[Resenha] Não me Abandone Jamais – Kazuo Ichiguro

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Divido os livros que leio de 3 formas: os ruins, que são aqueles que a gente lê pra falar que leu ou abandona, os bons, que são simplesmente bons, você lê, mas não te acrescenta muito e esses são a grande parte dos livros que leio e os excelentes, que são aqueles que queremos ler o tempo todo, que é quase impossível largar o livro, e, quando acaba, você sempre fica com a sensação de que foram poucas páginas, por mais que o livro seja enorme. Os excelentes são poucos, mas remetem a um sentimento gostoso quando nos lembramos deles. Não me Abandone Jamais chegou de mansinho, não conhecia, mas com certeza ele ganhou seu lugar na pilha dos excelentes.

A história é narrada pela Kathy H. uma cuidadora. Ela auxilia doadores e é muito boa no que faz. Ela é aluna de Hailsham, da qual lembra com carinho. O livro é o relato de Kathy que está prestes a se transformar em uma doadora também.

Pode parecer confuso de início. O que é uma cuidadora? O que é um doador? Conforme vamos seguindo com a história de Kathy as coisas vão ficando mais claras. Ela narra sua vida em Hailsham, uma escola só para futuros doadores. Conta desde a infância até a fase adulta, quando finalmente sai da escola para cumprir o seu propósito, o único propósito para qual existe: doar órgãos.

A narrativa é excelente e torna a leitura super gostosa, apesar do tema um tanto pesado. Hailsham tem suas particularidades: os guardiões que fazem o papel de tutores, as permutas que são trocas das artes dos alunos e a Galeria, assim mesmo, com G maiúsculo, pois é muito importante para os alunos. Madame só escolhe os melhores trabalhos e todos em Hailsham desejam ter um trabalho na Galeria, embora nenhum deles saiba exatamente onde ela fica ou pra que ela serve.

As perguntas vão sendo respondidas aos poucos conforme vamos acompanhando as alegrias, conquistas, tristezas e decepções de Kathy. Além dela, seguimos seus melhores amigos Ruth e Tommy até eles morrerem, ou concluirem, como normalmente dizem.

O livro é triste em sua essência, saber que uma vida é criada com um único propósito que não pode ser mudado, que os doadores nunca poderão casar, ter filhos e seguir uma profissão como qualquer outro ser humano, mas não achei pesado como algumas distopias. Talvez pelo fato de que eu não consigo imaginar isso acontecendo na nossa sociedade. Pode ser que estou sendo inocente ou positiva demais, mas não vejo como isso pode acontecer. Esse detalhe não atrapalha ou tira algum mérito da obra, que repito, é excelente.

O filme

Não me Abandone Jamais tem um filme de mesmo nome (Never Let Me Go) de 2010. Vi logo depois de ler o livro. É uma boa adaptação na medida do possível, tem atores excelentes, inclusive. Porém, claro, o livro é muito superior! A relação entre Kathy, Ruth e Tommy parece superficial no filme porque não deu tempo de ser trabalhada. É um resumão do livro e quem já viu e gostou deve ler o livro. Aliás, eu não conhecia nenhum dos dois talvez pelo nome. Ele tem um motivo e relação com a história, mas sinceramente não achei um bom título para esse tipo de livro.

NMAJ

NOTA:

05-selos-cabulosos

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NAO_ME_ABANDONE_JAMAIS_14540042248376SK1454004224BAutor: Kazuo Ichiguro
Origem:
Estrangeira
Título original: Never let me go
Edição:
Editora:
 Cia. das Letras
Ano: 2016
Páginas: 344
Sinopse: “Kathy H. tem 31 anos e está prestes a encerrar sua carreira de “cuidadora”. Enquanto isso, ela relembra o tempo que passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, um lago povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente aparados.

No entanto esse internato idílico esconde uma terrível verdade: todos os “alunos” de Hailsham são clones, produzidos com a única finalidade de servir de peças de reposição. Assim que atingirem a idade adulta, e depois de cumprido um período como cuidadores, todos terão o mesmo destino – doar seus órgãos até “concluir”.

Embora à primeira vista pareça pertencer ao terreno da ficção científica, o livro de Ishiguro lança mão desses “doadores”, em tudo e por tudo idênticos a nós, para falar da existência. Pela voz ingênua e contida de Kathy, somos conduzidos até o terreno pantanoso da solidão e da desilusão onde, vez por outra, nos sentimos prestes a atolar.”

Skoob