Batman v Superman veio e com ele veio também a Mulher Maravilha, sendo introduzida pela primeira vez no cinema. Algumas pessoas dizem que ela era a melhor coisa do filme, enquanto outras dizem que ela era a única coisa boa do filme (let’s dicuss). A verdade é que ela veio em uma hora bastante oportuna. Em um momento em que o feminismo e empoderamento estão tão em alta, demorou muito para que a super-heroína mais importante do mundo fosse introduzida para o grande público. Agora novos fãs, homens e mulheres, querem saber mais sobre ela, ler suas histórias em quadrinhos e se aprofundar na personagem e em sua origens, mas aí vão esbarrar em um problema: quase não existem histórias realmente boas da personagem.
Como é? Como você têm coragem de dizer uma coisa dessas? Ela tem sim ótimas histórias, como a excelente fase de Marv Wolfman e Jorge Peres, e também a fase de Greg Rucka e … E vamos parar por aqui. A Mulher Maravilha tem sim boas histórias, mas o Batman tem tantas que ele sozinho ganhou uma coleção de 60 encadernados de luxo da editora Eaglemoss, o mesmo poderia ser feito facilmente com o Superman, mas e a Mulher Maravilha?
O porquê de uma personagem tão importante quanto Diana Prince, supostamente a terceira maior de sua editora, não ter um acervo tão grande de histórias clássicas quanto seus dois colegas de trindade é um mistério para mim. Mas pelo visto, a DC também percebeu esse erro, e decidiu se redimir com Sangue.
Essa história fez parte do grande evento Os Novos 52, em que a DC Comics decidiu reiniciar seu universo e recontar as origens de seus personagens começando do zero. Uma decisão polêmica, que trouxe tantas consequências boas quanto ruins. Mulher Maravilha é um exemplo das boas. A história começa com Diana precisando proteger uma garota humana que está gravida de Zeus, o rei do dos deuses, da fúria de sua esposa, Hera. Enquanto luta para sobreviver Diana se depara com o mistério que está trazendo conflito ao Monte Olimpo, o desaparecimento de Zeus. A medida que a trama se desenrola a Mulher Maravilha encontra verdades até então desconhecidas de sua própria origem. E vamos parar por aqui para não dar spoilers, mas se você é um fã antigo da amazona, se prepare para levar um tapa na cara.
O autor, Brian Azzarello, já escreveu histórias para o Batman, Lex Luthor e do Coringa, mas seu maior trabalho foi a série policial 100 Balas, que fez para a editora Vertigo. O autor é conhecido por escrever histórias de mistério com bastante violência, o que combina com o Batman, mas que causou estranhamento quando ele foi anunciado como o escritor de uma personagem tão colorida quanto a Mulher Maravilha. O resultado foi uma trama de mistério, violência e mitologia grega. Diana aqui é tirada dos conflitos da super-heroicos da Liga da Justiça e levada de volta para sua origem mitológica para tratar de um drama de família shakespeariano, trazendo uma releitura dos deuses gregos. E se exite uma coisa que é uma receita para o sucesso é releitura dos deuses gregos. Funcionou com Cavaleiros do Zodíaco, funcionou com Percy Jackson e funcionou com a Mulher Maravilha. Uma das coisas mais divertidas da leitura é ver como os Olimpianos eram retratados. Dou aqui um destaque para Ares, o deus da guerra.
Quatro das seis edições que foram encadernadas nesse volume foram desenhadas por Cliff Chiang, um artista com poucos trabalhos relevantes mas que matou a pau em Mulher Maravilha, com destaque para algumas cenas de gore, que parecem ter saído de um filme de terror (se ficou curioso, procure na primeira parte a cena do “parto” dos centauros). Tony Akins assume o traço nas duas últimas partes, e a principio me causou estranhamento, pois eu vinha gostando do traço de Chiang, mas o real motivo dessa mudança foi justamente para deixar Akins fazer o que ele faz de melhor, que é desenhar monstros bizarros!
Considerações finais
Sangue para mim é uma obra irretocável, que cumpre em grande estilo o trabalho de apresentar a Mulher Maravilha para novos fãs. Ainda vem com o bônus de você poder aproveitar a história sem ter lido nada da personagem antes, nem se preocupar com o que está acontecendo com o resto do Universo DC. Se existe um ponto negativo é a espera pelo próximo volume.
NOTA:
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Nome: Mulher Maravilha: Sangue
Autores: Brian Azzarello (roteiro), Cliff Chiang e Tony Akins (arte)
Edição: 1ª
Editora: Panini
Ano: 2016
Páginas: 160
Sinopse: Antes de ser uma heroína, a Mulher-Maravilha sempre foi uma nobre guerreira. E, antes de ser uma guerreira, sempre foi uma deusa. Mas nem mesmo ela, um dos indivíduos mais poderosos e sábios da Terra, faz ideia de qual é sua verdadeira história. E o que essa revelação acarretará na vida da Princesa Amazona pode dar um fim prematuro à carreira da defensora da justiça e à humanidade inteira!
O roteirista Brian Azzarello e os artistas Cliff Chiang e Tony Akins assumem as aventuras de uma das heroínas mais conhecidas do mundo, arquitetando uma fase apontada como uma das melhores que a Mulher-Maravilha já teve em toda a sua história!