Desgraça então para o espectro,
        Quer seja Homero ou Solon,
        Se, medindo a treva imensa
        Vai bater ao Panteon...
        o motim — Nero profano —
        No ventre da cova insano
        Mergulha os dedos cruéis.
        Da guerra nos paroxismos
        Se abismam mesmo os abismos
        E o Morto morre outra vez!

        "Então, nas sombras infindas,
        S'esbarram em confusão
        Os fantasmas sem abrigo
        Nem no espaço, nem no chão...
        As almas angustiadas,
        Como águias desaninhadas,
        Gemendo voam no ar.
        E enchem de vagos lamentos
        As vagas negras dos ventos,
        Os ventos do negro marl

        "Bati a todas as portas 
        Nem uma só me acolheu!..." 
        — "Entra! — : Uma voz argentina 
        Dentro do lar respondeu. 
        — "Entra, pois!  Sombra exilada, 
        Entra!  O verso — é uma pousada 
        Aos reis que perdidos vão.  
        A estrofe — é a púrpura extrema, 
        Último trono — é o poema! 
        Último asilo — a Canção!..."

	Bahia, 13 de Dezembro de 1869.

 

 

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Nova série ambientada no universo de O Senhor dos Anéis é da Amazon

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Há alguns dias, foi anunciado a possibilidade de produção da obra “O Senhor dos Anéis” para o formato de série e a expectativa dos fãs foi para o alto. Hoje, finalmente foi anunciado o tão esperado (ou não) projeto: a Amazon Prime Video comprou os direitos de produção e exibição da série.

Se você é fã da trilogia épica de Peter Jackson, pode ficar calmo! Diferentemente do que havia sido notificado a princípio por vários portais, a nova série será focada em acontecimentos que antecedem os filmes, ou seja, acontecerá antes do início da jornada de Frodo e da jornada da Sociedade do Anel. As informações são de responsabilidade de Variety, que por notícia via SlashFilm realizou o anúncio.

Mais do que pode vir por aí

Também parte da grande notícia, já foi divulgado que o contrato da Amazon envolve a possibilidade de produção de múltiplas temporadas e até mesmo um spin-off da série principal.

Não foi revelado maiores detalhes, e muitos fãs torcem para que a série não passe no mesmo período ou retrate os mesmos acontecimentos já filmados em “O Hobbit“. Sabemos, contudo, que existem muitas estórias e personagens criados pelo autor no ambiente Terra Média.

O projeto tem assinatura da Amazon em parceria com o Tolkien State, a editora HaperCollins e o estúdio New Line, que é responsável pela adaptação cinematográfica de “O Senhor dos Anéis”.

Não existe ainda previsão de construção de roteiro, escolha de elenco ou lançamento da temporada. A única certeza é que o material produzido será transmitido pelo serviço de streaming Amazon Prime Video (que agora já está em funcionamento no Brasil, podendo ser assinado mensalmente).

A Amazon Prime Video é produtora das séries de adaptação “Deuses Americanos”, baseada na obra de mesmo nome de Neil Gaiman e “The Man In The High Castle” (“O homem do castelo alto), também baseada em livro de mesmo nome escrito por Philip K. Dick.

FC Invasão Anime S01E08 – kuzu no Honkai!!!

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Estamos invadindo o FC mais uma vez pra falar desse animão da porra, e debater relacionamentos tóxicos e mostrar que animes podem sim não demorar 6 anos pra rolar um beijo entre dois adolescentes, tudo isso e muito mais na companhia de Edu e Ricardo essa semana! Aproveitem!!!

E não se esqueçam que mês que vem falaremos de Boku Dake Ga Inai Machi/Erased e no final do ano aquele especial de Fullmetal Alchemist Brotherhood!!!

Vejam um entrevista com o mangaka, legendada [youtube id=“Enter video ID (eg. Wq4Y7ztznKc)” width=”600″ height=”350″]

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Covil de Livros 89 – Leitura de Comentários Out/2017

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Bem-vindos, amigos, ao Covil de Livros! Hoje nós temos apenas Basso e Edu para pagarem uma dívida acumulada: a leitura de comentários! Depois de muitas rodas do Ka, nossos podcasters finalmente fazem o tradicional programa de leitura e aproveitam para comentar mais alguns assuntos relacionados nos últimos podcasts.

Lembrando que serão abordados os Covil de Livros 82 à 87 e podem conter spoilers!

 

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A Infância do Brasil – José Aguiar

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Nas primeiras aulas de História da escola nos é ensinado que vivemos em um país marcado por chegadas, partidas, doutrinação, escravidão e mudanças políticas. Nesses pouco mais de quinhentos anos, a infância do Brasil é ainda surpreendente para muitos brasileiros que, ao descobrirem relatos de exploração, se sentem incomodados com nossa própria História. O importante aqui é percebermos que existem dois lados do mesmo relato: o que normalmente aprendemos na escola (contada pelo lado vencedor) e o lado que vamos descobrindo depois (ignorada pela maioria dominante, o lado dos oprimidos e excluídos socialmente).

Tão importante quanto perceber os dois lados do processo histórico é nos vermos como agentes ativos da sociedade. Falando de forma simples, isso significa que enquanto aprendemos sobre o passado do nosso país e do mundo, somos nós mesmos pessoas que estamos vivendo o presente e, este mesmo presente será o passado das próximas gerações. Indo além, isso também significa que hoje passamos por diversas situações que são consequências daquele passado. E é aqui que queremos chegar.

A dramática Infância do Brasil

A graphic novel “A Infância do Brasil” foi criada por José Aguiar e contou com a curadoria da professora, mestre e doutora Claudia Regina Baukat Silveira Moreira. Com sensibilidade típica de artistas e mensagem reflexiva própria de acadêmicos, a obra nos convida a conhecer a história do país através do olhar das crianças de cada época.

Das crianças filhos de colonos do século XVI, às indígenas nativas desta terra do século XVII, aos enjeitados do século XVIII, aos descendentes de escravos livres do final do século XIX, aos sobreviventes do início do século das guerras, o curto porém inesquecível século XX e aos nossos pequenos do século XXI, conhecemos a história do nosso país, sendo convidados a olhar para o nosso redor, alcançando a nós mesmos.

São esses os personagens que nos surpreendem e, devido à sua inocência e total adaptação à sua realidade, nos mostram o passado de nosso país sob uma ótica que explica muitos de nossos comportamentos diários.

Ao chegarmos ao final da leitura, emocionados e reflexivos, cabe a cada um de nós decidir o que fazer com nossas próprias ações dentro da sociedade para que possamos garantir às próximas gerações uma sociedade melhor dentro de um país que além de “ser rico por natureza” é construído por gente forte e guerreira que sabe o que faz, ah! essa brava gente brasileira!

Às nossas crianças, de ontem, de hoje e de amanhã

A Infância do Brasil é dividida em seis capítulos, dedicados a contar a história de cada século do país até os dias atuais. Cada capítulo apresenta a narrativa de uma criança ou de um grupo delas e personagens dentro de seu tempo, trazendo uma situação cotidiana inserida na cultura do local e em seu período histórico.

Traçando um paralelo entre o nascimento do país Brasil e seu crescimento, os capítulos trazem crianças desde o momento de seu nascimento até o momento em que, frutos de seu tempo, se tornam crianças sem infância. Indo além, o autor é provocativo ao nos mostrar que hoje as nossas crianças são frutos daquelas crianças. Será que superamos tão bem nossas cicatrizes culturais e coloniais? Hoje somos justos com os povos que a custo de suas vidas e almas nos trouxeram a modernidade e tecnologia? Já que somos uma sociedade civilizada, cuidamos bem de nossos pequenos?

Apesar do tema delicado, o autor não abusa do drama ou se coloca como tirano de nossos antepassados. Ao contrário, com naturalidade, ele nos mostra que o processo histórico é sagaz e fluído, construindo uma teia de ações que sempre terão consequências. É um convite, enfim, a nos vermos como agentes ativos da sociedade e não apenas passivos.

Análise Crítica

A graphic novel “A Infância do Brasil” possui 96 páginas, todas coloridas e em papel Couché Fosco 115g, no tamanho 21×28 cm. Lançada pela Editora Avec, a edição é muito bonita.

Os desenhos e narrativas criadas por José Aguiar são incríveis! De fácil entendimento, os traços são bonitos e provocam facilmente envolvimento para com a obra e emoção ao leitor.

É notável o bom trabalho de edição do projeto como um todo, já que a graphic novel é amarrada, do começo ao fim. Ao final da brochura, foram colocados textos complementares que explicam melhor ao leitor os processos históricos os quais as narrativas trabalham. É mais um exemplo de compromisso que um artista assume ao conceber uma obra, além do claro compromisso da editora Avec em publicar obras de qualidade e reflexão, destacando a nossa literatura nacional.

Por todos esses motivos, “A Infância do Brasil” é uma obra brasileira graphic novel de leitura obrigatória e, como não poderia ser diferente, entrou para minha seleta lista de livros favoritos. Convido, por fim, todos a conhecerem também. #LeiaNovosBR

Nota

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Nome:
 A infância do Brasil
Autor: José Aguiar
Edição: 1ª
Editora: Editora Avec
Ano: 2017
Páginas: 96
ISBN:
Sinopse: Em A Infância do Brasil, o premiado quadrinista José Aguiar lança seu olhar sobre a História do Brasil não pela perspectiva dos grandes eventos, mas pela das pessoas comuns, pelo viés da infância.
Nela o autor atravessa nossa história cheia de contradições, abusos, descaso, abandono, entre outras situações que insistem em não ficar para trás. A Infância do Brasil é sobre refletir o presente a partir do nosso passado para, quem sabe, projetarmos um futuro melhor.
Esta edição ainda conta com prefácio da historiadora Mary del Priore e textos finais sobre o contexto histórico de cada capítulo.

 

 

Perdidos na Estante #011 – Dia do Podcast 2017 #PodosferaUnida

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Olá leitores, seriadores e cinéfilos dessa Podosfera Unida! Estamos comemorando o #DiadoPodcast 2017 e por isso abrimos nossa casa para receber visitas em nome da #PodosferaUnida. Artur Tinoco, do podcast Saideira comanda o episódio acompanhado por Jean Silva do podcast Tambacast e Cairo Braga do podcast The Library Is Open, para uma conversa super descontraída sobre um dos lugares onde moramos: a internet. Bom episódio!

Atenção!

Para ouvir basta apertar o botão PLAY acima ou clique em BAIXAR.

Ouça todos os programas participantes da Podosfera Unida

[Podosfera Unida]
[Ouvindo Podcast]

Conheça os podcasts e podcasters deste episódio

[Site] Trabalho do Cairo Braga
[Facebook] Cairo Braga
[Podcast] The Library Is Open
[Twitter] Jean Silva
[Podcast] Tambast
[Facebook] Arthur Tinoco
[Podcast] Saideira

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Agradecimentos:

Neste 21 de outubro, agradecemos principalmente a você ouvinte que nos fez chegar até aqui. Tudo isso é pra vocês! Muito obrigada!!!
Aproveite o dia e apresente a mídia Podcast para alguém! Venha para o lado Podcast da força! 😉 <3

 

Covil de Livros 88 – Especial #PodosferaUnida

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Bem-vindos, amigos, ao Covil de Livros! Hoje é um programa especial para comemorar o DIA DO PODCAST!!! E pra comemorar esta data entramos na brincadeira do #PodosferaUnida numa “dança das cadeiras” que trocou os participantes/hosts dos podcasts. Por isso, este episódio não terá o Basso e o Edu, mas será feito pela Luciana (@lu_danunciacao) do X-Poilers (e http://www.garotasgeeks.com/) e pelo Júnior, do blog Cheeseheads Brasil.

São mais de 40 podcasts que entraram nesta brincadeira e que lançaram seus programas hoje. Para escutar todos, basta acessar o site #PODOSFERAUNIDA ou na plataforma Ouvindo Podcast.

O assunto comum a todos os programas foi INTERNET e nossos ilustres convidados discutiram sobre como a Internet facilitou o acesso e a publicação de novos autores e autoras.

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Falha Crítica 220 – Hqs e Mangas que vcs deveriam ler

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Bem vindos jovens leitores!!! Hoje, nossos pimpolhos, Edu, Basso e Rick, se juntam pra indicar e comentar sobre algumas HQs que vocês deveriam ler antes de morrer, então coloquem seus fones de ouvido e aproveitem as dicas(depois corram ler)!!!

 

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Star Wars: Os Últimos Jedi – Confira o novo trailer legendado

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Foi divulgado o novo trailer legendado de Star Wars: Os Últimos Jedi. O filme chega aos cinemas no dia 14 de dezembro de 2017 e pelas imagens inéditas está de tirar o fôlego!

A luta entre o bem e o mal continua e Rey permanece em busca de respostas. O problema é que elas podem levá-la a um confronto além de sua imaginação ou expectativa, colocando-a diante de uma decisão que pode mudar todo o rumo da galáxia. Será que Rey vai conseguir vencer a si mesma?

É hora de escolher o seu lado nessa luta épica!!! May the force be with us… (we can need it!)

 

Galinha cega – João Alphonsus

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Qual é a última coisa que olhamos ao comprarmos uma galinha? Acertou o leitor que disse os olhos, pois isso foi a primeira coisa que o carroceiro e dono da galinha Branquinha viu. Assim se inicia a narrativa de Galinha cega (DCL, João Alphonsus), uma história divertida e emocionante.

O pregão de um vendedor de frangos chama a atenção de um carroceiro que compra uma bela galinha. Satisfeito com a compra, o orgulhoso dono da galinha percebe algo especial nos olhos de sua nova aquisição. Encantou-se o carroceiro com a tal galinha e em pouco tempo já recebia até um nome: Branquinha.

Mas havia algo de incomum naquela galinha. Seu dono percebeu que Branquinha não ciscava no terreiro como as outras galinhas. O carroceiro procurou o motivo da desorientação de Branquinha, que não bicava mais o grão de milho largado no terreiro. Por sua vez, a galinha do carroceiro via tudo escurecer, até que uma madrugada, ao abrir os olhos, não viu mais nada. Escurecera de vez.

Com um projeto gráfico impecável, o livro possui um texto de fácil visualização, com uma fonte bastante legível para leitura, além de uma guarda na segunda e terceira capa, num formato vertical ricamente ilustrado, com imagens de página inteira e em páginas duplas.

Na parte final da narrativa ainda há um glossário com as palavras mais incomuns, ilustrado por galinhas e ovos como vinhetas finais. Também encontramos as biografias do autor e do ilustrador com ilustrações em ambas.

O que seria de uma galinha cega? Sua sobrevivência estaria comprometida não fossem as mãos ágeis do autor, em tirar vida da ligação entre uma galinha e seu dono. Mas esta narração é mais do que isso. Fala da amizade sincera que não vê defeitos e limites para que de fato aconteça.

Galinha cega é um livro para divertir, mas sem dúvida para fazer pensar.

Nota

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Amazon (capa dura)
Amazon (capa comum)
Submarino
Americanas

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Nome:
 Galinha Cega
Autor: João Alphonsus
Edição: 1ª
Editora: DC
Ano: 2003
Páginas: 40
ISBN: 9788573387858
Sinopse: Esta é a história de um pobre carroceiro que nutria um profundo amor pelos animais. Um dia ele descobre que sua galinha predileta tinha perdido a visão e passa a cuidar da pobre criatura com grande afeição e carinho. .

Kazuo Ishiguro é o vencedor do Nobel de Literatura 2017

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O escritor Kazuo Ishiguro é o vencedor do Nobel de Literatura 2017. Ele é autor dos livros “Não me abandone jamais” e “Noturnos“.

“Não me abandone jamais” foi lançada no Brasil em 2005 pela editora Companhia das Letras e já foi resenhado aqui no Leitor Cabuloso. O livro conta a história de Kathy H, uma cuidadora que em breve se tornará uma doadora de órgãos, missão de sua vida.

Na obra, o autor nos convida a refletir sobre solidão, amizade, superação e perdas, características essas que nos tornam humanos. O diferencial da obra é que acompanhamos tudo isso enquanto aprendemos e nos encantamos por personagens que são clones. A maestria do autor é tamanha, que nos faz sair da terceira pessoa (leitor) e nos faz voltarmos o olhar sobre nós mesmos e sobre nossa condição humana.

O livro foi adaptado para o cinema em 2010 por Mark Romanek e é considerado pela crítica como um bom filme.

Apesar de ser um dos preferidos, Kazuo Ishiguro foi uma surpresa. A mídia apostava que o Nobel de Literatura 2017 seria entregue a outros nomes de peso como Margaret Atwood (“O Conto da Aia“, já adaptado em forma de série como “The Handmaid’s Tale“), Haruki Murakami (autor de “Minha Querida Sputnik“, entre outros) ou Mia Couto, por exemplo.

O escritor Kazuo Ishiguro tem 62 anos. Nascido em Nagasaki, no Japão, desde seus seis anos mora com sua família para a Inglaterra onde vive até hoje.

Covil de Livros 87 – Contos Nacionais #LeiaNovosBr

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Bem-vindos, amigos, ao Covil de Livros! Hoje nós somos convidados na casa do Perdidos na Estante e, junto com Domenica Mendes e Lucas Ferraz (porque a Priscila Rúbia não quis participar do cast por brigas com o Basso) vamos falar sobre Contos Nacionais!

Esse programa encerra a campanha #LeiaNovosBr!!!

CLIQUE AQUI PRA PARTICIPAR DO SORTEIO!

A #LeiaNovosBr é uma campanha organizada pelo Covil Geek em parceria com o Leitor Cabuloso para incentivar a leitura de novos(as) autores e autoras nacionais. Durante o mês de setembro, dezenas de podcasts se uniram para divulgar escritores(as) em início de carreira e incentivar a nossa literatura.

CLIQUE AQUI PRA PARTICIPAR DO SORTEIO!

Para receber mais dicas de novos livros nacionais, procure pela hashtag #LeiaNovosBr e por programa com esse selo na vitrine

JÁ FALAMOS QUE TEM SORTEIO?

 

Nos envie as suas dicas de contos

Participe com a gente da #LeiaNovosBR e nos indique contos nas categorias:

  1. Conto escrito por mulher
  2. Conto publicado de forma independente
  3. Conto de Ficção Científica ou Fantasia
  4. Conto de Terror ou Suspense

Citados durante o programa

[Site] A Mãe Preta
[Site] Momentum Saga
[Podcast] Perdidos na Estante #005 – Mães na Literatura
[Podcast] Perdidos na Estante #003 – O Autismo e a Literatura

Compre

[Amazon] Olhos D’Agua – Conceição Evaristo [capa comum]
[Amazon] Olhos D’Agua – Conceição Evaristo [ebook Kindle]
[Amazon] Promessas Antigas: Um Conto Alvor Na Galeria Creta – Lauro Kociuba [ebook Kindle]
[Amazon] Alice No Fim do Mundo – Soraya Coelho [ebook Kindle]
[Amazon] Missão Infinity – Lady Sybylla [ebook Kindle]
[Amazon] Horror em Gotas – Karen Alvares [capa comum]
[Amazon] Horror em Gotas – Karen Alvares [ebook Kindle]
[Amazon] O Último Dia de Outubro – Karen Alvares [ebook Kindle]
[Amazon] Contos Sombrios – Camila Fernandes [ebook Kindle]
[Amazon] Ball Jointed Alice – Priscilla Matsumoto [capa comum]

Leia gratuitamente

[Wattpad] A Sopa de Engrenagens – Yasmin Alves
[Leitor Cabuloso] Memento Mori com Fernet – Michel Peres
[Trasgo] Trasgo nº 01
[Trasgo] Trasgo nº 11
[Trasgo] Trasgo nº 12
[Trasgo] Trasgo nº 14

Agradecimentos:

Agradecemos a todos os participantes da campanha #LeiaNovosBR e incentivadores da literatura nacional.

Quer falar com a gente? Então…

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Perdidos na Estante #010 – Contos Nacionais #LeiaNovosBR

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Olá leitores, seriadores, cinéfilos e adoradores da literatura nacional! Nesse episódio Domenica Mendes e Lucas Ferraz recebem o Sr. Basso e o Edu do Covil de Livros para fazer o episódio de encerramento da campanha #LeiaNovosBR. Desta vez, eles indicam contos nacionais escritos por novos autores e novas autoras que você deve conhecer! Prepare seu cartão de crédito e abra seu GoodReads e seu Skoob porque este episódio promete aumentar a sua lista de leituras!

Atenção!

Para ouvir basta apertar o botão PLAY acima ou clique em BAIXAR.

#LeiaNovosBR

A #LeiaNovosBr é uma campanha organizada pelo Basso do Covil Geek em parceria com a Domenica do Leitor Cabuloso para incentivar a leitura de novos autores e novas autoras nacionais. Durante o mês de setembro, dezenas de podcasts se uniram para divulgar escritores(as) em início de carreira e incentivar a nossa literatura.

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  1. Conto escrito por mulher
  2. Conto publicado de forma independente
  3. Conto de Ficção Científica ou Fantasia
  4. Conto de Terror ou Suspense

Citados durante o programa

[Podcast] Covil de Livros
[Site] A Mãe Preta
[Site] Momentum Saga
[Podcast] Perdidos na Estante #005 – Mães na Literatura
[Podcast] Perdidos na Estante #003 – O Autismo e a Literatura

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[Amazon] Olhos D’Agua – Conceição Evaristo [capa comum]
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[Amazon] Promessas Antigas: Um Conto Alvor Na Galeria Creta – Lauro Kociuba [ebook Kindle]
[Amazon] Alice No Fim do Mundo – Soraya Coelho [ebook Kindle]
[Amazon] Missão Infinity – Lady Sybylla [ebook Kindle]
[Amazon] Horror em Gotas – Karen Alvares [capa comum]
[Amazon] Horror em Gotas – Karen Alvares [ebook Kindle]
[Amazon] O Último Dia de Outubro – Karen Alvares [ebook Kindle]
[Amazon] Contos Sombrios – Camila Fernandes [ebook Kindle]
[Amazon] Ball Jointed Alice – Priscilla Matsumoto [capa comum]

Leia gratuitamente

[Wattpad] A Sopa de Engrenagens – Yasmin Alves
[Leitor Cabuloso] Memento Mori com Fernet – Michel Peres
[Trasgo] Trasgo nº 01
[Trasgo] Trasgo nº 11
[Trasgo] Trasgo nº 12
[Trasgo] Trasgo nº 14

Participe do Sorteio

Participe do Sorteio até dia 08/10 e concorra a um conto personalizado escrito por Karen Alvares. Para participar, basta acessar nossa página do Facebook, seguir as instruções contidas no sorteio, seguir nossa página e compartilhar o post deste episódio em seu Facebook de modo público. O resultado sai dia 09/10 na nossa página! Boa sorte!

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Agradecemos a todos os participantes da campanha #LeiaNovosBR e incentivadores da literatura nacional. Em especial, agradecemos ao Covil de Livros por terem participado dessa campanha e ao Sr. Basso por ter ajudando a Domenica a realizar a campanha durante todo o mês de setembro.

FC Invasão Anime S01E07 – Boku No Hero Academia

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Preparados pra mais uma invasão anime!!! E hoje Edu, e Rick recebem o senhor A.J. Oliveira, pra falar desse que talvez seja o melhor anime dos ultimos anos, sim o tema de hoje é Boku no Hero, então preparem-se pra muito hype, amor e felicidade dos participantes desse podcast!!! Divirtam-se!!!

E para conhecerem os 12 trabalhos do nosso convidado Cliquem nos links abaixo:

Facebook do Os 12 Trabalhos do Escritor AQUI

Site do Os 12 Trabalhos do Escritor AQUI

E o WATTPAD do A.J. AQUI

E não se esqueçam que mês que vem falaremos de Kuzu no Honkai e no final do ano aquele especial de Fullmetal Alchemist Brotherhood!!!

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