Parece uma frase óbvia, mas é algo que de tempos em tempos necessito lembrar. Encarar uma crítica como algo não pessoal é um exercício diário nem sempre é fácil de executar principalmente em tempos de redes sociais onde parece que vivemos a flor da pele.

Após assistir a Rogue One: uma história de Star Wars e perceber de um lado declarações apaixonadas ao filme e do outro ódios mortais as pessoas que ousaram gostar comecei a refletir sobre a importância da crítica. É óbvio que ao sair do cinema, diante da euforia, minha nota beirava um dez, porém após ler algumas críticas ao filme comecei a ponderar e dou nota 8.

Mas a questão aqui não é a sua concordância ou discordância da minha avaliação. É explicar a importância de apreciarmos a crítica de quem sabe criticar e, lógico, repetir o adágio sempre que estivermos próximos a apertar no CAPSLOOK E COMEÇAR A FALAR DESTA FORMA EM RESPOSTA AOS COMENTÁRIOS.

Em primeiro lugar, é importante que compreendamos que é um direito de todos criticar algo, como muito elucida este post do Collant sem Deconte, quem critica um filme, uma série, um livro, um quadrinho… não está arremessando a obra em um limbo onde ninguém mais poderá gostar. Em segundo lugar, crítica não é desculpa para disseminar comentários homofóbicos, racistas e os mais diversos preconceitos. Em terceiro, é sempre bom saber quando alguém sabe fazer uma crítica e quando alguém só sabe dizer que não gostou (ou seja, não consegue explicar os porquês) e, por último, quando alguém critica algo apenas para ter cliques. Só aprendemos a diferenciá-los com o tempo, porém garanto, por experiência própria, que quanto mais lemos críticas fica mais fácil reconhecer os tipos citados acima.

Ah! Esqueci de definir o que estou considerando crítica. Para este texto, é quando literalmente alguém expõe falhas sobre algo que você tanto gosta. Como no exemplo citado acima, eu amei Rogue One, contudo ao ler críticas de pessoas que não gostaram (ou que até gostaram, mas não deram nota 10) do filme pude enxergar pontos que tinham me passado despercebidos. Será que tinham?

Pois é, falemos sobre isso. Eu não sei vocês, mas sempre tive muita dificuldade para identificar os erros nos livros, contos, séries, filmes que consumo. Sentia o gosto amargo, o embrulho no estômago, mas não sabia nomear. As críticas têm essa virtude. Preencher um espaço em branco diante daquele mal-estar que uma cena ou um personagem provocam. A crítica dá significado. Lendo as críticas aos meus conteúdos preferidos passei a usar termos como “personagens mal construídos”, “usou um deus ex-máquina”, “não usa ‘show don’t tell”, “é um plot-twist desnecessário” e por ai vai. A boa crítica te ensina, dá argumentação.

Um último ponto que eu queria abordar: quando você, escritor ou escritora, pede para alguém revisar o seu texto e esta pessoa consome horas, às vezes, dias revisando o SEU material, registrando pontos negativos, respeite o trabalho feito. Não ignore simplesmente. Isto é uma falta de respeito.

Se você escolheu aquela pessoa para revisão, significa, em teoria, que deseja que esta pessoa encontre falhas que você, enquanto produtor, não percebeu. Descartar toda a leitura crítica (mesmo que feita por um amigo) só por que no final não tinha escrito “está perfeito, é uma obra prima digna do nobel de literatura” é no mínimo falta de profissionalismo. Se não queria ouvir críticas, por que enviou para revisão? Publique e espere que alimentem seu ego.

E quando o sangue ferver, repita o mantra: “Não é pessoal, a crítica é sobre esta obra não sobre a minha pessoa. Não é pessoal”.