José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, 18 de abril de 1882. Foi autor, tradutor e um dos mais revolucionários editores de livros no brasil até hoje.
Monteiro Lobato foi criado em um sítio e alfabetizado em casa por sua mãe. Neto do Visconde de Tremembé foi na biblioteca do avô que descobriu o gosto pelos livros, onde lia tudo o que podia encontrar para a sua idade. Registrado com o nome de José Renato Monteiro Lobato, em 1898 ganha de presente a bengala que pertencia a seu pai, e que possuía as inicias J.B.M.L. Querendo usá-la resolve mudar de nome, passando a se chamar José Bento, para que assim as suas iniciais ficassem iguais as do pai.
Anos mais tarde, Lobato ingressou na Faculdade do Largo de São Francisco para cursar direito. Seu sonho era ser aceito na faculdade de Belas Artes já que era um ótimo caricaturista. Contudo, como era o único herdeiro homem da família, e por imposição do avô que o enxergava como seu sucessor, decidiu seguir na carreira jurídica.
Lobato, entretanto, nunca deixou de lado os seus dons artísticos. Na faculdade, fez muitos amigos que mais tarde viriam a tornar-se grandes e reconhecidos escritores e com eles fundou a Arcádia Acadêmica, ao qual tornou-se presidente anos mais tarde, além de assíduo colaborador de outros jornais universitários também.
Após a faculdade começou a trabalhar como promotor público, época em que conhece Maria Pureza sua futura esposa com quem viria a se casar em 1908. Com a morte de seu avô, torna-se então fazendeiro, algo para o qual não levava jeito algum. Entretanto esta nova ocupação, permitia-lhe que se dedicasse mais as letras, escrevendo contos, livros, traduzindo artigos e ainda servindo de editor aos amigos. No dia 12 de novembro de 1912, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma carta sua enviada à redação, intitulada “Velha Praga“, em que ele criticava a ignorância do caboclo, criticando as queimadas e argumentando que a miséria tornava incapaz o desenvolvimento da agricultura na região. Sua carta foi publicada e causou grande alvoroço, surgindo a partir dai uns de seus mais famosos personagens: o “Jeca Tatu”. A imagem desse personagem é um manifesto do homem e da paisagem do interior, sendo até mesmo utilizado como um símbolo nacionalista por Rui Barbosa em sua campanha presidencial. Na quarta edição do livro, Lobato retrata-se pedindo desculpas ao homem do interior.
Em 1917, Lobato funda a revista Paraíba, que ao longo de seus 12 números publicados teve como colaboradores Coelho Neto, Olavo Bilac, Cassiano Ricardo entre outras importantes figuras da literatura. Entretanto, a grande reviravolta em sua vida acontece quando Lobato decide vender sua fazenda e comprar a editora Revista do Brasil, o primeiro passo para o que anos mais tarde o levaria a fundar com Octalles Marcondes a lendária Companhia Editora Nacional, que fez história no campo editorial e revolucionou a forma de se fazer livros no Brasil. Seu primeiro livro Urupês foi um grande sucesso, esgotando sucessivas tiragens e transformando a Revista em centro de cultura e a editora numa rede de distribuição com mais de mil representantes.
A fama de Lobato como editor só não é maior, porque ele decidiu enveredar-se pelos caminhos da literatura infantil, tendo dedicado a ela grande parte de sua carreira como escritor, e onde provocou grandes revoluções ao pensar em uma literatura diferente daquela que existia para as crianças até aquele momento. A história de Lobato com a literatura infantil começa quando como editor ele se dá conta de que a maioria das histórias infantis que existiam para crianças eram na grande maioria traduções de autores já consagrados como os Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen. Na verdade, havia muito pouco material original dirigido às crianças Brasileiras, e que retratassem a sua realidade e principalmente a sua cultura. Lobato então decidiu ele mesmo fazer isso, publicando em 1921 A menina do Narizinho Arrebitado, a primeira obra de uma coleção que viria a se tornar um clássico em seu gênero. O Sitio do Picapau Amarelo foi um dos maiores sucessos de todos os tempos na literatura infantil, tanto de critica como de vendas.
Monteiro Lobato sempre foi considerado um grande escritor e um editor visionário, mas nunca levou muito jeito com as contas, e por isso foi diversas vezes a falência. Não fossem as grandes amizades que possuía no meio editorial não teria conseguido se reerguer tantas vezes. A figura de Lobato foi sempre muito querida apesar das diversas polêmicas nas quais se meteu ao longo de sua vida, como quando decidiu criticar o trabalho de Anita Malfatti, que foi um dos estopins que fez a Primeira Semana de Arte Moderna acontecer. Lobato também foi uma das primeiras pessoas a defender a existência do petróleo no Brasil, o ouro negro como ele costumava chamar o levou a pobreza e a ser diversas vezes preso durante o governo de Getúlio Vargas. Seus biógrafos dizem que na verdade ele era incompreendido, por ser um nacionalista fervoroso e por defender a cultura brasileira frente aos estrangeirismos muitas vezes se excedia, mas que o fazia com a melhor das intenções.
Lobato morreu no dia 5 de julho de 1948 de problemas cardíacos na sede da editora Brasiliense em São Paulo, em sua homenagem dia 18 de abril é considerado o Dia Nacional do Livro Infantil.