Em mais um Dia Internacional da Mulher é indiscutível a importância das conversas, debates e ações políticas em prol de nossos direitos. A luta pela igualdade de gênero é extensa e nos últimos anos vem se fortificando, mas ainda é pouco, ainda nos parece apenas o começo.
Quando se fala em feminismo, muitas pessoas ficam confusas e entendem o movimento como similar ao machismo. Em palavras simples, essas pessoas imaginam que ao se assumirem e lutarem pela causa feministas, estarão tirando o poder de autoridade e direito dos homens, excluindo-os da sociedade e dificultando o seu crescimento pessoal e profissional, concedendo esse espaço para as mulheres, em exclusividade. Não, não é disso que falamos e não, não é isso queremos.
A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.
Chimamanda Ngozi Adichie é um nome forte dentro da luta pelo feminismo. Autora de obras como “Americanah” e “Hibisco Roxo”, Chimamanda fez uma palestra em 2002 no TEDxEuston, conferência anual com foco na África, e nos convidou a sermos como ela: a sermos todos feministas, independente de nosso gênero, independente de sermos mulheres ou homens. O material completo do discurso, você pode ler e reler no livro “Sejamos todos feministas”, lançado no Brasil pela Companhia das Letras.
A questão de gênero e como ela nos é limitante
As normas sociais nos limitam de acordo com nosso gênero. Somos educados de jeito diferente e com regras diferentes. Nos ensinam a forma certa de nos comportarmos e até mesmo de pensarmos. Nossos sonhos, objetivos de vida e até onde chegaremos no mundo também são definidos pelo gênero que temos quando nascemos. Isso é estúpido!
Ensinamos as meninas a se encolher, a se diminuir, dizendo-lhes: “Você pode ter ambição, mas não muita. Deve almejar o sucesso, mas não muito. Senão você ameaça o homem. Se você é a provedora da família, finja que não é, sobretudo em público. Senão você estará emasculando o homem.” Por que, então, não questionar essa premissa? Por que o sucesso da mulher ameaça o homem?
Em uma sociedade onde o sucesso de outro gênero pode deteriorar o seu, você está condenado a sofrer. Nessa mesma sociedade, quem é educada a ser o melhor que pode e dominar o mundo, mas nem tanto assim, também está condenada a sofrer. Porque? Porque fazemos isso? Por quem fazemos isso? O mais importante: até quando vamos fazer isso?
Análise Crítica e Importância da Obra
A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. Se uma humanidade inteira de mulheres não faz parte da nossa cultura, então temos que mudar nossa cultura.
“Sejamos todos feministas” é o livro que traz a palestra de Chimamanda Ngozi Adichie no TEDxEuston em 2002. Assim sendo, ele é um livro curto, direto, fluído e encantador. Mas não é isso que o destaca e torna a sua leitura convidativa.
O diferencial do livro é que Chimamanda nos explica como o feminismo é importante, necessário em nossa sociedade e em nossas vidas. Ela nos mostra que o machismo é um processo histórico que funcionou bem, mas hoje não funciona mais. Ela nos chama a atenção, nos convida, nos explica com calma e nos dá esperança de sermos o melhor, de irmos além. Com suas palavras, Chimamanda nos liberta.
O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero.
O livro é importante. O conteúdo é importante e você deve lê-lo. Deve lê-lo mais de uma vez, deve lê-lo até que as palavras dela e o que ela nos mostra torne-se algo natural, faça parte de você.
Em um mundo onde existe feminismo, nenhum homem vai perder o poder. Minto. Perderão o poder de abuso, de violentar, de matar, de machucar, de humilhar, de mutilar. Perderão um poder que socialmente já é condenável, mas que na cultura nos foi ensinado como algo quase normal. Não é normal.
A Companhia das Letras fez um bom trabalho trazendo a tradução de “Sejamos todos feministas” para o Brasil. Convido você, leitor e leitora, para se permitir aprender com Chimamanda, a ir além dos seus preconceitos e teorias limitantes. Em uma sociedade igualitária, somos iguais. Não confunda igualdade com supressão de direitos, essa visão é errônea e o primeiro passo pra entender pode ser a leitura desse livro.
Decidi parar de me desculpar por ser feminina. E quero ser respeitada por minha feminilidade. Porque eu mereço. Gosto de política e história, e adoro uma conversa boa, produtiva. Sou feminina. Sou feliz por ser feminina. Gosto de salto alto e de variar os batons. É bom receber elogios, seja de homens, seja de mulheres (cá entre nós, prefiro ser elogiada por mulheres elegantes). Mas com frequência uso roupas que os homens não gostam ou não “entendem”. Uso essas roupas porque me sinto bem nelas. O “olhar masculino”, como determinante das escolhas da minha vida, não me interessa.
Nota
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Nome: Sejamos Todos Feministas
Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Edição: 1ª
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788543801728
Ano: 2014
Páginas: 87
Sinopse: O que significa ser feminista no século XXI? Por que o feminismo é essencial para libertar homens e mulheres? Eis as questões que estão no cerne de Sejamos todos feministas, ensaio da premiada autora de Americanah e Meio sol amarelo.”A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.”Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente da primeira vez em que a chamaram de feminista. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: Você apoia o terrorismo!. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e em resposta àqueles que lhe diziam que feministas são infelizes porque nunca se casaram, que são anti-africanas, que odeiam homens e maquiagem começou a se intitular uma feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens.Neste ensaio agudo, sagaz e revelador, Adichie parte de sua experiência pessoal de mulher e nigeriana para pensar o que ainda precisa ser feito de modo que as meninas não anulem mais sua personalidade para ser como esperam que sejam, e os meninos se sintam livres para crescer sem ter que se enquadrar nos estereótipos de masculinidade. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.