Juntanto os Pedaços | Jennifer Niven

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Juntando os Pedaços é o segundo livro de Jennifer Niven publicado no Brasil. O primeiro foi Por Lugares Incríveis e, como você pode ver pela resenha, me agradou pela sua profundidade, então vai ser difícil não comparar os dois.

Em Juntando os Pedaços, assim como em Por Lugares Incríveis, temos dois personagens principais: Libby e Jack.

Jack é o garoto popular que todos conhecem: ele namora a garota linda, líder de torcida e tem um carro maneiro. Tudo parece ser exatamente como deve ser na vida de um cara popular, mas Jack tem prosopagnosia, uma doença em que ele não reconhece o rosto das pessoas. Para quem não tem, ou nunca ouviu falar da doença, fica difícil de entender só com essa informação: “como assim não reconhece o rosto das pessoas?” A doença faz com que Jack veja os olhos, nariz, boca, mas não consiga reunir tudo e formar um rosto, como normalmente acontece. Ele pode até conseguir reunir tudo, mas assim que olhar para o outro lado e olhar de novo, tudo vai ter se perdido e espalhado, cabendo a ele ter o trabalho de reunir tudo novamente. Como fazer isso é muito demorado e pode ser muito esquisito ficar olhando para o rosto de alguém com tamanha concentração, Jack usa características para identificar as pessoas como: cabelo, altura, cor da pele, etc. É uma doença que traz muitos transtornos principalmente porque ninguém sabe dela, nem mesmo os pais de Jack.

Libby já foi a adolescente mais gorda dos Estados Unidos. Ela teve de ser resgatada da própria casa, que teve de ser destruída para que ela saísse. Agora com vários quilos a menos ela volta para a escola. Libby ama dançar e tem o sonho de entrar para as Damsels, as líderes de torcida do colégio. Ela acredita que pode ser e fazer qualquer coisa e quer mostrar que é muito mais do que seu peso. Mas, logo nos primeiros dias de aula ela é alvo de uma brincadeira de mau gosto exatamente por causa do seu peso. Surpresa: o autor da brincadeira é Jack. Porém, antes ele deixa um bilhete para Libby explicando seus motivos e inclusive revela a ela sobre a prosopagnosia. Assim, o improvável acontece: Libby e Jack se tornam próximos, ligados pelo segredo de Jack que ninguém mais conhece.

No começo é difícil se identificar e gostar de Jack, principalmente por causa da “brincadeira” com Libby, mas se identificar com Libby e gostar dela é algo fácil, natural. Ela é gorda e já sofreu muito por isso. Ela já foi muito mais gorda e considera uma vitória que agora tenha voltado para a escola e não tenha que ficar presa em casa, mas ainda tem medo de sofrer por causa do seu peso, o que convenhamos é algo natural e com todo o sentido. Por outro lado, Libby não quer ser lembrada como a garota gorda, ela quer ser conhecida por ser uma ótima dançarina, por sua energia, ou como Jack a vê, como o Sol.

“Ela aponta para o meu peito.
— Você gosta de mim.
— Quê?
— O Jack Masselin gosta da garota gorda, mas ainda não aceitou isso.”

Experiência de leitura

Ler o livro e as coisas pelas quais Libby passa por causa do seu peso foi doloroso e muitas vezes difícil. Quando não parecia ser suficiente as coisas incríveis que ela fazia, ela sempre seria a balofa. Só que mesmo se sentindo derrotada e às vezes sentindo um aperto enorme no peito, Libby continuava insistindo para que as pessoas a vissem como algo além do seu peso.

“Sei o que está pensando: Se você odeia tanto isso, se é um fardo tão grande, emagreça, e seu problema estará resolvido. Mas estou confortável assim. Talvez eu perca mais peso. Talvez não. Mas o que as pessoas têm a ver com isso? Quer dizer, desde que eu não sente em cima delas, quem se importa?”

Jack acaba nos conquistando, eventualmente. As situações constrangedores que ele passa por causa da doença me causaram angústia e eu praticamente gritava enquanto lia: “Conta! Conta para os seus pais, para seus irmãos, procura ajuda!” Com o tempo, Jack acaba vendo um lado positivo da prosopagnosia: o modo como ele reconhece as pessoas se baseia em características próprias de cada uma delas, coisas que normalmente ninguém repara.

“Não é isso que vale. São as coisas importantes, tipo o modo como o rosto se ilumina quando alguém ri, ou como alguém anda na minha direção, ou como suas sardas são um mapa das estrelas.”

Voltando às comparações, Juntando os Pedaços assim como Por Lugares Incríveis, é dividido em capítulos de Jack e Libby, capítulos curtos e fáceis de ler, assim a leitura é rápida e fluída. Juntando os Pedaços não tem o mesmo peso que as páginas finais de Por Lugares Incríveis, mas nem por isso é um livro leve ou raso. É um livro que nos mostra como olhamos as pessoas e como deveríamos olhar para as pessoas. Juntando os Pedaços mostra que Jennifer Niven continua contando uma ótima história.

Nota:

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Nome:
 Juntando os Pedaços
Autor: Jennifer Niven
Edição: 1ª
Editora: Seguinte
Ano: 2016
Páginas: 392
Sinopse: Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.