Lobo Solitário – Kazou Koike e Goseki Kojima

0

Lobo Solitário é uma série de mangá em 28 volumes, escrita por Kazou Koike e desenhada por Goseki Kojima, publicada originalmente entre 1970 e 1976. Considerada um expoente do mangá e talvez a obra mais importante do subgênero Seinen, que são histórias voltadas para o público adulto. Tendo sida pulicada no Brasil por diversas vezes, retornou as bancas no fim 2016 com periodicidade bimestral.

Itto Ogame é um ronin, um samurai sem mestre, que caminha pelo japão cumprindo contratos de assassinato, tendo como companhia seu filho Daigoro de apenas 3 anos. Com essa premissa simples, Lobo Solitário consegue levar o leitor através de uma viagem histórica pelo japão feudal e sua cultura.

Assim como em Ghost in the Shell, Lobo Solitário é dividido em capítulos que são histórias fechadas. Cada capítulo mostra Ogame cumprindo um contrato de assassinato, mas também existe uma trama maior que engloba toda a série, que no caso é a vingança contra a família Yagyu, mas não vou falar muito sobre isso, para não dar spoiler. O que é importante de falar é sobre os dois protagonistas e a relação entre eles.

Ao final do primeiro capítulo, você pode imaginar que Itto Ogame é um homem cruel que expõe seu filho a violência e perigo, e talvez essa ideia possa até ser reforçada nos capítulos seguintes, quando ele usa a criança como isca para atrair suas vítimas. Mas a medida que as histórias avançam, podemos ver que existe muito mais do que isso. Daigoro não é mais do que um bebê, mas o pai o trata como um samurai e diversas vezes a criança chega a ajudá-lo em batalha. Para Itto, ele salvou a vida do filho e o carrega pelo caminho do assassino porque acredita que a criança não teria nenhum outro destino além daquele. Entenda o que eu estou falando no emocionante último capítulo do primeiro volume.

Com a ideia de que o protagonista é um herói assassino, é muito fácil de imaginar que Itto Ogame é uma especie de Justiceiro, ou de Dexter do japão feudal, e que ele vai levar a justiça contra criminosos e foras da lei e ele pode até fazer isso mesmo, se alguém o pagar. Mas a verdade é que a espada do Lobo Solitário não é movida pela justiça, então eventualmente ele irá tirar a vida de pessoas inocentes e o fará sem remorso.O mangá explora histórias de outra época e cultura, onde não existe a dicotomia de bem e mal a que estamos acostumados.

Com relação ao volume que está nas bancas, trazido pela Editora Panini, eu posso facilmente dizer que essa é a edição mais luxuosa que Lobo Solitária já teve no Brasil. A publicação segue o padrão que vemos em Berserk e One-Punch Man. Papel de boa qualidade, mais durável do que o papel jornal usado na última vez, capa com orelhas e trazendo tanto as ilustrações originais japonesas quanto as novas feitas pela editora americana Dark Horse.

Agora, vamos dar algumas explicações para quem não sabe o que esperar de Lobo Solitário e você não ser pego de surpresa.

Ah, então é um mangá de samurai. Tá de boas, eu li Rurouni Kenshin e adorei, vou gostar desse também. Não poderia ser uma comparação mais distante. Lobo Solitário não é um shonen, aqui o protagonista não está em uma busca de superação, enfrentando inimigos cada vez mais poderosos e sofrendo derrotas ocasionais que o levarão a treinar e superar seus limites. Itto Ogame já começa a história como um mestre espadachim, bastante superior a todos os inimigos que encontra, e precisa ser assim, pois em um duelo real o perdedor não sobrevive para lutar outro dia.

Ah, então é um mangá cheio de violência e ação. Tá tranquilo, eu leio Berserk. Além de não ter tanto gore, Lobo Solitário não possui aquilo que eu chamo de Fator Wolverine, um super poder de cura, um corpo ciborgue, uma fadinha com pó magico, ou uma médica de habilidade miraculosa. Normalmente esse elemento é usado para dar uma desculpa para que o protagonista consiga sair de lutas incrivelmente sagrantes, com ferimentos que matariam facilmente qualquer ser humano, e o jogue rapidamente em outra batalha, novinho em folha, ou até mais forte do que antes.  As cenas de ação aqui são rápidas e as lutas costumam ser definidas com um único golpe.

Eu li apenas o primeiro volume de Lobo Solitário, mas já consigo ver o porque dessa série ser tão aclamada. E tenho a garantia de todos os leitores que a acompanharam antes de mim de que ela vai manter o nível de qualidade até o final. Não é a toa que todo mundo que já leu Lobo Solitário ama essa história, e eu nunca ouvi ninguém levantar um defeito nela, sequer.

Nota:

Nome: Lobo Solitário, Kozure Ookami, Lone Wolf & Cub, Lone Wolf and Cub,子連れ狼
Valor: R$ 18,90 (Finalizado com 28 volumes)
Páginas: 288
Publicado (no Japão): 1970 ~ 1976
Autor: Kazuo Koike (roteiro), Goseki Kojima (arte)
Myanimelist
Skoob
Sinopse: Considerada por muitos críticos como a obra máxima dos mangás – os quadrinhos japoneses –, tornou-se referência mundial para as artes visuais como o cinema, por sua beleza plástica simples e cruel, e narrativa paradoxalmente dinâmica e dramática – característica ímpar da cultura japonesa. Também é tida como notório retrato fidedigno da época de ouro dos samurais, o apogeu da Era do Shogunato, também conhecida como Período Edo (1603–1868).

Este é o caminho sangrento de Itto Ogami e seu filho Daigoro, em busca de vingança contra a poderosa e influente família Yagyu, braço direito do Shogun, que orquestrou das sombras a ruína do clã Ogami.

“Lobo Solitário” foi publicado pela primeira vez no Japão em 1970, sendo concluído em 1976. Esta edição é baseada em sua série original, com capas do mestre Goseki Kojima e de outros grandes ilustradores do mundo todo, que prestaram suas homenagens ao mangá.